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IV
Encontro Nacional de Direitos Humanos
DOCUMENTO
FINAL
As entidades que
no Brasil lutam pela defesa dos pobres, oprimidos, explorados e
marginalizados estiveram reunidas em Olinda, de 22 a 26 de
janeiro do corrente ano, no IV ENCONTRO NACIONAL DE DIREITOS
HUMANOS.
Este Encontro
teve a finalidade de avaliar a situao real dos Direitos
Humanos no pais hoje, compartilhar experincias e posicionar-se
quanto a questes fundamentais do momento atual.
Participaram no
IV Encontro 182 delegados, representando 97 comisses, centros
e outros organismos de Direitos Humanos, alm de 67 comunidades.
Noventa e sete
(97) entidades aqui representadas que atuam na defesa do homem
do campo e da cidade deram um relato impressionante e assustador
sobre o aumento do ndice de violncia contra o trabalhador. No
campo ela decorre dos constantes conflitos pela posse da terra
que geram um rosrio de assassinatos, destruio de roas,
expulso de famlias, perseguio a lderes sindicais com
a impunidade protegida dos autores e mandantes. Na cidade a
situao no diferente e decorre principalmente do desemprego,
do subemprego e da marginalizao de milhes de pessoas,
gerando a falta de moradia, a deteriorao das condies de
vida, sade, higiene, a falncia dos servios pblicos e o
aumento da violncia policial contra a populao marginalizada.
O quadro aqui
descrito demonstra claramente que a violncia est
institucionalizada em nosso pas, multiplicando e generalizando
as situaes de violao dos direitos humanos cujas
responsabilidades recaem sobre os governos e o sistema. Nessa
situao a vontade popular no respeitada. Anseios
fundamentais como a convocao imediata de uma Assemblia
Nacional Constituinte livre e soberana adulterada para uma Assemblia
Congressual, limitada em seus poderes e competncias.
Identicamente, a Reforma Agrria sob o controle dos trabalhadores,
necessidade histrica do homem do campo, foi reduzida a mero
arremedo de reforma.
As condies so
adversas mas importa lutar, aproveitando os espaos
conquistados e os ampliando, pois urge que a vontade popular
seja respeitada pelos governantes. Somente assim, sero
asseguradas mudanas que vo alterar o quadro existente. Os
direitos do povo no podem mais ser adiados.
Essa questo que
desafia, hoje, todas as entidades que lutam pela prevalncia dos
direitos humanos: estimular a participao do povo nas
organizaes populares e sindicais para conquistar e fazer valer
os seus direitos, lutando intransigentemente pela conquista de
uma sociedade livre, justa, igualitria, enfim uma sociedade sem
classes.
Conscientes de
que os avanos e as vitrias conquistados at agora tm sido
fruto da organizao, coragem e combatividade do povo, e
sentindo a necessidade de unidade nessa luta, as entidades
reunidas no IV ENCONTRO NACIONAL decidiram pela criao do
Movimento Nacional de Defesa dos Direitos Humanos MNDDH.
O Movimento
Nacional ser pluralista, no governamental, suprapartidrio,
autnomo e se estruturar com o objetivo de elevar o nvel de
conscientizao do povo com relao a seus direitos, abrindo
espao para o avano das lutas populares na caminhada pela
libertao.
O MNDDH ser
articulado e representado por uma Comisso Nacional, composta
por um membro efetivo e seu respectivo suplente de cada regional
que forma o Movimento com sede inicialmente em Goinia.
O IV ENCONTRO
NACIONAL face s discusses encaminhadas nos grupos de trabalho,
estabeleceu propostas de lutas nas questes relativas terra,
ao trabalho e violncia, a destacar resumidamente:
TERRA
-
Reforma Agrria sob o controle dos trabalhadores.
-
Recuperao do sentido pleno da funo social da
propriedade e da posse.
-
Reforma fundiria urbana.
-
Ampliao do direito ao o terra individual e
coletivamente, especialmente a improdutiva e a grilada.
-
Limitao das grandes propriedades de estrangeiros e
dos grandes projetos.
-
Erradicao da especulao agrria.
-
Criao da justia agrria.
-
Utilizao das terras devolutas para interesse social.
-
Demarcao imediata das terras indgenas.
TRABALHO
-
Mudana das leis trabalhistas e criao do Cdigo de
Trabalho.
-
Modificao da estrutura sindical, garantindo sua
liberdade e autonomia.
-
Estabelecimento do salrio desemprego.
-
Garantia de estabilidade no emprego.
-
Direito ir da greve.
-
Garantia e ampliao do direito de assistncia
maternidade e garantia de ampliao da proteo do trabalho
do menor.
-
Reduo da jornada de trabalho.
-
Mudana no sistema previdencirio separando a rea de
Sade da Previdncia Social.
VIOLENCIA
-
Desenvolver campanhas contra a pena de morte e tortura,
pelo respeito aos direitos dos presos e pela punio dos
torturadores e mandantes.
-
Desmilitizao das policiais estaduais.
-
Extino dos Tribunais Militares para julgamento de
crimes comuns.
-
Abolio das medidas de emergncia.
-
Extino do Instituto do Estado de Stio e equivalentes.
-
Direito de voto e sindicalizao de cabos e soldados.
-
Extino do Conselho de Segurana Nacional.
-
Fim das leis de exceo.
-
Mudana na legislao relativa ao menor, garantia
efetiva dos seus direitos e erradicao da violncia contra
eles.
-
Revogao da lei Afonso Arinos e equiparao do
direito de nacionalidade aos africanos.
-
Luta pela eliminao das discriminaes raciais,
sexuais, religiosas e tnicas.
Para o MNDDH, a
materializao destas propostas significa um o decisivo na
caminhada dos direitos fundamentais do homem e representa a
reiterao do compromisso fundamental de SERVIR A VIDA.
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