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Z Jos Carlos da Matta Machado 3u1s46

Jos Carlos Novais da Matta Machado
Dirigente da AO POPULAR MARXISTA-LENINISTA (APML).

Nasceu a 20 de maro de 1946 na cidade do Rio de Janeiro, filho de Yedda Novais da Matta Machado e de Edgard Godi da Matta Machado.

Texto escrito por Bernardo, irmo de Jos Carlos, em outubro de 1993, por ocasio dos 20 anos da morte de Jos Carlos:

"Jos Carlos freqentou o curso primrio no Grupo Escolar Baro do Rio Branco, o ginasial no Colgio Estadual de Minas Gerais, onde fez o curso clssico. Durante a adolescncia, fundou, junto com amigos do bairro Funcionrios, o Youth Clube, grupo de jovens unidos pela convivncia em festas, atividades esportivas, namoros e conversas animadas.

Em 1964, entrou para o curso de Direito da UFMG, tendo obtido a primeira colocao no vestibular. Em 1966, concluiu o servio militar obrigatrio no Centro de Preparao de Oficiais da Reserva (OR), sendo sua patente de oficial posteriormente cassada pelo Exrcito.

Na Faculdade, foi um dos fundadores do Grupo de Alunos da Turma de 1964 (GAT-64) que exerceu muita influncia poltica entre os estudantes. Sua liderana foi-se consolidando at o ponto de seus colegas brincarem dizendo que Jos Carlos no era mais o filho do professor Edgard, mas o professor que se tornara pai do Z. Em 1967, foi eleito presidente do Centro Acadmico Afonso Pena (CAAP) e vice-presidente da Unio Nacional dos Estudantes (UNE). Nessa poca, j integrava os quadros da Ao Popular.

Em outubro de 1968, durante a realizao do XXX Congresso da UNE, em Ibina (SP), Jos Carlos foi preso e condenado a oito meses de recluso nas celas do Departamento de Ordem Poltica e Social (DOPS), de Belo Horizonte.

Solto, no segundo semestre de 1969, continua na luta, porm clandestinamente. Em 1970 casou-se com sua companheira de AP, Maria Madalena Prata Soares, e morou, por mais de um ano, numa favela de Fortaleza (CE), exercendo o ofcio de comercirio.

Gilberto Prata Soares, seu cunhado e ex-membro da AP, preso em fevereiro de 1973, concordou em colaborar com o CIEx na identificao dos militantes da AP. A partir de maro de 73, com a ajuda do informante, os seus os e de Madalena foram minuciosamente rastreados pelos rgos de represso. Em conseqncia, militantes e simpatizantes comearam a cair como num jogo de domin.

Pressentindo que o cerco se fechava, advogados do escritrio de Joaquim Martins da Silva (companheiro de Jos Carlos na Faculdade de Direito), em So Paulo, fizeram contato com a famlia. Jos Carlos e Madalena j haviam confiado aos avs a guarda do filho Dorival, nascido em Goinia, no dia 19 de fevereiro de 1972.

No dia 18 de outubro, atendendo ao apelo vindo de So Paulo, dois cunhados e um amigo da famlia foram encarregados de buscar Jos Carlos e conduzi-lo fazenda de um tio, no interior de Minas Gerais. Madalena se encontraria com eles num stio prximo a Belo Horizonte. No dia 19 de outubro, em So Paulo, para onde Jos Carlos tinha ido com o principal objetivo de providenciar cobertura jurdica para os companheiros presos, encontraram-se no escritrio de Joaquim Martins da Silva. Ali combinaram novo encontro em um posto de gasolina na sada da cidade. No percorreram mais do que alguns quilmetros e foram presos por elementos paisana fortemente armados. Algemados e encapuzados, foram conduzidos provavelmente para o DOI-CODI/SP, onde foram submetidos a interrogatrios durante trs dias. No dia 21 foram transferidos, exceo do Jos Carlos, para o 12 Regimento de lnfantaria, em Belo Horizonte, onde permaneceram incomunicveis. Na noite de 22, Madalena e seu filho Eduardo (do primeiro casamento) foram presos no stio onde se encontravam. Nesse mesmo dia, Gildo Macedo e sua esposa foram presos em Salvador pela Polcia Federal. No dia 31, quarta-feira pela manh, os representantes da famlia foram soltos. Na noite do mesmo dia 31, os meios de comunicao transmitiram nota oficial informando sobre a morte de Jos Carlos e Gildo Macedo Lacerda num tiroteio em Recife. A nota dizia que ambos confessaram, durante interrogatrios, que teriam no dia 28 um encontro com um subversivo de codinome Antnio. Levados para o local, o referido Antnio pressentiu alguma anormalidade e abriu fogo contra seus companheiros.

A morte dos dois militantes estava repercutindo nacional e internacionalmente (New York Times de 13 de novembro, Le Monde do dia 14 de novembro e Avvenire Dall Italia e Dal Mondo de 15 de novembro). No dia 7, a denncia do Prof. Edgard ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana foi lida na Cmara e no Senado pelos lderes da oposio, Deputado Aldo Fagundes e Senador Nelson Carneiro. A repercusso, somada ao esforo dos advogados de Recife, Oswaldo Lima Filho e Mrcia Albuquerque, resultou na autorizao para a exumao e o traslado do corpo para Belo Horizonte. A condio imposta pelo coronel Crcio Neto, comandante militar da 7 Regio, foi a de que no houvesse publicidade. At mesmo o aviso fnebre foi proibido.

A Dra. Mrcia acompanhou a exumao, realizada no dia 10 de novembro. Jos Carlos, assim como Gildo, foram enterrados como indigentes num caixo de madeira sem tampa e com fundo de taliscas.

No dia 15 de novembro, aps ordens e contra-ordens, o corpo de Jos Carlos foi finalmente liberado e chegou a Belo Horizonte s 13:15 h, em caixo lacrado. s 14:30 h foi sepultado no cemitrio Parque da Colina.

Embora, j no dia 9 de novembro de 73 tenha sido protocolada uma representao junto Procuradoria Geral da Justia Militar requerendo a instaurao de um Inqurito Policial Militar, at hoje no foram tomadas providncias para apurar os fatos que cercaram a morte de Jos Carlos. No se sabe qual a autoridade responsvel por sua priso em So Paulo, nem se conhecem as circunstncias de sua transferncia para Recife.

Sua morte, na madrugada do dia 28, foi testemunhada pela estudante Fernanda Gomes de Matos e Melnia Almeida Carvalho, que estavam presas no DOI-CODI do Recife. Fernanda reconheceu, imediatamente, quando Mata Machado chegou no dia 27 de outubro de 1973, escoltado por agentes, com uma venda nos olhos.

Aps vrias horas de agonia, pedindo ajuda, porque estava perdendo muito sangue, a voz grave de Mata Machado silenciou."

O nome de Jos Carlos Matta Machado foi dado a uma rua em Belo Horizonte no lugar de sua antiga denominao que era Dan Mitrione, torturador que veio dos Estados Unidos para o Brasil com o objetivo de ensinar "Mtodos Modernos de lnterrogatrio" aos policiais e militares. Suas cobaias eram mendigos recolhidos nas ruas e seu alvo eram os presos polticos.

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