DOCUMENTOS
DA I CNPM
Fonte: Articulando Eletronicamente
- Veculo de Informao da Articulao de Mulheres Brasileiras (AMB)
Aliana de Parentesco
por determinao
das mulheres negras e indgenas
Ns
mulheres ndias e negras reunidas na primeira Conferncia
Nacional de Polticas Pblicas para as Mulheres, realizada
de 15 a 17 de julho de 2004, em Braslia- DF, selam uma
aliana de parentesco:
- considerando a semelhana da opresso sofrida pelos povos
indgenas e afrodescendentes, em especial as mulheres;
- considerando o estupro colonial perpetrado contra ndias
e negras;
- considerando a espoliao e expropriao das terras, das
culturas, dos saberes dos povos;
- considerando a perpetuao da excluso histrica desses
povos desde o trmino colonial at os nossos dias, que vitima
especialmente as mulheres, distorcendo e desvalorizando
suas imagens;
- considerando a necessidade da reparao que o estado brasileiro
tem para com esses povos em geral e as mulheres em particular;
Decidimos:
- Firmar o nosso parentesco atravs de uma aliana poltica
na busca conjunta da superao das desigualdades econmicas,
polticas, culturais e de poder;
- Firmar uma aliana estratgica, para a conquista da igualdade
de oportunidades para as mulheres ndias e negras na sociedade
brasileira;
- Firmar uma aliana estratgica que d visibilidade a ndias
e negras como sujeitos de direito.
Doravante ndias e negras consideram-se parentes.
Conselho
Nacional das Mulheres Indgenas
Comit Inter -Tribal de Mulheres Indgenas/NE
Departamento de Mulheres Indgenas da Coordenao das Organizaes
Indgenas da Amaznia Brasileira - DEMIAB
Grupo de Mulheres Indgenas do Acre
Organizao de Mulheres Indgenas de Roraima
Associao de Mulheres Indgenas do Centro-Oeste Paulista
Associao de Mulheres Indgenas Terena - Mato Grosso do
Sul
Encontro de Mulheres Indgenas da Regio Sul do Brasil
Articulao de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras
Frum Nacional de Mulheres Negras
Fruns Estaduais de Mulheres Negras: So Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Braslia, Mato Grosso do Sul, Maranho, Bahia,
Cear, Piau, Sergipe, Paraba, Gois, Santa Catarina, Paran,
Rio Grande do Sul, Alagoas, Amap e Tocantins
Coordenao Nacional das Comunidades Quilombolas
Comisso Estadual de Articulao das Comunidades
Quilombolas de Pernambuco
Grupo de Unio e Conscincia Negra
Aderem ao Documento:
Frum Goiano de Mulheres
Frum de Mulheres da Amaznia
Articulao de Mulheres do Acre
Mama - Movimento Articulado de Mulheres da Amaznia
Frum de Mulheres do Rio Grande do Norte
Movimento e Articulao de Mulheres do Estado do Par
Marcha Mundial das Mulheres
Rede Economia e Feminismo
Sindicato dos Trabalhadores de Ensino Pblico do Mato Grosso
Central nica dos Trabalhadores de Mato Grosso
Frum de Articulao de Mulheres de Mato Grosso
Ncleo de Estudo
Casa de Cultura da Mulher Negra
Centro de Documentao Carolina de Jesus
Memria Llia Gonzalez
Alzira Rufino
Ana Maria Felippe Garcia
Tain Felippe Garcia
Articulao de Mulheres Brasileiras
Maria Rosa Pereira, in memorian
Llia Gonzalez, in memorian
Beatriz Nascimento, in memorian
Clementina de Jess, in memorian
Colocamos esse documento para adeso e envio para a Ministra
Nilcia Freire - [email protected]
O Depoimentos da Mulheres, continuando a afirmar:
Ns, mulheres indgenas, somos a me da terra. Acordamos
e samos detrs do cocar dos nossos maridos e caciques,
no para estar na frente deles, mas ao lado. Queremos o
educao, sade e muitas outras coisas como a demarcao
de nossas terras. Estamos fazendo aqui o papel que cabia
aos lderes indgenas. Eles
no souberam fazer direito. Ns, agora, vamos ensinar a
eles como que se trabalha a organizao e a articulao
do nosso povo. So dez anos no Movimento Indgena, de muita
luta. Queremos sim aprofundar essa aliana com as mulheres
negras.
Fizemos o Pacto com as Mulheres Negras porque sofremos a
mesma discriminao. Poltica com justia s feita se
contemplar as reivindicaes das mais sofridas que somos
ns. A Aliana feita aqui o incio de um trabalho que
vamos, no futuro, aprofundar mais.
Dirce Veron
- Mato Grosso do Sul -Movimento Mulheres Indgenas
Antes de qualquer feminismo organizado j existiam
as mulheres negras organizadas: antes, durante e ps-abolio.
Foi na resistncia contra a escravido, na manuteno dos
quilombos e, hoje, essa organizao se reflete aqui na Conferncia.
Compartilhamos sim nossa
garra com todas as mulheres presentes. H dez anos no se imaginava que ns, trabalhadoras
domsticas, pudssemos estar participando e colocando nossas
questes, que so srias. Precisamos garantir os avanos
para que as propostas no fiquem no papel
ou nos palanques. Queremos a implementao...
Creusa Maria Oliveira
- Presidente da Federao Nacional das Domsticas - Militante
do MNU/BA.
A marca desse governo a garantia da participao dos
Conselhos. Se no vai haver dinheiro para cumprir as diretrizes,
temos que pressionar e fiscalizar os Conselhos especficos
de mulheres, para que se efetivem as implementaes.
Denise Pacheco SEPPIR
O
enegrecimento do Movimento Feminista uma vitria. Conseguimos
transversalizar raa e etnia em todos os temas discutidos
na Conferncia. Parimos
o filho. Nasceu hoje o processo de reconhecimento da conscincia
poltica de negras e ndias. O pacto afro indgena aconteceu. A retomada para o desenvolvimento desse pas
ser efetivada de fato quando se concretizar a reparao
de nossos povos.
Ubiracy Matilde
de Jesus -
Unegro -BA- Executiva do Frum Nacional de MN.
O avano foi a mobilizao e isso provocou uma grande inquietao;
at porque, ns, tradicionalmente acabvamos
por estar apresentando nossas propostas em forma
de aes . Essa conferncia est possibilitando que estejamos
discutindo diretrizes para o Estado, para alm dos governos.
So diretrizes para orientar qualquer governo municipal,
estadual e federal. Estamos qualificando as polticas pblicas
para as mulheres e dizendo COMO QUEREMOS que elas sejam
implementadas, ou seja: o que queremos e como queremos.
Schuma Schumaher Redeh
No
Grupo Educao Cultura e Comunicao aprovamos a criao
do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educao Bsica,
para contemplar desde a Educao Infantil e Fundamental
at o Ensino Mdio e todas as suas especialidades, como
Educao Especial, de Jovens e Adultos. A questo da diversidade
e as relaes de gnero devem se tornar componentes curriculares
desde a Educao Infantil, no sentido de formar uma nova
mentalidade onde haja igualdade e eqidade dentro da nossa
sociedade.
Maria Felisberta
Batista Trindade - Secretria
Municipal de Educao de Niteri/RJ
Sabemos o que queremos. Queremos isso!!! Pronto.
A ministra parceira e realizou essa conferncia com todos
os estados presentes num nvel de conscientizao bem maior.
O que o presidente Lula viu e ouviu em dois minutos, aqui,
j foi colocado em seu discurso, proferido ontem pela manh.
No um aprendizado de livros, da vida; isso aqui uma
escola. Estamos aqui felizes, nos abraando, querendo um
Brasil melhor.
Santinha -
Delegada do Rio de Janeiro.
Poucas jovens conseguiram sair delegadas em seus estados.
No meu grupo, a gente discutiu o o das jovens ao mercado
de trabalho e a legalizao do aborto. Foi muito produtivo.
Conseguimos respeitar a diversidade de opinies. Havia lsbicas, deficientes fsicas, negras,
ndias. A gente chegou
a um consenso, de maneira que contemplasse todas as causas.
Espero que a Plenria contemple as especificidades
de todas.
Luciana Neto
- Jovens Mulheres Polticas Cemina - Ana
Lcia Resende
Para ns do Movimento de Lsbicas, conseguimos um avano
muito grande. Enfrentamos muito preconceito, inclusive de
mulheres de outros segmentos, no desenrolar das Conferncias
Municipais. Estamos com representatividade de todos os Estados.
Conquistamos nosso espao e tivemos todas as propostas
aprovadas nos Grupos de Trabalho. A discusso com respeito
realizao de cirurgia pelo Sistema SUS, com respeito
a transgeneros foi um avano. Estamos aguardando a deciso
da plenria.
Rosangela Castro/RJ
- Liga Brasileira de Lsbicas
muito bom saber que as deficientes fsicas so respeitadas
e que no estamos sozinhas na luta. Somos um conjunto que
criamos planos com metas para que sejam cumpridas.
Maria Silva
- Deputada Federal
Temos que nos unir para pressionar e fiscalizar. Devemos
unificar foras com as companheiras negras que avanaram
e chegaram l. A ordem do dia unidade. uma vitria o governo
chamar essa conferncia.
Lucimar Dias
Cernegro - Centro de Referncia do Negro Braslia/DF
O papel da mulher negra na conferncia mostrou um grande
avano. Dentre as demandas de todos os ministrios do governo,
como sociedade civil, nossas reivindicaes sendo discutidas
mostrou esse avano. Estamos conseguindo discutir a questo
de gnero e raa dentro do Ministrio da Educao, estamos
com a Secretaria de Diversidade tnico/Racial. Ento isso
mostra, realmente, o grande avano que o movimento de mulheres
negras alcanou.
Iraneide Soares
Marinho Representante do MEC Braslia/DF
Ns avanamos. A presena de mulheres negras no Ministrio
da Educao mostra isso. Para ns, mulheres, esse avano
eleva nossa auto-estima e importante para o crescimento
da nao.
Zevalda Frana
Comisso de Gnero da Unegro Salvador/BA
Acredito que esse tipo de encontro ainda tem muito a acrescentar
para ns, mulheres, de uma maneira geral. Sei que a luta,
enquanto mulher negra, ainda longa. vlida a conferncia
para que coloquemos a nossa cara mostra e colocar nossas
reivindicaes. Uma coisa que acho muito interessante
que hoje as mulheres negras vm a estes eventos trazendo
material, como a Casa de Cultura da Mulher Negra, com
seu stand e as pessoas esto vendo que existe um trabalho.
Mostrar a cara e trabalho, por a mesmo!
Marila Santiago
Centro de Estudos Brasil/frica de So Gonalo So Gonalo/RJ
Essa conferncia vem mudar muita coisa. Estamos pleiteando
coisas e coisas h vrios anos e no conseguimos. Ento
essa conferncia vem reafirmar nosso trabalho, toda nossa
luta e para a mulher negra mais ainda. Se hoje ns somos
47% das presentes porque estamos nos organizando e trabalhando
em nvel municipal, estadual e federal. Com isso podemos
rever nossos valores, pleitear nossos direitos e com isso
conquistar nosso espao como mulher e como mulher negra.
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Ian Germano Representante do Instituto
Afro Brasil Cidado Rio de Janeiro/RJ
Essa primeira conferncia nacional de mulheres fundamental
para a discusso de prioridades na construo de um plano
de polticas para as mulheres em geral. E, de modo particular,
para as mulheres negras do Brasil na medida em que o segmento,
entre os oprimidos, o mais oprimido. Tenho a convico de
que as mulheres negras e outros segmentos discriminados,
como as mulheres indgenas, so um grupo entre os pobres
o mais pobre. Neste sentido a conferncia, ao discutir os
direitos das mulheres deve focar polticas mais especficas
para o atendimento de pelo menos metade da populao feminina
do pas.
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Marcos Cardoso Gerente de Projetos Institucionais
da Secretaria de Promoo da Igualdade Social da Presidncia
da Repblica - Braslia/DF
Esta conferncia impar. Ela importante para todas as
mulheres do pas, principalmente para ns, mulheres negras.
Estamos tendo uma grande visibilidade nesta conferncia
por sermos 47% das mulheres aqui presentes. Estamos lutando
por aquilo que achamos importante e estamos bem representadas
neste evento.
Creuzely Ferreira Primeira Vice-Presidente do Conselho Geral de Defesa
dos Direitos do Negro Projeto Mulheres Negras em Ao
Rio de Janeiro/RJ
Veja
tambm:
-
I CONFERNCIA NACIONAL DE POLTICAS PBLICAS
PARA AS MULHERES (I CNPM)
- INFORMES DA I CNPM
- Documento da Marcha Mundial
das Mulheres para a I Conferncia Nacional de Polticas
para as Mulheres
- MAIS SOBRE A IX CONFERNCIA
NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS (BRASLIA, 29/06-02/07)