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Tecido Social Correio Eletrnico da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN N. 012 – 18/11/03 6w3i

TESTEMUNHO

O horror atrs das grades

Espancamentos gratuitos com pretextos banais, presos obrigados a sarem nus para o ptio enquanto os agentes penitencirios destroem os pertences deles nas celas, sesses de torturas incentivadas pelo diretor do presdio, depoimentos forados sem mandato judicial, deficientes fsicos e mentais judiados por puro sadismo, leses permanetes e mortes por causa de maus tratos, renncia aos direitos mais elementares por medo de ser torturado... So alguns aspectos da abominvel realidade dos presos no Presdio Provisrio Raimundo Nonato e na Penitenciria Joo Chaves de Natal (RN), contada em um relatrio da Pastoral Carcerria sobre os presdios do Rio Grande do Norte difundido este ms, do qual reproduzimos a parte relativa s duas casas de deteno mencionadas.

No dia 11 de Julho de 2003 em visita ao Presdio Provisrio Raimundo Nonato, constatou-se que l como em outras prises a violncia prtica comum. Por ocasio das revistas de rotina que so em nmero acima de trs por semana, os presos nos relataram que so desnudados e obrigados a sarem para o ptio ou o refeitrio: "Enquanto isso destroem nossos objetos pessoais, jogam colches, travesseiros e lenois na gua e at no sanitrio". E se levam pelo menos a cueca na mo motivo para serem espancados tanto pelos agentes quanto pela polcia e ir para o castigo. Dificilmente no h espancamentos por ocasio das revistas, sendo qualquer motivo um pretexto para este fim.

Testemunhamos marcas de violncia no corpo do apenado Antnio Fernandes de Medeiros, praticado por agentes penitencirios utilizando mangueiras como instrumentos de tortura, porque a vtima teria conduzido a cueca na mo na ocasio da revista.

Outro apenado, Francisco Canind, surdo-mudo, foi espancado pelo agente Irmo Dias porque ao abrir o porto que estava semi-aberto, bateu de leve no referido servidor sem inteno de faz-lo e citaram nomes de alguns outros agentes que costumam usar a violncia como Berg, Lima, Geibe, entre outros. Alguns agentes portam armas dentro da unidade.

Os castigos acontecem por qualquer razo e so colocados em celas Chapa Batida com aproximadamente 2m X 3m, completamente escuras e sem ventilao nenhuma, ficando ali por vrios dias sem colcho, lenole completamente nus.

Outro fato muito grave aconteceu recentemente no Presdio Provisrio. Na noite do dia 2 de novembro 2003, policiais e agentes penitencirios submeteram diversos presos a torturas e agresses. Dentre eles podemos citar Francisco Diogo da Silva (sofreu "coronhada" acarretando 7 pontos na testa); Arlindo da Costa Pereira (sofreu agresses no rosto, com hematoma visvel no olho); Jos Pereira de Arajo (mesmo cirugiado sofreu pancadas em todo o corpo, inclusive no local da operao); Romildo Paes da Costa; Wendell Nunes da Silva; Francisco Rodrigo dos Anjos; Antnio Csar Ramos; Jos Adriano; Francisco de Oliveira; Jos Carlos da Silva; Rafael de Lima; Walter Gaspar da Silva.

Um caso mais grave ocorreu com os detentos Rafael e Cabral (cela 04 e 15, respetivamente) que saram para prestar depoimento em delegacia e voltaram espancados, lembrando que os mesmos foram "depor" sem mandato judicial, ao contrrio do que dispoe a lei.

Muitos dos presos, mesmo temerosos em sofrer represlias, falaram sobre o tratamento desumano que lhes dirigido por parte do diretor do presdio, o senhor Dr. Paulo Jales, e seus agentes e policiais militares. Relataram a existncia de um chamado corredor polons, onde os presos foram postos cercados por todos os lados de policiais e agentes, sofreram todos os tipos de agresses e humilhaes, agresses estas que contatamos na visita que realizamos em data 3 de novembro de 2003.

Revelaram os nomes dos principais agentes violadores dos Direitos Humanos: FLVIO, ALBERI, NESTON, LIMA, CAIC, GEOVANI, inclusive este, conforme denncia de um dos presos, h trs meses entrou na ala B e atirou contra a parede do corredor desta ala como forma de ameaa aos que esto ali. De acordo com os depoimentos que obtivemos, estes agentes foram os mais mencionados.

Foi tambm relatado que o diretor presenciou todas as aes supra mencionadas e nada fez para interferir, ao contrrio teria incitado seus agentes dizendo "preso comigo para levar porrada. Aqui a lei da selva".

Ao todo foram cerca de 20 os presos contra os quais foram cometidos atos de violncia. Os casos mais graves foram ouvidos pelo Ministrio Pblico e a Ouvidoria da Defesa Social, encaminhados para realizar exames de corpo de delito.

Gostariamos de ressaltar que o senhor Paulo Jales, atual diretor desta unidade, foi transferido da Penitenciria Joo Chaves acusado de prticas tentatrias contra os direitos humanos dos presos e que participou do Curso de Especializao em Gesto Penitenciria no Estado do Paran financiado pelo Ministrio da Justia em 2002, o que nos parece algo muito grave e merece ser examinado pelas autoridades responsveis.

Tambm na data de 11/07/2003, visitando a Penitenciria Joo Chaves, constatamos que a tortura fsica, moral e psicolgica muito comum. "No somos ainda mais maltratados porque evitamos reclamar qualquer direito ou reagir s provocaes dos agentes e guarda".

Espancamentos e castigos so aplicados por motivos banais tendo, inclusive, acontecido mortes em decorrncia da tortura. Outros ficam definitivamente lesionados, com graves consequncias para a sade fsica e mental. Parte desta violncia praticada por ocasio das prises e na fase do inqurito policial pelas polcias militar e civil.

O preso Andr Carlos, com transtorno mental, j foi espancado vrias vezes, sofreu um choque na casa de fora que produziu uma grande cicatriz em seu estmago, estando na priso h mais de quatro anos.

Fonte: Pastoral Carcerria. Coordenao Estadual do RN - CNBB

Veja tambm:
- TORTURA: A BANALIDADE DO MAL
- I Seminrio Estadual contra a Tortura no RN

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