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Mrcia Albuquerque continua a falar antes de 64, o taco da Lei de Segurana Jornal do Commercio 23.01.1989 5h4h38



Aquela histria da missa?

Voc foi advogada de Roberto Franca?

E Pedro Eugnio?

E Pedro Eugnio?

Voc foi advogada dele?

Fale sobre Ana Rolemberg, Jlio Santana e Maria do Carmo Silva?

Gregrio e Jlio Santana?

Voc chegou a ser presa?

Joo Santana foi enquadrado na Lei de Segurana Nacional?

A advogada Mrcia Albuquerque tem conscincia de que dona de um arquivo importante. Muito importante. So pilhas de documentos, entre processos, cartas, bilhetes ntimos, fotografias. A histria viva, contada em cima dos autos processuais, de quase tudo o que ocorreu no Recife antes e depois de 64, envolvendo os organismos de segurana e dezenas, centenas de presos polticos. Esta semana, quando conversava com o reprter Ronildo Maia Leite, ela recebeu convite de uma editora de So Paulo. Seu primeiro depoimento, publicado segunda-feira ada, teve grande repercusso tambm no Sul do Pas. O editor pretende publicar um livro, em dois volumes. Ela topou a parada. E j tem at o ttulo: Em cima dos autos. Hoje, ela continua a falar sobre os acontecimentos em que esteve envolvida. Como advogada, ela chegou a ser sequestrada, para dizer onde andava Joo Bosco Teodsio, seu cliente. Fica emocionada at as lgrimas, quando fala de outros clientes. Sobretudo de Gregrio Bezerra. Grupos radicais de esquerda chegam a acus-la de informante do DOPS e do IV Exrcito. Gregrio soube disso e lhe mandou cartas de priso que so verdadeiras relquias da histria recente do Recife. Assim, continua o seu longo depoimento ao Jornal do Commercio.

Mrcia Moura foi preso em So Paulo por Fleury, denunciado por um rapaz, Jarbas Pereira, que no o Jarbas de Holanda. Foi torturadssimo, mas no comprometeu ningum. Manteve o equilbrio e a compostura. Junto com Trindade comeamos uma luta para transferi-lo para o Recife. Em So Paulo, jornalistas e intelectuais nos mantiveram informados sobre a integridade fsica e mental do rapaz. Finalmente Moura chegou, tranquilo e sem fricotes. Apelei anos da sentena e todos os recursos foram interpostos, para libert-lo. Depois de solto, concluiu o curso de Veterinria. Fez o curso de Direito. Perdi Moura de vista. Deve estar feliz por a.

No posso esquecer o professor Slvio Camerino Paes Barreto, testemunha de acusao de Moura e Walmir Costa. Na condio de advogada de Moura, formulei-lhe uma pergunta, sobre os fatos narrados na denncia. Ele se virou para mim, no sei se nervoso ou enfurecido, e comeou acusar o meu irmo, comecei a rir. O auditor interviu, Detenha-se ao que lhe for perguntado declarou. E eu pensava: como os jovens so ingnuos, meu irmo tinha grande irao e respeito pelo professor testemunha. Leve esta xerox do professor Slvio Camerino ao cel. Venancio Frota, cujo original se encontra nos autos. Publique-a se desejar.

Aquela histria da missa?

Mrcia Um caso interessante. Foi preso um rapaz chamado Carlcio. Era ligado Igreja. Fui avisada. Pensei: tenho que avisar a Dom Hlder. Com o meu telefone censurado, sendo seguida, ameaada de morte, no tinha no momento um contato. Fiquei matutando. Era minha vizinha, a esposa de Ivanildo Sampaio Xavier (preso poltico), Maria Eponina Coutinho. Mandei cham-la e disse amanh, voc vai missa, porque tenho um bilhete, para D. Hlder. No outro dia, cinco horas, ela estava aqui. Fiz um bilhete e disse: quando voc for comungar, entregue a D. Hlder. Ela zangou-se. Sou da antiga, s comungo me confessando. Respondi, se voc se confessar, esse rapaz pode desaparecer. Eponina foi missa e comungou, entregou o bilhete a D. Hlder. Providncias foram tomadas e Carlcio liberado.

Voc foi advogada de Roberto Franca?

Mrcia Eu tenho inmeros fatos interessantes. Por exemplo, Roberto Franca filho, hoje secretrio de Justia, foi preso com mais quatro colegas. Ele estava pichando nibus com Eridan Moreira Guimares, Lilia Maria Pinto Gondim, Ins e Carol. Distribuam tambm o panfleto Frente de Luta. Era 14 de julho de 1969, (Franca tinha 18 anos). Aparece um policial, Franca e as colegas correram e entraram no nibus. O policial entrou e gritou para o motorista no abrir a porta. O motorista desobedeceu. Os cinco desceram correndo, seguidos pelo policial. Entraram em uma casa, saram, entraram em outra, depois apanharam um txi, o policial tomou outro txi e continuou a perseguio. No cruzamento da Avenida Saturnino de Brito, no Pina, o txi parou, obedecendo ao sinal de trnsito. O policial os prendeu. As duas menores, Carol e Ins, se diziam de maior idade. Foi uma confuso. Quando chegaram no DOPS, as menores foram encaminhadas ao juizado.

Ao ser ouvido, Roberto Franca disse que no intervalo das aulas foi procurado por Ramirez, estudante universitrio, que o convidou para a agitao de rua. Disse tambm que compareceu ao encontro marcado por Ramirez, mas Llia e Eridan contaram uma histria sem envolvimento poltico sem citar nomes. Uma afirmou que iria visitar uma amiga e a outra que se aproximou do grupo porque avistou alguns colegas. Ficaram presos e foram condenados a um ano de deteno. O Supremo Tribunal Militar reformou a sentena para absolv-los. Eridan e Llia foram sequestradas; depois que estavam em liberdade e sofreram muitos constrangimentos. Antnio de Brito Alves defendeu Franca.

E Pedro Eugnio?

Mrcia Pedro Eugnio, o ex-secretario da Agricultura do Estado tambm foi processado na Auditoria Militar. outra histria.

H fatos engraados. Por exemplo: Franca recentemente no me reconheceu. Estive na Secretaria com um grupo de colegas. Ele no me olhava e eu no acreditava. Ele agora diferente, daquele menino de 18 que eu conheci.

Posteriormente, liguei algumas vezes para marcar uma audincia com Franca para falar-lhe sobre Barreto Campelo, pois quando visitei a Penitenciria, h uns noventa dias, vi que a situao era bem pior do que na poca dos presos polticos. Situao que no posso entender, porque esse careta foi preso, teve participao poltica na ditadura e permite um quadro daquele. No teve tempo de me receber. No quis me receber.

Voc falou sobre esse pessoal todo. E sobre Abelardo da Hora?

Mrcia Olhe, Abelardo da Hora um homem honrado, um artista, um gnio. pessoa extremamente sensvel. Sofreu na Penitenciria. Um homem muito equilibrado. Era to sria, a situao, que Abelardo foi preso e as pessoas se afastaram da casa dele. Eu conhecia Abelardo, mas no conhecia de perto Margarida, a esposa dele, uma mulher extraordinria. Fui informada por um colega que os filhos de Abelardo estariam numa situao difcil, porque ningum os procurava. Ento, fui at a casa dele. Pedi licena Margarida e trouxe para minha casa Sara, Ana e Iuri, eles ficaram comigo. Pela manh me levantava, pegava os trs e ia com eles para a escola, onde ensinava em Casa Forte. Mantive os meninos na minha casa at quando Abelardo saiu. Abelardo e a famlia sempre me dispensaram muito carinho.

Voc foi advogada dele?

Mrcia No. O advogado foi Nilzardo Carneiro Leo.

Fale sobre Ana Rolemberg, Jlio Santana e Maria do Carmo Silva?

Mrcia Ana Maria Rolemberg e o marido foram presos no interior do Estado. Ana foi conduzida para So Paulo. Quando voltou, ava muito mal, era portadora de anemia profunda e estava gestante. Os mdicos temiam em ir atend-la, medo poltico. Ela estava no DOPS. Procurei o meu mdico, Francisco Henrique Barbosa, um homem verdadeiramente cristo, que aceitou o convite. Depois de examin-la, opinou pela transferncia dela para uma casa de sade imediatamente. Ningum queria autorizar a tranferncia dela para o hospital. Plantei-me no gabinete de Moacir Sales, insisti e ele se mostrava cada vez mais intransigente. Fui ao IV Exrcito. De l, ligaram para o delegado, e me mandaram voltar para a Secretaria de Segurana. Quando cheguei, Ana Maria j estava em um carro minha espera. Internei-a no Hospital Portugus, onde tomou vrias transfuses de sangue com a polcia l, na porta do apartamento. Quando melhorou, foi tranferida para o DOPS. E logo depois, veio para minha casa, onde permaneceu at duas semanas antes do beb nascer. Na hora do embarque para Aracaju, onde residiam seus pais, nova confuso. Descobriram que havia uma preventiva decretada contra ela, teria que ser levada para o Bom Pastor. Finalmente embarcou. Moacir Salles foi responsabilizado pelo lapso. Discutiu, gritou. Eu, muito tensa, vi o avio sumir. Uma boa ao de Moacir Salles. Quando Ana veio para a audincia, com o filho nos braos, a confuso recomeou. Teria que ficar presa. Levantei-me e citei uma agem da Bblia falando sobre a fuga de Maria e Jos, atravs do deserto, perseguidos pelas hostes insensveis e intolerantes do todo poderoso Herodes. Como um milagre, as palmeiras, testemunhas da grandiosa evoluo da natureza, curvaram-se sobre aquele casal que conduzia o filho, Jesus.

Apelei aos juzes: como pais e portadores, cada um, da sua verdade particular, todos tm um ponto comum, na afetividade que caracteriza a nossa raa. Comecei a pedir a revogao da preventiva. De repente, fiquei trmula e comecei a chorar. Eu no queria chorar, estava envergonhada, mas tinha perdido pela primeira vez o meu controle emocional. Pedi licena e sa da sala. O Conselho revogou a preventiva. Corria o ano de 1977. Nem todo militar bicho papo. Ana Maria e o rebento perderam-se no tempo. No sei onde esto.

Maria do Carmo Silva, irm de Manuel Messias da Silva, na poca do golpe tinha 16 anos. Foi presa porque era irm de Messias. O cel. Ibiapina perguntou-lhe se conhecia Dona Lourdes, a vizinha de Maria que a denunciou. Respondeu: Conheo-a. O senhor a conhece? O coronel replicou: Claro. Ento diga a essa vigarista que devolva a minha sombrinha. Levantou meia dzia de gritos.

Uma madrugada, batem minha porta. Era Maria. Pediu-me para ficar at o dia amanhecer e me falou que era a segunda vez que era presa. Tornou-se uma grande amiga, morou em minha casa algum tempo. Apaixonou-se por Pedro Clemachur Macovsky. Ele foi expulso do Pas por razes polticas. Ela foi ao encontro de Pedro, casaram-se, moram no Peru.

Quando ela veio ao Brasil, visitou-me com os seus trs filhos.

Um fato extico, Joo Faustino Ferreira Neto foi denunciado pelo fato de ter noivado com uma moa comunista. Essa moa, na poca, era mdica e j estava com outro companheiro residindo em Paris. Elaborei um habeas-corpus, eu e outra pessoa que no me lembro se foi Paulo Cavalcanti ou foi Vivaldo Ramos Vasconcelos para liber-lo. Teve como relator o ministro Alcides Carneiro. Ele foi excludo do processo.

Outro fato extravagante: Joel Regueira Teodsio foi tambm meu cliente e de Paulo Cavalcanti. Na Faculdade comentou que os pais estavam presos. Dr. Naide e Dr. Bianor Teodsio ando situao vexatria. O fato terminou em processo, Joel como traidor da ptria. O processo foi trancado por falta de justa causa. A denncia foi considerada monstruosa. O relator, Pery Bevilaqua, disse em seu voto: Esse processo envergonha a nossa civilizao.

Gregrio e Jlio Santana?

Mrcia Outro fato engraado: quando eu fiz a defesa de Gregrio Bezerra, citei, no me lembro, se foi o professor Izaias. A, o promotor gritou de l: Voc, defendendo um comunista, no tem o direito de mencionar a Bblia, principalmente nos seus textos subversivos. O jornalista Antnio Calado citou esse episdio em artigo publicado no Jornal do Brasil. Era uma poca muito difcil. Eu ia visitar Gregrio no hospital e tinha que ter autorizao do auditor. O Dr. Moacir Sales tinha que botar um visto tambm. Quer dizer, ava por cima do auditor. Nessas minhas visitas a Gregrio, eu conheci um homem, no sei se ainda vivo eu estive fora daqui esse tempo todo o Csar Montezuma, um oficial do Exrcito. Um dia, eu cheguei e encontrei aquela confuso. Os investigadores na porta! Entra, no entra. A o Csar Montezuma veio e disse: Deixa essa advogada ar, respeitem a lei. Posteriormente, soube que por ocasio da operao de Gregrio, a polcia queria entrar e ele a expulsou da sala de cirurgia. Gregrio submeteu-se a duas cirurgias, uma delas na prstata.

Voc chegou a ser presa?

Mrcia Veja o que me aconteceu. Em 1969, fui sequestrada de madrugada. Tive o meu apartamento invadido. Ao entrar no quarto, para trocar de roupa, avisei, atravs de um bilhete dentro de uma garrafa, a uma vizinha, que quando sasse apanhasse meu filho e entregasse me de Ivo Valena, Dona Pepe, que morava no 2 andar. Os homens me levaram, o meu filho ficou sozinho, o apartamento aberto. Chegando no DOPS, queriam saber onde se encontrava Joo Bosco Teodsio, meu cliente. Nessa angstia ei dois dias.

Certa vez entro na Padaria Sion e quando olho para o caixa reconheo o careta que chefiou o sequestro. Olhou-me apatetado. Olhei-o com indiferena e elogiei o bolo que acabara de comprar. Quando fui presa, os colegas o chamavam de Chico Monteiro. Aguardei, fora da padaria. Quando saiu um empregado, perguntei-lhe o nome do senhor da caixa. Era Chico, Francisco Antnio de Almeida Monteiro, filho do Luiz Monteiro.

Joo Santana foi enquadrado na Lei de Segurana Nacional?

Mrcia Sim, Jlio Santana foi preso no governo de Arraes, em 11.10.63. Quando rebentou o movimento de 1964, todos os processos do campo incluam o nome de Jlio. Pedi a colaborao do colega Virglio Campos, que promoveu unificao de pena e uma reviso criminal, reduzindo a pena de 50 anos para 18 anos. A famlia de Jlio vivia em extrema pobreza. Seu filho mais velho, Artur, foi internado com crise nervosa permanente, pelas presses que sofria. O pessoal dizia: Olha, teu pai comunista, tu vai preso. Jlio terminou ficando hipertenso, depois foi acometido de um acidente vascular cerebral. Eu tentei o seu livramento condicional vrias vezes. Os pedidos eram engavetados. Havia um conflito de competncia, porque os primeiros processos correram na Justia Comum. A, a Justia Comum dizia no ser sua a competncia. No final, eu tentei o livramento condicional novamente, e a transferncia do Barreto Campelo para a Penitenciria Agrcola de Itamarac. O auditor no concordava. Eu explicava que o livramento condicional estava sofrendo percalos de natureza processual referente competncia, razo porque h anos o pedido vinha se arrastando. Juntei atestados mdicos, provando que Jlio era hemiplgico, padecendo de complicaes cardiovasculares. Falei sobre a orientao mdica. Disse que, por ele ser um homem afeito lavoura, deveria sair daquele cubculo. Jlio ou misrias. A polcia militar invadia as celas, retirava o fogo eltrico que servia para preparar mingau e sopa, a nica alimentao de Jlio. Tiravam as as, quebravam os rdios. Jlio mal se movimentava, era uma vida quase vegetativa. finalmente, foi concedido o livramento condicional. Na hora de ser liberado o diretor perguntou-lhe: Para onde voc vai?. No sabia. Sua mulher estava em Gaib, mande-me para a casa da Dr. Mrcia pediu. Ento, o diretor mandou traz-lo aqui, por dois agentes. Primeira providncia, coloquei um banco no banheiro e providenciei um banho. Vestiu roupa limpa, cortei-lhe as unhas. Chamei uma jovem mdica, minha comadre, para o examinar. No outro dia, no carro dessa amiga, levei-o para casa. Srgio Murilo providenciou uma roupa e lhe deu uma certa quantia. Dentro das minhas condies, colaborei. A esposa de Jlio, Ambrosina, sempre aparecia em busca de ajuda, lembro-me que Joel Cmara colaborou tambm. No dia 13.12.77, recebi um recado que Jlio queria me ver. Tinha uma coisa para me entregar. Precisava falar comigo. No dia 14, consegui um carro para ir visit-lo. Quando estava de sada, o filho de Jlio chegou. Trazia a notcia da morte do velho campons. A famlia dele continuava na misria.

Gregrio, a tua relao com ele, voc tem bilhetes...

Mrcia Tenho e vou dar alguns. Gregrio era um homem srio. Solidrio com os companheiros. Foi preso um rapaz chamado Fernando Lopes. Ele era cobrador de nibus e conduzia uma mala cheia de panfletos. O partido era muito organizado e mandava mensalmente 150 mil ris para Fernando. De repente, foi suspensa a remessa. Gregrio me chamou e disse: Minha filha, a partir de hoje entregue a minha mensalidade a esse Fernando. Ningum deve saber, nem ele. Enquanto Fernando esteve preso recebeu essa quantia.

O diretor do Presdio dividia os espaos do preso comum do preso poltico. Com o tempo, a cerca caiu. Os presos polticos atravessaram o limite. Gregrio nunca saiu do seu espao. No itia fofoca. Eu dizia: Gregrio, estou rezando, voc vai sair, meus amigos rezam por voc. Ele respondia: Voc acredita no que faz. Continue rezando. Nunca me fez convite para entrar no partido, nem me deu literatura comunista, no me fazia crticas. Quando comearam as fofocas contra mim, procurei-o furiosa. Disse-me: Voc no tem nenhuma obrigao de dar explicaes. Voc no do partido. Ocupe seu espao, defenda sua verdade. E no permita envolvimento em sua vida. Enquanto eu viver, no vou permitir essas coisas. Depois que saiu daqui, banido, me escreveu, dei a carta para Guri guardar, no sei se ainda est com ele. Quando houve o sequestro do Embaixador americano, ele no gostou. Me disse que no aceitava sair, porque era contra atos desse tipo, violncia, eu no quero, mesmo sendo contra o representante de um pas capitalista. Fui falar com Paulo Cavalcanti. Estava presente a mulher de Guri, Conceio, e uma pessoa que no me lembro, que me mandaram dizer-lhe que aceitasse a sada em troca do Embaixador. Quando voltei Deteno o Cel. Ferraz falou-me: Converse com Gregrio. Conversei com ele, ele precisava sair. Dei os recados, ponderei. Depois de 2 horas, ele resolveu sair. Tinha uns dlares que mandaram para ele. No aceitou, mandou que eu devolvesse o que fiz.

A ltima vez que o vi foi aqui em Recife; fui almoar com ele no Jardim So Paulo uma galinha cheia de gordura que ele adorava. Eu achava graa, ele comia gordura naquela idade e era lcido. Quando me despedi, j estava no porto, me chamou, voltei, me abraou. E notei a sua voz embargada e os olhos midos. Era o adeus.

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