INFORMESDA
I CNPM
Plataforma
traduzida em diretrizes
Misso
cumprida. Consideramos que muitos dos desafios da Plataforma
Poltica Feminista esto traduzidos em diretrizes
para as polticas pblicas para mulheres.
As delegadas dos movimentos de mulheres e feministas compareceram
I Conferncia Nacional de Polticas
para Mulheres afirmando lutas histricas do feminismo,
como a autonomia das mulheres e o direito ao aborto.
Saiu
consolidada a posio feminista que afirma
a responsabilidade do Estado sobre o financiamento, formulao
e gesto das polticas pblicas, a
articulao entre polticas econmicas
e sociais, ambas com carter distributivo; alm
da manuteno dos vnculos oramentrios
para sade e educao, a relevncia
de aes afirmativas e os princpios
da igualdade e eqidade, laicidade do Estado e da intersetorialidade
das aes para implementao
de polticas pblicas, o que exige a participao
de todas as reas de governo. Tambm foi afirmada
na conferncia a importncia da participao
da sociedade civil na formulao de um cdigo
de tica que oriente produtores e executores de aes
na mdia, na perspectiva de que descartem dos meios
de comunicao: propostas racistas ou lesbofbicas,
ou que esteja baseadas em esteretipos, discriminao
ou mercantilizao do corpo da mulher.
Trazendo valorosa contribuio democratizao
e transformao do Estado brasileiro, as militantes
de todos os segmentos dos movimentos de mulheres e feminista
conseguiram atuar em composio e de forma
articulada, demonstrando nossa grande capacidade de fazer
poltica diante das inmeras objees
e obstculos colocados pela correlao
de foras entre governos e sociedade, nos distintos
planos da federao, em especial no contexto
de governos cujas foras polticas hegemnicas
no tm qualquer compromisso com a justia
e a democracia.
Principais
resultados da I Conferncia Nacional de Polticas
Pblicas para as Mulheres
Os
eixos propostos pela Comisso Temtica para
esta I Conferncia foram: Enfrentamento da pobreza
(gerao de renda, trabalho, o ao crdito
e terra); Violncia contra a mulher (preveno,
assistncia e enfrentamento); Promoo
do bem-estar e qualidade de vida para as mulheres (sade,
moradia, infra-estrutura, equipamentos sociais e recursos
naturais); o ao poder e efetivao dos
direitos das mulheres; Desenvolvimento de polticas
de educao, cultura, comunicao
e produo do conhecimento para a igualdade.
De
maneira geral, os resultados so muito mais significativos
do que se poderia pensar, considerando o difcil
processo de preparao. Nas disputas travadas
pelo movimento de mulheres e feminista prevaleceu a afirmao
de diretrizes anti-neoliberais e foram fixadas as proridades
da luta feminista nas polticas pblicas:
creches e equipamentos sociais, aborto legal e seguro, estratgias
de combate violncia de gnero e autonomia
das mulheres, inclusive econmica. Alm disso,
manteve-se a prioridade das aes afirmativas
e especificidades de diversos segmentos de mulheres, como
negras, ndias, lsbicas e portadoras de deficincia.
O
posicionamento inequvoco do movimento em defesa
de mudanas na poltica econmica foi
outro marco importante. O processo, entretanto, foi desgastante,
em especial pela tentativa de se viabilizar esta Conferncia
nos moldes de outras, como a de Sade, colocando
sobre os governos a responsabilidade pelo processo prreparatrio.
Isso fragilizou imensamente as articulaes
estaduais de mulheres e contribuiu para a baixa qualificaao
do debate, vez que h muita resistncia por
parte das foras polticas tradicionais em
aceitar, valorizar e debater polticas para mulheres
como instrumento de justia e transformao
social.
Deste
modo, consideramos que sem a ao organizada
dos movimentos de mulheres e feministas esta Conferncia
no teria resultados to importantes e muito
pouco avanaria na direo da emancipao
das mulheres. Vale ainda salientar que os resultados, se
bem instrumentalizados, podero inclusive fortalecer
a Secretaria Especial de Polticas para Mulheres
(SPM) no contexto do Governo Lula e, com certeza, sero
um instrumento nos planos locais e estaduais na luta feminista
por polticas pblicas para mulheres.
Aborto
A recomendao para a reviso da legislao
na perspectiva da descriminaliza-o e legalizao
do aborto, com garantia de atendimento humanizado pelos
servios pblicos de sade foi aprovada
por maioria em todos os grupos dos eixos ligados
efetivao dos direitos da mulheres e
sade, e na plenria final. Para isso, foi
intensa a articulao e a mobilizao
do movimento de mulheres. Agora, esta reco-mendao
ser encaminhada (juntamente com as demais diretrizes)
para o Grupo de Trabalho Interministerial res-ponsvel
pela elaborao do Plano Nacional de Polticas
para as Mulheres.
A diretriz pela legalizao do aborto foi
acompanhada de vrias outras que visam garantir amplamente
os direitos sexuais e os direitos reprodutivos das mulheres.
Alm disso, as delegadas da Conferncia tam-bm
aprovaram uma moo de apoio deciso
do ministro Marco Aurlio, do Supremo Tribunal Federal
(STF), que concedeu liminar autorizando a realizao
de aborto em caso de gestao de feto com
anen-cefalia (sem crebro). O tema ser julgado
pelo STF em agosto.
Aliana
Afro-Indgena
Um
destaque nesta Conferncia para as mulheres negras
e indgenas, que firmaram uma aliana Afro-Indgena,
com a perspectiva de lutar articuladamente nas questes
de gnero, raa e etnia. Alm da grande
delegao de mulheres indgenas, que
j haviam realizado uma conferncia nacional,
cerca de 47% das delegadas presentes na Conferncia
eram mulheres negras, que participaram dos painis
e atuaram como coordenadoras, relatoras ou como delegadas
presentes em todos grupos.
Sueli
Carneiro, da Articulao de ONGs de Mulheres
Negras, falou no “Anlise da realidade
brasileira, avaliando polticas realizadas e os compromissos
assumidos pelo Estado brasileiro”. E, oportunamente,
resgatou a contribuio recente do movimento
de mulheres e feminista atravs da organizao
da Conferncia Nacional de Mulheres Brasileiras (CNMB,2002)
e da elaborao da Plataforma Poltica
Feminista. Tanto a CNMB, como a Plataforma foram esquecidas
e no citadas no vdeo apresentado na abertura
da Conferncia, que abordou a histria de luta
das mulheres, no Brasil.
Lesbianidade
O
movimento de mulheres lsbicas, juntamente com as
negras e as indgenas, foi um dos mais mobilizados
nesta Conferncia de Polticas para Mulheres.
As reunies organizadas por iniciativa da Liga Brasileira
de Lsbicas/Sul articulou todos os demais regionais
e focou as propostas do movimento para a Conferncia.
Na argumentao em defesa do aborto, as lsbicas
se somaram s muitas delegadas que ressaltaram a
autonomia das mulheres como princpio para diretrizes
de polticas para mulheres.
Outro
aspecto priorizado pelo movimento foi a educao
com persetiva no sexista, anti-racista e no
lesbofbica. Destaque tambm para a aprovao
da diretriz que coloca como dever do Estado o desenvolvimento
de mecanismos de promoo, respeito e legitimao
diversidade de orientao sexual,
tendo como referncia o Programa Nacional Brasil sem
Homofobia, bem como a criao de grupo de
trabalho e estudo para conceituao da lesbofobia
e da homofobia como crimes. A proposta foi apresentada pelo
DIVAS (PE), assumida pelo movimento na CNPM e aprovada nos
quatro grupos de trabalho do eixo que focou os direitos
das mulheres, assim como na plenria final da Conferncia.
Sade
e Educao - Desvinculao do
Oramento
Alm
da moo de repdio encaminhada pelo
movimento de mulheres e feminista e aprovada na Plenria
final da I CNPM, o Frum Brasil de Oramento
est divulgando para s (de organizaes
ligadas aos movimentos sociais) o manifesto contra a proposta
do Governo de desvinculao das receitas das
reas de Sade e Educao.
Conforme
divulgado pelos jornais, o Ministrio da Fazenda
esteve fazendo estudos com esta inteno,
em cumprimento ao acordo firmado com o FMI, ano ado.
Dia 16, o porta-voz do Presidente, Andr Singer,
afirmou estar descartada esta possibilidade da desvinculao
das despesas com educao e sade,
dois dos principais itens do oramento federal com
verbas vinculadas. Mas, o Ministrio da Fazenda tambm
anunciou que segue estudando como cumprir o compromisso
com o FMI.
Neste
contexto, a presso dos movimentos sociais no sentido
de garantir a vinculao oramentria
continua sendo muito importante. Para o manifesto,
entre em contato com o Frum Brasil Oramento:
[email protected]
Cobertura
da Imprensa
Ainda
restrita e em alguns momentos lamentvel foi a cobertura
da imprensa, que noticiou de forma mope uma conferncia
que reuniu mais de duas mil mulheres, em Braslia,
entre 15 e 17 de julho. Alm das 1.770 delegadas
- que eram urbanas, rurais, indgenas, negras, lsbicas,
portadoras de deficincia e pesquisadoras de universidades
com reconhecimento internacional, estavam parlamentares
e observadoras/es de vrios pases. Mas as
propostas de tantas ativistas do movimento de mulheres e
feminista no mereceu da imprensa nenhuma anlise
mais consistente.
Diante
da fraca cobertura s conferncias, a mdia
tem demonstrado que considera poltica apenas o que
prprio da ao partidria.
Da CNPM, foi manchete nos jornais apenas a referncia
do Presidente Lula a uma suposta pacincia das mulheres,
durante discurso que fez na abertura do evento.
Os
jornais no quiseram saber se as mulheres presentes
na CNPM tinham esta tal pacincia ou se, no contexto
atual, consideramos esta a melhor estratgia. Se
tivessem nos perguntando, ficariam sabendo que, entre outras
coisas, a Conferncia aprovou moo
de repdio proposta do Ministrio
da Fazenda para desvinculao das verbas constitucionalmente
garantidas para Sade e Educao. Ou
seja, demonstramos que as mulheres no tem nenhuma
pacincia frente a propostas que contribuem para a
manuteno das desigualdades.
Veja
tambm:
-
I CONFERNCIA NACIONAL DE POLTICAS PBLICAS
PARA AS MULHERES (I CNPM)
- DOCUMENTOS DA I CNPM
- Documento da Marcha Mundial
das Mulheres para a I Conferncia Nacional de Polticas
para as Mulheres
- MAIS SOBRE A IX CONFERNCIA
NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS (BRASLIA, 29/06-02/07)