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Tecido Social Correio Eletrnico da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN N. 056 – 30/06/04 5yt4b

COMEA EM BRASLIA, COM A PRESENA DE LULA, A IX CONFERNCIA DE DIREITOS HUMANOS PARA CONSTRUIR O SISTEMA NACIONAL

Por Antonino Condorelli ([email protected])

Ontem, tera-feira 29 de junho, teve incio no Auditrio Nereu Ramos da Cmara dos Deputados, em Braslia, a IX Conferncia Nacional de Direitos Humanos, organizada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica (SEDH) em parceria com a Comisso de Direitos Humanos da Cmara e o Frum Nacional de Entidades de Direitos Humanos.

A Conferncia, que terminar na sexta-feira 2 de julho, se diferencia de todas as anteriores por ter carter deliberativo. Seu objetivo formular os instrumentos jurdicos, os mecanismos istrativos, polticos e sociais, os rgos de execuo e as diretrizes de ao que constituiro o Sistema Nacional de Direitos Humanos (SNDH). Este ltimo ser voltado promoo, proteo e reparao dos direitos da pessoa em todo o Brasil atravs de uma ao estrutural, permanente, orgnica e descentralizada, representando uma profunda mudana de paradigma na ao estatal em Direitos Humanos com a superao
definitiva da concepo fragmentada e exclusivamente socorrista do modelo atual. A implementao de polticas pblicas para a efetivao dos direitos econmicos, sociais, culturais e ambientais com a participao ativa da sociedade civil organizada ser a espinha dorsal do inteiro sistema.

A IX Conferncia Nacional conta com a presena de 580 delegados e 400 observadores inscritos, procedentes de todos os Estados. Estes foram escolhidos nas Conferncias Estaduais que representaram a primeira etapa do processo de mobilizao nacional voltado construo do SNDH. No Rio Grande do Norte, este processo se concretizou na experincia - piloto no pas e patrocinada pela SEDH - de dez Caravanas de Direitos Humanos que atingiram oito municpios do interior do Estado e duas zonas populares da capital levando pela primeira vez os instrumentos estaduais de defesa dos direitos da pessoa s populaes perifricas e incluindo estas ltimas na construo do Sistema Nacional recolhendo suas propostas, alm de encaminhar suas demandas e denncias e criar ncleos locais de cidadania para cobrar de maneira permanente dos rgos estaduais e os poderes pblicos locais o cumprimento de seus deveres constitucionais quanto promoo dos direitos.

O projeto das Caravanas foi concebido e organizado pelo Centro de Direitos Humanos e Memria Popular (CDHMP) de Natal, entidade que ideou e est implementando o crescimento da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN: um conjunto de entidades e instituies do Estado que trabalham com Direitos Humanos (tanto civis e polticos como econmicos, sociais, culturais e ambientais) que pretende criar em cada um dos 167 municpios potiguares ncleos de promoo, proteo e reparao dos direitos fundamentais.

Graas s Caravanas, a delegao do Rio Grande do Norte conta com a presena de seis representantes de municpios interior: Macau (Carlos Mendona da Silva, da Comisso de Justia e Paz da Arquidiocese da cidade), Parnamirim (Pe. Antnio Miguel, proco da cidade), Carnaubais (Flvio Felipe de Souza, da Comisso da Cidadania do municpio), Caic (Geraldo Wanderley, coordenador da Pastoral Carcerria do Nordeste), Pau dos Ferros (Genlson Pinheiro de Moraes, vereador do PPS e fundador da Comisso de Direitos Humanos da Cmara Municipal) e Mossor (Pmela Maia, estudante de Direitos da Faculdade Mater Christi, coordenadora discente do projeto Estao de Direitos na mesma Faculdade e
membro da Comisso Permanente de Direitos Humanos da cidade). Alm disso, se encontra em Braslia como observador o soldado da Polcia Militar de Caic Iran Santos, convidado pelo Sub-Secretario da SEDH Perly Cipriano que, durante a Conferncia Regional do Serid da qual particiou como convidado especial, ficou emocionado com a comovente interpretao que o policial fez de um poema de Neimar de Barros.

A IX Conferncia Nacional comeou por volta das 17 com uma cerimnia de abertura no Auditrio Nereu Ramos da Cmara dos Deputados da qual participaram o Presidente da Repblica, Luiz Incio Lula da Silva, com a esposa Marisa; o Presidente da Cmara, Joo Paulo Cunha; o Presidente do Senado, Jos Sarney; o Vice-Presidente da Comisso de Direitos Humanos da Cmara, Luiz Couto; o Secretrio Especial de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica, Nilmrio Miranda, e uma representante do Frum Nacional de Entidades de Direitos Humanos, Danielle de Paula do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua.

A abertura contou com uma participao de pblico to ampla que o Auditrio - onde cabem mais de 800 pessoas - ficou totalmente lotado, com muitas pessoas em p, e diversos delegados e observadores que no conseguiram entrar tiveram que assistir desde um telo em outra sala da Cmara.

A participao de Lula teve um enorme valor simblico, pois foi a primeira vez - desde que existe a SEDH e se realizam as Conferncias Nacionais de Direitos Humanos - que um Presidente da Repblica esteve presente, o que mostra o esprito do Sistema que se pretende criar, onde o Executivo ter o papel fundamental de implementador de polticas pblicas de promoo dos direitos.

Os discursos mais significativos, no que diz respeito ao Sistema, foram o de Danielle de Paula e o de Lula. A representante do Frum Nacional de Entidades de Direitos Humanos afirmou que os Direitos Humanos "representam humanidade, civilizao, vida" e atacou duramente as elites do pas que, desde a colonizao aos dias atuais, impam relaes produtivas baseadas na explorao, a excluso e a concentrao da riqueza, valores baseados na subordinao de classe, gnero e raa e a criminalizao da pobreza. "No devemos relegar os Direitos Humanos ao mbito da retrica", concluiu Danielle.
"Um outro mundo possvel, mas s se todos lutarmos por ele".

Lula comeou seu discurso afirmando que considera a realizao da IX Conferncia Nacional "uma experincia insubstituvel para o amadurecimento democrtico da sociedade brasileira". Durante sua fala, o Presidente ressaltou que os valores humanistas tm que impregnar todas as relaes sociais e as estruturas produtivas. "Esta uma tarefa coletiva", disse. "Trata-se no apenas de punir as violaes, mas de fazer da sociedade brasileira uma mquina produtora de direitos", confirmando a natureza que a Conferncia pretende dar ao SNDH.

Lula reforou vrias vezes este conceito, sintetizando-o na afirmao: "H que reforar a democracia dando-lhe uma dimenso no apenas poltica, mas econmica e social". O Presidente destacou as aes de proteo e reparao de direitos realizadas pela SEDH desde sua fundao em 1997, reconhecendo que atravs da Secretaria o Estado comeou a assumir seu papel constitucional na defesa dos Direitos Humanos (embora ainda de maneira limitada e fragmentria, na nossa opinio).

Lula concluiu afirmando que "combater o desrespeito aos Direitos Humanos no apenas uma questo de Estado: um estado de conscincia da sociedade". Os delegados e observadores presentes, disse, "representam a sntese da conscincia brasileira na luta pelos Direitos Humanos".

Durante a abertura, o Ministro Nilmrio Miranda inaugurou oficialmente, realizando a primeira ligao, o novo servio nacional Disque Direitos Humanos. Atravs dele, ligando gratuitamente de qualquer telefone do pas para o nmero 100, ser possvel realizar denncias de violaes de todos os direitos, que sero encaminhadas para os rgos competentes para apurao e julgamento.

Aps a abertura, o prprio Ministro realizou a primeira conferncia do evento, que concluiu o primeiro dia. Hoje, quarta-feira 30 de junho, os delegados esto reunidos desde aproximadamente as 10 da manh no Auditrio Nereu Ramos para a aprovao do Regimento Interno e a apresentao das propostas de todos os Estados - sintetizadas e sistematizadas - para a construo do Sistema Nacional de Direitos Humanos.

Veja tambm:
- EXPOSIO "CARAVANAS DE DIREITOS HUMANOS - RN"
- O RIO GRANDE DO NORTE NA CONSTRUO DO SISTEMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS
- O LADO HUMANO DAS CARAVANAS -
PELAS ESBURACADAS ESTRADAS DO RN CONTRUINDO CIDADANIA

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