Padre
Josimo
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O
padre Josimo Moraes Tavares, 33 anos, sobe
a escada do edifcio onde funciona
a Comisso Pastoral da Terra (T).
O pistoleiro Geraldo Rodrigues aperta o
gatilho do seu Taurus calibre 7.65.
Est a 5 metros de Josimo, o v
pelas costas e dispara dois tiros.
A primeira bala raspa no ombro direito de
Josimo e vai alojar-se na parede.
A segunda perfura o rim e o pulmo
e sai pelo peito.
O padre Josimo morria, duas horas depois,
no hospital.
Duas semanas antes, durante a assemblia
diocesana, em Tocantinpolis/TO,
Josimo tinha deixado um testamento.
Estava sendo ameaado de morte.
Ele dizia:
"Tenho
que assumir.
Estou empenhado na luta pela causa dos lavradores
indefesos,
povo oprimido nas garras do latifndio.
Se eu me calar, quem os defender?
Quem lutar em seu favor?
Eu, pelo menos, nada tenho a perder.
No tenho mulher, filhos, riqueza...
S tenho pena de uma coisa: de minha
me, que s tem a mim
e ningum mais por ela.
Pobre.
Viva.
Mas vocs ficam a e cuidam
dela.
Nem o medo me detm.
hora de assumir.
Morro por uma causa justa.
Agora, quero que vocs entendam o
seguinte:
tudo isso que est acontecendo
uma conseqncia lgica
do meu trabalho na luta e defesa dos pobres,
em prol do Evangelho, que me levou a assumir
essa luta at as ltimas conseqncias.
A minha vida nada vale em vista da morte
de tantos lavradores assassinados, violentados,
despejados de suas terras, deixando mulheres
e filhos abandonados, sem carinho, sem po
e sem lar". |