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“Lady Tempestade”, Andrea Beltro, no Teatro Poeira

ado, presente e futuro se embaralham em “Lady Tempestade”, espetculo cuja dramaturgia parte dos dirios da advogada pernambucana Mrcia Albuquerque (1934-2003), sobre sua atuao em defesa de centenas de presos/as polticos/as do Nordeste, principalmente entre 1973 e 74, um dos perodos mais pesados da ditadura brasileira.


Na trama escrita por Silvia Gomez e dirigida por Yara de Novaes, Andrea Beltro interpreta A., mulher que recebe os dirios de Mrcia e fica impactada com o testemunho pela busca de justia — ou, ao menos, o paradeiro de desaparecidos, a partir das splicas de mes desesperadas — e com a narrativa repleta de violncia e coragem.

Numa espcie de “dirio dentro do dirio”, A. encara o dilema de se envolver com aquela histria, mas acaba mergulhando nela. Aos poucos, vai revelando uma personagem feminina importante, que comea a ser reconhecida a partir da publicao de suas memrias em livro, em 2023.

“Mrcia dizia que era uma contadora de histrias de pessoas que reconstruram a liberdade. Eu sou uma contadora de histrias. Eu acredito que contar histrias uma maneira amorosa de pensarmos juntos no nosso ado, nosso presente e nosso futuro. Contar histrias amorosamente, para nunca esquecer. Para tentarmos responder s perguntas que nos fazemos aqui e agora”, explica Andrea.


A opo de levar essa histria aos palcos veio, por coincidncia, aps seu monlogo “Antgona”, montagem sobre o clssico de Sfocles em que a protagonista enfrenta a ordem do rei Creonte para deixar seu irmo, que lutou na guerra, insepulto. Andrea levou o prmio APCA de melhor atriz pela pea, que se desdobrou tambm em livro e no filme “Antgona 442 a.C”. Agora, retoma o tema da luta por justia, e pelo sepultamento digno de entes queridos, em “Lady Tempestade”.


Ao fazer paralelos com o tempo presente — com direito a um desabafo verdico, em udio, de uma me que teve o filho assassinado pela polcia em 2022 —, A. envolve a plateia numa questo angustiante, mas provocadora: se no d para “desver”, o que podemos fazer com isso?
Com a dvida se transformando em parte do enredo, foi natural para Silvia Gomez adotar uma ideia dada por Yara: narrar a histria como se fosse o dirio de A. lendo o dirio de Mrcia.

“A personagem da Andrea diz: queria fingir que no tinha recebido aquilo, mas no era mais possvel. Eram coisas semi-desaparecidas e no so mais. Ento, para que futuro vamos aps ouvir as palavras de Mrcia?”, indaga a autora.


No toa, uma frase repetida algumas vezes no texto, aps a leitura de trechos dramticos do dirio de Mrcia: “Essas coisas acontecem, aconteceram, acontecero”. Silvia desenvolve: “Algum do presente, como ns, recebe uma convocao do ado. De repente, na escrita, o tempo verbal tornou-se arisco: s vezes no ado, s vezes no presente, s vezes no futuro. Como se a forma pedida pela obra nos lembrasse que o Brasil reincidente no esquecimento de sua histria, tantas vezes parecida com uma cena em looping de terror”.


Yara e Andrea buscavam um texto para trabalharem juntas, sem tema pr-definido. A diretora de “Lady Tempestade” tinha participado como atriz, h pouco tempo, do elenco de “Z”, filme de Rafael Conde sobre o militante mineiro Jos Carlos Novaes da Mata Machado, assassinado no DOI-CODI do Recife em 1973. Ali, soube da existncia de Mrcia, porque foi a advogada que conseguiu localizar o corpo da vtima, promover a exumao e a transferncia para Belo Horizonte.


Ao pesquisar sobre a histria de Mrcia, Yara chegou a Roberto Monte, que dirige o Centro de Direitos Humanos e Memria Popular, no Rio Grande do Norte. Foi a ele que Octvio, marido da advogada, confiou os arquivos aps a morte dela, em 2003. Alm dos dirios, h cartas e processos no acervo. Citado na pea como R., a pessoa que envia a encomenda para A., na vida real Monte de fato mandou os escritos da pernambucana para Yara e Andrea antes mesmo de public-los, em meados de 2023, no livro “Dirios de Mrcia Albuquerque: 1973-1974” (editora Potiguariana).


“Foi um susto”, conta Yara, ao lembrar da reao ao receber e ler o dirio. Em seguida, elas tiveram o tambm a uma entrevista em udio de Mrcia para Samarone Lima, autor da reportagem biogrfica “Z: Jos Carlos Novaes da Mata Machado”, que inspirou o filme de Rafael Conde.


Dirio e entrevista alimentam a narrativa que ganha o palco do Teatro Poeira no ano em que o golpe civil-militar completa seis dcadas. No faltam histrias impressionantes. Mrcia foi presa 12 vezes — em uma delas, estava sozinha em casa com seu beb, e mandou uma mensagem em uma garrafa, presa numa cordinha, para a vizinha de baixo, pedindo para ela cuidar da criana enquanto ela no fosse liberada pelos “gafanhotos” (uma das alcunhas que usava para chamar os militares).


A “virada da herona” acontece, nas palavras de Silvia Gomez, quando Mrcia v o militante Gregrio Bezerra ser torturado no meio da rua, em 1964. Recm-formada em Direito, ela chegou em casa e comunicou ao marido que iria defender aquele homem e quem mais precisasse.


Mesmo tendo defendido mais de 500 pessoas e ser considerada a maior advogada nordestina de presos polticos durante a ditadura militar, Mrcia ainda pouco lembrada. “Isso chama a ateno pois, de modo geral, tantos homens so reverenciados com nome e sobrenome por seus feitos heroicos”, observa Silvia. “O sistema trabalha muito bem para certos nomes serem apagados.”


A partir dessa ideia de uma atuao heroica, a seu modo, e de uma frase de Mrcia em que ela se compara me — “minha me bonana, eu no, sou tempestade” —, surgiu o apelido que deu nome ao espetculo. “As pessoas que entrevistamos disseram que ela tinha um olhar muito forte, olhar de relmpago”, conta Silvia, que escreveu o texto tambm inspirada por conversas com mulheres como a jornalista e prima de Mrcia, Eliane Aquino, a juza Andrea Pach e a escritora e ensasta Helena Vieira e por canes de artistas como Ceumar, Linn da Quebrada, Beyonc, Kae Tempest. “Usar o nome Lady Tempestade foi uma maneira de trazer Mrcia para o presente pois aqui que ela nos confronta com o futuro.”
Servio


Teatro Poeira (Rua So Joo Batista, 104 – Botafogo)
Horrio: Quinta a sbado, s 21h | Domingo, s 19h
Temporada: de 04 de janeiro a 04 de fevereiro


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