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Joo Bosco O Mestre-Sala dos Mares 2:23 3jl4g

Fui apresentado ao compositor Joo Bosco por um amigo comum, Pedro Loureno, na poca estudioso de literatura. Arte. etc. Pedro havia feito pesquisas sobre a vida de Joo Cndido e a Revolta da Chibata. Na mesma poca, o MAU (Movimento Artstico Universitrio) foi muito influenciado pelo cineasta Cludio Tolomei, j falecido. Tomolei tinha um projeto de fazer um curta com Joo Cndido. Formamos uma espcie de quarteto (Bosco, Cludio, Pedro e eu) estudando e conversando sobre a importncia gigantesca da Revolta da Chibata e da figura histrica de Joo Cndido para a cultura brasileira. Baseado no conhecimento que Pedro e Cludio tinham do assunto e no livro, um marco, de Edmar Morel, Bosco e eu resolvemos partir para uma estrutura de samba-enredo clssico, que pudesse inclusive ser confundido com os outros sambas-enredos do ano o que realmente aconteceu e nos emocionou muito. As pessoas ouviam O Mestre-Sala dos Mares e perguntavam: Esse samba de escola mesmo?.

Tivemos diversos problemas com a censura. Ouvimos ameaas veladas de que o CENIMAR no toleraria loas e um marinheiro que quebrou a hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos vrias vezes censurados, apesar das mudanas que fazamos, tentando no mutilar o que considervamos as idias principais da letra. Minha ltima ida ao Departamento de Censura, ento funcionando no Palcio do Catete, me marcou profundamente. Um sujeito, bancando o duro, ficou meio que dando esporro, mos na cintura, eu sentado numa cadeira e ele de p, com a coronha da arma no coldre h uns trs centmetros do meu nariz. A, um outro, bancando o bonzinho, disse mais ou menos o seguinte:

- Vocs no ento entendendo... Esto trocando as palavras como revolta, sangue, etc. e no a que a coisa t pegando...

Eu, claro, perguntei educadamente se ele poderia me esclarecer melhor. E, como se tivesse levado um telefone nos tmpanos, ouvi, estarrecido a resposta, em voz mais baixa, gutural, cheia de mistrio, como quem d uma dica perigosa:

- O problema essa histria de negro, negro, negro...

Eu havia sido atropelado, no pelas piadinhas tipo tiziu, pudim de asfalto etc, mas pelo panzer do racismo nazi-ideolgico oficial.

Decidimos dar uma espcie de saculejo surrealista na letra para confundir, metemos baleias, polacas, regatas e trocamos o ttulo para o potico e resplandecente O Mestre-Sala dos Mares, saindo da insistncia dos ttulos com Almirante Negro, Navegante Negro, etc. O artifcio funcionou bem e a msica fez um grande sucesso nas vozes de Elis Regina e Joo Bosco. Tem at hoje dezenas de regravaes e foi tema do enredo Um heri, uma cano, um enredo Noite do Navegante Negro, da Escola de Samba Unio da Ilha, em 1985.

Orgulho-me de, por causa deste samba, ter recebido a Medalha Pedro Ernesto, com Joo Bosco e o prprio Edmar Morel infelizmente tambm j falecido na presena dos filhos de Joo Cndido.

Aldir Blanc


Letra composta:

O Mestre-Sala dos Mares 1w6r1u

Joo Bosco e Aldir Blanc

H muito tempo nas guas da Guanabara
O drago do mar apareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a histria no esqueceu
Conhecido como almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas sas
Jovens polacas e por batalhes de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos negros
Entre cantos e chibatas
Inundando o corao
Do pessoal do poro
Que a exemplo do marinheiro gritava, ento:

Glria aos piratas, s mulatas, s sereias,
Glria farofa, cachaa, s baleias,
Glria a todas as lutas inglrias
Que atravs da nossa histria
No esqueceram jamais.........

Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

(Mas, salve...)

Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

Letra censurada:

O Mestre-Sala dos Mares

Joo Bosco e Aldir Blanc

H muito tempo nas guas da Guanabara
O drago do mar apareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a histria no esqueceu
Conhecido como navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas sas
Jovens polacas e por batalhes de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos
Entre cantos e chibatas
Inundando o corao
Do pessoal do poro
Que a exemplo do feiticeiro gritava, ento:

Glria aos piratas, s mulatas, s sereias,
Glria farofa, cachaa, s baleias,
Glria a todas as lutas inglrias
Que atravs da nossa histria
No esqueceram jamais.........

Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

(Mas, salve...)

Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

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