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de Produo 37fe
Capitulo
IV
Anlise dos processos do Tribunal
de Segurana Nacional relativos ao
Rio Grande do Norte
4.2
- Processos relativos aos municpios
do Rio Grande do Norte
Em relao
as cidades do interior do Estado foram abertos
23 processos, dos quais 2 so relativos
a cidade de Mossor(nmeros
05 e 30) com um total de 121 indiciados
e destes, 42 (34,7%)so condenados
quando julgados. Esses processos foram referentes
a acontecimentos que antecederam a insurreio
de Natal(greves, formao
de guerrilha,etc). Nas fichas onde constam
dados profissionais de 68 indiciados,a maioria
constituda por agricultores
e comerciantes, mas como a atuao
do partido comunista era mais expressiva
entre os salineiros(a categoria de maior
nmero de trabalhadores)
razovel supor que os que no
constam dados profissionais devem se tratar
de trabalhadores da salina.
Mosor era, conforme
relatamos, a nica cidade onde houve
um efetivo trabalho de preparao
para um levante que o partido comunista
articulava em nvel nacional. Por
que no ocorreu nada ? a hiptese
mais provvel que com a
precipitao de Natal, foram
surpreendidos e no dia 25 de novembro, as
tropas do exrcito do Cear
j ocupavam a cidade. Como diz Ferreira
“... alm de toda a preparao
anterior e da combinao prvia
de no resistncia por parte
das corporaes al
sediadas, havia a guerrilha, homens armados,
experientes e dispostos, esperando apenas
o sinal para sairem das matas e comearem
a luta” (Ferreira,1989, p.196 ). Joel
Paulista, ento presidente do sindicato
dos salineiros e militante do partido comunista,
em depoimento a policia, diz havia sido
planejado para o dia 27 de outubro de 1935
um ataque a uma propriedade conhecida como
“lagoinha”, onde, segundo informaes,
havia um grande estoque de armas . A policia
fica sabendo do plano e desloca um forte
aparato policial para a fazenda, impossibilitando
o ataque. As armas deveriam ser utilizadas
no levante. Francisco Guilherme de Souza,
militante do partido comunista na poca,
diz “... a gente estava com Mossor
na mo. A gente estava com o tiro
de guerra, a policia militar e a guerrilha.
Mossor seria dominado na hora, sem
um tiro”(Ferrreira,1989, p.196). Diz
tambm que estavam esperando apenas
um telegrama codificado vindo de Natal,
razo pela qual os militantes se
reversavam no correio. O telegrama teria
chegado mas com a senha significando que
o movimento tinha fracassado , e assim,
o partido se desmobiliza. Diz Ferreira “...embora
no haja qualquer evidncia
concreta, faz sentido pensar que a autoria
desse telegrama pode ser creditada
prpria policia j que at
hoje no h nenhuma referncia
segura que algum do partido tenha
assumido sua autoria”(Ferreira,1989,
p.197). Tal como em Natal, conforme discutiremos
mais adiante, no creio nesta verso.
Como ficam evidentes nos processos relativos
Natal, as circunstncias
como se deram a insurreio
mostram que no houve qualquer contato
com Mossor(ademais era sbado
noite e o correio no funcionava,
nem no domingo...) e quanto a policia forjando
o telegrama s se fosse aps
a derrota da insurreio em
Natal, quando no havia mais sentido
ar telegrama.(o 23 Batalho de
Caadores do Cear j
ocupara a cidade antes da derrota dos insurretos
em Natal)
Quanto as demais cidades,
a maior parte dos processos so relativos
as que foram ocupadas pelos insurretos,
embora tenham havido casos em que houve
indiciamentos e prises onde as colunas
no chegaram(abertos em funo
de denuncias) ou em lugares onde alguns
foram presos aps a derrota da insurreio.
Alm de Mossor, foram os
casos de Macau(processo de n.17 ) e Lages(processo
de n. 117). Em Macau so indiciadas
08 pessoas, entre elas, o Juiz da Comarca
da cidade, Fbio Mximo Pacheco,
todos absolvidos. Cidade porturia,
Macau tinha um grande nmero de estivadores
e salineiros, submetidos a durssimas
condies de trabalho (baixos
salrios, extensas jornadas, ausncia
de garantias trabalhistas,etc). Em meados
de 1935 fundado o sindicato dos
estivadores, tendo como presidente Joo
Anastcio (mais conhecido como “Joo
Bolacha”) que havia liderado algumas
greves, reividicando melhorias salariais
junto companhia de navegao.
No incio de novembro de 1935 Joo
Anastcio hospeda em sua residncia,
Miguel Moreira que , na clandestinidade,
liderava junto com Manoel Torquato a guerrilha
que atuava na vrzea do au.
Pouco depois, sintomaticamente, (nos dias
9 e 10 de novembro) aparecem no mercado
pblico e em algumas residncias
alguns panfletos qualificados pela policia
como de “carter nitidamente
comunista”. Esses panfletos, segundo
ficou apurado depois foram distribuidos
por Jos Segundo Sobrinho(conhecido
como “maninho”) em cuja residncia
foram apreendidos documentos de propaganda
comunista no dia 26 de novembro de 1935,
portanto quando os insurretos ainda estavam
no poder em Natal e j haviam ocupado
algumas cidades (se havia alguma articulao
para um levante, como provvel
supor - com a presena de Miguel
Moreira poucos dias antes e a distribuio
de panfletos- pega-os de surpresa pois so
presos facilmente e alegam desconhecer o
que havia ocorrido em Natal no dia 23 de
novembro.)
O caso de Lages
singular. O processo tem mais de 300 pginas
e trata exclusivamente de Jos Nestor
Gouveia. Ele acusado de, no dia
25 de novembro de 1935, ter ido ao povoado
Epitcio Pessoa onde se reuniu com
algumas pessoas com o objetivo de arregiment-los
para recepcionar uma caravana aliancista
que vinha de Natal, e ter comemorado a vitria
dos insurretos com um cervejada. Indiciado
e preso , quando julgado foi absolvido.
So os casos tambm
das cidades de Angicos, processo n. 117
com 11 indiciados (sem informaes
nos autos do processo quanto a a resultado
do julgamento), Martins , com 8 indiciados
(igualmente sem informaes
quanto a resultado do julgamento), Acari,
processo n.29 (este nada tinha a ver com
o levante.Com 1 indiciado, o inqurito
foi aberto porque foram encontradas em sua
residncia 03 caixas de dinamites
e 569 cartuchos de espoletas. Ficou provado
que se tratava simplesmente de um roubo
e o processo foi remetido justia
comum, tendo o ru sido condenado
por furto a 1 ano de priso) . E
finalmente, Currais Novos, com 25 indiciados.
Tratava-se dos filiados a Unio Sindical
de Currais Novos, presidida pelo sapateiro
Manoel Rodrigues, acusado de pertencer ao
partido comunista. Por ocasio da
insurreio do 21 BC em Natal,
o sindicato convoca uma reunio em
cuja sede “estava sempre hastiada
uma bandeira vermelha “e “onde
se desenvolvia uma intensa e ostensiva propaganda
comunista”conforme as denncias
que originaram o processo. Nessa reunio
houve vivas a Luis Carlos Prestes e a ANL.
No dia 29 de novembro de 1935 todos so
presos. Pouco depois, fogem da cadeia e
so julgados revelia no
dia 10 de outubro de 1938 e todos absolvidos.
Quanto aos demais processsos
ver relao anexa.
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