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Relatrio sobre a luta no Araguaia
Este relatrio foi escrito por ngelo Arroyo aps o conflito e apresentado para o Comit Central do Partido Comunista do Brasil

Primeira campanha

Incio da luta

Nossa Atuao

Segunda campanha

Avanos e perdas

Perodo de Trgua

A guerrilha e as massas

Ao militar

Novas tarefas e medidas da CM

Terceira campanha

Primeira campanha

Dia 12 de abril de 1972 iniciou-se a luta guerrilheira no Araguaia. Cerca de 20 soldados atacaram o "peazo" (principal PA - Ponto de Apoio - do Destacamento A), entrando por So Domingos. Dia 14, uns 15 soldados atacaram o PA do Pau Preto (do Destacamento C), entrando por So Geraldo. Nos primeiros dias de abril, j alguns policiais andaram pelas reas dos destacamentos A e C procura de informaes sobre os "paulistas". O exercito soube de nossa presena no sul do Par atravs da denncia do traidor Pedro Albuquerque que, meses antes, havia fugido com sua mulher, do Destacamento C. [NE: mais tarde, soube-se que no foi Pedro Albuquerque o denunciante dos guerrilheiros que se encontravam no Araguaia]. Esse casal tinha concordado plenamente com a tarefa que iria realizar e com as condies difceis que iria enfrentar. No entanto, logo depois de sua chegada ao Destacamento C, a mulher de Pedro Albuquerque comeou a dizer que no condies para permanecer na tarefa e acabou convencendo seu marido a fugir. Com a fuga desses elementos, foram tomadas medidas de segurana. Em maro de 1972, soube-se que Pedro Albuquerque havia sido preso no Cear e, em seguida, comeou a pesquisa policial na zona. Devido a isso, reforaram-se as medidas de segurana. Construram-se alguns barracos na mata ou em capoeiras e nosso pessoal ou a dormir fora dos locais conhecidos. De dia, colocavam-se guardas para manter a vigilncia. Os destacamentos ficaram de sobreaviso, prontos para informar, uns aos outros, quaisquer fatos que afetassem a segurana.

No dia 12 de abril foi atacado o Destacamento A. O comando enviou um companheiro para avisar o Destacamento B. Por sua vez, o Destacamento C, que havia sido atacado dia 14, avisou a Comisso Militar (CM), atravs de um dos seus membros que l se encontrava. A CM tomou medidas para avisar o Destacamento B e tambm o Destacamento A (pois no sabia ainda do ataque quele destacamento). O Destacamento B, ao tomar conhecimento do que havia ocorrido no A, tratou de enviar um elemento, Geraldo (Jos Genono Neto), para avisar o C. Acontece que o C j havia se retirado. Geraldo, no encontrando o pessoal no local combinado, nem qualquer sinal informando que o inimigo havia batido no C, retomou por estrada, quando devia vir pela mata, conforme recomendao. Em conseqncia, foi preso por alguns soldados, dois batepaus e com a ajuda do comerciante e fazendeiro Nemer. No A, foi liberado um elemento, Nilo (Danilo Carneiro), que, desde que chegara, disse no ter condies para a tarefa. Ficou, no entanto, trabalhando num PA e concordou em permanecer ai at o comeo da luta, quando seria dispensado. No dia 12, o Comando entregou-lhe uma certa quantia para a viagem e mandou-o embora. Ao chegar Transamaznica, Nilo foi preso.

Apesar de prevenidos, os destacamentos tiveram alguns prejuzos materiais na retirada. No "peazo" (A) ficaram roupas, calados, remdios, livros, papel para impresso, o Manual do Curso Militar, armas que estavam em conserto e algumas em vias de fabricao. Caiu tambm em poder do inimigo grande parte da oficina de mecnica. No Destacamento C caram dez sacos de arroz, dez hectolitros de castanha-do-par, um rdio e algumas as.

A primeira ofensiva do Exrcito se verificou quando ainda no se tinha terminado a preparao dos trs destacamentos para a luta. A situao dos destacamentos era a seguinte: no A havia 22 elementos, comandante: Z Carlos (Andr Grabois), vice: Piau (Antonio de Pdua Costa); no B, 21, comandante: Osvaldo (Osvaldo Orlando Costa); vice: Zeca (Jos Huberto Bronca); no C, 20, comandante: Paulo (Paulo Mendes Rodrigues); vice: Vitor (Jos Toledo de Oliveira). Na CM, alm dos quatro membros, havia dois elementos de guarda. Ao todo havia 69 elementos. Para completar os efetivos faltavam 13 elementos. Todos os destacamentos tinham reservas de alimentos, roupas, remdios e munio. Faltavam, no entanto, coisas indispensveis. No A e no C no havia reserva de farinha. As armas com que se contava eram precrias. O Destacamento A tinha quatro fuzis, quatro rifles 44, uma metralhadora fabricada l mesmo, uma metralhadora INA, seis espingardas 20 e duas carabinas 22; o Destacamento B tinha um fuzil, uma submetralhadora Royal, seis rifles 44, uma metralhadora fabricada l mesmo, 16 de dois canos, uma espingarda 16 de um s cano, seis espingardas 20, uma espingarda 36 e duas carabinas 22; no C havia quatro fuzis, alguns rifles 44, espingardas 20 e carabinas 22; na CM, havia duas espingardas 20. A maior parte dessas armas era antiga e apresentava defeitos. Todos os combatentes tinham revlveres 38, com mais de 40 balas cada. Embora todos os elementos tivessem feito progresso no conhecimento do terreno, as deficincias ainda eram grandes. Muitos companheiros tinham ainda dificuldades em se orientar na mata e caavam mal. No existia tambm uma rede de informaes e de comunicaes. No existiam organizaes do Partido nas reas perifricas, nem mesmo nos Estados vizinhos. A CM e os destacamentos A e B dispunham de pouco dinheiro.

A rea de atuao dos destacamentos ia desde So Domingos das Latas at o rio Caiano (pouco mais de 20 km de So Geraldo). Em extenso, essa rea tinha cerca de 130 km de comprimento por uns 50 km de fundo. Um total de cerca de 6.500 km. A populao da rea onde atuavam os destacamentos era de mais ou menos 20 mil almas, sem incluir as zonas prximas, como Marab (18 mil habitantes), So Joo (3.000 habitantes), Araguatins (5.000 habitantes), Xambio (5.000 habitantes). (No Norte de Gois e Oeste de Maranho, durante uns trs anos, realizou-se tambm amplo trabalho de ligao com as massas). Os produtos principais da rea so: castanha-do-par, babau, arroz, mandioca e milho. Quase toda a regio de mata e h muita caa.

Ao iniciar-se a luta, a CM perdeu contato com o Destacamento C. Somente em janeiro de 1973, esse contato foi restabelecido.

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Incio da luta

O Exrcito atacou simultaneamente os destacamentos A e C. Uns dez dias depois, atacou o Destacamento B e tambm o local da CM. As tropas ficaram na Transamaznica e nas cidades de Xambio, Marab, Araguatins, Araguan e nos povoados de Palestina, Brejo Grande, So Geraldo, Santa Cruz e outros. No foi muito grande o nmero de soldados que entrou na rea onde se achavam os PAs. O Exrcito ocupou algumas fazendas e sedes dos castanhais (Mano Ferreira, Oito Barracas, Castanhal da Viva, Castanhal do Alexandre, Fazenda do Nemer). Utilizou avies, helicpteros e, nos rios e igaraps, barcos da Marinha. As tropas no chegaram a entrar mata, movimentaram-se pelas estradas. Ficavam emboscadas nas Proximidades de casas de moradores nas roas, capoeiras, grotas e algumas estradas. O Exrcito procurou apresentar os guerrilheiros com marginais, terroristas, assaltantes bancos, maconheiros etc. Depois ou a dizer que ramos estrangeiros, russos, cubanos, alemes. Prendeu muitos elementos de massa, que considerava mais amigos nossos, tanto nas roas como nas cidades vizinhas. Depois de alguns dias, esses elementos foram soltos. Comearam a se apoiar nos bate-paus da regio e recrutar muitos deles para p-los a seu servio. Foraram muitos moradores a servir de guias. Todos os nossos locais foram queimados pelo Exrcito, inclusive os paiis de milho e arroz e depsitos de castanha. Cortaram todas as rvores frutferas. Tambm algumas roas e casas de massa foram queimadas. As perseguies estenderam-se aos padres. Alguns foram presos e depois soltos. O Exrcito no possua informaes completas sobre ns. Alguns PAs s foram queimados uns 15 dias depois do incio da luta. O Exrcito, alm da farda comum, usou tambm roupa azul, roupa camuflada e trajes civis. Suas patrulhas eram de dez elementos. Mas usava tambm grupos menores, seis, ou maiores, de 30. Recebia alimentao de campanha, em latas sacos plsticos. A primeira campanha se prolongou at julho.

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Nossa Atuao

Ao serem atacados, todos os componentes dos destacamentos A e B retiraram-se, em ordem, para as reas de refgio. De imediato no e choques com o inimigo. Em de abril, dois elementos do B defrontaram-se com um grupo do exercito. Houve troca de tiros. Um sargento e um soldado foram mortos outros dispersaram. Os inimigos abandonaram no local uma que conduziam. No entanto, nesse encontro no foram apreendidas nem armas, nem essa carga. A CM reuniu-se em maio e tomou uma srie de providncias. Publicou tambm o Comunicado n 1. Entre as providncias, indicou como forma de luta a propaganda armada em vista explicar s massas o motivo da luta. Indicou medidas para melhorar o abastecimento, a preparao militar e o conhecimento do terreno. Ordenou que se estudassem as possibilidades de realizar aes de fustigamento e emboscadas. E iniciou a preparao de uma rede de informaes. A ttica ento empregada resumia-se no seguinte: 1) recuar para as reas de refgio; 2) buscar contato com as massas; e 3) tentar realizar aes de fustigamento e emboscadas do inimigo.

O Destacamento A permaneceu no refgio mais de um ms. Enfrentou dificuldades de abastecimento. Em julho voltou-se para a massa e foi bem recebido. No contato com as massas resolveu o problema de alimento e emboscada, mas no houve nenhuma ao militar. O inimigo se retirou da mata. Todos os componentes do A mantiveram-se firmes, com exceo do Paulo (Joo Carlos Campos Wisnesky), que fingiu doena.

O Destacamento B permaneceu mais tempo do que devia no refgio. Somente em fins de junho comeou a voltar-se para a massa, sendo tambm bem recebido. Houve o choque militar j mencionado. A atuao de massa foi principalmente na rea da Palestina.

O Destacamento C apresentou alguns problemas mais srios. Em abril, o destacamento j havia abandanado a rea do rio Caiano, onde atuara, e se concentrara numa rea de mais mata, mas onde o pessoal era recente, no conhecia bem a regio. Alm disso, entre os componentes do C havia dois elementos incorporados h apenas uns trs meses, dois outros ingressaram no momento mesmo em que a luta se iniciava. Logo no incio, alguns elementos mostraram vacilao. Miguel e Josias. Esse destacamento perdeu contato com a CM at janeiro de 73. Ao contrrio do A e do B, que mantiveram os trs grupos de sua composio sob controle direto do mando, no C o destacamento se dispersou em trs grupos, indo um deles para a antiga regio do Caiano. Todos procuraram contato com a massa. Houve vrios choques militares. Em maio, um grupo dirigido por Jorge (Bergson Gurjao Farias) seguiu para um antigo PA (gua Bonita). A acampou. No dia seguinte, ouvindo um assobio perto de onde estava, Jorge mandou Domingos (Dower Morais Cavalcante) verificar o que era. Era o Exrcito. Domingos foi preso.

Em seguida, houve troca de tiros, tendo os nossos se dispersado. Um soldado foi ferido no brao. Dois elementos [Baianinha (Luzia Ribeiro) e Miguel], que no conheciam a rea, se perderam. Logo depois foram presos em casas de moradores, em pontos diferentes. Domingos se comportou mal e levou o Exrcito a um depsito do destacamento, onde havia remdios e alimentos. Dias depois, Paulo (comandante do destacamento) procurou um morador de nome Cearense, seu conhecido, que j havia prestado alguma ajuda, encomendando-lhe um rolo de fumo, que seria apanhado dentro de uns trs dias. Cearense sempre foi muito ajudado por Paulo. No entanto, diante da recompensa oferecida pelo Exrcito (mil cruzeiros) a cada guerrilheiro que entregasse, Cearense foi a So Geraldo e avisou o Exrcito do ponto marcado por Paulo. No dia de apanhar o fumo, dirigiu-se ao local um grupo constitudo por cinco elementos: Paulo, Jorge, urea (urea Eliza Pereira Valado), Ari (Arildo Valado) e Josias. Ao se aproximarem do local, foram metralhados, tendo morrido Jorge. Os demais se dispersaram. No choque, perdeu-se, alm da arma de Jorge, uma pistola 45 que Paulo conduzia. Em meados de junho, trs companheiros, dirigidos por Mundico (Rosalindo Souza), procuraram um elemento de massa, Joo Coioi, que j tinha ajudado vrias vezes os guerrilheiros com comida e informao. Ficou acertado o dia em que ele voltaria de So Geraldo para entregar as encomendas. noitinha desse dia, aproximaram-se da casa Mundico, Cazuza (Miguel Pereira dos Santos) e Maria (Maria Lcia Petit), mas perceberam que no havia ningum.

Cazuza afirmou que ouvira algum dizendo baixinho: "'pega, pega". Mas os outros dois nada tinham ouvido. Acamparam a uns 200 metros. Durante a noite, ouviram barulho que parecia de tropa de burro chegando na casa. De manh cedo, ouviram barulho de pilo batendo. Aproximaram-se com cautela, protegendo-se nas rvores. Maria ia na frente. A uns 50 metros da casa, recebeu um tiro e caiu morta. Os outros dois retiraram-se rapidamente. Dez minutos depois, os helicpteros metralhavam as reas prximas da casa. Alguns elementos de massa disseram, mais tarde, que Maria fora morta com um tiro de espingarda desfechado por Coioi. Este, logo depois, desapareceu com a famlia. Uns dias mais tarde, Lena (Regilena) entregou-se ao Exrcito. Deixou no acampamento a espingarda e a mochila. Em princpios de julho, Vitor e Carlito (Kleber Lemos da Silva) saram para tentar um encontro com a CM. Mas Carlito no pde prosseguir viagem, devido ao agravamento de uma ferida (Ieishmaniose) na perna. Sem poder caminhar, ficou num castanhal, prxima estrada, enquanto Vitor voltava para avisar os companheiros. Nesse meio tempo, ou pela estrada o bate-pau Pernambuco, que ouviu o barulho de algum quebrando um ourio de castanha. Levou, ento, o Exrcito ao local. Ao procurar se defender, Carlito foi alvejado no ombro e, em seguida, preso. Foi levado para um local chamado Abbora e l foi bastante torturado. Chegou a ser amarrado num burro e por este arrastado. Elementos de massa disseram que o viram praticamente morto sobre o burro. Soube-se depois que Carlito levou os soldados at um velho depsito que nada continha. Pode ser que o tenham matado, mas tambm pode ser que ficou apenas preso. Um pequeno grupo, chefiado por Ari, trocou tiros com o inimigo, tendo matado um soldado da Polcia Militar.

O destacamento fez tambm uma ao contra um barraco, sede de castanhal, tendo conseguido regular quantidade de comestveis, algumas pilhas e querosene. Mas pagaram as mercadorias ao preo corrente em So Geraldo. Tambm um grupo de trs, num encontro casual, liquidou um bate-pau, filho de um tal Jos Pereira. O bate-pau foi intimado a levantar o brao. Mas apontou a arma contra os companheiros, sendo alvejado. A morte desse bate-pau causou pnico entre os demais da zona. Dois outros pequenos grupos caram em emboscadas do Exrcito, mas no tiveram baixas. Conseguiram safar-se. A emboscada foi possvel por falta de vigilncia. Os companheiros iam caminhando por estradas e, apesar de notarem o rastro dos soldados, no se afastaram do caminho.

No curso da primeira campanha do inimigo, a CM manteve contato regular com os destacamentos A e B. A alimentao da CM foi mantida pelo B. Em julho, a CM resolveu enviar um grupo de companheiros, chefiados pelo Juca (Joo Carlos Haas Sobrinho), para conseguir relatar o contato com o C. Faziam parte do grupo: Flvio (Ciro Flvio de Oliveira Salazar), Gil (Manoel Jos Nurchis), Aparcio (ldalisio Soares Aranha Filho) e Ferreira (Antonio Guilherme Ribeiro Ribas), do B. Esta medida se impunha, porque o C no atendeu aos pontos previamente estabelecidos. Este grupo caiu numa emboscada do Exrcito na Grota Vermelha, a uns 50 metros da estrada. Juca levou dois tiros, um na perna e outro na coxa, mas conseguiu, juntamente com os outros companheiros, embrenhar-se na mata. Ficaram parados alguns dias, para que Juca se restabelecesse. Durante esse perodo, Aparcio saiu para caar e se perdeu. Procurou a casa de um morador, chamado Peri, por onde sabia que os demais iam ar. L ficou espera. O dono da casa onde se refugiou levou-o para um barraco no mato, prximo casa. A lhe serviam a comida. Dias depois, apareceu o Exrcito e travou tiroteio com Aparcio. Este descarregou todas as balas do revlver que tinha e, quando tentava ench-Io de novo, recebeu um tiro e morreu. No se sabe se o Exrcito chegou por acaso ou se foi denncia. O Juca, com os outros, foi at a casa de morador conhecido que podia fazer o contato com o C. Deixou a um ponto para o Paulo (todo dia 1 de cada ms, a partir de setembro). Mas o ponto era uma indicao que s Paulo poderia saber. Juca retornou CM com os demais. A CM reforou a sua guarda com a vinda de Ari (Marcos Jos), do A, e Zezinho, do B, e tentou fazer contato com o CC.

Assim termina o perodo da primeira campanha do inimigo.

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Segunda campanha

A segunda campanha se inicia setembro de 1972. Nesta campanha, as Foras Armadas empregaram 8 mil a 10 mil soldados. As trapas eram, em geral, de recrutas e de vrios Estados. Distribuam-se por vrias bases implantadas na rea. Estas bases eram fazendas, sedes de castanhas ou mesmo roas. Ocuparam as estradas e abriram algumas picadas na mata. Chegaram a entrar na mata, guiados por um morador local (Osmar), na rea do B. Havia pouca tropa especializada. A moral dos soldados era baixa. Todos estavam ansiosos para regressar. Armaram muitas emboscadas em beiras de grotas, estradas, casas de mora dores e em capoeiras. Fizeram algumas armadilhas. Utilizaram helicpteros e avies. Soltaram trs bombas na mata, nas proximidades de um acampamento do Destacamento B. Recrutaram bate-paus locais e pagavam 25 cruzeiros por dia aos moradores que quisessem servir de guias. Durante a campanha, o Exrcito distribuiu boletins na rea, concitando os guerrilheiros a se entregar. Distribuiu tambm o fac-smile de uma carta do Geraldo, dirigida ao Glnio (Glnio S), do B, na qual afirmava que estava sendo bem tratado, e com dignidade, pelo Exrcito e pedindo a ele para se entregar. A carta trazia o retrato de Geraldo e tambm o de Miguel (que havia sido preso no C). Elementos de massa dizem que viram tambm uma carta da Baianinha e outra da Lena, mas no temos confirmao. O boletim, entre outras coisas, dizia que "o povo no apoiava os guerrilheiros", que “as fonte de suprimentos dos guerrilheiros estavam bloqueadas", que “as organizaes do Partido nas cidades haviam cado e onde no caram , estavam prestes a cair", que "a luta do Araguaia no teve a repercusso que os guerrilheiros esperavam", que "as rotas de fuga estavam bloqueadas", que "a guerrilha urbana tinha fracassado e que era intil prosseguir no caminho que estvamos" e que "no restava outro caminho seno entregar-se". Ao mesmo tempo que realizavam a segunda grande operao, as Foras Armadas desenvolviam uma ao paralela junto s massas. Procederam operao Aciso (Ao Cvico Social), distribuindo remdios, fazendo consultas mdicas e dentrias, levando doentes de helicpteros e avies para as cidades maiores. Montaram tambm uma operao com o lncra. Este anunciava que iria distribuir terras, legalizar as posses dos lavradores. A campanha militar manteve-se at fins de outubro.

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Avanos e perdas

Ao iniciar-se a segunda campanha, os guerrilheiros j possuam maior experincia. Tinham avanado no conhecimento da mata, na ligao com as massas, na preparao militar, e conseguido organizar um pouco melhor o abastecimento. As armas, no entanto, continuavam precrias. No havamos conseguido tom-Ias do inimigo at esta data.

Antes de o inimigo entrar em ao, a CM tinha decidido enviar um dos seus membros para o Destacamento A e outro para o B, a fim de l ficar um ms. O companheiro Juca foi enviado para o C, com o fim de reatar o contato.

No Destacamento A, o inimigo no conseguiu estabelecer contato com os guerrilheiros. Movimentou-se na rea, sem resultado. O comando do destacamento tentou, tambm sem resultado, realizar operaes de fustigamento. No dia 29 de setembro, houve um choque que resultou na morte de HeIenira Resende (Helenira Resende de Souza Nazareth). Ela, juntamente com outro companheiro, estava de guarda num ponto alto da mata, para permitir a agem, sem surpresa, de grupos do destacamento. Nessa ocasio, pela estrada, vinham tropas. Como estas acharam a agem perigosa, enviaram "batedores" para explorar a margem da estrada, precisamente onde se encontrava HeIenira e o outro companheiro. Este, quando viu os soldados, acionou a metralhadora, que no funcionou. Ele correu e Helenira no se deu conta do que estava sucedendo. Quando viu, os soldados j estavam diante dela. Helenira atirou com uma espingarda 16. Matou um. O outro soldado deu uma rajada de metralhadora que a atingiu. Ferida, sacou o revlver e atirou no soldado, que deve ter sido atingido. Foi presa e torturada at a morte. Elementos da massa dizem que seu corpo foi enterrado no local chamado Oito Barracas. A morte de Helenira causou grande indignao.

Z Carlos e Nunes (Divino Ferreira de Souza) saram para pesquisar um local que permitisse fazer uma emboscada. Na estrada, perceberam a vinda de gente e trataram de se esconder. Eram muitos soldados. J tinham ado os quatro primeiros. O quinto os viu e atirou. Houve forte tiroteio. Nunes e Z Carlos escaparam com muita dificuldade. Ambos chegaram a sofrer arranhes das balas.

No Destacamento B, um pouco antes do incio da segunda campanha, havia-se programado uma ao de propaganda armada no povoado de Santa Cruz. Quando os companheiros se deslocaram para fazer essa operao, o inimigo j estava penetrando na rea. Amauri (Paulo Roberto Pereira Marques) e Man (Jos Maurlio Patricio) chegaram a ir at Santa Cruz, enquanto os outros aguardavam num acampamento margem do Gameleira. Quando Amauri chegou ao povoado, ainda no havia soldados. Ao regressar para avisar os demais, foi surpreendido por tropas que j tinham chegado. Ele foi atacado e respondeu ao fogo. Escondeu-se numa capoeira e conseguiu escapar. Os soldados vinham para atacar o acampamento. Na vspera, ara ali um bate-pau, Mozinha de Paca, e viu o acampamento. Falou com o Comprido (Simo Cilon Cunha Bruno) e mostrou-se amigo. Em seguida, foi avisar O Exrcito. No dia 15, os helicpteros comearam a sobrevoar a rea. Desta forma, a ao programada para Santa Cruz no poderia mais ser realizada. O comando resolveu retirar o grosso dos combatentes e mudar de rea. Foi para a Palestina. Antes de se retirar, foi tentada uma emboscada que no se realizou. Ficaram dois grupos de trs, com o objetivo de fazer fustigamento ao inimigo. Deviam permanecer na rea por cinco dias e retomar depois para se juntar ao destacamento. Um grupo ficou espera do inimigo na estrada que vai para Couro d'Anta e outro na estrada que vai para Duas agens. aram quatro soldados, vestidos paisana, pela estrada onde estava o primeiro grupo.

Amauri ficou em dvida se eram realmente soldados, e quando chegou a essa concluso, j o ltimo tinha ado. No houve ao. Pelo segundo grupo tambm aram vrios soldados. Os companheiros atiraram e mataram um, retirando-se em seguida. Na marcha para a Palestina, o destacamento tentou fazer uma ao contra os soldados que estavam acantonados no Castanha. Mas verificou que era grande o nmero dos inimigos - mais de 80. Desistiu-se da ao. Dividiu-se o destacamento em dois grupos e seguiu-se para a nova rea. A resolveu-se fazer trabalho de massa, apesar de o inimigo estar desenvolvendo sua campanha. Visitaram-se umas dez famlias, que se mostraram solidrias, ainda que alguns demonstrassem medo do Exrcito. Obteve-se certa quantidade de farinha e batatas da terra. Logo que comeamos as visitas, soubemos que o Exrcito estava se retirando. Pouco antes, era grande o nmero de soldados na rea. Somente na roa do Osmar chegou a haver 170 soldados e l pousaram quatro helicpteros. Surgiu um srio atrito entre o vice-comandante Zeca e os demais membros do destacamento. Zeca, irritado, insultou muitos companheiros e acabou dizendo que ia se demitir do cargo. Ele no tinha nenhuma razo e, com isso, perdeu a autoridade. Ocorreu tambm o desaparecimento do combatente Glnio. Este, em princpios de outubro, j na rea da Palestina, perdeu-se e foi preso em dezembro, na casa de um pequeno comerciante, perto de Santa Cruz. Um bate-pau, Mozinha-de-Paca, o viu l e foi buscar outro bate-pau, Alfredo Fogoi, e o prenderam. Glnio havia sido procurado pelo destacamento, sem resultado. Chegamos a pensar que ele havia fugido, mas isto no era certo, embora Glnio tivesse mostrado ividade na ocasio da priso. Parece que estava doente.

No Destacamento C, perto do dia 20 de setembro, dois companheiros, Vitor e Cazuza, deslocavam-se para fazer um encontro com trs companheiros. Acamparam perto de onde devia ser o encontro. tardinha, ouviram barulho de gente que ia ando perto. Cazuza achou que eram os companheiros e quis ir ao encontro deles, mas Vitor no permitiu. Disse que s devia ir ao ponto no dia seguinte. Pela manh Cazuza convenceu Vitor a permitir que ele fosse ao local onde, na vspera, ouvira o barulho. Vitor ainda insistiu que no se devia ir ao ponto, mas acabou concordando. Ao se aproximar do local do barulho, Cazuza foi metralhado e morreu. Vitor encontrou os trs - Dina (Dinalva Oliveira Teixeira). Antonio (Antonio Carlos Monteiro Teixeira) e Z Francisco (Francisco Chaves).

Como estavam sem alimento, Vitor resolveu ir roa de um tal de Rodrigues apanhar mandioca. Os companheiros disseram que l no havia mais mandioca. Vitor, porm, insistiu. Quando se aproximaram da roa, viram rastros de soldados. Ento, Vitor decidiu que os quatro deveriam esconder-se na capoeira, prxima estrada, certamente para ver se os soldados avam e depois ento ir apanhar mandioca. Acontece que, no momento exato em que os soldados avam pelo local onde eles estavam, um dos companheiros fez um rudo acidental. Os soldados imediatamente metralharam os quatro. Dois morreram logo: Vitor e Z Francisco. Antonio foi gravemente ferido e levado para So Geraldo, onde foi torturado e assassinado. Escapou a companheira Dina, que sofreu um arranho de bala no pescoo. Depois destes fatos, o comando do C decidiu recuar e procurar por todos os meios o contato com a CM.

Na CM, foi decidido enviar o Juca, em companhia de mais quatro companheiros: Flvio, Gil, Raul (Antonio Teodoro de Castro) e Valk (Valquria Afonso Costa), do B, para conseguir o contato com o C. Quando Juca saiu, o Exrcito no tinha ainda iniciado a segunda campanha. Ele estava a caminho quando isso ocorreu. No segundo dia de viagem, houve um choque na rea do Franco. Os cinco estavam numa capoeira "'a quando receberam ordem de priso um soldado que apontava a arma. Mas Flvio, que estava um pouco afastado, atirou e acertou, ferindo gravemente o soldado. Em seguida, se afastaram do local. No dia seguinte, ocorreu outro choque. Juca vira um cartaz do Exrcito pregado numa rvore ao longo de uma estrada. Mandou ver o que o cartaz dizia. Quando o companheiro se aproximava do mesmo, deparou com um soldado. Atirou e errou. O soldado correu. Ao chegar, a 30 de setembro, nas proximidades do local do encontro com o C (Paulo), Juca observou que havia muitos soldados nas redondezas. Em todas as casas de moradores havia soldados. Juca resolveu, porm, aproximar-se de uma das casas, para se orientar melhor. Viu que l tambm havia tropa. Retrocedeu e se juntou ao grupo. No momento em que iam saindo, Gil perguntou, talvez um pouco alto, se poderia amarrar a botina. Imediatamente ouviu-se uma rajada. Juca e Flvio caram mortos. Raul foi ferido no brao, escapando juntamente com Valk. Gil ainda se aproximou de Juca tentando reanim-lo. Ocorreram novos disparos. Depois no se soube mais de Gil. Deve ter morrido. Raul e VaIk, que no conheciam bem a regio, vagaram durante dois meses pela mata, at que se encontraram novamente com os companheiros do destacamento B. A CM decidiu tambm enviar uma companheira para o Sul. A CM discutiu a situao criada pelo vice-comandante do B e decidiu retir-lo do cargo e incorpor-lo guarda da CM (como vice-comandante). Indicou Simo para o lugar do Zeca no B.

Ao final da segunda campanha do Exrcito, as foras guerrilheiras haviam perdido os seguintes companheiros: no Destacamento A, Helenira; no B, Flvio e Gil; no C, Cazuza, Vitor, Antonio e Z Francisco; na CM, Juca. Alm destes, houve o desaparecimento de Glnio. Desde que comeou a luta, em 12 de abril, at o final de outubro, as baixas foram 18 (entre mortos e aprisionados). O total de combatentes era ento de 50 (com a sada da companheira para o Sul). O destacamento A estava com 19 elementos; o B, com 14; o C, com 9; a CM, com 8.

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Perodo de Trgua

Em novembro de 1972, iniciou-se um perodo de trgua. O grosso das tropas se retirou da rea. Ficaram algumas tropas na periferia e a PM manteve-se nos postos de fiscalizao e controle. Multiplicaram-se tambm os agentes da Policia Federal (disfarados). No tendo conseguido esmagar os guerrilheiros na segunda campanha, o Exrcito se preparava para realizar uma nova operao. Comeou a construir quartis em Marab, Imperatriz, Itaituba, Altamira e Humait. Procurava recrutar mateiros em vrios lugares. Construiu estradas na rea e alargou as existentes. Entre estas, a de So Domingos a So Geraldo; Transamaznica - Brejo Grande; da Fazenda do Mano Ferreira, ando pelo Garimpo e a Viva e indo at o Araguaia; a estrada que ia da Viva (prximo de Santa Isabel), ando pelo castanhal do Ferreira e indo at Santa Cruz; a estrada da Transamaznica - Taboco. A servio do Exrcito (ao que tudo indica), comearam a aparecer indivduos estranhos na rea, comprando terra, abrindo servio de roa, instalando-se em fazendas. Eram pessoas de outros Estados, inclusive de So Paulo.

A CM orientou os destacamentos no sentido de melhor aproveitar a trgua para se preparar. Previa a nova ofensiva para o comeo do vero, l para maio. Entre as tarefas mais importantes, destacava: ligao maior com as massas, tanto em extenso como em profundidade; preparao de locais para aes de fustigamento e emboscada, preparao de bons locais de refgio; conhecimento maior do terreno e melhoramento dos croquis; intensificao do preparo militar; procurar melhorar o armamento atravs das massas (compra, troca etc) e montar a oficina de consertos, organizao de depsitos que garantissem a alimentao para seis meses (sobretudo farinha, milho, arroz). Os depsitos deviam ser pequenos, descentralizados, e a maior parte dos alimentos guardados devia ir para as zonas de refgio. A CM orientou tambm para que os destacamentos limem a rea, eliminando os bate-paus, para que mantivessem vigilncia a respeito de todas as pessoas estranhas que aparecessem na rea. O principio estratgico fundamental era a sobrevivncia das foras guerrilheiras. De acordo com esse principio, era necessrio preservar as foras, no fazer aes que redundassem em baixas. A CM insistiu tambm na necessidade de se criar ncleos da ULDP (Unio pela Liberdade e pelos Direitos do Povo).

Em janeiro de 1973, o Destacamento C conseguiu estabelecer contato com a CM. Paulo, com outros companheiros, foi at a rea da Palestina e l encontrou os elementos do B e um membro da CM. Logo depois, a CM reuniu-se e tomou as seguintes decises: colocar Paulo como membro da CM e fundir os destacamentos B e C. O destacamento B deslocou-se para fazer a fuso. A CM, porm, logo depois mudou de opinio e decidiu manter os dois destacamentos separados, procedendo reorganizao do C. Vieram para o C os companheiros Luis (Guilherme Gomes Lund) e Lauro (Custdio Saraiva Nela), do A; Raul e Valk, do B e Ivo (Jos Lima Piau Dourado), do destacamento de guarda da CM. Foi designado para comandante do C o companheiro Pedro (Gilberto Maria Olimpio), da CM; ficando Dina como vice-comandante. A CM decidiu que o destacamento C concentrasse sua atividade na rea prxima da estrada de So Geraldo, abandonando temporariamente as zonas da Grata Vermelha e do Caiano.

Nesse perodo da trgua, a CM editou vrios materiais de propaganda, uns mimeografados (em reco-reco) e outros escritos mo. Foram os seguintes: I) Carta ao Povo de Porto Franco e Tocantinpolis, assinada pelo mdico Joo Haas; 2) Carta de Osvaldo aos Seus Amigos; 3) Comunicado sobre a Morte de Helenira Resende; 4) Comunicado sobre a morte do Juca; 5) Manifesto do 1 Ano de Luta; 6) Manifesto ao Soldado. Foram mimeografados mais de cem exemplares do documento Em Defesa do Povo Pobre e pelo Progresso do Interior (programa da ULPD). Tambm foi mimeografado o Romance da Libertao (de autoria de Mundico, do C). Editou-se, igualmente, um manifesto contra o Incra.

A CM elaborou os seguintes materiais: I) Normas sobre Segurana no Trabalho de Massa; 2) Normas sobre Acampamento; 3) Normas sobre Recrutamento para a Guerrilha; 4) Adendo s Normas de Marcha; 5) Indicaes para a Organizao de Ncleos da ULDP.

As normas de segurana no trabalho de massa foram elaboradas tendo em conta a experincia e os ensinamentos decorrentes das condies em que morreram alguns combatentes, como Jorge, Maria e outros. A se dizia que qualquer visita s casas de moradores devia ser encarada como uma operao militar. Antes de entrar nas casas, era necessrio observ-Ias de longe, para se certificar de que nelas no havia soldados ou pessoas estranhas. Durante a visita, devia-se manter guardas em todas as vias de o s casas. No se devia permitir a sada de nenhuma pessoa da casa enquanto durasse a visita. Se algum se aproximasse da casa, deixar ar se fosse amigo, ou deter se no fosse gente conhecida ou amiga. No largar a arma e explicar o motivo aos moradores, pedindo inclusive desculpas. Nas visitas de massa, os guerrilheiros no deviam conduzir nenhum documento pessoal ou que comprometesse a guerrilha. Antes de ingressar nas casas, os companheiros deviam combinar uma referncia para encontro, no caso de terem de se dispersar repentinamente (uma referncia prxima e outra mais longe). Quando se tivesse que marcar encontros com elementos de massa, no se devia dizer massa o dia exato em que se voltaria a sua casa. Ao sair da visita, os visitantes no deveriam dar a entender o rumo que iriam tomar. Tambm no se devia dormir nas casas de massa.

Quanto s normas de acampamento, dizia-se que, antes de acampar, era preciso pesquisar em torno, para ver se no havia estrada, pique etc. Ao acampar, devia-se fazer o plano de defesa e retirada. Evitar rudos. O fogo s devia ser aceso quando escurecer. No se devia dar tiros prximo ao acampamento. A mochila de cada combatente devia estar sempre arrumada, pronta para ser levada no caso de retirada. Reclamava-se o cumprimento das normas de higiene (quando o acampamento era por um prazo mais longo, devia-se abrir pequenas fossas). As armas deviam estar mo ou bem prximas do combatente. Era necessrio evitar cortes na vegetao que deixassem marcas vista. Os acampamentos no deviam ser conhecidos pelas massas. Quando levantassem acampamento, exigia-se que o mesmo fosse camuflado.

Sobre as normas de recrutamento para a guerrilha, exigia-se que, antes de trazer qualquer elemento de massa para as fileiras dos combatentes, era preciso conhecer bem a pessoa, saber a opinio das massas sobre ela, se se tratava de morador antigo ou novo e se era estimada ou no. Antes do ingresso nas fileiras, se possvel, era necessrio, durante algum tempo, experimentar os elementos na realizao de determinadas tarefas. Convinha ajudar o elemento novo a elevar seu nvel poltico e ideolgico e ensinar os analfabetos a ler e escrever. Os recrutados no deviam conhecer os depsitos, reas de refgio e locais de encontro com outros destacamentos.

No que se refere marcha, recomendava-se que, quando se fosse atender a um encontro, era preciso seguir o caminho conhecido, evitando-se fazer pesquisa de novos roteiros, para evitar atrasos prejudiciais. Se ocorresse um engano no caminho, devia-se voltar ao ponto conhecido, para melhor reorientar-se. Os mantimentos para a viagem deviam ser para mais uns dois dias do tempo previsto.

A respeito da criao dos ncleos da ULDP, dizia-se que: a) deviam ter de trs a cinco membros, com um responsvel; b) os componentes de um ncleo no deviam conhecer a organizao de outros ncleos; c) as tarefas dos ncleos deviam ser: colher informao, fazer propaganda da guerrilha entre os moradores, ajudar a guerrilha com alimentao, defender os interesses do povo da regio.

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A guerrilha e as massas

O xito maior da nossa atuao, nesse perodo da trgua, foi a ligao com as massas. Estendeu-se nossa influncia entre o povo. Ganhamos muitos amigos, e no era s apoio moral. A massa fornecia comida e mesmo redes, calados, roupas etc. E informao. Contvamos com o apoio de mais de 90% da populao. A fraca presena do inimigo na rea e a nossa politica correta no trabalho de massa proporcionaram esses exitos. Os guerrilheiros, todos eles, eram bastante estimados pela massa. Os de maior prestgio eram Osvaldo e Dina. Logo depois vinham: Sonia (Lcia Maria da Silva), Piau (Nelson Lima Piau Dourado), Nelito, Z Carlos (do A); Amauri, Mariadina (Dinaelza Santana Coqueiro) (do B); Mundico (do C); Joca (Giancarlo Castiglia) (do CM) e Paulo. Os guerrilheiros ajudavam as massas no trabalho de roa. O Romance da Libertao era recitado pela massa. Os hinos da guerrilha, elaborados l mesmo, eram cantados pela massa. Nas sesses de terec (candombl) se faziam cantorias de elogio guerrilha. O primeiro aniversrio da luta guerrilheira foi comemorado com a participao de elementos de massa. Na rea do Destacamento A, fez-se reunio com a massa (mais de 50 moradores) para discutir medidas contra o Incra. A massa achava que o Incra era nova forma de cativeiro. Criaram-se, em toda a regio, 13 ncleos da ULDP. Antes da terceira ofensiva do inimigo, o trabalho junto a outras foras havia se estendido. Ampliaram-se os contatos com comerciantes, religiosos etc. Na propaganda, alcanou tambm xito o folheto A vida de um lavrador, literatura de cordel da autoria de Beto (Lcio Petit da Silva). Uma composio musical em ritmo de toada local (Iind), da autoria de Osvaldo Peri (Pedro Alexandrino de Oliveira), alcanou xito. A Rdio Tirana era ouvida por muitos elementos do povo e seus comentrios eram bem recebidos. Aderiram guerrilha, como combatentes, vrios elementos da massa: em dezembro de 1972, entrou um; em abril de 1973, um; de junho em diante entraram mais cinco no A; dois no B; e dois no C. Uma boa parte da massa realizou tarefas ligadas atividade guerrilheira.

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Ao militar

No perodo da trgua, realizaram-se algumas aes militares. Em maro, o Destacamento B fez uma operao contra um antigo pistoleiro a servio da Capingo, chamado Pedro Mineiro. Sua casa foi cercada e ele foi preso. Em seguida, foi julgado e executado. No local, foram apreendidas duas espingardas calibre 16 de dois canos; uma espingarda 16; dois revlveres 38; um revlver 32; uma garrucha; e uma carabina calibre 32-20. Foram apreendidos tambm roupas, comestveis e remdios. Em poder de Pedro Mineiro havia mapas aerofotogramtricos da rea do Gameleira, vrios ttulos de posse ilegal de terra e cartas de militares recomendando-o a outros militares. O Destacamento B executou tambm um morador da rea da Palestina, chamado Osmar. Este elemento era o melhor mateiro da zona e se dizia amigo de Osvaldo. Mas foi engajado pelo Exrcito e se dispunha a perseguir os guerrilheiros.

O Destacamento C, em agosto, realizou uma operao contra a fazenda e a casa de comrcio de Nemer Kouri. Este fazendeiro ajudou o Exrcito a prender Geraldo, no incio da luta, e tinha se apossado de um burro que pertencia aos guerrilheiros. A operao foi feita noite. Sua fazenda foi cercada. Encontravam-se l Nemer e sua mulher e mais 13 trabalhadores. Nemer foi preso. Aos 13 pees, os guerrilheiros explicaram o motivo da ao e os objetivos da luta. Nada se fez contra eles. Os guerrilheiros confiscaram 400 cruzeiros, um revlver 38, roupas, alimentos, remdios.

O Destacamento A, na segunda quinzena de setembro, realizou uma operao contra um posto da Polcia Militar do Par, na Transamaznica (entroncamento com So Domingos). O posto foi cercado pelos guerrilheiros, que intimaram os soldados a se entregarem. No cedendo intimao, foi incendiado o telhado de palha. Os soldados se entregaram. Na ao foram apreendidos seis fuzis, um revlver 32, roupas e alguma munio. Os soldados foram interrogados e depois libertados, sendo advertidos de que seriam justiados se voltassem a cometer violncias contra as massas.

Todas estas aes contaram com a ampla simpatia da populao. Foram emitidos comunicados militares, pelos destacamentos de cada uma dessas aes.

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Novas tarefas e medidas da CM

Em agosto, a CM realizou uma reunio com os comandantes dos destacamentos A, B e C e os vice-comandantes do A e do C. Fez-se um balano da atividade guerrilheira. Constatou-se que se havia obtido xitos importantes, principalmente no trabalho de massa, que se avanou no conhecimento do terreno e no suprimento de alimentos. Constataram-se tambm deficincias, entre as quais, que as nossas armas eram ainda precrias e dbil nosso servio de informao, tornava-se necessrio consolidar e estender o trabalho de massa e estar atento para o inimigo, que podia entrar a qualquer momento. Examinaram-se vrias hipteses quanto ttica que o inimigo poderia usar.

Na reunio, adotaram-se as seguintes recomendaes. Ao comear a ofensiva do inimigo, os destacamentos deviam concentrar todos os seus componentes e, diante das informaes concretas, ver como agir. Era preciso ter sempre presente o nosso objetivo estratgico principal nesta primeira fase da luta guerrilheira: conservar as foras, sobreviver. Por isso, evitar aes que redundassem baixas. Dependendo da envergadura da ao do inimigo, poderia se recuar para as reas de refgio ou continuar realizando pequeno trabalho de massas e aes militares de fustigamento ou mesmo de emboscadas. Predominava na CM a opinio de que, se o inimigo no entrasse at outubro, possivelmente no entraria no perodo seguinte, devido s chuvas. E que ele no poderia fazer uma campanha demorada, devido a problemas de logstica. Acreditava-se que no entraria na mata, pois no tinha bastantes tropas especializadas para isso. Ficaria nas estradas e batendo as grotas. Achava-se improvvel um cerco total da rea. Considerava que o inimigo atacaria mais seriamente as massas e, por isso, se devia estudar a possibilidade de a massa proteger. Havia condies para recrutar muitos elementos de massa a guerrilha. Era grande j o nmero dos que se tinham comprometido ingressar na luta, caso O Exrcito ocue as roas.

A CM decidiu estender a rea destacamento B at alm da estrada de So Geraldo. O B aria centrar sua atividade na nova rea q lhe foi atribuda pela CM. A anti-rea da Palestina seria percorrida dois ou trs meses. O Destacamento C deveria deslocar-se para as reas Grota Vermelha e do Caiano, entretanto, o C ainda continuaria uns dois ou trs meses atuando o vinha fazendo, isto , na rea que seria atribuda ao B a fim de os contatos e ajudar o B a conhecer melhor essa zona.

Desde a segunda campanha do inimigo, os destacamentos j no conservaram a antiga estrutura grupos de sete permanentes. Mantiveram-se os chefes de grupos, estes grupos variavam, em sua composio e nmero, segundo as necessidades das tarefas. Terminada a tarefa, o grupo desaparecia. Os Destacamentos jogavam com o conjunto dos combatentes.

Em setembro, a companheira Tuca (Maria Luiza Garlipe) foi transferida do destacamento B para a CM, na funo de responsvel pelo setor de sade.

Dois acontecimentos negativos ocorreram tambm em setembro: a morte de Mundico, do C, por acidente com a arma que portava; e a fuga de Paulo, do A. Este elemento, desde o incio da luta, se mostrara vacilante e criava toda sorte de problemas. Aproveitou a sada dos elementos do A que foram realizar o ato contra o posto policial e desapareceu. Mostrou-se indigno de participar da guerrilha.

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Terceira campanha

A terceira campanha do inimigo iniciou-se a 7 de outubro. Neste momento, a situao das foras guerrilheiras era a seguinte: o destacamento A contava com 22 elementos;o B com 12; o C com 14; a CM com 8. Ao todo, 56 guerrilheiros. O destacamento A tinha oito fuzis e um no conserto, cinco rifles 44, uma metralhadora INA, oito espingardas, 22 revlveres 38 e um revlver 31. O destacamento B tinha um fuzil, uma submetralhadora Royal, trs rifles 44, duas espingardas 16 de dois anos, uma espingarda 16, uma carabina 32-20 duas espingardas 20, una carabina 22, 12 revlveres 38. O Destacamento C tinha dois fuzis, sete rifles 44, cinco espingardas 20 e 14 revlveres 38. Em conserto, havia mais de dez armas longas. Havia,em mdia, 40 balas para cada revolver 38. Eram insuficientes os cartuchos para as espingardas 20 e no havia mais balas de calibre 22. As reservas de alimentos garantiam um abastecimento para cerca de quatro meses. Os remdios tambm existiam em quantidades suficientes. A maioria dos combatentes estava com pouca roupa e j no havia calados. Uma parte usava lambreta de sola de pneu e alguns companheiros andavam mesmo descalos. Eram insuficientes as quantidades de bssolas, isqueiros, facas, querosene e pilhas. Muitos companheiros no possuam plsticos para abrigar-se da chuva. Tambm faltavam sacos plsticos para guardar comidas e roupas. Todo o dinheiro existente eram 400 cruzeiros. A maioria dos companheiros, 80%, orientava-se bastante bem na mata. No fundamental, toda rea era conhecida. O moral dos companheiros era muito bom. Todos mostravam-se confiantes e entusiasmados.

As tropas inimigas entraram por diferentes pontos. Transamaznica, So Domingos, Metade, Brejo-Grande, So Geraldo e, possivelmente, pela Palestina e Santa Cruz. Iniciaram a operao desencadeando intensa represso contra as massas. Prenderam quase todos os homens vlidos das reas em que atuvamos. Deixaram nas roas s as mulheres e as crianas. Algumas mulheres tambm foram presas. O Exrcito procurou implantar o terror entre as massas. Espancou muita gente. Houve elementos que enlouqueceram de tanta pancada. Queimaram casas e paiis onde no encontravam os moradores. Dezenas de pequenos e mdios comerciantes foram tambm presos. As tropas obrigavam elementos da massa a servir de guias. Gradualmente, foi aumentando o nmero de soldados na zona. Ocuparam fazendas, sedes de castanha, roas, estradas, grotas etc. Na periferia havia tambm grande nmero de soldados. Fizeram bases de operao no meio do mato, utilizando fazendas, roas e sedes de castanhas. Estavam apoiados por helicpteros e avies. A maior parte da tropa era especializada em combate na selva. Traziam bons mateiros.

No dia 7 de outubro, quando as tropas entraram na rea, o Destacamento A estava ainda disperso em trs grupos. Um dirigido por Z Carlos, que estava atuando nas proximidades do rio Fortaleza, outro, dirigido pelo Piau, estava no Taboco e o terceiro, comandado pelo Nunes, estava na roa do Alfredo, ajudando no trabalho de broqui. Sabedores da presena do Exrcito, os trs grupos se retiraram. No dia 7, o Exrcito bateu na roa do Alfredo, elemento de massa que integrava a guerrilha. No dia 12, o grupo do Z Carlos comunicou que o destacamento ficaria na zona em que se encontrava at a data do encontro com a CM, que seria dia 20. Alfredo, na ocasio, insistiu com Z Carlos para que fossem apanhar dois porcos deles, que se encontravam numa roa prxima. Os porcos ajudariam a alimentao dos guerrilheiros. Z Carlos considerou temerrio o projeto de Alfredo. Chegou a dizer: "No vamos morrer pela boca", Sabia que o Exrcito provavelmente estaria emboscado na roa onde se encontravam os porcos. No dia seguinte, saram cinco companheiros para apanhar farinha num depsito e, se nada de anormal notassem, poderiam ir apanhar os porcos. Mas, no caminho, decidiram ir, primeiramente, apanhar os porcos. L chegaram cerca de 9 horas. Mataram os porcos com quatro tiros e os levaram para um lugar limpo a fim de retalh-los. Fizeram fogo de palha para pelar os porcos. Uma hora depois estava terminado o servio. Mas quando foram carregar a carne, as alas das mochilas se quebraram. Alfredo resolveu, ento, improvisar um cip (vira mundo) para carregar nas costas. Quando terminou o ltimo atado, eram j 12 horas. Estavam presentes os guerrilheiros Z Carlos, Nunes, Alfredo, Zebo (Joo Gualberto) e Joo (Demerval da Silva Pereira). Preparavam-se para sair, quando Alfredo ouviu um barulho esquisito. Chamou a ateno de Joo. Este, porm, achou que era uma palha de coqueiro que tinha cado. Ato contnuo, apareceram os soldados, apontando suas armas. Atiraram sobre o grupo. Joo conseguiu escapar, os outros foram mortos. No tiveram tempo nem de pegar as armas. Perderam-se, alm da vida dos companheiros, quatro fuzis, um rifle 44 e cinco revlveres 38.

No dia 20, houve o contato com um companheiro da CM. Este decidiu nomear o companheiro Piau para comandante do destacamento e Beta para vice. Como o local onde se encontravam era conhecido de elementos de massa, foi decidido mudar-se para outro ponto. Chegou a informao, dia 22, de que os elementos da massa que queriam entrar na guerrilha no haviam aparecido no ponto. Dia 22 foram enviados dois companheiros para o Taboco, a fim de trazer o grupo chefiado por Nelito. E no dia 23, pela manh, dois outros companheiros foram levar, at a estrada que vai para So Domingos, um rapazinho que, por acaso, se encontrava com os nossos. Nesse mesmo dia, os demais, em nmero de 11, inclusive o membro da CM, deslocaram-se para a margem esquerda do Fortaleza. Dois helicpteros e um avio comeavam a sobrevoar a rea. No dia 24, Snia e Manuel (Rodolfo de Carvalho Troiano) foram ao encontro dos dois que haviam levado o rapazinho. No encontraram. tarde, novamente Sonia e Wilson (elemento de massa) voltaram ao local de encontro. Recomendou-se que no fossem por um piseiro antigo, pois ali poderia haver soldados emboscados. Acontece que Snia acabou indo pelo piseiro e, como decidisse caminhar descala, deixou a botina no caminho. Quando voltou, no encontrou a botina. Pensou que fosse brincadeira de gente de massa. Chamou por um nome conhecido. Apareceu uma patrulha do Exrcito que atirou nela, ficando ferida. Os soldados, - segundo relatou gente de massa -, perguntaram-lhe o nome. E ela respondeu que era guerrilheira que lutava pela liberdade. Ento, o que comandava a patrulha, respondeu: "Tu queres liberdade. Ento, toma..." - desfechou vrios tiros e a matou. Wilson conseguiu escapar. No momento em que o Exrcito atirava vinham chegando os dois companheiros a quem Snia ia buscar. Ouvindo os tiros, retiraram-se e, trs dias depois, retornaram ao destacamento. O destacamento deslocou-se para nova rea. No dia 27 chegavam Duda (Luiz Ren Silveira e Silva) e Rib., que informaram que o grupo do Nelito j havia se deslocado quando eles l chegaram. Dois elementos de massa, bastante jovens, Ribamar e Wilson, mostrando medo, pediram para sair da guerrilha. Diziam que eles no iam agentar as dificuldades. O comando os dispensou.

Dia 2 de novembro, chegaram Nelito e seu grupo. Assim, o destacamento ficou completo. Nelito informou que tentou realizar uma emboscada com nove elementos de massa, mas os soldados no aram. Depois, com os mesmos elementos, tentou destruir uma ponte na Transamaznica. Tambm no conseguiram. Chegaram a tocar fogo na ponte, mas esta no queimou. Os elementos de massa voltaram para suas casas, pois tinham dito que ficariam fora apenas uns poucos dias. Com Nelito, alm dos nossos, ficou apenas um jovem de massa, que pediu ingresso na guerrilha. O destacamento decidiu embrenhar-se na rea de refgio.

emos, agora, ao que sucedeu com a CM e os destacamentos B e C. Com o incio da ofensiva do Exrcito, a CM decidiu juntar os dois destacamentos e coloc-los sob o comando do Pedro. Ento pensava-se em permanecer na mesma rea em que se encontravam. A informao inicial era de que o nmero de soldados no ava de uns 50. Pedro designou um grupo de dez companheiros, sob a direo de Osvaldo, para fazer uma emboscada, em lugar apropriado, contra o inimigo. Outro grupo, de seis companheiros dirigidos por Ari, do C, foi mandado ao Franco para realizar uma operao de fustigamento. Depois de dez dias, Osvaldo retornou. Permaneceu emboscado, mas as tropas no apareceram. O grupo de Ari atacou alguns soldados, mas no liquidou nenhum. Foi recrutado um elemento de massa, Jonas, para a guerrilha. Este elemento j havia sido preso na segunda campanha e seu pai, atualmente, estava preso. No comeo de novembro, uma patrulha do Exrcito ou a uns 30 metros do acampamento onde estavam os dois destacamentos. A patrulha caminhava pela mata, sem fazer rudo. No foi observada pela guarda. Foi vista por dois companheiros que vinham chegando ao acampamento e se esconderam.

Em meados de novembro, reuniu-se a CM. Fez-se um balano da situao base dos informes e se afirmava que a ofensiva do inimigo no era to grande, aparecia com pouca fora. A CM resolveu juntar os trs destacamentos, que ficariam sob o seu comando. Esta fora no teria mais reas fixas determinadas, poderia movimentar-se segundo as necessidades. A justificativa apresentada para a fuso dos trs destacamentos era a de que, com isso, se teria uma fora maior e com maior potncia de fogo, podendo-se realizar aes de certa envergadura. Afirmou-se que, com os destacamentos separados, era difcil ter em mos fora suficiente para certos tipos de ao. Quando se discutiram as medidas prticas para levar a cabo essa deciso, chegou-se concluso de que o princpio da fuso era justo, mas que apresentava dificuldades quanto execuo, pois surgiam problemas, como o do abastecimento para um grande nmero de pessoas. Decidiu-se, assim, adiar as medidas prticas para uma prxima reunio da CM. A CM designou o companheiro J. (ngelo Arroyo) para assumir o comando do destacamento A e manter este concentrado, em condies de poder se reunir aos outros dois logo que a CM tomasse deciso a esse respeito. Nova reunio da CM foi marcada para 20 de dezembro.

No dia 19 de novembro, o membro da CM que voltava para o A, em companhia de dois elementos de guarda da CM, encontrou grande quantidade de rastros de soldados dentro da mata, tanto na rea da CM como do destacamento BC e tambm do A. Os soldados palmilhavam a mata, no s onde existiam moradores, mas tambm onde no os havia - portanto, em reas de refgio. Os soldados, apoiados por helicpteros e avies, percorriam o Gameleira, o Ezequiel, o Cunha, o Caracol e o Saranzal - todos eles dentro da nossa rea.

O destacamento A se mantinha na rea de refgio. No foi atacado, nem via rastros de soldados nas proximidades. Os helicpteros continuavam voando na rea onde foram mortos Z Carlos e outros. Em fins novembro, Nlito e Carretel foram enviados Metade para colher informaes com a massa. Voltaram mais tarde e disseram que a massa formara que h 15 dias os soldados no avam por l. Mas, no momento em que saam, chegavam soldados no lugar onde eles estivem. A massa informou ainda que os soldados estavam pensando que os guerrilheiros estavam no castanhal do Carlos Holanda e, por isso, faziam muitas batidas. Os helicpteros sobrevoavam aquele castanhal. Landin (Orlando Momente) e outro companheiro foram at Cruzeiro obter informaes e ver se conseguiam sal. Voltaram dizendo que todas as casas estavam vazias e que os amigos tinham sido presos. Em dezembro, foi enviado um grupo, chefiado por Joo, rea do Taboco, para colher informaes e ver se conseguia comprar alguns objetos e se obtinha farinha e sal. Souberam que h 15 dias o Exrcito no ava l. Elementos de massa compraram um pouco do que se precisava, inclusive quatro pilhas. L disseram que os elementos que atuaram junto com Nelito na tentativa de destruir o ponto da Transamaznica tinham sido presos. Dois desses elementos estariam sendo obrigados a servir de guia. Disseram ainda que o pai de um companheiro de l, que estava na guerrilha, havia sido barbaramente espancado, tendo sido levado para o hospital. No Taboco haviam prendido todos os homens, num total de 17.

No dia 20 de dezembro, J., Piau e Antonio foram atender ao ponto com a CM. No caminho, encontraram rastros de soldado. No dia seguinte, encontraram-se com Ari e Man, que tinham sido enviados pela CM para conduzir J. reunio. No ponto apareceram tambm os companheiros Zezim, Raul e Lourival (Elmo Correia). Piau e Antonio retornaram ao A. tardinha, chegavam, tambm enviados pela CM, os companheiros Jaca e Chica (Sueli Yomiko Kanaiama). A presena de todos esses elementos no ponto foi explicada da seguinte maneira: depois que haviam sado Man e Ari, ocorreu um ataque aos trs outros (Zezim, Raul e Lourival) por tropas do Exrcito. Sabendo que Ari e Man tinham ido buscar J. para lev-lo CM, os trs que sabiam o lugar do ponto decidiram ir avisar o que havia ocorrido, para evitar que J. fosse surpreendido pelo inimigo. Mas os companheiros da CM j tinham tomado as providncias para esse aviso, enviando o Joca e a Chica. J. decidiu enviar Ari e Man para apanhar farinha num depsito prximo. Man ficou aguardando Ari a uma certa distncia. Como Ari demorasse, Joca, que havia chegado, foi at o depsito e l no encontrou o Ari. No local do depsito estava apenas o saco plstico que Ari havia levado para trazer a farinha. A impresso que se teve de que ele fugiu, pois no apareceu nem no acampamento, nem nas referncias.

Joca informou o que havia ocorrido com o BC e a CM a partir de 20 de novembro. Contou o seguinte: dias 21 e 22 de novembro, um grupo de trs companheiros - Lauro, Jaime (Jaime Petit da Silva) e Man - fustigou uma patrulha na estrada e matou um soldado. No dia 24, quando voltavam de um contato com a massa, os companheiros Ari, Raul e Jonas aram prximo de uma grota. Ari e Raul se aproximaram da grota para melhor se orientar. Jonas ficou de guarda, perto das mochilas. Ouviu-se um tiro e Ari caiu. Em seguida, ouviram-se mais dois tiros. Raul correu. O Comando do destacamento BC, que tambm ouvira os tiros, enviou quatro companheiros para pesquisar o que teria havido. Logo adiante, esses companheiros encontraram o corpo de Ari sem a cabea. Sua arma, um rifle 44, seu bornal e sua bssola tinham sido levados. As mochilas de Ari, Jonas e Raul estavam l. Raul voltou pela manh ao acampamento e Jonas desapareceu. (Houve suspeitas de que o assassino de Ari fosse o prprio Jonas). Depois disso, houve a juno dos dois destacamentos com a CM, formando uma nica fora. Devido a Jonas conhecer bem a rea onde os companheiros se encontravam e inclusive alguns planos do comando, resolveu-se sair da rea e transferir-se para a rea da Palestina. Ai havia alguns depsitos e o destacamento B h alguns meses ali no estivera. Dividiram a fora em / trs grupos para se deslocar. Ao todo eram 32 elementos.

Dias 28 e 29 de novembro o grupo dirigido pelo Simo (oito companheiros) acampou nas cabeceiras da grota do Nascimento. Neste mesmo local, o destacamento B j havia acampado meses atrs. Ferreira ficou na guarda, Jaime foi catar babau. Chico (Adriano Fonseca) e Toninho foram procurar jabuti numa gameleira prxima. Chico recebeu um tiro, caindo morto. Eram 17 horas. Em seguida, ouviu-se mais seis tiros. O grupo levantou acampamento imediatamente, deixando, no entanto, as mochilas, as as, os bornais. O Doca (Daniel Calado) deixou o revlver, que estava consertando no momento da sada. Jaime e Ferreira ficaram desligados do grupo. O Simo no foi referncia procur-los. No se sabe o que ocorreu com eles. Durante cinco dias, os demais companheiros, em nmero de cinco, caminharam pela mata sem ter o que comer e sequer um isqueiro para acender fogo. Ao se encontrarem com o resto da fora, apresentavam o corpo inchado de picadas de tatuquira e estavam famintos. Dia 13, fugiu Toninho (elemento de massa). Ele conhecia a rea. Dia 14, toda a fora se juntou novamente. Eram 28, caminharam mais dois dias e acamparam num local onde se pretendia fazer a reunio da CM. Os 28 companheiros tinham feito o deslocamento numa s coluna, tendo deixado fortes rastros. No dia seguinte saram Man e Ari para ir buscar o J. Os demais afastaram-se uns 200 metros de onde se encontravam e mandaram Zezim, Lourival e Raul apagar os rastros. Quando os trs realizavam essa tarefa, foram surpreendidos pelo inimigo. Sem poder voltar de imediato ao acampamento, temerosos de que J. viesse ao ponto sem saber do ocorrido, os trs se dirigiram para o local onde J. seria encontrado por Man e Ari. O resto da fora, ento 23 pessoas, em face do que sucedera, decidiu abandonar a rea em que estava e ir para a rea do A. Seguiram em coluna, deixando rastro. Entre 17 e 18 de dezembro, Josias fugiu perto de uma base do inimigo. O comando enviou Joca e Chica para avisar o J. e marcar um novo local e dia para o encontro, que seria j na rea de refgio do A. Joca informou que o grosso da fora chegaria depois do dia 24 e que estavam sem comida. Pediam para que J. arranjasse comida com o destacamento A.

Os cinco companheiros - Jaca, Man, Chica, Lourival e Raul - retornaram e foram esperar o grosso da fora em rea prxima. J. e Zezim tambm retornaram para o acampamento do destacamento A.

Dia 25 de dezembro, J. veio ao ponto acompanhado de Zezim, Joo e Antonio, trazendo umas quatro latas de farinha. No ponto encontraram Man e Chica. Man informou que o grosso da fora estava acampado a umas duas ou trs horas de caminhada. Disse que no caminho encontrou rastros de soldados (papel higinico servido). Em seguida, os seis dirigiram-se com o mximo de cautela para o acampamento da fora. Um helicptero sobrevoava a rea prxima ao acampamento da fora. Quando j estavam a mais ou menos a um quilmetro do acampamento, s 11h25 da manh, ouviram cerrado tiroteio. Encontraram-se logo depois com urea e Peri, que vinham apanh-los para o acampamento.

Os dois afirmaram que o tiroteio tinha sido no rumo do acampamento. Cinco minutos depois do tiroteio, dois helicpteros e um avio comearam a sobrevoar a rea onde houvera o tiroteio, e continuaram durante todo o dia nessa operao. Dois helicpteros grandes fizeram duas viagens - da base do Mano Ferreira, a uns cinco ou seis quilmetros, at o local do tiroteio. Tinha-se a impresso de que estavam levando mais tropas ou retirando mortos e feridos do local, e seus companheiros (eram oito) - afastaram-se do local mais ou menos um quilmetro. No dia seguinte, 26, foram a uma referncia para encontro, num local prximo. A encontraram os companheiros OsvaIdo, Lia (Teima Regina Cordeiro Correa), Batista e Lauro.

Osvaldo informou o seguinte: o grosso da fora havia acampado dia 24, mas percebeu que estava perto da estrada. Dia 25, pela manh, afastaram-se uns cem metros de onde se achavam, designando alguns companheiros para limpar (camuflar) o locaI em que estiveram. Os membros CM e sua guarda ficaram num ponto mais alto do terreno e os demais ficaram na parte de baixo. Na hora do tiroteio, havia 15 companheiros no acampamento: Mrio (Mauricio Grabois), Paulo, Pedro, Joca, Tuca, Dina (com febre), Luis (com febre), na parte alta; embaixo: Zeca, Lourival, Doca e Raul (estava ralando coco babau para comer). Lia e Lauro faziam guarda. Osvaldo e Batista realizavam a camuflagem. Fora do acampamento estavam urea e Peri, que haviam se deslocado para trazer J., Joo (Wandick Reidner Pereira Coqueiro), Mariadina, que tinham ficado, proximidades do local onde houvera o tiroteio de 17 de novembro sobre Zezim, Raul e Lourival, a de apanh-los; Amauri e Valk, tinham sido enviados pelo comando para trazer de volta Joo, Mariadina e possivelmente os outros trs; Simo e Ivo, que tinham ido a uma referncia ver se conseguiam pegar o Ferreira e o Jaime; Amauri, Valk, Joo e Mariadina deviam chegar num ponto a uns cem metros de onde houve o tiroteio, a partir do dia 28 de dezembro. Osvaldo achava que os tiros haviam sido sobre o pessoal da CM, e que ele se retirara quando os tiros j o alcanavam.

No dia 27, observava-se crescente presso do inimigo. Na manh do dia seguinte, decidiu-se enviar Man e Chica para apanhar Simo e Ivo (talvez tambm Jaime e Ferreira) numa referncia na rea do B, dia 30. Eles no deviam retornar rea do A, mas permanecer com os demais numa rea do B. A poderiam juntar-se a outros companheiros, os que procurassem na referncia conhecida. Ficou combinado que Man viria a 1 e 15 de fevereiro a um encontro na rea do A (com J.), mas isso somente se a barra estivesse limpa. Foi dito que poderiam ficar desligados muitos meses. A partir de maro, havia referncia no B. Ainda dia 27, os dez companheiros, ento juntos, decidiram se transferir para a rea de refgio do A. Caminharam em dois grupos. Chegaram dia 28 tarde. O acampamento estava em estado de alerta. Tinham ouvido os tiros e a movimentao de helicpteros e avies. Dia 29, dois companheiros tinham a informao de que, para os lados do Fortaleza, no havia movimento de tropas. Reuniu-se o comando que tomou as seguintes decises: devia-se abandonar aquele local; os companheiros recentes - em nmero de 25 - deviam se dividir em pequenos grupos e ir atuar na rea que mais conhecessem que a experincia das campanhas anteriores mostrara que os pequenos grupos tm mais mobilidade, mais facilidade de abastecer e deixam menos rastros, que os grupos no deviam dar sinal de presena nos locais onde estivessem e, se fossem notados pelo inimigo, deviam afastar-se da zona e ligar se apenas a uma pessoa da massa, de confiana, para obter informaes; devia-se ter o mximo de cuidado com os rastros, pois fora pelos rastros que o inimigo nos atacara. Os grupos eram cinco. Um chefiado por Osvaldo (que retomou sua rea); outro por J.; outro pelo Joo; outro, pelo Nelito; e outro pelo Landim. Foi marcado um ponto para os dias 1 e 15 de fevereiro. noite do dia 29, fez-se uma reunio com todos os presentes. Mostrou-se a gravidade da situao e destacou-se que este era o periodo mais critico que atravessava a guerrilha. Acentuou-se que outros povos tambm tinham ado por momentos muito difceis e venceram porque persistiram na luta, no se deixaram abater. Mantendo-se uni dos e decididos, poder-se-iam superar as dificuldades. O comando indagou se algum dos combatentes queria abandonar a luta. Caso algum se sentisse abalado e no mais quisesse continuar, poderia dizer. O comando autorizaria a sada. Mas ningum manifestou desejo de sair. Afirmou-se tambm que no se conhecia a sorte dos demais membros da CM. No se podia dizer que tivessem sido mortos, apesar do que ocorrera. Que se ia tentar um contato e procurar agrupar todos os elementos dispersos.

Dia 30, pela manh, os cinco grupos tomaram seus destinos. As 15 horas ouviu-se rudo de metralhadora no rumo em que havia seguido Osvaldo ou Landim. No se sabe o que houve. No dia 2 de janeiro, ouviu-se rudo de metralhadora para o rumo em que seguia Nelito. Dia 4, o grupo de J. aproximou-se da casa de um morador para obter informaes e alimentos. As pessoas da casa estavam bastante atemorizadas. No sabiam informar sobre os tiros e disseram que os soldados estavam por perto. Que se tomasse muito cuidado, porque com eles haviam um rastreador, Bigode, carioca, que era bom piseiro. Dia 14, acamparam prximo a uma capoeira. Foram ver se conseguiam alguma mandioca. Iam com a recomendao de ir pela estrada e voltar pela mata, mas voltaram pela estrada. Trouxeram um pouco de mandioca e no camuflaram o local de que arrancaram as mandiocas. s 9h30, quando estavam preparando a refeio, ouviram um barulho estranho na mata. Ficaram de sobreaviso, com as armas na mo. Viram ento os soldados que vinham seguindo o rastro e avam a uns dez metros de onde os companheiros se encontravam. Os soldados atiraram, ouviu-se vrias rajadas. J., Zezim e Edinho (Helio Luiz Navarro) escaparam por um lado. No se sabe se os outros trs - Piau, Beta e Edinho encontraram Duda, do grupo do Nelito. Ele contou que os tiros do dia 2 tinham sido sobre o grupo em que ele estava. Disse que, depois do almoo desse dia, Nelito e Duda estavam juntos e que Cristina (Jana Morone Barroso) e Rosa (Maria Clia Correa) haviam se afastado por um momento. Carretel estava na guarda. Na vspera, Duda e Carretel tinham ido casa de um morador. A casa estava vazia. Quando se retiraram, viram que vinham chegando os soldados. Avisaram Nelito. Imediatamente, afastaram-se do local. Mas caminharam em trechos de estrada, deixando rastros. Dia 2, Nelito tinha ido a uma capoeira apanhar alguma coisa para comer. Trouxe pepino e abbora numa lata grande que l encontrara. A lata fez muito barulho na marcha de volta. s 13h30, ouviu-se rajadas. Os tiros foram dados sobre Carretel, que saiu correndo. Nelito no quis sair logo. Entrincheirou-se, talvez pensando nas duas companheiras. Mas os soldados se aproximavam. Ento, ele correu, junto com Duda, mas foi atingido. Assim mesmo, ainda se levantou e correu mais uns 20 metros. Foi novamente atingido e caiu morto. Duda conseguiu escapar. No se sabe o que houve com as duas companheiras, nem com Carretel.

No dia 19 de janeiro, J. decidiu tentar aproximar-se do local de referncia com a CM, na esperana de que algum companheiro aparecesse por l. Foi junto com Zezim, deixando Edinho e Duda juntos. A estes recomendou que, se encontrassem Piau, avisassem de um encontro para os dias 1 e 15, a partir de maro. O local de referncia com a CM distava uns quatro a cinco dias. Era na antiga rea da CM, de cinco em cinco dias. Quando J. e Zezim se aproximavam do local onde houve os tiroteios de 25 de dezembro, notou-se fortes rastros do inimigo, no s antigos como recentes. E os helicpteros sobrevoavam o local. Decidiram voltar porque no havia condies para prosseguir. A mata estava esquadrinhada pelo inimigo.

Em poder do camarada Mrio, responsvel pela CM, havia uma espcie de dirio, onde ele anotou os principais fatos e as medidas adotadas pela guerrilha, desde o seu inicio. Essas anotaes so da maior importncia, refletem as opinies do comando em diferentes ocasies. Com Mrio encontravam-se tambm cpias de todos os materiais editados, assim como os hinos, poesias etc.

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