Comit
Estadual pela Verdade, Memria e
Justia RN
Centro
de Direitos Humanos e Memria Popular
CDHMP
Rua Vigrio Bartolomeu, 635 Salas
606 e 607 Centro
CEP 59.025-904 Natal RN
84 3211.5428
[email protected] 1p1d4a
Envie-nos
dados e informaes: |
 |
 |
 |
 |
 |
 |
Comisses
da Verdade Brasil | Comisses
da Verdade Mundo
Comit
de Verdade Estados | Comit
da Verdade RN
Inicial
| Reprimidos
RN | Mortos
Desaparecidos Polticos RN |
Repressores
RN
Militantes
Reprimidos no Rio Grande do Norte
Raimundo Ubirajara de Macedo
Livros
e Publicaes
...
e l fora se falava em liberdade
Ubirajara Macedo, Sebo Vermelho
2001
Os
primeiros dias
Dia
oito de abril. Comearam a chegar
os presos polticos no s
cela onde estvamos como
tambm para outras dependncias
do 16 RI. Nesse dia, entrou Carlos
Lima, jornalista com quem trabalhei na Folha
da Tarde e que depois se tornaria um dos
maiores livreiros de Natal.
Desconfiado e cauteloso, Carlos entrou na
cela olhando para o teto e paredes, achando
que no devamos conversar,
porque ali “devia estar repleto de
microfones para captar conversas”.
Embora ainda nervoso, Carlos foi se adaptando
ao “regime” e comeou
a istrar a fria realidade.
Ainda no dia nove, tarde, entraram
os irmos Oliveira (Paulo e Guaracy),
tambm desconfiados e duvidando at
das paredes... Natural, diante do clima
de terror que, quela altura, se
abatia sobre o Pas.
As coisas foram acontecendo e nosso dia-a-dia
era engrossado com boatos sobre uma possvel
liberao nosso, mas este
dia no chegava, ao contrrio,
novos presos iam chegando, uns aprisionados
ainda em plena efervescncia do regime
montado no Brasil com apoio da CIA, outros
porque eram transferidos de outras celas
do 16 RI, como foi o caso de Luiz
Gonzaga, diretor dos Correios.
Dado o tempo decorrido e ter me descuidado
no que toca a anotaes, no
me possvel descrever agora,
ado tanto tempo, quem mais ficou em
nossa cela, mas lembro-me bem que, sessenta
dias depois recebi ordem para comparecer
devidamente escoltado presena
do capito nio de Albuquerque
Lacerda. E qual no foi a minha surpresa,
quando ele me disse que estava em liberdade,
mas que no seria definitiva, porque
“ainda estavam apurando muita coisa
a seu respeito”. At ali no
sabia que era to perigoso e que
merecesse da CIA, ora instalado no Brasil,
cuidados to especiais.
ei doze dias solto, tendo voltado a
trabalhar nos Correios e, noite,
na Tribuna do Norte, onde exercia a funo
de jornalista, levando a vida normal de
um homem que se considerava livre. A alegria
durou pouco, pois numa tarde cinzenta e
fria vejo entrar no gabinete do diretor
regional Sabino Troccolli, o lugar-tenente
do capito Lacerda, o oficial Roosevelt.
A desconfiei e a minha desconfiana
concretizou-se quando o secretrio
dos Correios entrou na sala onde eu trabalhava,
para me comunicar que estava sendo chamado
ao gabinete do diretor.
^
Subir
<
Voltar |