Insurreio
Comunista de 1935
em
Natal e Rio Grande do Norte 1962
Giocondo Dias,
a Vida de um Revolucionrio
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de Produo
Giocondo
Dias,
a Vida de um Revolucionrio
Joo Falco, Agir
1993
Infncia
e Mocidade | Filiao
ANL e ao PCB | Vspera
da Revoluo | A
Rebelio de Natal | Junta
Governativa | Trs
dias de governo | Jornal
da Revoluo | A
Derrocada | A
Fuga | Refgio
de comunistas
Vspera
da revoluo
Realizadas
as eleies indiretas no Rio Grande
do Norte, em outubro de 1934, a oposio
e grande parte da populao da capital
ficaram inconformadas com a vitria do
candidato Rafael Fernandes Gurjo, representante
da velha oligarquia desbancada pela revoluo
de 1930. Seus principais lderes, Mrio
Cmara, candidato derrotado, e Caf
Filho, acusaram o resultado de fraudulento.1
O 21 BC e a Guarda Civil foram amplamente
envolvidos pela campanha eleitoral e o cenrio
poltico estava conturbado. Houve, inclusive,
"uma rebelio armada contra a posse
de Rafael Fernandes, liderada pelo coronel Baltazar
Meirelles, chefe poltico e grande proprietrio
de terras no oeste do Estado. Essa rebelio
visava provocar uma situao de
instabilidade poltica que justificasse
a interveno federal, impedisse
a posse de Rafael Fernandes e levasse
escolha de um novo governador".2
Nesse clima de intensa paixo partidria,
toma posse o governador eleito.
"Uma vez instalado no palcio governamental,
Fernandes iniciou imediatamente um expurgo do
funcionalismo pblico estadual, demitindo
grande nmero de partidrios do
ex-interventor por todo o Estado. A remoo
de um diretor ou chefe de departamento implicava,
normalmente, outras demisses ou transferncias,
de modo que, em novembro de 1935, reinava grande
instabilidade, ansiedade e ressentimento no acampamento
oposicionista. Mas as medidas do novo chefe do
executivo estadual no pararam a.
Ele tambm mandou suspender todos os projetos
de obras pblicas - entre eles a construo
de vrias escolas primrias - o
que significava o desemprego de um nmero
considervel de operrios. A Guarda
Civil, espcie de polcia estadual,
tomou-se outro alvo de revanche istrativa
partidria: Femandes subitamente dissolveu-a,
demitindo mais de quatrocentos milicianos, todos
com instruo militar, e que, de
um dia para outro, ficaram sem emprego.
"Finalmente, a guarnio federal
em Natal, consistindo basicamente do 21
Batalho de Caadores, j
impregnada de um esprito de rebeldia,
virou um foco voltil de descontentamento
e intriga. Esse batalho levantara-se em
1931 contra o Governo em Recife, o que motivara
sua transferncia para Natal e a remoo
do 29 BC para a capital pernambucana. Ao
longo de 1935, segundo o general Manuel Rabelo,
comandante da 7 Regio Militar, o
batalho foi envolvido, 'por ordem superior',
na luta poltica estadual, o que teria
contribudo para sua prpria politizao
e prejudicando' sensivelmente' sua instruo.
Havia, outrossim, uma 'falta absoluta' de oficiais,
deficincia que afetou gravemente o moral
do batalho, que se tomou notrio
por seguidos atos de indisciplina. Para ajudar
a dom-Io, Vargas mandou um coronel gacho,
Otaviano Pinto Soares, para 'Natal. Logo ao chegar,
no incio de novembro, o coronel tentou
restaurar o profissionalismo, abrindo inquritos
para identificar os elementos infensos
disciplina e, por fim, anunciando que aproximadamente
quarenta praas seriam expulsos das fileiras.
Divulgada essa inteno, o coronel,
sem saber, ameaava de perto os interesses
do Partido Comunista Brasileiro, que concentrara
seu principal esforo de proselitismo justamente
nessa unidade militar. Ao se aproximar o final
de novembro, a cidade de Natal, pela situao
econmica, tenso poltica,
ressentimento de milicianos desempregados mas
no desarmados e a existncia de
uma clula comunista ativa de quase sessenta
membros, dentro da guarnio federal,
era um pequeno barril de plvora. As sindicncias
feitas pelo coronel Soares, assim como a divulgao
de sua deciso de expulsar do exrcito
certos elementos, constituram a fagulha
do rastilho."3
Face a essa contingncia, o cabo Giocondo
e o sargento Quintino reuniram-se com a direo
da ANL, e eles acharam que deveriam levantar o
batalho s' duas da tarde. Eles
discordaram disto. Tinha que ser s sete
horas.4
E segundo o depoimento de Jos Praxedes,
membro do secretariado do Comit Regional,
s trs horas da tarde daquele sbado,
Giocondo procura a direo do Partido
que estava reunida desde a manh, para
comunicar a Praxedes e a Santa que a revolta era
iminente, Expe-nos que o batalho
estava em p de guerra e que era impossvel
evitar a ecloso do movimento rebelde naquele
dia. Giocondo disse que a revolta no quartel era
muito grande porque iria haver uma dispensa de
diversos soldados. Na verdade, o que havia no
quartel que os elementos da Guarda Civil,
organizada por Joo Caf Filho e
dissolvida pelo governador Rafael Fernandes, estavam
por l insuflando os soldados a se revoltarem.
Giocondo chegou nessa reunio, fez esse
relato e disse que no dava mais para esperar.
Ns no tnhamos condies
de assumir o incio da rebelio
porque no havamos recebido nenhuma
instruo oficial do Partido em
Recife e dissemos isso para Giocondo.
Eu propus que esperssemos uns dez dias,
prazo para que a direo do Partido
em Recife fosse consultada a respeito da oportunidade
de se desenvolver o levante naquele momento. Giocondo
no aceitou. 'No pode ar de
hoje', retrucou. Estava criado o ime e ns
no podamos fazer nada. ramos
a direo poltica do Partido,
mas Giocondo quem controlava o trabalho
entre os militares no quartel e, se ele ordenasse
o incio da revolta, ns no
tnhamos condies de impedi-lo.
Diante da posio intransigente
e decidida, assumida pelo cabo Giocondo e referendada
pelo sargento Quintino, dirigente do trabalho
do Partido no quartel do 21 BC, ns
consultamos o Quintino, que tinha ficado calado
o tempo todo, e ele confirmou o que Giocondo dizia:
'", no d para segurar.
Est tudo preparado', disse Quintino. Ento,
a direo do Partido decide engajar
seus militantes na rebelio e s
faz uma exigncia: quando vocs tomarem
o batalho, ns vamos colocar nossa
gente l. Eu quero fardas. Vamos fardar
todo mundo."5
Notas:
1
- Joo Caf Filho foi um poltico
populista do Rio Grande do Norte, na dcada
de 30. Fundou a Follha Operria e tornou-se
um defensor dos trabalhadores. No governo do interventor
Mrio Cmara foi Chefe de Polcia.
Depois, elegeu-se deputado Constituinte
em 1945. Em 1950 foi eleito Vice-Presidente na
chapa de Getlio Vargas. Com o suicdio
deste, assume a Presidncia da Repblica
em 1954. Foi deposto, depois de ter simulado um
enfarte, por golpe militar em 1955.
2
- Joo Maria Furtado. Vertentes (Memrias).
Rio de Janeiro, Editora Jos Olympio, 1978,
apud Praxedes: Um Operrio no Poder.
3
- Stanley Hilton. A Rebelio Vermelha.
Rio de Janeiro, Editora Record, 1986, p. 74-75.
4
- Giocondo Dias. Ob. cit., p. 151.
5
- Moacyr de Oliveira Filho. Ob. Cit., p.56-57.
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