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Ditadura Militar no RN
Ditadura
Militar de 1964 no Rio Grande do Norte
Glnio
Fernandes de S
Represso no RN
Textos
Alrio
e Glnio: Um grande legado!
Canind
de Frana, 26.06.2010
assim que prefiro relembrar a memria
e a trajetria de lutas de duas das
mais ilustres personalidades da luta popular
e da histria de construo
do Partido Comunista do Brasil-PCdoB/RN,
me refiro aos camaradas Alrio Guerra
de Macedo e Glnio Fernandes S.
Em terras potiguares
Se tivssemos de identific-los
pelos traos da geografia logo diramos,
so filhos do Brasil, de uma regio
importante e resistente, como foram as suas
vidas. Glnio S, de Carabas
no Mdio Oeste potiguar, Alrio
Guerra, de Curimat no Sudoeste do
Piau, se localizaram na caminhada
da vida e da luta pela bssula da
poltica revolucionria do
PCdoB, em tempos de autoritarismo e de cerceamento
das liberdades democrticas.
Na
mesma poca enfrentaram de formas
diferentes e em lugares distintos o regime
dos generais, enfrentaram o combate, mesmo
que desigual, mas no fugiram
luta, todo empenho, o melhor de suas energias
fsicas e intelectuais foram direcionadas
para restaurar a democracia solapada e salvaguardar
o Partido enquanto instrumento de luta poltica
da emancipao do povo brasileiro
e da construo de uma nova
sociedade-Socialista.
60 e 70, anos de muitas resistncias
Meados dos anos 60, ainda jovens, muitos
jovens, presenciaram a inquietao
do Partido com os horrores da ditadura militar
e dos golpistas que buscavam a todo custo
sufocar qualquer manifestao
de resistncia ao arbtrio
promovido pelo regime de excesso.
A
resistncia era o nico caminho,
as formas de apresent-la foram diversas,
o cenrio da resistncia tanto
ocorreu no campo como nas cidades. A democracia
estava comprometida e vida em risco
permanente.
Guerrilha e Patriotismo
Cumprindo tarefas diferentes, mas com o
mesmo objetivo ajudaram com o mpeto
peculiar a juventude a edificar as barreiras
da resistncia, tanto em solo urbano,
com em terras rurais. Conscientemente abdicaram
do conforto e da segurana do seio
familiar e se lanaram a uma jornada
de lutas e riscos permanentes, o ambiente
era sombrio e a luta desafiadora, podendo
at dizer profundamente desproporcional
no que pertine a contingentes e instrumentos
utilizados nas batalhadas do cotidiano.
A
Guerrilha do Araguaia foi um demonstrativo
de despreendimento e de patriotismo dos
militantes e dirigentes do PCdoB, que sem
outra alternativa ou meios de lutar pela
democracia e liberdade se socorreram da
luta armada para dar vida a resistncia
popular e no permitir que a nossa
ptria vilipendiada sucumbisse as
trevas da ditadura.
No
Araguaia Glnio esteve presente e
participando diretamente, inclusive compondo
um destacamento militar na condio
de guerrilheiro. Lutou, foi preso, resistiu
as torturas e sobreviveu as humilhaes
impostas pelos algozes e torturadores. Foi
um dos poucos sobreviventes da luta armada
nas selvas do araguaia.
Diferente
no foi a luta e a conduta de seu
camarada Alrio Guerra, que dentre
outras privaes advindas
da resistncia contra a ditadura,
tambm ou a viver na clandestinidade,
tendo como consequncia o seu banimento
do curso de medicina da Universidade.
Como
os conhecia, tenho plena certeza da dor
que sentiram ao saber da derrota da guerrilha
e do asssassinato/execuo
de boa parte de seus camaradas que resistiram
com bravura. Dor aumentada com a morte do
lder estudantil Honestino Guimares,
da Unio Nacional dos Estudantes-UNE.
Mesmo
na adversidade, continuaram a luta em defesa
dos ideais que professavam, acreditando
na possibilidade de reencontrar os caminhos
que reconduzisse o Brasil ao leito da democracia
e do Estado Democrtico de Direito.
Regime em decadncia
Com o resultado das eleies
parlamentares de 1974, a oposio
saiu fortalecida, elegendo uma forte bancada,
principalmente ao senado federal, mas mesmo
assim a ditadura j apresentava sinais
de fraqueza, sem no entanto abrir mo
do regime que comandava. Permanecia no controle
do governo e do poder poltico, apoiado
em forte aparato militar e repressivo.
Foi
neste ambiente de decadncia da ditadura
e ainda de forte represso, que em
dezembro de 1976, Alrio e Glnio
tomaram conhecimento da Chacina da Lapa
em So Paulo/SP, em que foram vtimas,
importantes dirigentes do Comit Central
do Partido, foram violentamente assassinados
Pedro Pomar e ngelo Arroio, que havia
sido o Comandante Militar da Guerrilha.
Forjados
neste ambiente de luta e resistncia,
continuaram sua militncia, novos
tempos se apresentavam, a luta em defesa
da anistia era fato concreto, resultado
de uma paciente e firme construo,
organizada por diversos segmentos sociais
da populao, mas sustentada
politicamente tambm pela fora
e convico do Partido Comunista
em suas diversas frentes de luta.
Lgrimas e sorrisos
Desde a instaurao da ditadura
militar em 1964, o sorriso era escasso e
o semblante contrado, as lgrimas
que caram em abundncia com
a derrota da guerrilha e a chacina da lapa,
regaram o campo da luta poltica
que trazia de volta ao Brasil, homens e
mulheres covardemente expatriados, em forma
de exlio patrocinado pela ditadura.
O
retorno de inmeros patriotas, como
Joo Amazonas, Miguel Arraes, Leonel
Brizola e a legendria figura de
Luiz Carlos Prestes, com eles chegava tambm
a esperana da conquista da liberdade
e da democracia. Como em outros milhares
de brasileiros, o sorriso estava tambm
estampado nos rostos de Glnio e Alrio,
enfim, a esperana comeava
a vencer o medo.
Homens do sculo ado,
de idias contemporneas
Final dos anos 70 e incio dos anos
80, as suas vidas e militncias se
concentraram em terras potiguares, dedicando-se
integralmente a reestruturao
poltica e organizativa do Partido
Comunista do Brasil, no Rio Grande do Norte.
Com
suas contribuies em momentos
diversos, foram participes do acmulo
de foras que ps fim a ditadura,
foram firmes no movimento das Diretas-J,
e contriburam na mobilizao
da vitria de Tancredo e Sarney no
colgio eleitoral. Estava definitivamente
derrotada a ditadura militar.
Instaurava-se
um novo momento, o da legalidade do Partido,
que havia tido o registro cancelado e os
mandatos parlamentares cassados h
quase 40 anos, de 1947 a 1985. Agora o desafio
era de outra natureza, estruturar o PCdoB
e dot-lo de condies
polticas para as novas batalhas,
inclusive as eleitorais, terreno novo e
ao mesmo tempo desconhecido para a militncia
comunista.
Uma dcada vitoriosa
A dcada de 80 foi muito importante,
marca o fim da ditadura em 1985 e o incio
do processo democrtico, em quase
4 anos tivemos trs disputas eleitorais,
1986, 1988 e 1989, sendo esta ltima
a primeira eleio direta
para presidente da repblica.
Glnio
e Alrio conduziram o Partido nesta
nova realidade, sendo os principais dirigentes
polticos em nosso Estado. Glnio
foi candidato a Dep. Estadual em 1986 e
Alrio candidatou-se a vereador em
Natal nas eleies de 1988.
Nestas disputas eleitorais o Partido foi
acumulando experincias e aumentando
a sua influncia.
Novas disputas
O primeiro semestre de 1990, foi marcadamente
de muita efervescncia na conjuntura
poltica nacional, estvamos
nos primeiros meses do governo do presidente
Collor de Mello, muitas movimentaes
tendo em vista a disputa eleitoral que se
avizinhava para Governo, Senado, Cmara
e Assemblia Legislativa.
A
marca da nova aliana eleitoral era
politicamante de esquerda, composta pelo
PCdoB e PT, tendo como candidato a governador
Salomo Gurgel/PT e ao senado Glnio
S/PCdoB. Nesta eleio
Alrio Guerra concorria a uma vaga
na Assemblia Legislativa.
Na
noite de 25 de julho, em pleno perodo
da festa de Santana em Caic, realizou-se
um ato poltico na Cmara de
vereadores com a presena da chapa
majoritria, de militantes, candidatos
e apoiadores da coligao
da Frente Popular.
Aps
o ato ocorreu um jantar de confraternizao
dos candidatos com os participantes do evento
no bairro Barra Nova. Coube a mim levar
Glnio at o terminal rodovirio,
pois teria que viajar logo em seguida, conversamos
sobre alguns assuntos da campanha, tambm
recebi algumas orientaes
partidrias para o processo eleitoral
em curso. No dia seguinte estava previsto
uma atividade de campanha em Currais Novos/RN,
e logo seguiriam para Natal.
Ms de festa, dias de tristeza
J no final da tarde de 26 de julho,
duvidei em acreditar na notcia que
acabara de receber, dizendo que um acidente
automobilstico havia vitimado alguns
membros da coligao que estavam
em campanha no municpio serrano
de Jaan, na regio
do Trari.
A
confirmao dava conta da
morte de Alro Guerra e Glnio
S, naquele momento era como que
o mundo estivesse se afundando, era assim
inexplicvel, no tinha como
acreditar, mas era a pura realidade. Uma
dor incontida, nunca em poca alguma
havia sentido tamanha e pesarosa sensao.
Ali estava at ento, as minhas
maiores referncias partidrias
e de convivncia muito aproximada.
20 anos de afirmao
e crescimento
Ao completar 20 anos da morte de Alrio
e Glnio, no foroso
reconhecer que apesar da grande perda dos
dois principais dirigentes do Partido no
RN, conseguimos, mesmo com dificuldades
estruturar do ponto de vista poltico
e organizativo o PCdoB em todas as regies
do estado e em mais de dois teros
dos municpios potiguares.
De
modo que o legado de Alrio e Glnio
permanecem vivos e se desenvolvem nos dias
atuais, com outros mtodos e novas
formas, aplicando o contedo poltico
dos tempos atuais, sem no entanto, se afastar
dos princpios e dos compromissos
histricos e ideolgicos de
outrora.
Homens
de pensamento e ao modernizante
No tenho dvidas de que nos
dias atuais estavam comprometidos e abraados
com o iderio da construo
de Um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento
para o Brasil. Mobilizados em torno do nosso
projeto poltico e eleitoral, buscando
afirmar ainda mais a identidade e fisionomia
do Partido Comunista do Brasil, em mbito
nacional, e em particular em nosso estado.
Creio
que estariam firmes, pacientes e com a experincia
construda no cotidiano das lutas,
sabendo enfrentar os desafios e a nova realidade
que a luta institucional e as disputas eleitorais
trouxeram para a vida partidria.
Um
sonho que vai se realizando
A realidade de hoje, fruto de um
longo perodo de construo,
de enfrentamento de concepes
e prticas que se manifestam no seio
do Partido, principalmente neste momento
de ampliao e alargamento
de suas fileiras e de sua crescente influncia
na sociedade.
Somente
um Partido ousado, corajoso em suas decises
polticas capaz de se tornar
vencedor, sem abdicar de seus compromissos
histricos. Apoiamos a eleio
da candidata de Lula, a ex-ministra Dilma
Roussef/PT, que em sua plataforma expressa
profundos compromissos com o Brasil e o
povo brasileiro.
No
Rio Grande do Norte, a nossa opo
foi pela composio com o
PDT, tendo Carlos Eduardo Alves, ex-prefeito
de Natal como candidato a governador e Svio
Racrat disputando uma vaga ao senado pela
legenda Comunista 65.
Maturidade e crescimento
O Partido de Alrio e Glnio,
em disputas eleitorais pela primeira vez
apresenta uma nominata robusta, so
09 candidatos a deputado estadual, 04 a
deputado federal, 01 ao senado e 01 suplente.
So ao todo 15 camaradas disputando
a eleio pelo Partido com
a legenda 65. um fato inovador
para os comunistas do Rio Grande do Norte.
Portanto,
o sonho e as aes realizadas
por Glnio e Alrio precisam
ser continuadas, considero que a melhor
forma de relembr-los e homenage-los
tornar os seus ideais ainda e cada
vez mais vivos nos dias de hoje, tornando
o PCdoB, mais forte, mais unido, coeso em
torno dos seus objetivos imediatos e futuros
e fundamentalmente identificados com os
trabalhadores, o povo brasileiro e com os
ideais de uma ptria livre, prspera,
soberana e Socialista.
Um
forte e caloroso abrao aos familiares
dos estimados camaradas e todos que honram
sua trajetria cotidianamente.
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