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Conta a Histria da Sua Vida
Nelson Patriota, 2010
15.
Viagem inolvidvel
Entre
outras contradies da minha
vida com Doralice, que foi a minha primeira
mulher, vivi a de sentir forte atrao
pelas viagens e no realiz-las.
Essa situao s se
resolveu quando ei a viver com Lourdinha.
De fato, com Lourdinha qualquer problema
parece que diminui de tamanho. As alegrias,
em compensao, parecem duplicar!
Entre alegrias modestas do cotidiano, e
outras mais vibrantes, na companhia dos
filhos e netos, mas tambm dos amigos,
distingo as grandes alegrias das viagens,
onde nunca me faltou a presena animadora
de Lourdinha.
Com Lourdinha fiz viagens maravilhosas que,
sem a companhia dela, no teriam
assumido a dimenso extraordinria
que a memria insiste em destacar,
ados tantos anos. Eu poderia enumerar
dezenas de viagens que fizemos a praias
e serras de todo o Brasil, a cidades e pontos
tursticos dos nossos vizinhos hispnicos,
ou a vos mais altos, como quando
fomos Europa e a outros continentes
longnquos. Vou lembrar s
a viagem em que fomos, na companhia de um
grupo alegre e motivado, de uma s
vez, Europa Central, conhecendo
Paris, Madri, Lisboa e Roma, e dali fomos
at a Turquia – tanto em sua
parte ocidental, como na oriental. Mas,
apesar da variedade e da beleza da paisagem,
que se renova a cada regio, o que
mais me impressionou foi o culto ao heri
nacional Ataturque, criador da nao
turca como a conhecemos hoje. O museu de
Istambul dedicado a ele impressionante
pela riqueza e variedade de informaes.
Ainda amos um dia e uma noite em Ancara,
a capital poltica do pas,
e logo cedo viajamos para uma regio
muito bonita chamada Capadcia. Ali
vimos coisas interessantssimas,
como, por exemplo, pedras com formatos de
frades, camelos, rvores, tudo feito
pela mo da natureza.
Encerrada a visita Turquia, no
dia seguinte tomamos um avio que
nos levou ao mtico Egito, onde nosso
grupo visitou o Vale dos Reis, os sarcfagos
dos antigos faras em Lxor,
a Esfinge de Giz e o sinuoso Nilo,
pai do Egito, conforme o historiador grego
Herdoto. Na verdade, foram muitas
as coisas que me chamaram a ateno
no Egito: as mulheres muulmanas
cobertas dos ps cabea,
as oraes que os muulmanos
faziam sempre olhando na direo
de Meca, o burburinho dos mercados populares,
verdadeiros “mercados persas!”,
as multides que se acotovelavam
nas ruas estreitas e esburacadas do Centro
do Cairo, com seu trnsito catico,
sem semforos, sem faixas de pedestre,
sem definio de mo
e contramo... E as mesquitas, belssimas
por fora e reverentes por dentro, graas
ao fervor religioso que caracteriza o Isl.
Finalmente, fomos at a Grcia
continental e, depois, Grcia
insular. Na Grcia continental, conhecemos
Atenas, com seus templos dedicados a deuses
que se foram, mas que continuam belos e
ainda nos fazem sonhar, como vi no Templo
de Hefesto e na Acrpole. Depois,
embarcamos num navio e fizemos um cruzeiro
martimo pelas ilhas gregas. Visitamos
Creta, Santorim, Rodes, Naxos, Mkonos,
todas lindas, com seus mitos prprios,
suas belezas nicas, suas paisagens
maravilhosas cercadas por aquele azul incomparvel
do Mar Egeu. Em Creta, lembro que ri jovialmente
quando um guia nos mostrou o labirinto onde
Perseu matou o minotauro... Mostrou tambm
escombros do Palcio do Rei Minos,
outro rei mitolgico. Mas existe
coisa mais maravilhosa do que os mitos gregos?
Encerramos a viagem voltando Europa
Ocidental, onde visitamos as ilhas Baleares,
no Mar Mediterrneo. Fiquei deslumbrado
com a beleza da Palma de Maiorca, capital
do arquiplago e um dos grandes centros
tursticos da Europa.
Esta permanece a viagem da minha vida, embora,
antes e depois, eu tenha viajado e conhecido
meio mundo e continue fazendo planos para
viajar.
Quero ressaltar, porm, que a atrao
que a viagem exerce sobre mim menos
do turismo paisagstico do que o
cultural. Aproveito as viagens para conhecer
outros costumes, outros valores e estilos
de vida. Naturalmente que isso a pelas
paisagens, mas no comea
nem se esgota nelas. Por isso, s
vezes me sinto frustrado quando um guia
insiste em nos mostrar lugares, monumentos,
curiosidades arquitetnicas, quando
poderia nos levar a lugares onde a gente
pudesse encontrar as pessoas nas suas ocupaes
dirias. nessas ocasies
que elas se revelam como so de verdade.
Outra opo visitar
seus museus, suas galerias de arte, seus
teatros e livrarias, marcadas por um burburinho
permanente. Parece que a
que as pessoas realmente se encontram e
comemoram a alegria de viver. Por isso,
lamento no ter me demorado mais
do que algumas horas em museus como o Louvre,
em Paris, o Prado, em Madri, ou o Ermitage,
em So Petersburgo, para ficar s
nesses trs exemplos. Tenho planos
de voltar a Paris para dedicar alguns dias
ao Louvre. Tenho certeza de que sairei muito
mais rico culturalmente do que entrarei.
Vou aproveitar para voltar a Berlim, a Florena,
a Lisboa e visitar calmamente suas instituies
culturais. Com a mesma finalidade: adquirir
mais conhecimentos sobre cada um dos povos
da Unio Europeia, porque cada um
deles constitui uma cultura parte.
Paralelamente a isso, quero me demorar em
seus cafs e restaurantes, cinemas
e teatros, praas e pontos tursticos
a fim de ver como o europeu de cada uma
dessas cidades se porta no dia-a-dia, como
caminha, como encara um estrangeiro, como
l um jornal etc.
Resumindo, para mim esta a essncia
do verdadeiro turismo: enriquecer-nos espiritualmente
com a vivncia do outro, com sua contribuio
prpria, sua arte, sua imaginao,
que fazem do mundo uma aldeia global inesgotvel.
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