Projeto DHnet
Ponto de Cultura
Podcasts
Direitos Humanos
Desejos Humanos
Educao EDH
Cibercidadania
Memria Histrica
Arte e Cultura
Central de Denncias
Banco de Dados
MNDH Brasil
ONGs Direitos Humanos
ABC Militantes DH
Rede Mercosul
Rede Brasil DH
Redes Estaduais
Rede Estadual RN
Mundo Comisses
Brasil Nunca Mais
Brasil Comisses
Estados Comisses
Comits Verdade BR
Comit Verdade RN
Rede Lusfona
Rede Cabo Verde
Rede Guin-Bissau
Rede Moambique

Emmanuel Bezerra dos Santos Militantes polticos assassinado pela Ditadura Militar 342m1x

EMMANUEL, PRESENTE, PRESENTE, PRESENTE!

Dermi Azevedo (*)

Emmanuel tinha pacincia, a firmeza e a simplicidade de um revolucionrio. Ns, que descobramos no movimento estudantil os primeiros os na luta por uma nova sociedade, tnhamos nesse corajoso companheiro uma permanente referencia.

Nos finais de tarde e comeo de noite, quando nos encontrvamos para um balano das lutas cotidianas, sempre ouvamos dele palavras de encorajamento. Ele nos lembrava o eixo central de nosso trabalho poltico: "Desgastar a ditadura e formar quadros para a Revoluo".

Incentivava-nos sempre para o estudo, o aprofundamento terico de nossa prtica. Quantas vezes nos reunimos para o estudo e debate em grupos, a partir da leitura de clssicos da luta revolucionria. O ptio do antigo restaurante universitrio funcionava transformava-se, ento, numa escola "sui generis" em que tecamos - o fim do arbtrio e o nascimento de uma nova nao de homens e mulheres livres.

Lutvamos nas ruas de Natal contra a submisso do Brasil aos vorazes interesses do capitalismo internacional. Denuncivamos em nossas assemblias a utilizao dos mais empobrecidos do Rio Grande do Norte e do Nordeste como cobaias de experincias "educativas", "made in USA" e incipientes e massivas campanhas de controle da natalidade.

Enfrentvamos a diablica aliana entre os senhores das armas, do dinheiro e do saber oficial que se uniam para reprimir a mobilizao literria dos estudantes. E logo amos a sofrer as conseqncias de nossa adolescente conscientizao.

Foi em meio luta que conheci Emmanuel. Foi ele que me fez conhecer, mais tarde, Manoel Lisboa de Moura, revolucionrio de Alagoas, andarilho da libertao do Nordeste e do Brasil. Certa vez, encontramo-nos os trs nos batentes de uma escadaria da Ribeira para uma avaliao de nossas tarefas. Eu, um aprendiz. Emmanuel e Manoel, mais experimentados, mais tarimbados...

Ao testemunhar recentemente a exumao dos ossos de Manoel e Emmanuel em uma vala de indigentes no cemitrio de Campo Grande, zona sul de So Paulo, disse aos legistas, policiais, coveiros e militantes de direitos humanos que ali se encontravam: "Saibam todos vocs que estes ossos foram o alicerce de duas grande personalidades, de dois lutadores que foram at o fim na busca de um Brasil sem misria, de uma Amrica Latina sem tantas desigualdades, de um mundo sem exploradores, nem explorados". Na sepultura, encontravam-se camisas de flanela (era quando ao algozes descontaram em Emmanuel e Manoel seu dio contra a justia, a paz e a democracia). A terra tambm no destruiu as chinelas de couro, to usadas nas andanas dos camponeses nordestinos...

Emmanuel volta agora nossa terra norte-riograndense. Com ele, todos aqueles que foram tambm, um dia, de um modo ou de outro, vitimados pela sanguinria ditadura: Djalma Maranho, Lus Maranho, Virglio Gomes da Silva, Anatlia, Jos Silton Pinheiro, Kerginaldo e tantos outros, companheiros e companheiras...

este um momento de reencontro do Rio Grande do Norte com sua memria, com sua histria. Histria de muitas geraes de revolucionrios, desde a Comuna de Natal em 1935 at saga dos trabalhadores rurais por terra para trabalhar e sobreviver. Histria tambm daqueles que se colocaram ao lado dos opressores e que se apropriaram da atividade poltica deste Estado em favor de interesses oligarquicos. Ou mesmo daqueles que procuram esconder da prpria historia a responsabilidade que tivemos nos conchavos da represso e da perseguio poltica.

Na permanente transmutao da vida e da natureza, os ossos de Emmanuel transformam-se em poderosas armas que atingem e sacodem as conscincias acomodadas e despertam as geraes de hoje para a sua responsabilidade na construo de um mundo justo e fraterno.

A luta de Emmanuel, Manoel e de tantos outros companheiros e companheiras do Rio Grande do Norte no foi em vo. Os frutos j podem ser vistos na crescente organizao dos trabalhadores potiguares, na constituio da Frente Popular de Natal, na istrao popular e democrtica de Jandus cidade do Rio Grande do Norte, no trabalho do Centro de Direitos Humanos e Memria Popular de Natal e em tantas outras iniciativas libertadoras. Engana-se quem pensou que a luta revolucionria foi assassinada nos pores da ditadura!

Por tudo isto, meu caro Emmanuel, voc est mais do que nunca presente, presente, hoje e para sempre!

* Jornalista e dirigente do MNDH - Movimento Nacional de Direitos Humanos.

Desde 1995 dhnet-br.informativomineiro.com Copyleft - Telefones: 055 84 3211.5428 e 9977.8702 WhatsApp
Skype:direitoshumanos Email: [email protected] Facebook: DHnetDh
Busca DHnet Google
Not
Loja DHnet
DHnet 18 anos - 1995-2013
Linha do Tempo
Sistemas Internacionais de Direitos Humanos
Sistema Nacional de Direitos Humanos
Sistemas Estaduais de Direitos Humanos
Sistemas Municipais de Direitos Humanos
Hist
MNDH
Militantes Brasileiros de Direitos Humanos
Projeto Brasil Nunca Mais
Direito a Mem
Banco de Dados  Base de Dados Direitos Humanos
Tecido Cultural Ponto de Cultura Rio Grande do Norte
1935 Multim