Insurreio
Comunista de 1935
em
Natal e Rio Grande do Norte 1962
Revolucionrios
Potiguares em Memrias do Crcere
Graciliano Ramos
Nosso
Projeto |
Mapa Natal 1935 | Mapa
RN 1935 | ABC
Insurreio | ABC
dos Indiciados | Personagens
1935 | Jornal
A Liberdade | Livros
| Textos
e Reflexes | Bibliografia
| Linha
do Tempo 1935 | Imagens
1935 | Audios
1935 | Vdeos
1935 | ABC
Pesquisadores | Equipe
de Produo
Paulo
Pinto Pereira
Sargento da Policia Militar, Absolvido
07
Alcides
Washington Guerra Carlindo
Revoredo Carlos
Wan der Linden Domicio Fernandes
Ephifnio
Guilhermino Ezequiel Fonseca
Filho Gasto
Correia da Costa Joo
Anastacio Bezerra Joo
Francisco Gregrio Joo
Alves Rocha Jos
Macedo Lauro Corts Lago
Leonila Felix
Mario Ribeiro de Paiva Miguel
Bezerra Morais Paulo Pinto Pereira
Ramiro Magalhes
Paiva Sebastio Felix
Arago Vicente
Ribeiro da Silva
“Paulo
Pinto, ex-cabo de polcia, cafuzo sifiltico,
era especialista em sambas. “
“Paulo Pinto, sifiltico, exibia
umas canelas pretas finas demais. Era ele que
tinha uma bala na perna? Vrias vezes busquei
examinar esse ponto; as informaes
perdiam-se. Bem. Se no era ele, seria
talvez o chauffeur Domcio Fernandes.
“Um dos dois. A verdade que no
cheguei a distinguir Domcio Fernandes
de Paulo Pinto. Confuso desarrazoada:
juntos, notava-se que diferiam bastante; vendo
um deles, sempre me aconteceu trocar-lhe o nome.
“”
“Apurei os olhos e os ouvidos, percebi l
embaixo Paulo Pinto a iniciar um samba. Estava
de p e gesticulava, fingindo mover um
ganz inexistente; aproximava-se devagar,
curvava-se, ava sob os punhos das redes. A
princpio aquilo se engrolava num resmungo
confuso; prudncia e receio com certeza:
no fossem ageiros e soldados achar
que o poro se desarranjava e descomedia.
As precaues desapareceram, as
notas elevaram-se, ainda vacilantes, ganharam
nitidez, o queixume pareceu transformar-se em
dura exigncia. Por mais que tentasse, no
me era possvel distinguir a letra da composio,
e isto a valorizava. Sem dvida versos
insignificantes e errados. No os discriminando,
apenas me interessava pelo clamor que subia da
escurido. Algumas vozes se uniam
do sambista, formava-se um spero conjunto,
e a torrente sonora engrossava, transbordava,
novos afluentes vinham juntar-se a ela, mudar-lhe
o curso. Nada se combinara. Um murmrio
plangente, em seguida o rumor de clera
surda, e logo as adeses imprevistas, corpos
a levantar-se nas redes, figuras aniquiladas a
surgir da noite, espectros ganhando carne e sangue,
pisando o solo com firmeza. Tinham estado em perfeita
indiferena, numa resignao
covarde e aptica; a disciplina dos encarcerados,
implcita e fria, ordenara as conversas
zumbidas, o gesto vago, o o discreto, respeito
a autoridades invisveis, general atrabilirio
ou soldado preto boal. Em minutos isso
desaparecera. As espinhas curvas aprumavam-se;
as expectoraes e a tosse haviam
cessado: os pulmes opressos lanavam
gritos roucos, a animar a toada montona
do coro. J no eram contribuies
esparsas: dezenas de trastes humanos se erguiam,
marchavam, os braos para cima, florestas
de membros nus, magros e sujos, e o canto ressoava
como profunda ameaa.”
“Vamos ouvir Paulo Pinto, rei do samba."
E Paulo Pinto, negro, rei do samba, cantava; com
amores, tolices, onomatopias, reduzia
o calor da fornalha, o cheiro de amonaco,
os vmitos, o arquejar penoso, as cascas
de laranja atiradas da coberta sobre as nossas
redes. Agora Paulo Pinto estava na Colnia,
e Jos Gomes se imobilizava no silncio.”
^
Subir
Nosso
Projeto |
Mapa Natal 1935 | Mapa
RN 1935 | ABC
Insurreio | ABC
dos Indiciados | Personagens
1935 | Jornal
A Liberdade | Livros
| Textos
e Reflexes | Bibliografia
| Linha
do Tempo 1935 | Imagens
1935 | Audios
1935 | Vdeos
1935 | ABC
Pesquisadores | Equipe
de Produo |