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Insurreio Comunista de 1935 em Natal e Rio Grande do Norte 1962

Giocondo Dias, a Vida de um Revolucionrio

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Giocondo Dias,
a Vida de um Revolucionrio

Joo Falco, Agir 1993

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A derrocada

Na quarta-feira, dia 27, s onze da noite, alguns membros da Junta estavam reunidos no Palcio, quando chega um emissrio do Quintino com um telegrama enviado pelo comando das foras legalistas no Recife, o qual apresentava o seguinte teor: “A fim de no derramar precioso sangue de nossos irmos, deponham armas. J consolidamos nossas posies em Recife. Amotinados foram presos. Estamos vitoriosos."1

Com os membros da Junta encontravam-se os assessores Joo Lopes, o Santa, e Horcio Valladares, alm dos influentes prceres Joo Fagundes e Jos Aguinaldo de Barros.

Joo Lopes, o Santa, achou que deveriam reagir, utilizando os prisioneiros para romper com o cerco de Dinarte Mariz e formar colunas de guerrilheiros pelo interior.

Uns dez minutos depois da sada do estafeta, chega ao Palcio o secretrio de organizao do Partido, Jos Costa que chefiava o controle das foras revolucionrias no cais com a notcia de que trs caminhes haviam chegado ao porto trazendo soldados armados e prisioneiros a serem embarcados nas corvetas mexicanas.2

Ao mesmo tempo, os chefes do movimento foram informados de que as tropas do 22 Batalho de Caadores, sediado na Paraba, deslocavam-se para Natal, e que os batalhes do interior haviam sido derrotados na Serra do Doutor. Isso possibilitaria a Dinarte Mariz atacar Natal com o apoio da policia paraibana. Todos perceberam, ento, que no havia condies para a resistncia. Mas os chefes militares anteciparam-se, e uma das primeiras providncias foi a segurana da oficialidade e de algumas autoridades presas no quartel. Transferiram-nas para uma esquadrilha de guerra mexicana que se encontrava fundeada nas guas do Potengi, sob o comando do capito de corveta Hector Mexueiro. Ai j estavam homiziados autoridades, politicos e pessoas da sociedade. Era a madrugada de 27 de novembro de 1935.

Participaram daquela operao salvadora, alm de Giocondo, que a chefiou, os sargentos Amaro Pereira e Cludio Dutra; os cabos Antnio Baptista da Costa, Adalberto Jos da Cunha, Joo Leite Gonalves, Erasmo Lacerda, Jos Pontes e o msico Joaquim Neves.3 O sargento Quintino estava de acordo.

Essa medida no foi aceita pela Junta, que a recebeu com surpresa e indignao. Ao obter essa informao, Praxedes decidiu ir at o quartel do 21 BC para ver o que estava acontecendo. Quando l chegou, encontrou o Quintino em p, com uma metralhadora no ombro, quase dormindo. Estavam todos exaustos. Ningum dormiu praticamente nada durante todos esses dias e o Quintino, praticamente sozinho, controlou a situao no quartel o tempo todo. Quando o viu, Praxedes foi logo perguntando:

- Quintino, o que est acontecendo? Ele respondeu: - Voc recebeu o telegrama? - Recebi, mas o que que h? retrucou. Ento ele me disse: - Giocondo fugiu do hospital, chegou a todo nervoso. Foi l, conversou com os presos e disse que ns precisvamos tomar uma medida para lhes garantir a vida porque eles poderiam ser assassinados. Ele disse que havia prometido aos presos que nada lhes aconteceria e que, ento, havia assumido o comando e liberado aos prisioneiros.4

Para Giocondo, "com essa medida eles mataram dois coelhos com uma cajadada s; ao mesmo tempo em que retardavam a possibilidade de persegui-Ios, estavam garantidos contra qualquer vingana que se tentasse fazer contra eles, que estavam apavorados, certos de que iam ser massacrados".5

De fato, havia surgido nas hostes revolucionrias, entre os civis mais exaltados, uma articulao para o fuzilamento dos presos. Naquele momento, o cabo Giocondo agiu com muita determinao, para evitar uma chacina, assumindo uma posio corajosa e oportuna contra o desejo da maioria da Junta Governativa e da direo do Partido. Foi um gesto de excepcional sabedoria poltica para um jovem cabo de apenas 22 anos de idade. Sua longa trajetria no PCB havia comeado com a marca do autntico revolucionrio.

O ex-tenente Luiz Abner de Souza Moreira, 86 anos, residente no Rio de Janeiro, provavelmente a nica testemunha, entre a oficialidade do 21 BC, do levante desse Batalho, em 1935. Em carta dirigida ao autor, ele d o seguinte depoimento a respeito da participao do cabo Giocondo Dias naquele movimento armado:

"Em 1935 servia no 2 Regimento de Infantaria, R.J., quando a 27 de maio, do mesmo ano, fui por necessidade do servio, transferido para o 21 Batalho de Caadores, sediado na cidade de Natal, estado do Rio Grande do Norte. A cinco de outubro, do mesmo ano, apresentei-me ao 21 BC, pelo motivo de minha transferncia e fui classificado na l Companhia de Fuzileiros: a oito de outubro assumi as funes de comandante da sub-unidade.

A "Intentona de 1935 em Natal" irrompeu s 19 horas do dia 23 de novembro, sbado, prolongando-se at s primeiras horas do dia 27, do mesmo ms. A maior parte dos militares rebelados (" chefes") era de sargentos da banda de msica.

Nenhum oficial tomou parte na "Intentona de 1935 em Natal", - nem como chefe, nem como colaborador. Sei que um tenente do Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO) foi convidado a chefi-Ia, mas, no aceitou tal incumbncia.

O cabo Giocondo Dias foi elemento de real destaque durante a "Intentona".

O oficial de dia ao quartel e o mestre da Banda de Msica foram presos no Cassino dos Oficiais: eles l estavam quando o movimento foi deflagrado.

Foi num sbado. Estava no centro da cidade, juntamente com o primeiro-tenente Ivo Borges da Fonseca Neto, quando vimos soldados, aparentemente sem comandos, armados, caminhando pelas ruas. Interpelando as aludidas praas, tivemos conhecimento que o 21 BC havia se rebelado. Eu e o tenente Ivo, em trajes civis, desarmados, resolvemos ir ao quartel; consegui entrar, pelo porto principal, dirigindo-me l Companhia; ento fui preso e conduzido ao Cassino dos Oficiais.

Durante os dias 23, 24, 25 e 26 de novembro conversei com o cabo Giocondo (pertencente 1 Companhia de Fuzileiros), vrias vezes. O assunto principal de nossa conversa girava sempre no sentido dos militares rebelados no permitirem aos comunistas (civis), serem os nicos senhores do poder de decises.

No dia 26 de novembro tomei conhecimento, por intermdio do cabo Giocondo, da transferncia dos "prisioneiros" para as corvetas mexicanas. Quem decidiu nos levar para as corvetas foi o cabo Giocondo, que sempre tratou os "prisioneiros" respeitosamente: ele demonstrou ser um chefe digno.

Asseguro-lhe que o cabo Dias foi a pea principal da "Intentona de 1935 em Natal."

Notas:

1 - Moacyr de Oliveira Filho. Ob. cit., p. 77.

2 - Id., ibid.

3 - Joo Medeiros Filho. Ob. cit., p. 23.

4 - Moacyr de Oliveira Filho. Ob. cit., p. 77.

5 - Giocondo Dias. Ob. cit., p. 156.

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