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Tecido Social Correio Eletrnico da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN N. 067 – 21/07/04 a395s

DOCUMENTOS DA I CNPM

Fonte: Articulando Eletronicamente - Veculo de Informao da Articulao de Mulheres Brasileiras (AMB)

Aliana de Parentesco
por determinao das mulheres negras e indgenas

Ns mulheres ndias e negras reunidas na primeira Conferncia Nacional de Polticas Pblicas para as Mulheres, realizada de 15 a 17 de julho de 2004, em Braslia- DF, selam uma aliana de parentesco:

- considerando a semelhana da opresso sofrida pelos povos indgenas e afrodescendentes, em especial as mulheres;
- considerando o estupro colonial perpetrado contra ndias e negras;
- considerando a espoliao e expropriao das terras, das culturas, dos saberes dos povos;
- considerando a perpetuao da excluso histrica desses povos desde o trmino colonial at os nossos dias, que vitima especialmente as mulheres, distorcendo e desvalorizando suas imagens;
- considerando a necessidade da reparao que o estado brasileiro tem para com esses povos em geral e as mulheres em particular;

Decidimos:

- Firmar o nosso parentesco atravs de uma aliana poltica na busca conjunta da superao das desigualdades econmicas, polticas, culturais e de poder;
- Firmar uma aliana estratgica, para a conquista da igualdade de oportunidades para as mulheres ndias e negras na sociedade brasileira;
- Firmar uma aliana estratgica que d visibilidade a ndias e negras como sujeitos de direito.

Doravante ndias e negras consideram-se parentes.

Conselho Nacional das Mulheres Indgenas
Comit Inter -Tribal de Mulheres Indgenas/NE
Departamento de Mulheres Indgenas da Coordenao das Organizaes Indgenas da Amaznia Brasileira - DEMIAB
Grupo de Mulheres Indgenas do Acre
Organizao de Mulheres Indgenas de Roraima
Associao de Mulheres Indgenas do Centro-Oeste Paulista
Associao de Mulheres Indgenas Terena - Mato Grosso do Sul
Encontro de Mulheres Indgenas da Regio Sul do Brasil
Articulao de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras
Frum Nacional de Mulheres Negras
Fruns Estaduais de Mulheres Negras: So Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Braslia, Mato Grosso do Sul, Maranho, Bahia, Cear, Piau, Sergipe, Paraba, Gois, Santa Catarina, Paran, Rio Grande do Sul, Alagoas, Amap e Tocantins
Coordenao Nacional das Comunidades Quilombolas
Comisso Estadual de Articulao das Comunidades
Quilombolas de Pernambuco
Grupo de Unio e Conscincia Negra

Aderem ao Documento:

Frum Goiano de Mulheres
Frum de Mulheres da Amaznia
Articulao de Mulheres do Acre
Mama - Movimento Articulado de Mulheres da Amaznia
Frum de Mulheres do Rio Grande do Norte
Movimento e Articulao de Mulheres do Estado do Par
Marcha Mundial das Mulheres
Rede Economia e Feminismo
Sindicato dos Trabalhadores de Ensino Pblico do Mato Grosso
Central nica dos Trabalhadores de Mato Grosso
Frum de Articulao de Mulheres de Mato Grosso
Ncleo de Estudo
Casa de Cultura da Mulher Negra
Centro de Documentao Carolina de Jesus
Memria Llia Gonzalez
Alzira Rufino
Ana Maria Felippe Garcia
Tain Felippe Garcia

Articulao de Mulheres Brasileiras
Maria Rosa Pereira, in memorian
Llia Gonzalez, in memorian
Beatriz Nascimento, in memorian
Clementina de Jess, in memorian

Colocamos esse documento para adeso e envio para a Ministra Nilcia Freire -
[email protected]

O Depoimentos da Mulheres, continuando a afirmar:

Ns, mulheres indgenas, somos a me da terra. Acordamos e samos detrs do cocar dos nossos maridos e caciques, no para estar na frente deles, mas ao lado. Queremos o educao, sade e muitas outras coisas como a demarcao de nossas terras. Estamos fazendo aqui o papel que cabia aos lderes indgenas. Eles no souberam fazer direito. Ns, agora, vamos ensinar a eles como que se trabalha a organizao e a articulao do nosso povo. So dez anos no Movimento Indgena, de muita luta. Queremos sim aprofundar essa aliana com as mulheres negras.
Fizemos o Pacto com as Mulheres Negras porque sofremos a mesma discriminao. Poltica com justia s feita se contemplar as reivindicaes das mais sofridas que somos ns. A Aliana feita aqui o incio de um trabalho que vamos, no futuro, aprofundar mais.
Dirce Veron - Mato Grosso do Sul -Movimento Mulheres Indgenas

Antes de qualquer feminismo organizado j existiam as mulheres negras organizadas: antes, durante e ps-abolio. Foi na resistncia contra a escravido, na manuteno dos quilombos e, hoje, essa organizao se reflete aqui na Conferncia. Compartilhamos sim nossa garra com todas as mulheres presentes. H dez anos no se imaginava que ns, trabalhadoras domsticas, pudssemos estar participando e colocando nossas questes, que so srias. Precisamos garantir os avanos para que as propostas no fiquem no papel ou nos palanques. Queremos a implementao...
Creusa Maria Oliveira - Presidente da Federao Nacional das Domsticas - Militante do MNU/BA.

A marca desse governo a garantia da participao dos Conselhos. Se no vai haver dinheiro para cumprir as diretrizes, temos que pressionar e fiscalizar os Conselhos especficos de mulheres, para que se efetivem as implementaes.
Denise Pacheco
SEPPIR

O enegrecimento do Movimento Feminista uma vitria. Conseguimos transversalizar raa e etnia em todos os temas discutidos na Conferncia. Parimos o filho. Nasceu hoje o processo de reconhecimento da conscincia poltica de negras e ndias. O pacto afro indgena aconteceu. A retomada para o desenvolvimento desse pas ser efetivada de fato quando se concretizar a reparao de nossos povos.
Ubiracy Matilde de Jesus - Unegro -BA- Executiva do Frum Nacional de MN.

O avano foi a mobilizao e isso provocou uma grande inquietao; at porque, ns, tradicionalmente acabvamos por estar apresentando nossas propostas em forma de aes . Essa conferncia est possibilitando que estejamos discutindo diretrizes para o Estado, para alm dos governos. So diretrizes para orientar qualquer governo municipal, estadual e federal. Estamos qualificando as polticas pblicas para as mulheres e dizendo COMO QUEREMOS que elas sejam implementadas, ou seja: o que queremos e como queremos.
Schuma Schumaher
Redeh

No Grupo Educao Cultura e Comunicao aprovamos a criao do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educao Bsica, para contemplar desde a Educao Infantil e Fundamental at o Ensino Mdio e todas as suas especialidades, como Educao Especial, de Jovens e Adultos. A questo da diversidade e as relaes de gnero devem se tornar componentes curriculares desde a Educao Infantil, no sentido de formar uma nova mentalidade onde haja igualdade e eqidade dentro da nossa sociedade.
Maria Felisberta Batista Trindade - Secretria Municipal de Educao de Niteri/RJ

Sabemos o que queremos. Queremos isso!!! Pronto.
A ministra parceira e realizou essa conferncia com todos os estados presentes num nvel de conscientizao bem maior. O que o presidente Lula viu e ouviu em dois minutos, aqui, j foi colocado em seu discurso, proferido ontem pela manh. No um aprendizado de livros, da vida; isso aqui uma escola. Estamos aqui felizes, nos abraando, querendo um Brasil melhor.
Santinha - Delegada do Rio de Janeiro.

Poucas jovens conseguiram sair delegadas em seus estados. No meu grupo, a gente discutiu o o das jovens ao mercado de trabalho e a legalizao do aborto. Foi muito produtivo. Conseguimos respeitar a diversidade de opinies. Havia lsbicas, deficientes fsicas, negras, ndias. A gente chegou a um consenso, de maneira que contemplasse todas as causas. Espero que a Plenria contemple as especificidades de todas.
Luciana Neto - Jovens Mulheres Polticas Cemina - Ana Lcia Resende

Para ns do Movimento de Lsbicas, conseguimos um avano muito grande. Enfrentamos muito preconceito, inclusive de mulheres de outros segmentos, no desenrolar das Conferncias Municipais. Estamos com representatividade de todos os Estados. Conquistamos nosso espao e tivemos todas as propostas aprovadas nos Grupos de Trabalho. A discusso com respeito realizao de cirurgia pelo Sistema SUS, com respeito a transgeneros foi um avano. Estamos aguardando a deciso da plenria.
Rosangela Castro/RJ - Liga Brasileira de Lsbicas

muito bom saber que as deficientes fsicas so respeitadas e que no estamos sozinhas na luta. Somos um conjunto que criamos planos com metas para que sejam cumpridas.
Maria Silva - Deputada Federal

Temos que nos unir para pressionar e fiscalizar. Devemos unificar foras com as companheiras negras que avanaram e chegaram l. A ordem do dia unidade. uma vitria o governo chamar essa conferncia.
Lucimar Dias Cernegro - Centro de Referncia do Negro Braslia/DF

O papel da mulher negra na conferncia mostrou um grande avano. Dentre as demandas de todos os ministrios do governo, como sociedade civil, nossas reivindicaes sendo discutidas mostrou esse avano. Estamos conseguindo discutir a questo de gnero e raa dentro do Ministrio da Educao, estamos com a Secretaria de Diversidade tnico/Racial. Ento isso mostra, realmente, o grande avano que o movimento de mulheres negras alcanou.
Iraneide Soares Marinho Representante do MEC Braslia/DF

Ns avanamos. A presena de mulheres negras no Ministrio da Educao mostra isso. Para ns, mulheres, esse avano eleva nossa auto-estima e importante para o crescimento da nao.
Zevalda Frana Comisso de Gnero da Unegro Salvador/BA

Acredito que esse tipo de encontro ainda tem muito a acrescentar para ns, mulheres, de uma maneira geral. Sei que a luta, enquanto mulher negra, ainda longa. vlida a conferncia para que coloquemos a nossa cara mostra e colocar nossas reivindicaes. Uma coisa que acho muito interessante que hoje as mulheres negras vm a estes eventos trazendo material, como a Casa de Cultura da Mulher Negra, com seu stand e as pessoas esto vendo que existe um trabalho. Mostrar a cara e trabalho, por a mesmo!
Marila Santiago Centro de Estudos Brasil/frica de So Gonalo So Gonalo/RJ

Essa conferncia vem mudar muita coisa. Estamos pleiteando coisas e coisas h vrios anos e no conseguimos. Ento essa conferncia vem reafirmar nosso trabalho, toda nossa luta e para a mulher negra mais ainda. Se hoje ns somos 47% das presentes porque estamos nos organizando e trabalhando em nvel municipal, estadual e federal. Com isso podemos rever nossos valores, pleitear nossos direitos e com isso conquistar nosso espao como mulher e como mulher negra.

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Ian Germano Representante do Instituto Afro Brasil Cidado Rio de Janeiro/RJ

Essa primeira conferncia nacional de mulheres fundamental para a discusso de prioridades na construo de um plano de polticas para as mulheres em geral. E, de modo particular, para as mulheres negras do Brasil na medida em que o segmento, entre os oprimidos, o mais oprimido. Tenho a convico de que as mulheres negras e outros segmentos discriminados, como as mulheres indgenas, so um grupo entre os pobres o mais pobre. Neste sentido a conferncia, ao discutir os direitos das mulheres deve focar polticas mais especficas para o atendimento de pelo menos metade da populao feminina do pas.

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Marcos Cardoso Gerente de Projetos Institucionais da Secretaria de Promoo da Igualdade Social da Presidncia da Repblica - Braslia/DF

Esta conferncia impar. Ela importante para todas as mulheres do pas, principalmente para ns, mulheres negras. Estamos tendo uma grande visibilidade nesta conferncia por sermos 47% das mulheres aqui presentes. Estamos lutando por aquilo que achamos importante e estamos bem representadas neste evento.

Creuzely Ferreira Primeira Vice-Presidente do Conselho Geral de Defesa dos Direitos do Negro Projeto Mulheres Negras em Ao Rio de Janeiro/RJ

Veja tambm:
- I CONFERNCIA NACIONAL DE POLTICAS PBLICAS PARA AS MULHERES (I CNPM)
- INFORMES DA I CNPM
- Documento da Marcha Mundial das Mulheres para a I Conferncia Nacional de Polticas para as Mulheres

- MAIS SOBRE A IX CONFERNCIA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS (BRASLIA, 29/06-02/07)

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