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Conselho Estadual de Defesa dos Direitos do Homem e do Cidado da Paraba

Programa de Educao em Direitos
Humanos para a Polcia Militar da Paraba

Luiz Altino do Nascimento
Jos Maidana
Maria de Nazar Tavares Zenaide

Apresentao

O presente trabalho constitui-se numa sntese da monografia "Programa de Educao em Direitos Humanos para a Polcia Militar da Paraba (PMPB)" junto ao Curso de Aperfeioamento de Oficiais (CAO), do Centro de Ensino da PMPB.

Pretendemos com esta proposta responder as questes como: Quais os rumos da educao em Direitos Humanos? Como educar? Quais os contedos a serem abordados? Quais os objetivos de uma educao em Direitos humanos para policiais militares? Quais os fatores adversos na educao em Direitos Humanos? Como trabalhar as adversidades no processo educativo? Que relao deve ser construda entre educador e educando?

A proposta a ser implementada enfrentar resistncias oriundas da prpria polcia, da sociedade ou at de fatores econmicos, polticos e culturais.

Foi com o objetivo de colocar em evidncia questes de ordem terico-metodolgico, culturais e polticos relacionados a educao em Direitos Humanos, que elaborou-se a proposta de educao em Direitos Humanos para a PMPB. Uma proposta que ao ser global na sua inteno, tambm especfica na sua aplicao.

Educao em Direitos Humanos no Contexto Policial Militar

1. Quais os rumos da educao em direitos humanos para policiais militares?

Para que um projeto de educao em Direitos Humanos tenha como compromisso dar aos policiais militares uma formao cidad, importante que o policial se conhea como pessoa humana, uma vez que a medida que ele se conhece, vai libertando-se de culturas desvirtuadas, dogmas ultraados, construindo paulatinamente a sensibilidade e os valores ticos, possibilitando-o a exercer suas atividades como policial e como cidado.

Espera-se a partir do ensino dos Direitos Humanos, que o policial militar possa constituir-se em sujeito e parceiro: sujeito, para que possa perceber e agir no seu cotidiano sobre as desigualdades e discriminaes de seu grupo e da comunidade; parceiro, para que possa solidarizar-se com as demais pessoas que tm seus direitos negados e ainda possa interiorizar e exercer essas prticas de respeito aos direitos e cidadania das pessoas.

2. Para que a educao em direitos humanos?

ma das mais significativa finalidade da educao em Direitos Humanos consiste em reafirmar a existncia das pessoas e torn-las importante e legtimas como qualquer outra, gozando das mesmos direitos e prerrogativas, sendo que os seus anseios de viver e ser feliz coincidem com aqueles que todos tm.

Entende-se que a educao poder ser til medida que possibilita a mudana de comportamento das pessoas, preparando-as para compreender a complexidade dos problemas sociais e suas diferenas culturais, sensibilizando-as a exercer a compaixo em relao ao outro, elemento essencial para o exerccio da tolerncia.

Para CANDAU (1997), a educao em Direitos Humanos vai favorecer ao reconhecimento dos diferentes grupos sociais e culturais, criando-se espaos para que seus valores, conhecimentos e tradies sejam valorizados, reconhecidos e respeitados, estimulando, portanto, o dilogo intercultural.

A educao em Direitos Humanos no contexto policial militar implica em criar no policial o respeito, a dignidade e a proteo da lei com vistas a construir um modo de prevalecer a opo pela democracia. Segundo Benevides (1997), a educao em Direitos Humanos implica mudar mentalidades no sentido de fortalecer as virtudes republicanas e as virtudes democrticas como requisito de construo da democracia.

3. Quais os objetivos da educao em direitos humanos para policiais militares?

preciso que o policial militar se conscientize do significado e da relevncia dos Direitos Humanos na atuao policial, levando-o a entender que os direitos proclamados plos rgos e entidades de defesa dos Direitos Humanos so seus; aqueles que so destinados a dar-lhes a salvaguarda de sua dignidade e respeitabilidade, aqueles que so imprescindveis sua segurana pessoal e familiar.

A proposta tem como objetivo especfico:

  • sensibilizar os policiais militares frente ao tema dos Direitos Humanos;

  • fornecer informaes e elementos conceituais para a anlise dos valores fundamentais que sustentam uma filosofia em Direitos Humanos;

  • promover a reflexo e o dilogo problematizador em torno destes valores, suas manifestaes e conflitos na vida cotidiana;

  • motivar para a colocao em prtica destes valores na relao diria com os demais;

  • contribuir para a formao de policiais militares comprometidos com os Direitos Humanos, com a democracia e a cidadania, para que possamos atuar como multiplicadores na perspectiva de construir uma cultura de promoo e defesa desses direitos;

  • fornecer subsdios para a formao de pautas operacionais baseadas na promoo e defesa dos direitos dos cidados.

4.Como educar?

A proposta de implementao de Educao em Direitos Humanos na PMPB envolve aes formais e informais, tanto nos treinamentos operacionais e istrativos, quanto nos cursos de formao, habilitao e aperfeioamento. O programa envolve ainda aes interdisciplinares a nvel de matria especfica e abordagem transversal nas relaes e prticas cotidianas.

O trabalho pedaggico na tica dos Direitos Humanos tem como ponto de partida e de chegada a prtica cotidiana. Enquanto educao crtica, o processo metodolgico envolve dilogo, interrogao, exerccio reflexivo, absorvendo o vivencial e o cientfico em uma relao dialtica.

5. Quais os contedos a serem abordados?

A educao para os Direitos Humanos do ponto de vista dos contedos programticos dever oportunizar uma leitura global do tema envolvendo a leitura dos diferentes dimenses filosfico, jurdico, histrico, psicolgico, cultural e poltico sobre o tema.

6. Quais os fatores adversos na educao em direitos humanos?

Vrios so os fatores e as estratgias de enfrentamento das adversidades num processo de implantao de um programa de educao em Direitos Humanos:

Setores resistentes s mudanas podero atuar como foras inibidoras da construo de uma polcia cidad. fundamental obter adeso dos comandantes, chefes/diretores e dos oficiais e graduados em geral, bem como identificar foras inovadoras que podero atuar como ponto de apoio do programa. Com relao aos setores resistentes, o comando dever optar por programas sistemticos e de carter permanente no sentido de construir adeses.

Os preconceitos e esteritipos construdos em torno do tema, dos militantes e das organizaes que atuam na promoo e defesa dos Direitos Humanos produzem atitudes e sentimentos hostis dificultando um relacionamento dinmico e plural entre as partes;

O controle, o gerenciamento e o acompanhamento do processo de implantao do programa de educao em Direitos Humanos indispensvel para assegurar a qualidade do processo de ensino- aprendizagem e a legitimidade da proposta.

7. Educador e educando: qual a relao a ser construda?

A relao educador e educando no processo de educao precisa ser construda com base em princpios ticos e pedaggicos coerentes com a filosofia dos Direitos Humanos. Dentre as virtudes do educador abordadas por Freire (1995), Candau (1995), Aguirre (1997) e Benevides (1997), destacam-se: a) A coerncia entre discurso e ao, teoria e prtica; b) o exerccio da fala e o da escuta; c) o reconhecimento do aqui e do agora do educando no processo de ensino; d) a capacidade de atuar de modo paciente e dialgico os conflitos, preconceitos e as dificuldades vivenciadas; e) a articulao entre o texto, o contexto e a realidade social; f) a capacidade de se indignar, sentir e identificar-se com a realidade do outro, a tolerncia de reconhecer e respeitar as diferenas; g) o reconhecimento do outro como sujeito de direito.

Proposta de Ao Educativa

Para fins didticos, as aes educativas a serem implementadas na PMPB, so classificadas em Educao Formal e Educao Informal.

  • Educao Formal

Educao Formal so as atividades de educao em Direitos Humanos, dirigidas aos policiais militares ingressos nas unidades-escolas, particularmente ao Centro de Ensino da PMPB, nos cursos regulares de formao, habilitao e aperfeioamento de oficiais e praas e nos estgios de adaptao de oficiais mdicos.

A proposta da educao em Direitos Humanos no mbito formal poder ser efetivada atravs da introduo da Disciplina Direitos Humanos e Cidadania nos cursos de formao de soldados, cabos, sargentos e oficiais, de habilitao de oficiais e aperfeioamento de sargentos e oficiais, estendendo-se ao Estgio de Adaptao de Oficiais Mdicos e outros cursos regulares a serem realizados.

  • Contedo Programtico

Os contedos bsicos a serem abordados de modo a oferecer uma leitura global do tema Direitos Humanos e cidadania devero propiciar uma fundamentao de ordem histrica, filosfica, jurdica, cultural, psicolgica e poltica. O estudo de programas de cursos e projetos de educao em Direitos Humanos de mbito geral e especfico aos agentes policiais, fundamentou-nos a indicar os seguintes contedos:

  • Histria de vida e Direitos Humanos;

  • A construo do conceito de Direitos Humanos numa abordagem construtiva e interdisciplinar;

  • Valores ticos e jurdicos dos Direitos Humanos e a construo de recomendaes tico-sociais para uma ao policial cidad.

  • Fundamentao filosfica dos Direitos Humanos;

  • rgos, instrumentos e mecanismos legais de proteo dos Direitos Humanos;

  • Excluso Moral e Direitos Humanos;

  • Cultura, democracia e Direitos Humanos;

  • O PNDH e seus rebatimentos para a formao e a prtica policial;

  • O estudo recente do respeito e do desrespeito aos Direitos Humanos.

Havendo a possibilidade de contar com professores de diferentes reas do conhecimento, como: Filosofia, Cincia Poltica, Antropologia, Psicologia, Pedagogia, Sociologia, Economia e Direito, imprescindvel que se alerte para a construo de uma abordagem interdisciplinar sobre os Direitos Humanos. Neste sentido, ANDRADE (1989), ao refletir sobre a abordagem interdisciplinar no ensino dos Direitos Humanos, a definiu como:

"...a busca terica e epistemolgica de um avano do conhecimento, a partir dessas conquistas fundamentais, que de um campo do saber ao outro, podem circular como fecundao mtua e busca a uma cincia nica que respeita a complexidade de aspectos do homem e no mundo".

No se trata apenas de uma soma de contedos ou de pessoas de diferentes reas, mas de um exerccio de busca de intersees dentre os diferentes campos de conhecimentos.

Corroborando com o esclarecimento da abordagem pedaggica, recorreu-se aos ensinamentos de FAZENDA (1993), quando diferencia o conceito interdisciplinaridade de multidisciplinariedade no processo de ensino. Enquanto interdisciplinaridade para esta pesquisadora significa "a interao entre duas ou mais disciplinas", a multidisciplinaridade envolve apenas "a justaposio de disciplinas diversas dispondo de relaes aparentes entre elas."

Cita-se ainda como forma de auxiliar a disciplina uma abordagem sobre o tema a partir da parceria com outras matrias. Este modo de entrada do tema Direitos Humanos, atravessando as outras disciplinas, o que os especialistas denominam de transversalidade.

Considerando que a temtica dos Direitos Humanos demanda a contribuio de diferentes reas do conhecimento, estas so questes metodolgicas relevantes a serem consideradas em qualquer proposta de Educao em Direitos Humanos.

  • Educao Informal

Educao Informal so aquelas aes educativas em Direitos Humanos, desenvolvidas como instrues no cotidiano dos quartis, destitudas de formalidades curriculares e dirigidas aos treinamentos de policiais militares das diversas unidades da capital e do interior.

As atividades extracurriculares, como seminrios, frum, encontros, exposies e campanhas educativas podero ser utilizadas como reforo, tanto para a educao formal quanto para a informal.

  • Contedo Programtico

Os contedos bsicos sugeridos nesta modalidade so os mesmos da educao formal, alm de outros temas relacionados ao assunto, demandados a partir do processo histrico ou das necessidades detectadas no decorrer do projeto. Exemplos:

  • Polcia Interativa; Excluso Social e Direitos Humanos; Globalizao e Direitos Humanos;

  • Mdia, violncia e Direitos Humanos;

  • Violncia policial e violncia urbana e rural;

  • Gerenciamento de crises e os Direitos Humanos;

  • Ao Policial e ordem pblica;

  • Violncia e cultura no Brasil.

Nas unidades operacionais, principalmente, devem-se aproveitar todos momentos possveis de reunio de grupos para provocar nos policiais a motivao para este ensino. imprescindvel lembrar que esta educao ser voltada para o cidado policial e no apenas para a confeco de pautas operacionais.

  • Procedimentos Metodolgicos

O estudo dos contedos programticos para os cursos de formao, habilitao e aperfeioamento de oficiais e praas podero ser desenvolvidos atravs de atividades que possibilitem a colaborao entre educando e educador no processo de construo do conhecimento, envolvendo uma metodologia problematizadora das questes que permeiam a realidade scio-poltico e social.

Segundo FREIRE (1978), "a educao em Direitos Humanos deve ser dialgica, adotando o educador postura que leve colaborao, unio, organizao, sntese cultural e reconstruo do conhecimento".

Frei BETO (1993), por sua vez, ao abordar o processo metodolgico da educao em Direitos Humanos, recomenda que as aes sejam planejadas e executadas levando em considerao a direo "do local ao internacional; do detalhe ao geral; do fato ao princpio; do biogrfico ao histrico".

Durante as instrues no mbito das Unidades Operacionais (UOp), importante que os procedimentos metodolgicos sejam escolhidos de forma a possibilitar aos policiais militares o desenvolvimento de sua capacidade de pensar, de avaliar o contexto social onde vivem e auto-avaliar-se , transformando esses momentos em laboratrio onde se busca discutir as contradies do cotidiano e afirmar o valor e o respeito existncia humana.

Os recursos tcnicos devem ser escolhidos de acordo com a caracterstica da turma, ambiente a ser ocupado, nmero de alunos, tempo e recursos disponveis. Entretanto, para o IIDH (1994), deve-se induzir o prprio instrutor a produzir seus prprios materiais, para que descubra outros caminhos e busque novas experincias, encontrando, desta forma, um ponto de partida para aprender a aprender.

Sabe-se que o mundo dos Direitos Humanos outorga especial significao liberdade criativa, ao discurso em favor da cidadania e da natureza humana, os quais, segundo o referido instituto, no podem ser tratados como as leis das cincias redutivas, como a qumica e a fsica, assim como no necessariamente h de entrar em contradio com toda as classes dos recursos didticos. Em outras palavras:

"...um livro, um vdeo, uma fita, etc. podem ser instrumentos motivadores para o desenvolvimento da liberdade, da criatividade, da imaginao e do respeito dignidade da pessoa humana." IIDH (1994).

Para facilitar o ensino e atender melhor s necessidades bsicas das diversas unidades operacionais da capital e do interior do estado, sugere-se a criao de uma pasta, contendo alguns desses recursos, complementado com uma bibliografia bsica de Direitos Humanos.

Sugere-se, ainda, que os recursos metodolgicos construdos no decorrer destas experincias sejam devidamente registrados e socializado, de modo a qualificar as novas prticas e a desenvolver intercmbio com outros rgos e localidades.

  • Recursos Tcnicos

O manejo de recursos tcnicos a serem trabalhados pelo educador podero ser escolhidos e utilizados de acordo com a sensibilidade e capacidade de entendimento do educador em relao aos sujeitos e ao contexto. BAREMBLITT (1994) define como recursos tcnicos:

"...os procedimentos (interpretativos, informativos, sensibilizadores, expressivos, discursivos, artsticos, desportivos, ldicos, interrelacionais, grupais, coletivos etc.), a serem adotados de acordo com as circunstncias, propsitos, diagnsticos e elaborativos".

So exemplos de recursos tcnicos as aulas expositivas e dialogadas, debates, fruns, exposies, trabalhos de campo e manifestaes artstico-culturais em geral. Outros exemplos vivenciados em experincias de educao em Direitos Humanos podero ser apresentados a ttulo de sugesto: Histria de vida; Psicodrama pedaggico; Elaborao conceitual; Oficinas pedaggicas.

  • Oficinas Pedaggicas em Direitos Humanos

Devido s particularidades e s caractersticas do contexto militar, acredita-se, assim como SILVA (1998), que as Oficinas Pedaggicas so as tcnicas mais indicadas para este tipo de ensino, uma vez que a oficina enquanto atividade tcnica para o trabalho educativo em Direitos Humanos insere-se no objetivo de criar alternativas pedaggicas que associam experincias, vivncias e saber.

"Oficina pedaggica uma tcnica de trabalho educativo em que se combinam experincias e vivncias com conhecimentos tericos, objetivando a produo de um saber novo (novo no necessariamente por ser original, mas por ser diferente do saber dos participantes antes de interagir). Sua matria prima so as experincias e vivncias, cabendo ao conhecimento terico um papel instrumental, na transformao do saber que essas experincias e vivncias contm. Os agentes desta prtica educativa so todos os que tomam parte da oficina, o que no significa que todos fazem as mesmas coisas ao mesmo tempo, podendo estabelecer-se uma certa diviso de papis. Sua diviso, porm, no estabelece qualquer assimetria entre estes agentes" (PINTO, 1994).

CANDAU at. al.(1995b), ao trabalhar com o recurso de oficinas pedaggicas em experincias de educao em Direitos Humanos, esclarece que, atravs desta tcnica, os participantes confrontam as prticas cotidianas com a problemtica dos Direitos Humanos no Brasil e no mundo, viabilizando, deste modo, refletir sobre a srie de instrumentos em defesa desses direitos.

Trata-se de um espao de construo coletiva do saber, onde a anlise, o confronto e o intercmbio de experincias so direcionados descoberta e promoo dos direitos individuais e coletivos.

As oficinas pedaggicas dirigidas aos policiais militares esto organizadas segundo a lgica do trabalho de construo coletiva, procurando-se promover a sensibilizao, a reflexo e o compromisso com as questes relativas aos Direitos Humanos. So atividades relacionadas com a participao, a socializao da palavra, a vivncia de situaes concretas atravs de sociogramas, a anlise de acontecimentos, a leitura e a discusso de textos, a realizao de vdeo-debates, entre outras formas de construes coletivas.

No desenvolvimento da oficina, inclui-se a tomada de conscincia, a reflexo da realidade vivida pelo grupo e a construo de um compromisso com a transformao da realidade.

a. Sensibilizao

o ato de enternecer o corao do aluno, aproximando-o dos graves problemas de desrespeito ao Direitos Humanos preparando-o para um trabalho cognitivo e afetivo em relao maneira habitual de encarar os acontecimentos que, geralmente, so vistos de forma parcial e ingnua.

Podero ser utilizados vrios recursos, como:

  • Vdeos; Leitura de textos de jornais e revistas; lbum seriado com figuras; Experincias pessoais etc

Cita-se, a ttulo de exemplo: Solicitar para que os participantes assistam ao vdeo sobre a seca no nordeste.

  • Pedir para que cada um escreva uma frase que mais lhe chamou a ateno;
  • em seguida, cada participante deve ler, em voz alta a frase que selecionou;
  • o grupo comenta as frases escolhidas e se comea a elaborao de uma sntese.

b. Aprofundamento do Tema

Utiliza-se para tal a leitura de textos, a reflexo, a anlise e discusso, tendo por referncias bsicas a Declarao Universal dos Direitos Humanos (DHDH), o PNDH, o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), assim como outros documentos e textos relacionados de acordo com o tema abordado.

c. Sntese do Tema

O momento de reflexo. Atravs de plenrias os grupos so convidados a apresentarem suas snteses e avanar na construo coletiva do tema, com a participao de todos.

d. Compromisso

conseguido atravs do incentivo ao grupo, para que, coletivamente, proponham aes de combate s injustias que foram temas daquele debate. Por exemplo, poder ser formulado uma carta-compromisso em nome da turma.

  • Histria de Vida e Direitos Humanos

A tcnica de pesquisa histria de vida pode ser utilizada como recurso no processo de educao em Direitos Humanos, com o objetivo de fortalecer no educando, o sentimento de identidade com o tema.

Segundo HAGUETTE (1992), a histria de vida, no processo de pesquisa, pode ser til ao investigador quando o mesmo est preocupado com a fidelidade das experincias e as interpretaes do autor que relata a vivncia.

Ao sugerir aos educandos um exerccio de rememorao, a fim de que possam associar fatos de sua vivncia relacionando-o com o tema de Direitos Humanos, possvel criar um processo subjetivo de identificao e insero do indivduo com o tema, ao mesmo tempo que cria possibilidades no campo cognitivo do educando para ampliar sua leitura do mundo.

Cita-se, a ttulo de exemplo: Solicitar aos participantes uma redao sobre fatos da sua vida que tm relao com o tema.

  • Leitura oral individual no grupo;

  • montagem de um sistematizando os problemas abordados (violncia domstica, excluso moral, preconceitos etc.);

  • reflexo de modo a fazer a ligao do educando com o tema, analisando com o grupo como est a relao de cada um com o tema vivenciado.

  • Psicodrama Pedaggico

O psicodrama pedaggico, enquanto recurso dramtico e expressivo insere-se no conjunto dos recursos sugeridos no trabalho em Direitos Humanos, uma vez que a educao para a cidadania envolve, alm do componente cognitivo e scio-afetivo, o componente comportamental.

Vivenciar, atravs do ato, circunstncias da realidade, com vistas a buscar novas formas de agir e pensar sobre o problema abordado, constitui uma importante contribuio didtico-pedaggica. Atravs do psicodrama pedaggico, possvel criar o sentimento de empatia, que o Dicionrio Aurlio, registra como "a tendncia para sentir o que se sentiria caso estivesse na situao e circunstncias experimentadas por outra pessoa".

Para ROMANA (1997), o Mtodo Educacional Psicodramtico, para fins educacionais, permite simbolizar a realidade vivida, fazendo com que o educando permita reviver, de forma criativa, novos papis sociais. Portanto, trabalha-se habilidades como: pacincia, humildade, seletividade, tolerncia, confiana e discernimento ativo.

Em vrias ocasies este recurso poder ser manuseado, de modo a fazer com que as questes do grupo possam ser devidamente encaradas, a partir da maneira como a realidade percebida pelos indivduos.

Cita-se, a ttulo de exemplo: Encenar, de maneira dramtica, situaes concretas do cotidiano policial, onde este ocupa o lugar de vrios atores sociais e revive, desta forma, os papis vividos pela sociedade nas pautas policiais, criando assim alternativas de pensar e agir.

  • Elaborao Conceitual

O recurso da elaborao conceitual fundamenta-se nos pressupostos da Psicologia de Vygotsky e da teoria da enunciao com o objetivo de aplicar a atividade mental em sua relao com o contexto histrico, cultural e institucional.

Ela definida, segundo FONTANA (1993), como:

...um modo culturalmente desenvolvido de os indivduos refletirem cognitivamente suas experincias, resultante de um processo de anlise (abstrao) e de sntese (generalizao) dos dados sensoriais, que medido pela palavra e nela materializada".

O uso desse exerccio de construo conceitual, como tcnica educativa no campo dos Direitos Humanos, possibilita, de um lado, explorar os modos de apreenso dos educandos frente ao tema; do outro, verifica-se o que eles entendem por determinados conceitos de Direitos Humanos e cidadania, elaborando a partir destes novos conceitos.

Cita-se, a ttulo de exemplo: Construir o conceito de Direitos Humanos de forma individual.

  • Cada aluno expressa num pargrafo um conceito de Direitos Humanos, segundo o seu entendimento;

  • leitura oral em grupo;

  • sistematizao dos conceitos de acordo com a dimenso abordada (jurdico, tico, econmico, social, poltico etc.);

  • analisar as diferentes dimenses relacionando-as com as prticas sociais correspondentes;

  • construir com o grupo um conceito global a partir das dimenses levantadas.

  • Meios Audiovisuais

A educao em Direitos Humanos medida que demanda diferentes formas de expresso e linguagens, utiliza-se de diferentes recursos audiovisuais, a exemplo de vdeos, retroprojetores, gravadores, rdios, "slide", entre outros.

O processo de ensino-aprendizagem exige que o professor estimule constantemente o aluno a fim de que sua ateno esteja sempre voltada para o objeto em estudo. Em conformidade com essa demanda, os recursos audiovisuais auxiliaro sobremaneira a sua linguagem oral, despertando e atraindo a ateno dos seus alunos.

Por esse motivo, na hora de escolher os recursos didticos e tcnicos a serem utilizados, o professor deve lembrar-se das orientaes de CARMO-NETO (1993), no sentido de que, para se obter xito no aprendizado, preciso criar um ambiente que estimule o maior nmero de sentidos possvel, conforme os seguintes dados: (a) atravs do gosto 1,0 %; (b) atravs do tato 1,5 %; (C) atravs do olfato 3,5 %; atravs da audio 11,0 % ; atravs da viso 83,0 %.

Alm dos tradicionais quadros-negros, "slide" e retroprojetor, indica-se os seguintes meios de apoio: vdeos, flip chart, cartaz e .

  • Estruturao do Programa

  • Recursos Humanos

Para a estruturao, coerente e sistemtica, dos recursos humanos que daro sustentao ao Programa de Educao em Direitos Humanos da Polcia Militar do Estado da Paraba, h necessidade de se sugerir ao Comando da Instituio algumas aes necessrias ao seu implemento:

  1. propor ao Poder Executivo ou Assemblia Legislativa um Projeto de Lei instituindo a obrigatoriedade do tema Direitos Humanos e Cidadania nos currculos dos cursos de formao, habitao e aperfeioamento de oficiais e praas das escolas da Polcia Militar, no Centro de Ensino ou nos demais batalhes do interior do Estado, quando estes estiverem oferecendo cursos regulares, bem como nas atividades de ensino extracurriculares e informais;

  2. instituir uma comisso especial composta por representantes da PMPB, da Secretaria de Educao, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos do Homem e do Cidado (CEDDHC), da Universidade Federal da Paraba (UFPB) e do Ministrio Pblico (MP), com as seguintes finalidades:

  • estabelecer critrios para a seleo, formao, capacitao e reciclagem de profissionais para a docncia da Disciplina Direitos Humanos e Cidadania e para o pessoal de apoio;

  • dispor a respeito do contedo programtico a compor a referida disciplina;

  • dispor sobre a abordagem interdisciplinar no mbito dos diverso cursos de formao, habilitao e aperfeioamento de oficiais e praas;

  • dispor sobre a carga horria mnima necessria para a contemplar a referida disciplina.

  1. identificar entre os policiais militares aqueles que so sensveis promoo e defesa dos Direitos Humanos e encontram-se predispostos em inserir-se nessa proposta;

  2. definir responsabilidades e competncias para a implantao, planejamento, execuo, coordenao, monitoramento e controle do programa;

  3. criar uma Diretriz de Educao em Direitos Humanos com a finalidade de divulgar e guiar a pauta da poltica de Educao em Direitos Humanos da Polcia Militar da Paraba;

  4. promover eventos culturais na corporao, como cursos, seminrios, fruns, concursos e encontros com a finalidade de fomentar a doutrina e a prtica dos Direitos Humanos;

  5. criar uma comisso na localidade, composta por representante da Polcia Militar, da Secretaria Municipal de Educao, da UFPB e/ou Universidade Estadual da Paraba, de rgos de defesa dos Direitos Humanos e do MP, com a seguinte finalidade:

  • constituir-se em parceiros dessa educao;

  • dispor sobre seleo, formao e reciclagem dos instrutores e professores do programa;

  • dispor sobre a abordagem interdisciplinar no mbito do curso.

  1. estabelecer, no mbito das unidades, responsabilidades e competncias para o planejamento, coordenao, execuo e controle das atividades educativas;

  2. recomendar para que se divulgue os valores que devem nortear a vida em sociedade durante as formaturas;

  3. priorizar a educao da tropa em detrimento de rotinas menos relevantes;

  4. incentivar os policiais a participarem de eventos culturais como seminrios, fruns, palestras etc;

  5. desenvolver intercmbio tcnico-cientfico e financeiro com rgos pblicos, organizaes, centros e institutos relacionados rea.

  • Recursos Materiais

A estrutura fsica bsica e necessria para a implementao do Programa de Educao de Direitos Humanos consiste em: salas-de-aula, salas de vdeo com os equipamentos, auditrios e biblioteca. Essa estrutura j existe no Centro de Ensino da PMPB, onde se desenvolvem todos os cursos regulares da corporao.

Excepcionalmente, se os cursos de formao forem atribudos tambm aos batalhes do interior do Estados, estes devero possuir tais estruturas, ou providenciar junto sociedade, parceiros que possam colaborar na concesso desses recursos.

No entanto, se recomendaro algumas aes para melhor servir este tipo de educao:

  1. levantar e adquirir a bibliografia bsica e complementar nas reas de Direito, Sociologia, Economia, Pedagogia, Antropologia, Cincias Poltica, Psicologia, Filosofia e Direitos Humanos, com a finalidade de dar e a esta educao;

  2. solicitar ao IIDH, Anistia Internacional, Projeto Nova Amrica, Rede Brasileira de Educao em Direitos Humanos (RBEDH), entre outros, materiais e recursos educativos para educao em Direitos Humanos;

  3. manter intercmbio com essas entidades com vistas a acompanhar a evoluo de pesquisas e estudos na rea de Direitos Humanos;

  4. promover a capacitao de recursos humanos e materiais da Diviso de Ensino do Centro de Ensino e das Sees responsveis pelo ensino e instruo dos batalhes, para melhor atender as necessidades deste ensino;

  5. estabelecer convnios tcnico-cientficos para capacitao de educadores;

  6. dar continuidade aos convnios e parcerias existentes na rea de educao de Direitos Humanos;

  7. estruturar uma biblioteca em cada unidade da PMPB;

  8. montar um sistema de arquivo de recursos didticos que ter a incumbncia de produzir, coletar, armazenar e distribuir os recursos didticos dos vrios locais de ensino, assim como facilitar a troca de experincia entre os educadores;

  9. estabelecer convnios educativos e parceria com a comunidade para essa educao.

  10. editar vdeos educativos, com matrias relativas aos Direitos Humanos, para ser distribudo nas unidades da capital e do interior, como material didtico para o programa de educao em Direitos Humanos;

  11. reproduzir em vdeo os seminrios e palestras sobre Direitos Humanos havidos no Estado para ser divulgado para toda a tropa;

  12. montar uma pasta, contendo materiais didticos necessrios, preparados metodologicamente, para aulas de Direitos Humanos nas instrues de policiais militares nas unidades da capital e do interior;

  13. promover a divulgao do programa;

  14. dotar o coordenador do programa de um Sistema de Informaes Gerenciais (SIG)/ Banco de Dados, para maior agilidade na tomada de decises.

  • Monitoramento e Controle

Recomenda-se, para uma melhor gesto do programa, que seja atribuda as responsabilidades a monitores especficos ou a uma comisso, podendo contar com a participao de profissionais para o monitoramento e gerenciamento do processo, com as seguintes atribuies:

  • Sistema de Informaes / Banco de dados

  • Criar um setor de coleta, processamento e distribuio das informaes relativas ao programa;

  • Estabelecer para que as unidades remetam relatrios mensais das atividades formais e informais realizadas, discriminando o desempenho de educadores e educandos a fim de subsidiar as demandas do programa.

    • Normas Gerais de Ao (NGA)

    • Elaborar um manual contendo as normas gerais, de forma que discipline o funcionamento do programa como um todo.

    • Acompanhamento / Capacitao / Reciclagem da Equipe de Educadores

    • preparar e distribuir material didtico;

    • visitar periodicamente as unidades educativas;

    • promover encontros semestrais / anuais;

    • promover cursos de capacitao e reciclagem anuais;

    • incentivar a participao dos docentes em eventos da rea.

    • Intercmbio Institucional

    • estabelecer convnios de cooperao tcnico-cientficos com rgos e entidades governamentais e no governamentais;

    • incentivar a participao de representantes nos cursos de mbito regional e nacional;

    • estabelecer contatos com Entidades e Instituies que lidam com a rea de educao em Direitos Humanos, como a RBEDH, Instituto Interamericano de Direitos Humanos (IIDH), Anistia Internacional, Cruz Vermelha Internacional, entre outros.

    • Banco Bibliogrfico

    • levantar bibliografia bsica e especfica;

    • complementar o acervo especfico em Direitos Humanos da biblioteca do Centro de Ensino da PMPB;

    • adquirir de revistas especializadas.

    • Produo Cientfica e Cultural

    • publicar as experincias do programa;

    • publicar textos educativos;

    • divulgar textos educativos, promoes e as iniciativas voltadas para a promoo dos Direitos Humanos em jornais, boletins e revistas;

    • divulgar, atravs dos meios de comunicao de massa, as aes do programa.

    • Controle Interno

    • estabelecer um plano e um calendrio de aes educativas globais;

    • avaliar constantemente os nveis de execuo do programa e reavaliar a conjuntura;

    • avaliar as atividades promovidas a nvel local a partir da realidade dos municpios;

    • avaliao qualitativa dos educandos, envolvendo nveis de conhecimento e percepo de situaes cotidianas luz da tica dos Direitos Humanos.

    • Avaliao Externa

    • colher relatrios na Justia Militar e no MP a respeito do envolvimento de policiais em condutas contrrias aos Direitos Humanos;

    • aplicar questionrios aos atores externos que convivem diretamente com o educando (familiares, pares, subordinados, amigos);

    • solicitar avaliao s autoridades locais do sistema de Justia e Segurana e entidades de Direitos Humanos.

    Desta forma, conclui-se esta Proposta de Ao Educativa sugerindo ao Comando da PMPB instrumentos de ao poltica que iro conduzir institucionalizao da educao em Direitos Humanos na corporao.

    Optou-se por duas linhas polticas: uma que trata da conduo do programa em nvel interno, atravs de uma Diretriz de Comando; a outra, em nvel do Poder Executivo, em forma de Lei, incluindo a disciplina Direitos Humanos e Cidadania nos currculos dos cursos de formao, habilitao e aperfeioamento de oficiais e praas, bem como nas instrues ministradas no cotidiano da tropa nas diversas UOp da capital e do interior.

    • Proposta Poltico - Institucional

    • Diretriz de Ensino em Direitos Humanos

    • Finalidade

    Estabelecer critrios bsicos para o planejamento, coordenao, execuo e controle das atividades de educao em Direitos Humanos a serem desenvolvida na Polcia Militar da Paraba (PMPB), como poltica de educao do comando da corporao.

    • Objetivos

    • Adequar o comportamento educacional de Direitos Humanos s diretrizes do Comandante Geral e a nova demanda de um estado democrtico de direito, nos vrios setores da Corporao;

    • dimensionar e sedimentar o compromisso da Polcia Militar na educao de seus integrantes, possibilitando-o serem sujeitos ativos nos mais distintos espaos sociais, exercendo uma cidadania consciente e participativa;

    • estabelecer parmetros para o controle interno das atividades de ensino de Direitos Humanos na corporao;

    • atribuir aos comandantes, chefes e diretores a promoo, execuo e controle do ensino de Direitos Humanos nas suas respectivas unidades.

    • Condies Bsicas para se Obter Resultados na Educao

    a. Criatividade e Dedicao

    No momento que os recursos materiais e humanos so escassos, estes dois postulados so imprescindveis para alcanarmos os objetivos almejados na educao em Direitos Humanos. Desta forma, as dificuldades surgidas no decorrer do processo, podero ser vencidas com uma boa dose de criatividade e dedicao do pessoal envolvido.

    Com um pouco de empenho e boa vontade, multiplicam-se os meios utilizados para essa educao. Resolver os problemas surgidos, implica procurar solues adequadas, engajar-se na tarefa de superao dos obstculos que se antepe, de forma a no interromper o processo educativo.

    b. Compromissos com os Resultados

    A educao em Direitos Humanos no um compromisso somente do Comandante Geral, mas tambm um compromisso individual de cada integrante da corporao, assim, todo policial militar, em qualquer nvel, precisa ter compromisso com os resultados dessa educao. Esse compromisso deve ser assumido por todos; e a misso s estar cumprida se os resultados propostos forem alcanados.

    c. Planejamento

    O processo educativo exige um planejamento prvio para o seu implemento, desta forma, no se ite no processo ensino-aprendizagem que as aulas ministradas no sejam submetidas anteriormente a um planejamento de suas atividades, at mesmo na educao informal.

    Os comandantes, chefes e diretores devero acompanhar todo o processo de ensino-aprendizagem, supervisionando-o devidamente e exigindo-se sempre um ensino de qualidade.

    Um planejamento somente se completa com a ao, por isso, necessrio que garanta a contnua interao entre o plano e a ao. Isso pode ser feito por um sistema de acompanhamento permanente da execuo do plano.

    A educao em Direitos Humanos deve estar sempre presente no cotidiano dos quartis, seja atravs da educao formal, aquela implementada nas escolas, seja atravs da informal, a educao desenvolvida nas instrues da tropa. Essas aes educativas devem se dar sempre no cotidiano militar e deve se revestir de mtodos e tcnicas adequadas para sua implementao.

    d. Monitoramento e Controle do Programa

    Os comandantes, chefes e diretores remetero mensalmente ao Chefe do Estado Maior Geral da PMPB relatrios indicando as atividades desenvolvidas, o pblico atendido pelo programa e os meios empregados para a educao.

    O sucesso depender de um efetivo sistema de cobrana e prestao de contas. Isso significa que as pessoas envolvidas na execuo do programa de educao em Direitos Humanos devero ter as suas responsabilidades claramente definidas e devem prestar conta de seu desempenho. A cobrana deve ocorrer em todos os nveis, a comear do dirigente superior. Sem essa cobrana as responsabilidades ficaro diludas e o ensino possivelmente comprometido.

    Disposies Finais

    Esta diretriz dever ser desdobrada em instrues, planos e ordens para as fraes subordinadas, pelos respectivos Comandantes de Policiamento da Capital e do Interior(C e I), comandantes de unidades operacionais (Uop), unidades de apoio e de ensino.

    Proposta de Projeto de Lei

    PROJETO DE LEI n 001, de 25 de setembro de 1998

    Inclui a Disciplina de Direitos Humanos e Cidadania nos currculos dos cursos de formao, habilitao e aperfeioamento de oficiais e praas, bem como nas instrues e treinamento de policiais militares da PMPB e d outras providncias.Art. 1 - Fica includa a Disciplina Direitos Humanos e Cidadania nos currculos dos cursos de formao, habilitao e aperfeioamento de oficiais e praas da Polcia Militar da Paraba (PMPB) e nas aes educativas, destitudas de formalidades curriculares, desenvolvidas como instruo no cotidiano dos quartis e dirigidas aos treinamentos de policiais militares das diversas unidades da capital e do interior, a partir do ano letivo de 1999.

    Art. 2 - O Poder Executivo oportunizar aos policiais militares ingressos nestes cursos, formao permanente em matria de Direitos Humanos.

    Art. 3 - Os contedos bsicos a serem abordados pela disciplina, aqui instituda, devero oferecer uma leitura global do tema "Direitos Humanos e cidadania", fundamentados numa ordem histrica, filosfica, jurdica, cultural, psicolgica e poltica. Entre eles incluiro:

    1. Histria de vida e Direitos Humanos;

    2. A construo do conceito de Direitos Humanos numa abordagem construtiva e interdisciplinar;

    3. Valores ticos e jurdicos dos Direitos Humanos e a construo de recomendaes tico-sociais para uma ao policial cidad.

    4. Fundamentao filosfica dos Direitos Humanos;

    5. rgos, instrumentos e mecanismos legais de proteo dos Direitos Humanos;

    6. Cultura, democracia e Direitos Humanos;

    7. Excluso moral e Direitos Humanos;

    8. Programa Nacional dos Direitos Humanos;

    9. O estudo recente contemporneo do respeito ou desrespeito dos Direitos Humanos.

    Art. 4 - Fica instituda a Comisso Especial, composta por representantes da PMPB, da Secretaria Estadual de Educao, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos e do Cidado (CEDDHC), da UFPB e do MP, com as seguintes finalidades:

    1. Dispor a respeito dos contedos programticos a serem ministrados pela referida disciplina;
    2. Estabelecer critrios para a seleo, formao, capacitao e reciclagem de profissionais para a docncia da disciplina aqui instituda;

    3. Dispor sobre a abordagem interdisciplinar no mbito dos diverso cursos de formao, habilitao e aperfeioamento de oficiais e praas;

    4. Dispor sobre a carga horria mnima necessria para a contemplar a referida disciplina.

    Pargrafo nico Podero ser convidados outros rgo e instituies, em carter consultivo, para participarem dos trabalhos da Comisso Especial a que se refere o "caput" deste artigo.

    Art. 5 - Esta Lei entrar em vigor na data de sua publicao, revogadas as disposies em contrrio.

    Justificativa do Projeto de Lei

    A Constituio Federal de 1988 estabeleceu a mais digna e pormenorizada carta de direitos de nossa histria, que incluiu vasta identificao de direitos civis, polticos, econmicos, sociais e culturais, alm de uma gama de garantias constitucionais, o que fez com que o Estado Brasileiro fosse regido em suas relaes internacionais pelo princpio da "prevalncia dos Direitos Humanos" (Art. 4, inciso II).

    Norteado por esse princpio o Governo Federal tomou e vem tomando vrias iniciativas no mbito do pas que visa defender e promover os Direitos Humanos. Um exemplo claro dessas iniciativas foi o PNDH que contempla uma srie de propostas aes governamentais exeqveis, e entre elas constam a de "Incluir nos cursos das academias de polcia matria especfica sobre Direitos Humanos".

    Acontece que os Estados no precisam esperar pelo Governo Federal para tomar iniciativas de educao para formar, habilitar e aperfeioar sua fora policial, a exemplo de outros Estados como So Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia, que j incluram nos currculos de formao de sua polcias a educao em Direitos Humanos.

    A criao desta Lei fundamental para o ensino dos Direitos Humanos nas escolas policiais, tanto que a PMPB, j desenvolve alguns contedos em alguns cursos do Centro de Ensino, mesmo inexistindo a lei, mas com uma carga horria inadequada, o que evidentemente deixa de proporcionar uma leitura global do tema Direitos Humanos.

    Numa sociedade ainda injusta, com desigualdades de toda ordem, humanizar o policial militar, faz-lo conhecedor de seus direitos e deveres e prepar-lo para o exerccio pleno da cidadania, mais que dever, obrigao.

    o que pretende este Projeto de Lei e sua aprovao o atendimento de uma imperiosa necessidade da Polcia Militar e da sociedade paraibana.

    Art. 205. A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.(Art. 205 da Constituio Federal do Brasil).

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