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Criana
e Adolescente
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O
quadro da infncia e juventude no Brasil ainda perverso. Os
indicadores da fome, do trabalho infantil, da violncia domstica,
das chacinas, da mortalidade infantil, da explorao
infanto-juvenil demonstram que ainda no asseguramos s nossas
crianas e adolescentes a proteo integral prevista pela
legislao nacional e internacional. Os jovens sofrem com a
ausncia de polticas pblicas e sociais.
O
tempo da infncia, com direito ao lazer, ao ensino, alimentao,
ao vesturio, ao convvio familiar jamais recuperado. A carncia
desses direitos cria um vazio no desenvolvimento fsico, moral
e psicolgico desses jovens. Esta violncia responsvel
por fazer das crianas e adolescentes pobres do Brasil um dos
setores da populao mais vulnerveis ao dos grupos de
extermnio, da violncia policial e de grupos ligados a
explorao sexual infantil. tambm a que o crime
organizado, notadamente o narcotrfico, recruta seu contingente
operacional.
Nas
ltimas dcadas, tivemos um avano considervel na compreenso
de que a criana e o adolescente so seres especiais com
caractersticas e direitos prprios. Estes direitos esto
positivados em diversos instrumentos internacionais e na legislao
brasileira. Ressalta-se que a Conveno sobre o Direito da
Criana, aprovada pela ONU em 1989 e em vigncia no Brasil
desde 1990; as Regras Mnimas das Naes Unidas para a Proteo
dos Jovens Privados de Liberdade (ONU-90); a Conveno
Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de So Jos) e
outros instrumentos lanaram as bases de um novo ordenamento
jurdico no que se refere afirmao e proteo dos
direitos das crianas e adolescentes. Nesse sentido, a
Constituio Federal disps que a criana ser sempre
priorizada e elenca vrios direitos especficos, alm dos
direitos j inerentes pessoa. O Estatuto da Criana e
Adolescente (ECA), Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990,
seguindo a mesma orientao, estabelece mecanismos e
instrumentos destinados proteo e garantia desses
direitos.
No
municpio, h muitas possibilidades de um trabalho em favor
das crianas e adolescentes. A comear pela constituio dos
conselhos tutelares e dos direitos da criana e adolescentes,
previstos no ECA, e que, at o momento, poucos municpios
constituram. Realizao de programas, campanhas, articulaes
com a sociedade civil, enfim, vrias iniciativas que podero
representar um avano significativo para a melhora da situao
da infncia no Brasil.
Aes
1)
Constituir os Conselhos Municipais de Proteo s Crianas e
Adolescentes - Para isso preciso adotar todas as providncias
para a instalao do Conselho Tutelar conforme especifica o
Estatuto da Criana e Adolescente - ECA. O Conselho Tutelar tem
competncia para atender crianas e adolescentes que tiverem
seus direitos violados ou ameaados, aplicar medidas
especificas de proteo, requisitar servios pblico expedir
notificaes etc. Em cada municpio, haver, no mnimo, um
Conselho Tutelar composto de cinco membros e com mandato de trs
anos. Tambm fundamental instalar o Conselho de Direitos da
Criana e Adolescentes igualmente previsto pelo ECA. Em cada
municpio, deve existir um Conselho do tipo a quem caber
estabelecer diretrizes para toca a poltica da criana e
adolescente no mbito municipal.
2)
Garantir o o ao ensino a todas as crianas e adolescentes.
Para isso, os Conselhos de Defesa dos Direitos da Criana e
Adolescente devem desenvolver um programa prprio para o censo
das crianas adolescentes que esto fora da escola,
estabelecendo as aes necessrias para faz-las voltar aos
estudos e garantindo as vagas necessrias nas escolas pblicas.
4)
Promover campanha para o combate explorao sexual
infantil, esclarecendo comunidade de que tais condutas so
criminosas. Identificao dos locais onde h explorao ou
prostituio infantil; solicitao para que a polcia e o
Ministrio Pblico agilizem as providncias legais a fim de
punir os responsveis; desenvolver apoio e assistncia psicolgica
e jurdica s crianas e adolescentes vitimas de abuso sexual
e maus-tratos. Quanto ao abuso sexual, decisivo formar
professores da rede municipal para que sejam capazes de
identificar em sala de aula casos de crianas abusadas,
garantindo que as vtimas recebam o encaminhamento adequado e o
tratamento especializado.
5)
Erradicar o trabalho infantil no municpio. Para isso,
buscar o apoio das representaes do Ministrio do Trabalho,
Ministrio Pblico rgos policiais, a fim de identificar os
responsveis pela explorao do trabalho infantil e adotar as
providncias legais para coibir trabalho aos jovens e garantir
a eles o direito ao ensino formal.
6)
Realizar campanhas de sade para a preveno da gravidez
precoce de adolescentes e para a preveno de Aids e doenas
sexualmente transmissveis. Para isso, criar programas especficos
nos postos centros de sade; assegurar tratamento especial s
jovens gestantes; estimular a distribuio de preservativos
entre os jovens bem como promover, desde muito cedo, a educao
sexual nas escolas.
7)
Realizar inspees peridicas nas creches e escolas infantis,
pblicas e privadas, zelando pela segurana das crianas
nessas instituies; desenvolver um projeto pedaggico capaz
de maximizar as potencialidades cognitivas das crianas em
idade pr-escolar.
8)
Criar programas de Renda Mnima e de Bolsa-escola a fim de
enfrentar os constrangimentos derivados da misria que retiram
crianas da escola inserindo-as precocemente no mercado de
trabalho marginalizando-as. A experincia com programas do tipo
tem demonstrado potencialidades inditas quanto melhora do
aproveitamento escolar. Alm disso, os programas em curso tm
se revelado extraordinariamente teis como polticas de amparo
s famlias mais carentes e fragilizadas.
9)
Desenvolver programas para a recuperao de jovens infratores.
Para isso, participar na formulao das medidas
socioeducativas e de seu processo de execuo; estimular e
organizar uma rede de entidades e associaes dispostas a
receber adolescentes infratores condenados prestao de
servio comunidade e a medidas de liberdade assistida.
10)
Desenvolver programas de lazer e esporte aos jovens de todas as
idades principalmente nas reas mais carentes da cidade e de
maior ndice de violncia. preciso oferecer s crianas
mais pobres espaos valorizados para a diverso onde seja possvel,
tambm, fazer funcionar programas sociais pelos quais se aborde
os problemas mais comuns enfrentados por suas famlias.
Programas de esporte durante a noite e a madrugada, a abertura
dos estdios e quadras esportivas nesses perodos, tem se
mostrado funcionais reduo da violncia. Particular
importncia deve ser concedida oferta de oficinas culturais
que trabalhem com alternativas de expresso valorizadas pelos
jovens. No caso da periferia das grandes cidades, o trabalho com
o rap e a tradio hip
hop , por exemplo, tem oferecido resultados muito positivos.
11)
Desenvolver programas de incentivo ao primeiro emprego
junto s empresas que contratarem jovens a partir de 16 anos
com a oferta, por exemplo, de vantagens de natureza fiscal.
12)
Montar centros de referncia para o tratamento drogadio
de adolescentes e desenvolver programas de reduo de danos
entre usurios de drogas injetveis.
13)
Oficializar no municpio a Lngua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) e garantir s crianas surdas, escola especial e
alfabetizao bilngue.
14)
Desenvolver projetos especficos para o acompanhamento,
tratamento e transporte gratuito de crianas e adolescentes
portadores de deficincia fsica e/ou mental, garantindo-lhes
oportunidades prprias de educao e lazer.
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