Projeto DHnet
Ponto de Cultura
Podcasts
1935 Mapa Natal
1935 Mapa RN
ABC da Insurreio
ABC Reprimidos
ABC Personagens
ABC Pesquisadores
Jornal A Liberdade
1935 Livros
1935 Documentos
1935 Textos
1935 Linha Tempo
1935 em Audios
1935 em Vdeos
1935 em Imagens
Nosso Projeto
Equipe de Produo
Memria Potiguar
Tecido Cultural PC
Curso Agentes Culturais
Guia Cidadania Cultural
Direitos Humanos
Desejos Humanos
Educao EDH
Cibercidadania
Memria Histrica
Arte e Cultura
Central de Denncias
Rede DHnet
Rede Brasil
Redes Estaduais
Rede Estadual RN

Insurreio Comunista de 1935 em Natal e Rio Grande do Norte 1962

A Insurreio Comunista de 1935 – Natal, o primeiro Ato da Tragdia
Homero de Oliveira Costa

Nosso Projeto | Mapa Natal 1935 | Mapa RN 1935 | ABC Insurreio | ABC dos Indiciados | Personagens 1935 | Jornal A Liberdade | Livros | Textos e Reflexes | Bibliografia | Linha do Tempo 1935 | Imagens 1935 | Audios 1935 | Vdeos 1935 | ABC Pesquisadores | Equipe de Produo

Captulo I
Algumas consideraes sobre as relaes entre o partido comunista do Brasil e a III Internacional Comunista

1.2 - O VI Congresso da Internacional comunista e o III Congresso do partido comunista do Brasil

O VI Congresso na III Internacional comunista foi realizado em Moscou de l7 de julho a 01 de setembro de l928. O Brasil j havia sido aceito como seo da III IC em l924. Envia uma delegao composta por Lencio Basbaum, Jos Lago Molares e Paulo lacerda, sendo este ultimo eleito para o “presidium”do congresso como nico representante da Amrica Latina(que estava representada por delegados de 9 pases, com um total de 16 membros).

A interpretao mais comum que se tem desse congresso que ele inaugura uma linha ultra-esquerdista e a Internacional comunista a a ter um maior controle dos partidos comunistas a ela filiados. No entanto uma leitura dessas teses mostram que essa radicalizao s se dar aps a ascenso de Stalin em 1928 “Assim, quando se pretende situar as linhas seguidas pelos comunistas brasileiros at l935, seria errneo supor que a radicalizao decorre diretamente das discusses do VI congresso da internacional comunista”(Pinheiro,1987,p.17)

M. Bukarin, um dos principais dirigentes da IC faz uma interveno cuja principal concluso era de que a ttica de colaborao com a burguesia, que at l927 tinha sido a doutrina oficial, devia ser rejeitada. A nova ttica era do enfrentamento com as burguesias e a radicalizao dos partidos comunistas. Essa tese sai vitoriosa.

E ser nesse congresso tambm que aparece pela primeira vez uma discusso especfica sobre a Amrica latina que, na tica da III IC, a a ter uma grande importncia no cenrio internacional como “fonte de conflitos”e “novas guerras imperialistas”(referncia aos Estados Unidos e Inglaterra). Surgem tambm as noes de pases coloniais e semi-coloniais. As teses que so definidas para os pases “coloniais”como era o caso do Brasil, vai ter o seu fundamento terico na idia de que o capitalismo havia atingido uma nova fase, na qual se adota uma atitude hostil em relao a URSS. Essa nova fase tambm chamada de “terceiro perodo” e inaugura uma nova fase da politica externa da URSS. A formulao desses “perodos” correspondem ao desenvolvimento do movimento operrio que seria determinado pelas distintas fases do desenvolvimento do capitalismo. O primeiro perodo tinha sido de crises agudas, abrangendo situaes revolucionrios, que vo do perodo dos ps-guerra at l921(e que correspondeu a aes diretas por parte da classe operria), o segundo perodo vai at o ano de l928 e caracterizado por ser um perodo de estabilizao do capitalismo(iniciado com a derrota do proletariado alemo em 1923) e o terceiro perodo vai se caracterizar por uma grave crise do capitalismo e no qual a classe operria(e ,obviamente o partido que sua vanguarda) teria um papel fundamental a desempenhar. Rediscute-se o papel da burguesia e nova interpretao de que as burguesias desses pases no am de aliadas do imperialismo e nesse sentido reforam-se as formas pr-capitalistas de explorao que impedem o desenvolvimento das foras produtivas.

O que h de se destacar neste congresso so duas coisas : primeiro a definio de uma nova estratgia da IC - que vai corresponder s novas estratgias dos partidos comunistas a ele filiados - e em segundo lugar as intervenes do representando do PC do B com informaes completamente fantasiosas sobre a realidade brasileira e que vo, de certa forma, ampliar as perspectivas da IC em relao a revoluo no Brasil. As informaes vo desde a anlise da situao nacional crescente influncia do partido comunista junto classe operria brasileira.

No primeiro caso, as formulaes da III internacional sero base para a anlise da realidade brasileira e no segundo caso, ou seja, das informaes inexatas(ou anlises equivocadas) talvez o aspecto mais importante so referentes as rebelies tenentistas, porque elas vo ajudar a compor um quadro na qual tanto o PC do B quanto a III internacional comunista ampliam as perspectivas insurrecionais em relao ao Brasil. No entanto, revelou-se um equvoco. O que foram essas rebelies tenentistas? Em primeiro lugar preciso ter em conta suas diferenas : a revolta do forte de Copacabana em l922 foi diferente da revolta de l924 em So Paulo, com essas foram diferentes da de l926.(4) no entanto, se podermos dizer que h algo em comum entre elas o fato de no contar com base popular(embora se pronunciasse em nome do povo) e o seu aspecto marcadamente militarista - sendo a coluna Prestes seu maior feito e melhor expresso dessa afirmativa. So rebelies importantes, no apenas quanto a formulao de crticas s instituies republicanas(embora no visassem modificar a estrutura poltica da dominao estabelecida com a proclamao da repblica) e aos prprios militares de patente superior, como pela “ leitura”que tanto a III IC como o partido comunista do Brasil iro fazer e que “com seus exageros se transformaro em peas imaginrias que iro ajudar a compor para a III Internacional Comunista a possibilidade de sucesso de uma insurreio armada no Brasil”.(Pinheiro, l987,p.423) Para a III IC as revoltas tenentistas iro contar com o apoio no apenas da classe operria, como de setores da pequena burguesia urbana e at mesmo da burguesia industrial, o que no foi verdade sequer em relao a So Paulo onde o movimento teve maior expresso( em julho de l924, ocupa a cidade entre os dias 9 e 27 )(5). Outro aspecto importante ser a Coluna Prestes que percorre o pas entre l925 at inicio de l927. Mesmo considerando o heroismo e a bravura de seus componentes, dificilmente se poder dizer que estes representavam “o povo em armas contra as estruturas dominantes” No entanto esses movimentos tero uma alta qualificao na tica da Internacional e “essas indicaes sobre a alta qualificao que a IC tinha desses movimentos oferecem indicaes para entender o apoio de alguns dirigentes da IC a revolta militar de l935”(Pinheiro,l987,p.192)

Em julho de l929 realizado em Buenos Aires o I congresso dos partidos comunistas latino-americanos no qual as teses do VI congresso da IC so ratificadas e expressam a inequvoca obedincia s diretrizes da IC, revelando uma total ausncia de autonomia na elaborao de anlises especficas.

O partido comunista do Brasil realiza seu III congresso em fins de 1928 e incio de l929 e ratifica as decises do congresso latino-americano. A aplicao das novas diretrizes leva a analisar a realidade brasileira sob a tica da IC e nesse sentido a revoluo de outubro de l930 ser interpretada como sendo “uma mera luta entre os imperialismos ingls e americano” e ao mesmo tempo trouxe consequncias em nvel da organizao interna, expressa naquilo que ficou sendo conhecido como a “proletarizao do partido” ou a fase “breirista”do partido que consistiu na promoo dos militantes de origem proletria e a rejeio dos intelectuais de origem “burguesa” ou “pequeno-burguesa” e assim alguns saem do partido, enquanto outros so expulsos, como so os casos, entre outros, de Astrogildo Pereira(um dos seus fundadores em maro de l922) e Lencio Basbaum

Data desse perodo a aproximao da IC com Luis Carlos Prestes. Depois de percorrer mais de 25 mil quilmetros pelo Brasil numa coluna que recebera seu nome - e sem que tivessem sofrido qualquer derrota militar - Prestes se exila na Bolivia no inicio de l927 , indo em seguida para Buenos Aires. Em maio de l930, funda a Liga de Ao revolucionria(LAR) tendo antes rejeitado a proposta de Vargas para ser um dos comandantes militares da revoluo de l930. Por ocasio do lanamento da LAR, lanado um manifesto o qual “... lido (...) da perspectiva da IC estaria a incorporao da estratgia, da ttica da insurreio popular, das palavras de ordens recomendadas pelo menos desde o VI congressso. As propostas repetem, s vezes quase literalmente, as anlises e as propostas da IC quanto ao imperialismo, o governo a ser constituido e as palavras de ordens, o que vai demonstrar a familiaridade de Prestes com os textos da IC”(Pinheiro,l987,p.500).

A Liga tem vida efmera e no consegue as adeses esperadas. A prpria direo do partido comunista a critica duramente. Em seguida Prestes vai para URSS onde fica at abril de l935, quando retorna clandestinamente ao Brasil, j como membro do COMITERN e do partido comunista do Brasil.(foi aceito em agosto de l934 por imposio da IC) a fim de preparar a insurreio, juntamente com alguns assessores da IC.


Notas

4 - Um dos melhores estudos a respeito do tenentismo e que mostra com clareza as diferenas entre os levantes de l922, l924 e 1926 de Jos Augusto Drummond “O Movimento Tenentista : a interveno politica dos jovens oficiais”(1922-1935), So Paulo, Graal,l986

5 - Alm do livro de Drummond, consultar a esse respeito Paulo Srgio Pinheiro :“Politica e Trabalho no Brasil,”capitulo III, So Paulo, Editora Paz e Terra, l975

^ Subir

< Voltar

Nosso Projeto | Mapa Natal 1935 | Mapa RN 1935 | ABC Insurreio | ABC dos Indiciados | Personagens 1935 | Jornal A Liberdade | Livros | Textos e Reflexes | Bibliografia | Linha do Tempo 1935 | Imagens 1935 | Audios 1935 | Vdeos 1935 | ABC Pesquisadores | Equipe de Produo

Desde 1995 dhnet-br.informativomineiro.com Copyleft - Telefones: 055 84 3211.5428 e 9977.8702 WhatsApp
Skype:direitoshumanos Email: [email protected] Facebook: DHnetDh
Busca DHnet Google
Tecido Cultural Ponto de Cultura Rio Grande do Norte
Linha do Tempo RN Rio Grande do Norte
Mem
Combatentes Sociais RN
Hist
Guia da Cidadania Cultural RN
Rede Estadual de Direitos Humanos Rio Grande do Norte
Redes Estaduais de Direitos Humanos
Rede Brasil de Direitos Humanos
Hist
Direito a Mem
Projeto Brasil Nunca Mais
Comit
Djalma Maranh
Othoniel Menezes Mem
Luiz Gonzaga Cortez Mem
Homero Costa Mem
Bras
Leonardo Barata Mem
Centro de Direitos Humanos e Mem
Centro de Estudos Pesquisa e A