RESPOSTA
AO PRESIDENTE DA ABO DO PROFESSOR RUBENS PINTO LYRA
TENTATIVAS
CANHESTRAS DE DESQUALIFICAO
Rubens Pinto Lyra ()
A resposta do Sr. Edson Vismona, Presidente da Associao
Brasileira de Ouvidores (ABO), Nota de Solidariedade
da Comisso de Direitos Humanos da UFPB minha pessoa,
referente ao veto por ele imposto ao lanamento do meu
livro Autnomas
x obedientes: a ouvidoria pblica em debate (Ed. Universitria
UFPB, 2004) rebaixa o nvel do debate, que estava circunscrito
esfera poltico-institucional, lanando-o na vala comum
do terreno das ofensas e da desqualificao pessoal e
poltica, minha e dos integrantes da Comisso de Direitos
Humanos da UFPB e do Conselho Consultivo da Ouvidoria
da Assemblia Legislativa da Paraba.
Ao tentar desqualificar seus interlocutores, Vismona
parece querer fazer uma autodefesa prvia, quando, na
sua nota, prenhe de acusaes sem fundamento, acusa a
Comisso de ofender a dignidade e de faltar com o respeito,
quando apenas ele prprio agiu desta forma. Assim procede
ao acusar-me de dissimulao, oportunismo, esperteza,
instrumentalizao de rgos pblicos para proveito pessoal,
ao poltica motivada por frustraes pessoais, etc.
E, tambm, ao pretender que os rgos pblicos paraibanos,
acima mencionados, tivessem procedido como marionetes,
por mim facilmente manipulveis.
O Sr. Vismona parece desconhecer noes elementares de
democracia. Seno, como poderia reduzir
mera instrumentalizao posicionamentos de rgos
colegiados representativos, compostos de pessoas de elevada
representatividade social, competncia tcnica e extenso
currculo de lutas e realizaes no campo da cidadania?
Ao repudiar o autoritarismo vismoniano, a Comisso de
Direitos Humanos agiu, obviamente,
de forma soberana, com
plena conscincia de causa, justamente por partilhar
as minhas anlises e prticas, que so apenas a expresso
individual de um agir coletivo. Prxis norteada por valores comuns democracia e direitos humanos
concretizada na participao
autnoma de entidades da sociedade-pblicas ou privadas
(como a Comisso de Direitos Humanos faz no Conselho Estadual
de Direitos Humanos, atravs da minha pessoa) e na completa
independncia perante o governo, os gestores e os partidos,
sejam eles quais forem. Justamente
o contrrio de Vismona, que sente-se plenamente satisfeito
com a subordinao das ouvidorias aos gestores e ao governo e dirige a ABO, sem nunca ter sido ouvidor, ao mesmo tempo
que exerceu, durante anos a fio, cargos, sucessivamente,
de Secretrio-Adjunto, Secretrio de Justia e Secretrio
Nacional da Reforma Agrria nos governos tucanos de So
Paulo e do pas.
Com a sua ativa militncia partidria e exerccio de
cargos no poder de Estado, quem poder ser suspeito de
transformar a ABO em mais um brao de uma tendncia
em instituies que deveriam representar as mais
diversas cores polticas? Ele ou eu, que no ocupo cargos
no Estado e nem tenho filiao nem nenhuma militncia
partidria?
Da mesma forma, preciso muita cara-de-pau para atribuir
a frustraes pessoais minhas, Nota, de exclusiva responsabilidade
do Conselho Consultivo da Assemblia Legislativa da Paraba,
constitudo por representantes do Ministrio Pblico,
OAB, Associao Paraibana de Imprensa, Universidade Federal
da Paraba, entre outros. A Nota em questo, muito justamente,
expressa a irresignao daquele Conselho pelo fato de
ter sido preterido o nome indicado pela unanimidade
de seus integrantes. (Este episdio inslito foi descrito
nas p.148 e 149 do meu livro: Autnomas
x obedientes a ouvidoria pblica em debate, (Ed.
Universitria da UFPB, 172).
Finalmente, o meu contendor
me acusa de vetar a sua participao nas reunies do Frum
Nacional dos Ouvidores Universitrios. Diga-se, en
ant, que a construo desse Frum e do outro existente
o de ouvidores de polcia - nunca deveu absolutamente
nada ao de Vismona.
Fundei e presidi o referido Frum, de junho de 1999 a
junho de 2001. Nesses trs anos subseqentes, nele no exerci
qualquer funo. Portanto, a metfora sobre o vu
que turvava as relaes entre a ABO e o Frum, vu que
teria sido tecido por mim e s agora rasgado, no a de mais um
despautrio de Vismona. Apesar de os dirigentes que me
sucederam - Ftima Vilanova e Zeneide Ferreira nunca
terem convidado Vismona para abrilhantar as atividades
do Frum nem por isto foram por ele como sou agora
estigmatizadas. Nas reunies anuais, por ocasio das deliberaes
coletivas, jamais o Sr Vismona fez qualquer solicitao
para comparecer ao Frum. A mim tambm, pessoalmente,
nunca fez tal solicitao. Assim, tal questo no foi
objeto de debate ou votao(1).
Se vier a faz-la, no me oporei sua presena, embora
no tenhamos nenhuma obrigao de aceit-lo pois no faz
parte do rgo. Alis, quando Presidente do Frum das
Ouvidorias Universitrias, nunca fui por ele convidado
para as atividades da ABO. Por que me sentiria obrigado
a convid-lo para as do Frum? Veto, portanto, s na cabea
dele.
Deixo as questes referentes ao autoritarismo explcito
do Sr. Vismona para um segundo artigo, a ser publicado
separadamente deste aqui.
NOTA
(1) Alis, no devemos nos deixar enredar na confuso entretida por Vismona.
O que tinha, e tenho, no Frum dos Ouvidores Universitrios,
o direito de opinar e de votar e no o de vetar. Diferentemente
de Vismona que, salvo nas raras ocasies em que os colegiados
deliberativos da ABO esto reunidos, decide discricionariamente
o que pode e o que no pode nessa entidade.