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DECLARAO
MUNDIAL SOBRE A SOBREVIVNCIA,
A PROTEO E O DESENVOLVIMENTO
DA CRIANA NOS ANOS 90
INTRODUO
A Criana Une o Mundo
Prioridade para o bem-estar de todas as
crianas: este foi o compromisso assumido por 71 presidentes e chefes
de Estado, alm de representantes de 80 pases durante o Encontro
Mundial de Cpula pela Criana, realizado dias 28 e 29 de setembro de
1990, na sede das Naes Unidas, em Nova lorque. Com a da
"Declarao MundiaI sobre a Sobrevivncia, a Proteo e o
Desenvolvimento da Criana " e a adoo do "Plano de Ao
" para a dcada de 90, os lderes mundiais se comprometeram a
melhorar a sade de crianas e mes, combater a desnutrio e o
analfabetismo e erradicar as doenas que vm matando milhes de
crianas a cada ano.
Os dirigentes signatrios do plano
assumiram solenemente o compromisso de promover a rpida
implementao da Conveno das Naes Unidas sobre os Direitos das
Crianas, defender a paz e proteger o meio ambiente.
Os documentos publicados na ntegra
nesta publicao merecem ateno dos lderes polticos, das
entidades profissionais, de organizaes sociais, dos meios de
comunicao e da opinio pblica de todo o mundo no momento em que
entramos na ltima dcada do sculo XX e temos a chance de
proporcionar s prximas geraes um futuro melhor.
DECLARACO MUNDIAL SOBRE A
SOBREVIVNCIA, A PROTEO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANA
O Encontro Mundial de Cpula pela
Criana foi realizado nas Naes Unidas, em Nova lorque, no dia 30 de
setembro de 1990.
1. Nosso objetivo como participantes do
Encontro de Cpula pela Criana o de assumir um compromisso
conjunto e fazer um veemente apelo universal: dar a cada criana um
futuro melhor.
2. A criana inocente, vulnervel e
dependente. Tambm curiosa, ativa e cheia de esperana. Seu
universo deve ser de alegria e paz, de brincadeiras, de aprendizagem e
crescimento. Seu futuro deve ser moldado pela harmonia e pela
cooperao. Seu desenvolvimento deve transcorrer medida que amplia
suas perspectivas e adquire novas experincias.
3. Mas para muitas crianas a realidade
da infncia muito diferente.
O Desafio
4. Todos os dias um nmero incontvel
de crianas no mundo inteiro esto expostas a perigos que dificultam
seu crescimento e seu desenvolvimento. Elas sofrem profundamente,
vitimadas pela guerra e pela violncia, pela discriminao racial,
pelo "apartheid", pela agresso, pelas ocupaes e
anexaes estrangeiras; como crianas refugiadas, foradas a
abandonar seus lares e suas razes; como deficientes; ou como vtimas
da negligncia, da crueldade e da explorao.
5. Todos os dias, milhes de crianas
sofrem os flagelos da pobreza e da crise econmica - da fome, da falta
de um lar, de epidemias e de analfabetismo, da degradao do meio
ambiente. Sofrem os graves efeitos dos problemas do endividamento
externo e da estagnao do crescimento econmico sustentado e
sustentvel em muitos pases em desenvolvimento, particularmente
naqueles menos desenvolvidos.
6. Todos os dias, 40.000 crianas morrem
de desnutrio e de doenas, incluindo a AIDS, de falta de gua
limpa e saneamento adequado, e dos efeitos das drogas.
7. So estes os desafios que ns, como
lderes polticos, devemos enfrentar.
A Oportunidade
8. Juntas, nossas naes possuem os
meios e o conhecimento indispensveis para proteger a vida e minimizar
enormemente o sofrimento da criana, para promover o total
desenvolvimento do seu potencial humano, e para conscientiz-la de suas
necessidades, de seus direitos e de suas oportunidades. A Conveno
sobre os Direitos da Criana proporciona uma nova oportunidade para que
o respeito aos direitos e ao bem-estar da criana seja verdadeiramente
universal.
9. Os recentes avanos nas relaes
polticas internacionais podero facilitar esta tarefa. A cooperao
e a solidariedade internacionais devem possibilitar agora a obteno
de resultados concretos em muitos campos: revitalizar o crescimento e o
desenvolvimento econmicos, proteger o meio ambiente, prevenir a
disseminao de doenas que causam morte e incapacitao, e
alcanar maior justia social e econmica. A atual corrente em prol
do desarmamento tambm significa que recursos substanciais podero ser
liberados para projetos no militares. Promover o bem-estar da criana
deve ser a mais alta prioridade na realocao destes recursos.
A Tarefa
10. A melhoria das condies de sade
e de nutrio da criana uma obrigao primordial e, tambm,
uma tarefa para a qual existem solues ao nosso alcance. A vida de
dezenas de milhares de meninos e meninas pode ser salva, todos os dias,
porque as causas dessas mortes so facilmente evitveis. A mortalidade
infantil inaceitavelmente alta em muitas partes do mundo, mas pode
ser drasticamente reduzida com a utilizao de medidas conhecidas e de
fcil o.
11. preciso dar maior proteo,
cuidado e apoio s crianas deficientes, assim como a outras crianas
que vivem em circunstncias particularmente difceis.
12. O fortalecimento do papel
desempenhado pela mulher, em geral, e a garantia de igualdade de
direitos beneficiaro as crianas do mundo inteiro. As meninas devem
receber tratamento e oportunidades iguais s dos meninos, desde o
nascimento.
13. Atualmente mais de 100 milhes de
criana no recebem sequer a educao escolar bsica e dois teros
desse total so meninas. Proporcionar educao bsica e
alfabetizao para todos uma da mais valiosas contribuies ao
desenvolvimento de todas as crianas.
14. Meio milho de mes morrem a cada
ano de causas relacionadas ao parto. A maternidade sem riscos deve ser
promovida de todas as maneiras possveis. O planejamento familiar
responsvel e espaamento entre partos devem ser enfatizados. A
famlia, como grupo fundamental e ambiente natural para o crescimento e
o bem-estar da criana, deve receber toda a proteo e a assistncia
necessrias.
15. Todas as crianas devem ter a
oportunidade de encontrar a prpria identidade, e de realizar-se
plenamente, num ambiente seguro e de proteo, proporcionado por sua
famlia e por todas as pessoas comprometidas com seu bem-estar. Devem
ser preparadas para uma vida responsvel dentro de uma sociedade livre.
Desde a mais tenra idade, devem ser incentivadas a participar da vida
cultural da sociedade em que vivem.
16. As condies econmicas
continuaro a exercer forte influncia no destino da criana,
especialmente nas naes em desenvolvimento. Em favor do futuro da
criana, urgentemente necessrio assegurar ou reativar o
crescimento e o desenvolvimento econmico sustentados e sustentveis
em todos os pases, assim como continuar a dar urgente ateno a uma
soluo imediata, ampla e duradoura aos problemas da dvida externa
com que se defrontam os pases devedores em desenvolvimento.
17. Estas tarefas exigem esforo
contnuo e conjugado de todas as naes, atravs da ao nacional
e da cooperao internacional.
O Compromisso
18. O bem-estar da criana exige ao
poltica no mais alto nvel. Estamos determinados a empreender essa
ao.
19. Comprometemo-nos aqui solenemente a
dar a mais alta prioridade aos direitos da criana, sua
sobrevivncia, sua proteo e ao seu desenvolvimento. Isto tambm
assegurar o bem-estar de todas as sociedades.
20. Concordamos em agir conjuntamente, em
cooperao internacional - assim como em nossos respectivos pases.
Comprometemo-nos agora a cumprir um programa de dez pontos para a
proteo da criana e para a melhoria de sua condio de vida:
(1) Trabalharemos para promover o mais
rapidamente possvel a ratificao e a implementao da Conveno
sobre os Direitos da Criana. Devem ser lanados em todo o mundo
programas de incentivo divulgao de informaes sobre os
direitos da criana, que levem em considerao os diversos valores
culturais e sociais dos diferentes pases.
(2) Trabalharemos em prol de um esforo
consistente de ao em nveis nacional e internacional por melhores
condies de sade da criana, pela promoo do atendimento
pr-natal e pela reduo da mortalidade infantil em todos os pases
e entre todos os povos. Promoveremos o fornecimento de gua limpa a
todas as comunidades, para todas as suas crianas, assim como o o
universal ao saneamento bsico.
(3) Trabalharemos por condies mais
favorveis de crescimento e de desenvolvimento da criana, atravs de
medidas para a erradicao da fome, da desnutrio e da inanio,
minimizando, assim, o trgico sofrimento de milhes de crianas num
mundo que dispe dos meios para alimentar todos os seus cidados.
(4) Trabalharemos para fortalecer o papel
e a condio da mulher. Promoveremos o planejamento familiar
responsvel, o espaamento entre partos, o aleitamento materno e a
maternidade sem riscos.
(5) Trabalharemos pela valorizao do
papel da famlia como responsvel pela criana, apoiaremos os
esforos dos pais, de outros responsveis e das comunidades no amparo
criana desde os primeiros anos da infncia at a adolescncia.
Reconhecemos, tambm, as necessidades especiais das crianas que se
encontram separadas de suas famlias.
(6) Trabalharemos por programas de
reduo do analfabetismo, e que garantam oportunidades educacionais
para todas as crianas, independentemente de sua origem e sexo; que
preparem a criana para o trabalho produtivo e para as oportunidades de
aprendizagem para toda a vida, isto , pela educao
profissionalizante, e que permitam que a criana cresa at a idade
adulta num contexto cultural e social propcio e protetor.
(7) Trabalharemos para melhorar as
condies de vida de milhes de crianas que vivem em
circunstncias particularmente difceis: as vtimas do
"apartheid" e da ocupao estrangeira; os rfos e os
meninos e meninas de rua, e os filhos de trabalhadores migrantes; as
crianas refugiadas e as vtimas de desastres naturais e provocados
pelo homem; as deficientes e as maltratadas; as socialmente
marginalizadas e as exploradas. As crianas refugiadas precisam ser
auxiliadas para que encontrem novas razes. Trabalharemos pela
proteo especial s crianas trabalhadoras, e pela abolio do
trabalho infantil ilegal. Daremos o melhor de ns mesmos para garantir
que a criana no se torne vtima do flagelo das drogas ilcitas.
(8) Trabalharemos com empenho para
proteger a criana do flagelo da guerra, e tomaremos medidas para
evitar outros conflitos armados, a fim de lhe garantir, em todos os
lugares, um futuro pacfico e seguro. Promoveremos os valores da paz,
da compreenso e do dilogo na educao infantil. As necessidades
essenciais da criana e de sua famlia precisam ser protegidas, mesmo
durante a guerra, e em reas atingidas pela violncia. Solicitamos que
sejam observados perodos de tranqilidade e corredores de paz, para
beneficiar as crianas onde a guerra e a violncia ainda perduram.
(9) Trabalharemos por medidas comuns de
proteo ao meio ambiente, em todos os nveis, de forma que todas as
crianas possam ter um futuro mais seguro e sadio.
(10) Trabalharemos por um combate global
pobreza, que traz benefcios imediatos ao bem-estar da criana. A
vulnerabilidade e as necessidades especiais da criana dos pases em
desenvolvimento e, em particular, dos pases menos desenvolvidos,
merecem prioridades. Mas o crescimento e o desenvolvimento precisam ser
promovidos em todas as Naes, atravs de uma ao nacional e de
cooperao internacional. Isto exige a transferncia de recursos
adicionais adequados aos pases em desenvolvimento, assim como melhores
termos de comercializao, maior liberalizao do comrcio, e
medidas para reduzir a dvida. Isto tambm implica medidas de ajuste
estrutural que promovam o crescimento econmico mundial, em especial
nos pases em desenvolvimento, assegurando o bem-estar dos setores mais
vulnerveis da populao, particularmente das crianas.
Prximos os
21. O Encontro de Cpula pela Criana
coloca-nos o desafio de empreender uma ao. Concordamos em aceitar
esse desafio.
22. Entre os parceiros que procuramos,
voltamo-nos especialmente para as prprias crianas. Fazemos um apelo
para que elas tambm participem desse esforo.
23. Procuramos tambm o apoio das
Naes Unidas, assim como de outras organizaes internacionais e
regionais, num esforo universal para a promoo do bem-estar da
criana. Pedirmos um maior engajamento das organizaes
no-govemamentais na complementao dos esforos nacionais e da
ao internacional conjunta neste campo.
24. Decidimos adotar e implementar um
Plano de Ao como base para empreendimentos nacionais e
internacionais mais especficos. Apelamos a todos os nossos colegas
para que o endossem. Estamos preparados para fomecer os recursos para
fazer face a estes compromissos, como parte das prioridades de nossos
planos nacionais.
25. Fazemos isto no apenas pela atual
gerao, mas por todas as geraes futuras. No existe tarefa mais
nobre do que dar a todas as crianas um futuro melhor.
Nova lorque, 30 de setembro de 1990
PLANO DE ACO PARA A IMPLEMENTACO DA
DECLARACO MUNDIAL SOBRE A SOBREVIVNCIA, A PROTECO E O
DESENVOLVIMENTO DA CRIANA NOS ANOS 90
I. Introduo
1. Este Plano de Ao tem por objetivo
servir de orientao aos governos nacionais, s organizaes
internacionais, s agncias bilaterais de assistncia, s
organizaes no-governamentais (ONGs), e a todos os outros setores
da sociedade, na formulao dos seus prprios programas de ao
para garantir a implementao da Declarao do Encontro Mundial de
Cpula pela Criana.
2. As necessidades e os problemas das
crianas variam de pas para pas e, certamente, de uma comunidade
para outra. Os pases individualmente, e os grupos de pases, assim
como as organizaes internacionais, regionais, nacionais ' e locais,
podem utilizar este Plano de Ao para desenvolver seus prprios
programas especficos, de acordo com as suas necessidades, sua
capacidade e seus objetivos. Entretanto, os pases, os mais idosos e os
lderes em todos os nveis, no mundo inteiro, tm determinadas
aspiraes comuns em relao ao bem-estar de suas crianas. Este
Plano de Ao trata dessas aspiraes comuns, sugerindo um conjunto
de metas e objetivos para a criana durante a dcada de 90, as
estratgias para a consecuo desses objetivos, os compromissos de
ao e as medidas de acompanhamento nos diversos nveis.
3. O progresso para a criana deve ser a
meta principal do desenvolvimento nacional. Deve tambm fazer parte
integral da estratgia internacional mais ampla de desenvolvimento para
a Quarta Dcada de Desenvolvimento das Naes Unidas. Uma vez que as
crianas de hoje so os cidados do mundo de amanh, sua
sobrevivncia, sua proteo e seu desenvolvimento constituem o
pr-requisito do futuro progresso da humanidade. Capacitar a gerao
mais nova com conhecimentos e recursos para atender 's necessidades
humanas bsicas, e para realizar todo o seu potencial, deve ser a meta
prioritria do desenvolvimento nacional. Uma vez que seu
aperfeioamento individual e sua contribuio social moldaro o
futuro do mundo, os investimentos na sade, na nutrio e na
educao das crianas so os alicerces do desenvolvimento nacional.
4. As aspiraes da comunidade
internacional em relao ao bem-estar da criana esto mais
claramente refletidas na Conveno sobre os Direitos da Criana,
adotada unanimemente pela Assemblia Geral das Naes Unidas em 1989.
Esta Conveno estabelece normas jurdicas universais para a
proteo da criana contra a negligncia, o abuso e a explorao,
assim como lhe garante os direitos humanos bsicos, incluindo-se a a
sobrevivncia, o desenvolvimento e a total participao em
empreendimentos sociais, culturais, educacionais e outros igualmente
necessrios ao seu crescimento e ao seu bem-estar individual. A
Declarao do Encontro de Cpula conclama todos os Governos a
promover, o mais breve possvel, a ratificao e a implementao da
Conveno.
5. Nos ltimos dois anos, nos diversos
foros internacionais dos quais participam a quase totalidade dos
governos, as agncias das Naes Unidas e as principais
organizaes no-governamentais, foi formulado um conjunto de metas
voltadas para a criana e o seu desenvolvimento, a serem atingidas
durante a dcada de 90. Como apoio a essas metas, e de acordo com o
crescente consenso internacional em prol de uma ateno maior
dimenso humana do desenvolvimento para a dcada de 90, este Plano de
Ao convoca para uma ao conjunta nacional e a cooperao
internacional, visando a consecuo, em todos os pases, dos
seguintes objetivos principais de sobrevivncia, proteo e
desenvolvimento da criana at o ano 2000:
(a) Reduo de um tero nas taxas de
mortalidade de menores de cinco anos com relao a 1990, ou reduo
para menos de 70 por 1000 nascidos vivos (o que representar maior
reduo);
(b) Reduo de 50% nas taxas de
mortalidade materna com relao a 1990;
(c) Reduo de 50% nas taxas de
desnutrio grave e moderada entre os menores de cinco anos com
relao a 1990;
(d) o universal gua potvel e
ao saneamento bsico;
(e) o universal educao
bsica, e concluso da educao de primeiro grau de pelo menos 80%
das crianas em idade escolar;
(f) Reduo de 50%, no mnimo, na taxa
de analfabetismo entre os adultos com relao a 1990 (o grupo etrio
apropriado dever ser definido em cada pas), com nfase na
alfabetizao das mulheres;
(g) Proteo s crianas que vivem em
circunstncias particularmente difceis, especialmente em situaes
de conflitos armados.
6. Uma relao de metas setoriais e
aes especficas mais detalhadas, que podem permitir a
viabilizao dos objetivos relacionados acima, consta do Apndice
deste Plano de Ao. Estas metas devem primeiramente ser adaptadas s
realidades especficas de cada pas, em termos de cronograma,
prioridades, normas e disponibilidade de recursos. As estratgias para
alcanar estas metas tambm podem variar de um pas para outro.
Alguns deles podem querer acrescentar outras metas de desenvolvimento
particularmente importantes e relevantes no contexto especfico de cada
pas. Essa adaptao das metas fundamental para garantir sua
validade tcnica, a exeqibilidade logstica e a viabilidade
financeira, e para assegurar o compromisso poltico e um amplo apoio
sua realizao.
II. Aes especificas, para a
sobrevivncia, a proteo e o desenvolvimento das crianas
7. No contexto dessas metas globais,
existem oportunidades promissoras de erradicao ou virtual
eliminao de doenas antigas, que vm atingindo dezenas de milhes
de crianas ao longo dos sculos, e de melhorias na qualidade de vida
das futuras geraes. A realizao desses objetivos tambm pode
contribuir para diminuir o crescimento populacional, uma vez que a
reduo consistente das taxas de mortalidade infantil - at um nvel
tal que os pais possam ter segurana de que seus primeiros filhos
sobrevivero - acompanhada, a curto prazo, por uma reduo ainda
maior do nmero de nascimentos. A fim de aproveitar essas
oportunidades, a Declarao do Encontro Mundial de Cpula pela
Criana estabelece aes especficas nas reas relacionadas a
seguir.
A Conveno sobre os Direitos da
Criana
8. A Conveno sobre os Direitos da
Criana, unanimemente adotada pela Assemblia Geral das Naes
Unidas, contm um abrangente conjunto de normas jurdicas
internacionais para a proteo e o bem-estar da criana. Todos os
Governos so chamados a promover, o mais rpido possvel, a
ratificao da Conveno, nos casos em que isso ainda no tenha
ocorrido. Todos os esforos possveis devem ser empreendidos por todos
os pases para divulgar a Conveno e, nos lugares onde j tiver
sido ratificada, promover sua implementao e acompanhamento.
Sade infantil
9. As doenas infantis evitveis - como
sarampo, plio, ttano, tuberculose, coqueluche e difteria, contra as
quais existem vacinas eficazes, assim como as doenas diarreicas, a
pneumonia e outras infeces respiratrias agudas, que podem ser
evitadas ou tratadas eficazmente com remdios de custo relativamente
baixo - so atualmente responsveis pela grande maioria das 14
milhes de mortes de menores de cinco anos, e pela incapacitao de
muitos milhes mais, a cada ano. Aes efetivas devem ser
imediatamente empreendidas para combater estas doenas, atravs de uma
melhor qualidade dos primeiros cuidados com a sade e dos servios
bsicos de sade em todos os pases.
10. Alm destas doenas, que j so
evitveis ou tratveis, e de algumas outras, como a malria, que
demonstram ser mais difceis de combater, a criana defronta-se hoje
com o espectro da pandemia da AIDS. Nos pases afetados mais
seriamente, a infeco pelo HIV e a AIDS ameaam pr a perder todos
os ganhos dos programas infantis. A doena j constitui um dos maiores
sorvedouros dos limitados recursos de sade pblica necessrios para
apoiar outros servios prioritrios. As conseqncias do HIV/AIDS
vo muito alm do sofrimento e da morte da criana infectada, pois
incluem riscos e estigmas que afetam os pais e os irmos - a tragdia
dos "rfos da AIDS ". imperativo garantir que os
programas de preveno e tratamento da AIDS, incluindo a pesquisa de
possveis vacinas e curas aplicveis em todos os pases e em todas as
situaes, assim como as campanhas de informao e educao de
massa, recebam a mais alta prioridade das aes nacionais e da
cooperao internacional.
11. O principal fator que afeta a sade
das crianas e dos adultos a disponibilidade de gua potvel e de
saneamento adequado, que no apenas so essenciais sade e ao
bem-estar humanos, como tambm contribuem substancialmente para aliviar
a mulher de um trabalho pesado, com impacto pernicioso nas crianas,
especialmente nas meninas. Os avanos em sade infantil no-podem ser
sustentados se um tero das crianas do mundo em desenvolvimento
continua sem o gua potvel, e metade delas no dispe de
instalaes sanitrias adequadas.
12. Com base nas experincias da ltima
dcada, que abrangem diversas tcnicas e tecnologias inovadoras,
simples e de baixo custo para fornecer gua potvel e instalaes
sanitrias seguras s reas rurais e s favelas urbanas, agora
desejvel e vivel, atravs do empenho conjunto de uma ao
nacional e da cooperao internacional, buscar o fornecimento de gua
potvel e de meios sanitrios de eliminao de dejetos a todas as
crianas do mundo, at o ano 2000. Um importante benefcio associado
ao o universal gua e ao saneamento, juntamente com a
educao sanitria, o controle de diversas doenas provocadas por
vermes nematides (verme-da-guin ou dracunculiasis), que afligem
atualmente cerca de 10 milhes de crianas em regies da frica e da
sia.
Alimentao o nutrico
13. A fome e a desnutrio, nas suas
diversas formas, contribuem para cerca da metade das mortes de
crianas. Mais de 20 milhes de crianas sofrem de desnutrio
grave, 150 milhes de deficincia ponderal, e 350 milhes de mulheres
sofrem de anemia nutricional. A melhoria na nutrio requer (a)
segurana de uma alimentao familiar adequada, (b) meio ambiente
sadio e controle de infeces e (c) cuidados apropriados com a me e
com a criana. Havendo polticas corretas, ajustes institucionais
adequados e prioridade poltica, o mundo est atualmente em
condies de alimentar todas as suas crianas, e de superar as piores
formas de desnutrio, o que significa reduzir drasticamente as
doenas que contribuem para a desnutrio, cortar pela metade a
desnutrio protico-energtica, eliminar virtualmente os
distrbios devidos deficincia de vitamina A e de iodo, e diminuir
significativamente a anemia nutricional.
14. Para as crianas e gestantes, o
suprimento de alimentos adequados durante a gravidez e a lactao; a
promoo, a proteo e o apoio ao aleitamento materno e s
prticas complementares de alimentao, incluindo alimentao
freqente; o acompanhamento do crescimento, com aes adequadas e a
vigilncia nutricional so necessidades essenciais. Para a criana em
crescimento e para a populao adulta em geral, uma dieta adequada
uma prioridade humana evidente. O atendimento a esta necessidade requer
oportunidades de emprego e de gerao de renda, difuso de
conhecimentos e de servios de apoio, de modo a aumentar a produo
de alimentos e a aprimorar sua distribuio. So estas as aes
bsicas dentro do amplo espectro de estratgias nacionais de combate
fome e desnutrio.
Papel da mulher, sade materna a
planejamento familiar
15. A mulher desempenha uma diversidade
de papis fundamentais ao bem-estar das crianas. O aprimoramento da
condio da mulher e seu o eqitativo educao,
formao, ao crdito e a outros servios auxiliares constituem uma
valiosa contribuio ao desenvolvimento social e econmico de cada
nao. Os esforos para o aprimoramento da condio da mulher e de
seu papel no desenvolvimento devem comear com a menina. necessrio
garantir a igualdade de oportunidades nos campos da sade, da
nutrio, da educao e de outros servios bsicos, para que
possam desenvolver plenamente seu potencial.
16. Sade, nutrio e educao so
direitos inalienveis e importantes para a sobrevivncia e o bem-estar
da mulher, e representam aspectos determinantes da sade e do bem-estar
da criana na primeira infncia. As causas das altas taxas de
mortalidade infantil, em especial da mortalidade neonatal, esto
vinculadas a gestaes precoces, baixo peso ao nascer e nascimentos
prematuros, partos de risco, ttano neonatal, altas taxas de
fertilidade etc. Constituem tambm os principais fatores de risco da
mortalidade materna, tirando a vida de 500.000 jovens anualmente, e
resultando em sade precria e sofrimento para outras milhes. Para
reverter este quadro trgico, preciso dar ateno especial
sade, nutrio e educao da mulher.
17. Todos os casais devem ter o a
informaes sobre a importncia do planejamento familiar responsvel
e das muitas vantagens do espaamento entre partos para evitar
gestaes demasiadamente precoces, tardias, numerosas e freqentes. O
cuidado pr-natal, o parto em ambiente limpo, a possibilidade de
atendimento mdico para os casos complicados, a vacina antitetnica e
a preveno da anemia e de outras deficincias nutricionais durante a
gravidez so outras intervenes importantes que asseguram uma
maternidade sem risco, e um comeo de vida sadio para o recm-nascido.
Existe um benefcio adicional em se promover em conjunto os programas
de sade para a me e para a criana e o planejamento familiar:
agindo sinergicamente, essas atividades ajudam a acelerar a reduo
das taxas de mortalidade e de fertilidade, e contribuem para a
diminuio das taxas de crescimento populacional, mais do que qualquer
das duas atividades isoladamente.
Papel da famlia
18. A famlia a principal
responsvel pela alimentao e pela proteo da criana, da
infncia adolescncia. A iniciao das crianas na cultura, nos
valores e nas normas de sua sociedade comea na famlia. Para um
desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criana
deve crescer num ambiente familiar, numa atmosfera de felicidade, amor e
compreenso. Portanto, todas as instituies da sociedade devem
respeitar e apoiar os esforos dos pais e de todos os demais
responsveis para alimentar e cuidar da criana em um ambiente
familiar.
19. Todos os esforos devem ser feitos
para evitar que a criana seja separada de sua famlia. Quando esse
afastamento ocorrer por motivos de fora maior ou em funo do
interesse superior da criana, necessrio que se tomem
providncias, de modo que ela receba ateno familiar alternativa
apropriada, ou seja colocada em alguma instituio, sempre levando em
considerao a importncia de continuar a criao da criana em
seu prprio meio cultural. Os grupos familiares, os parentes e as
instituies comunitrias devem receber apoio para poderem suprir as
necessidades das crianas rfs, refugiadas ou abandonadas. Esforos
devem ser envidados para evitar a marginalizao da criana na
sociedade.
Educao bsica o alfabetizao
20. A comunidade internacional, incluindo
praticamente todos os governos do mundo, comprometeu-se durante a
Conferncia Mundial sobre Educao para Todos, realizada em Jomtien,
na Tailndia, a aumentar significativamente as oportunidades
educacionais para mais de 100 milhes de crianas e quase 1 bilho de
adultos, dois teros dos quais do sexo feminino, que atualmente no
tm o a programas de educao bsica e de alfabetizao. Para
atender a esse compromisso, necessrio que sejam adotadas medidas
especficas de:
(a) expanso das atividades de
desenvolvimento durante a primeira infncia,
(b) o universal educao
bsica, incluindo a concluso da escola elementar ou ensino
alternativo equivalente para pelo menos 80% das crianas em idade
escolar, com nfase na reduo das atuais desigualdades entre meninos
e meninas,
(c) reduo de 50% do analfabetismo em
adultos, com destaque para a alfabetizao da mulher,
(d) treinamento profissionalizante e
habilitao para o emprego, e
(e) aumento da aquisio de
conhecimentos, habilidades e valores, atravs de todos os canais
educacionais, incluindo os meios de comunicao de massa tradicionais
e modernos, de forma a melhorar a qualidade de vida da criana e de sua
famlia.
21. Alm do seu valor intrnseco para o
desenvolvimento humano e o aprimoramento da qualidade de vida, o
progresso da educao e da alfabetizao contribuem, de forma
significativa, para a melhoria da sade da mulher e da criana, para a
proteo do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentvel.
Portanto, os investimentos em educao bsica devem receber
prioridade nos programas de ao nacional e de cooperao
internacional.
Crianas em circunstncias
particularmente difceis
22. Milhes de crianas no mundo
inteiro vivem em circunstncias particularmente difceis: os rfos
e os meninos de rua; os refugiados ou vtimas de guerra e de desastres
naturais causados pelo homem, incluindo riscos com a exposio
radiao e a produtos qumicos perigosos; os filhos de trabalhadores
migrantes e outros grupos socialmente marginalizados; as crianas
trabalhadoras ou jovens vtimas de prostituio, do abuso sexual e de
outras formas de explorao; as crianas deficientes e os
delinqentes juvenis; e as vtimas do "apartheid" e de
ocupaes estrangeiras. Essas crianas merecem ateno, proteo
e assistncia especiais de suas famlias e das comunidades, e devem
tambm ser atendidas pelos programas nacionais e de cooperao
internacional.
23. Mais de 100 milhes de crianas
esto engajadas em algum tipo de trabalho, em geral pesado e perigoso,
e em desrespeito s convenes internacionais, que prevem
proteo contra a explorao econmica e a realizao de
servios que possam interferir em sua educao e que sejam
prejudiciais sua sade e ao seu pleno desenvolvimento. luz destes
fatos, todos os Estados devem empenhar-se para que essas prticas de
trabalho infantil sejam abolidas, e para que sejam respeitadas as normas
relativas s condies de trabalho e s circunstncias em que esse
trabalho permitido, de modo que as crianas sejam protegidas, e que
lhes sejam proporcionadas oportunidades adequadas de crescimento e
desenvolvimento sadios.
24. O consumo de drogas despontou como
uma ameaa global a um grande nmero de jovens e, progressivamente, de
crianas - incluindo leses permanentes ocorridas nos estgios de
vida pr-natal. preciso que os Governos e as agncias
intergovernamentais empreendam aes para conter esta tragdia,
combatendo a produo, o fornecimento, a demanda, o trfico e a
distribuio ilegais de narcticos e psicotrpicos. A ao
comunitria e a educao so igualmente importantes e vitais para
sustar tanto o fornecimento quanto a demanda das drogas ilcitas. O
consumo abusivo de fumo e de lcool tambm problema que exige
ao, em especial medidas preventivas e educativas entre os jovens.
Proteo da criana durante os
conflitos armados
25. A criana precisa de proteo
especial durante os conflitos armados. H exemplos recentes de acordos
entre pases ou faces opostas para suspender hostilidades, em
reas de conflito, e permitir a adoo de medidas especiais como
"corredores de paz", para possibilitar o envio de assistncia
a mulheres e crianas, e de "dias de tranqilidade", para
vacinar e prestar outros servios de sade indispensveis em tais
circunstncias s crianas e suas famlias. A soluo de um
conflito no precisa ser pr-requisito para a adoo de medidas que
protejam explicitamente as crianas e suas famlias, para
assegurar-lhes o permanente a alimentos, assistncia mdica e
servios bsicos, para cuidar do trauma resultante da violncia e
para eximi-Ias de outras conseqncias diretas da violncia e das
hostilidades. Para construir os alicerces de um mundo pacfico, onde as
agresses e a guerra no continuem a ser o meio aceitvel de dirimir
disputas e conflitos, preciso que na educao das crianas sejam
includos valores de paz, tolerncia, compreenso e dilogo.
Criana e meio ambiente
26. As crianas so as maiores
interessadas na preservao do meio ambiente e na sua gesto
criteriosa para um desenvolvimento sustentvel, uma vez que sua
sobrevivncia e seu desenvolvimento disso dependem. As metas de
sobrevivncia e de desenvolvimento das crianas propostas para a
dcada de 90 neste Plano de Ao visam melhorar a qualidade do meio
ambiente, mediante o combate doena e desnutrio e
promoo da educao. Essas aes contribuem para a reduo das
taxas de mortalidade e de natalidade, para a melhoria dos servios
sociais, para o uso adequado dos recursos naturais e, em ltima
instncia, para a ruptura do ciclo vicioso da pobreza e da degradao
do meio ambiente.
27. Por fazerem relativamente pouco uso
de recursos de capital, e por dependerem diretamente de mobilizao
social, de participao comunitria e de tecnologia apropriada, os
programas projetados para atingir as metas relacionadas criana
durante a dcada de 90 so altamente compatveis com a proteo do
meio ambiente, e ao mesmo tempo a promovem. Por isso, as metas de
sobrevivncia, proteo e desenvolvimento da criana enunciadas
neste Plano de Ao devem ser vistas como metas de proteo e
preservao do meio ambiente. Outras providncias so ainda
necessrias para prevenir a degradao do meio ambiente, tanto nos
pases industrializados quanto nos pases em desenvolvimento, atravs
de mudanas nos exagerados padres de consumo dos ricos, assim como de
auxilio no atendimento s necessidades de sobrevivncia e
desenvolvimento dos pobres. Os programas para a criana, que no s
ajudam a atender a suas necessidades bsicas, como tambm lhes ensinam
o respeito pelo meio ambiente, com a diversidade de vida que sustenta,
sua beleza e seus infinitos recursos, e que promovem a qualidade de vida
do homem, devem figurar com destaque na agenda ecolgica mundial.
Diminuio da pobreza o retomada do
crescimento econmico
28. A consecuo das metas relacionadas
infncia nas reas de sade, nutrio, educao, etc.
contribuiro de forma significativa para atenuar as piores
manifestaes da pobreza. Mas muito mais deve ser feito para se
garantir o estabelecimento de uma base econmica slida que atenda e
sustente as metas de sobrevivncia, proteo e desenvolvimento da
infncia a longo prazo.
29. De acordo com o que estabeleceu a
comunidade internacional na 18 Sesso Extraordinria da Assemblia
Geral das Naes Unidas (em abril 1990), o desafio mais importante dos
anos 90 a necessidade da retomada do crescimento econmico e do
desenvolvimento social nos pases em desenvolvimento, e a soluo
conjunta dos perversos problemas da misria e da fome, que continuam
afligir um nmero incontvel de pessoas em todo o mundo. Como o mais
vulnervel segmento da sociedade humana, as crianas tm um interesse
particular no crescimento econmico sustentado e na diminuio da
pobreza, sem os quais no possvel assegurar-lhes bem-estar.
30. Para promover um ambiente econmico
internacional favorvel, essencial prosseguir na busca constante e
permanente de solues imediata abrangentes e duradouras para os
problemas do endividamento externo com que se defrontam os pases
devedores em desenvolvimento; na mobilizao de recursos externos e
internos para atender s crescentes necessidades de financiamento do
desenvolvimento nos pases em desenvolvimento; na implantao de
medidas que assegurem que o problema de transferncia lquida de
recursos dos pases em desenvolvimento para os desenvolvidos no se
mantenha durante a dcada de 90 e que seu impacto seja eficazmente
istrado; na criao de um sistema de comrcio exterior mais
aberto e eqitativo que facilite a diversificao e a modernizao
das economias dos pases em desenvolvimento, em especial aqueles que
dependem da venda de produtos bsicos; e na gerao de recursos
substanciais disponveis, particularmente para os pases menos
desenvolvidos.
31. Em todos esses esforos, o
atendimento das necessidades bsicas da criana deve ser prioritrio.
Todas as oportunidades possveis devem ser exploradas para garantir a
proteo dos programas que beneficiam as crianas, as mulheres e
outros grupos vulnerveis, em pocas de ajustes estruturais e de
estabilizao econmica. Por exemplo, medida que os pases
reduzem seus gastos militares, parte dos recursos liberados deve ser
canalizada para programas de desenvolvimento social e econmico,
incluindo os que beneficiam a criana. Os mecanismos de reduo da
dvida externa poderiam ser formulados de modo a possibilitar
realocaes oramentrias e a retomada do crescimento econmico,
atravs de esquemas que favoream os programas infantis. Devedores e
credores deveriam considerar as alternativas de reduo da dvida que
possam favorecer a criana, incluindo converso da dvida em
investimentos em programas de desenvolvimento social. A comunidade
internacional, incluindo os credores do setor privado, chamada a
trabalhar com os pases em desenvolvimento e com as organizaes
interessadas, para apoiar a reduo da dvida em favor das crianas.
Para acompanhar os esforos dos pases em desenvolvimento, os pases
credores e as instituies internacionais devem condicionar o aumento
dos recursos para assistncia ao desenvolvimento de programas de
cuidados bsicos de sade, de educao bsica, de gua e
saneamento de baixo custo, e outras intervenes endossadas
especificamente na Declarao de Cpula e neste Plano de Ao.
32. A comunidade internacional reconheceu
a necessidade de sustar e reverter a crescente marginalizao dos
pases menos desenvolvidos, incluindo a maioria dos pases africanos
ao sul do Saara, e muitos pases isolados que enfrentam problemas
especficos de desenvolvimento. Tais pases requerem financiamentos
internacionais de longo prazo, de modo a complementar seus prprios
esforos, para atender s necessidades prementes da criana durante a
dcada de 90.
III. Aes de acompanhamento e
avaliao
33. A efetiva implementao deste Plano
de Ao exigir ao nacional e cooperao internacional
conjuntas. De acordo com a Declarao, essa ao e cooperao
devem ser norteadas pelo princpio de "prioridade imediata para a
criana" - um princpio que estabelece que as necessidades
essenciais da criana devem receber a mais alta prioridade na
alocao de recursos, nos bons e nos maus momentos, em nveis
nacional, internacional e familiar.
34. de fundamental importncia que as
aes propostas que visam especificamente a criana sejam
implementadas como parte do fortalecimento dos programas nacionais mais
amplos de desenvolvimento, combinando a retomada do crescimento
econmico, a reduo da pobreza, o desenvolvimento dos recursos
humanos e a proteo do meio ambiente. Tais programas tambm devem
fortalecer as organizaes comunitrias, ressaltando os valores de
responsabilidade cvica e respeitando a herana cultural e os valores
sociais que sustentam o progresso, sem alienar os jovens. Tendo em vista
estes amplos objetivos, comprometemo-nos e comprometemos nossos Governos
com as seguintes aes:
Ao a nvel nacional
(i) Todos os Governos so chamados a
preparar, at o final de 1991, programas nacionais de ao para
implementar os compromissos assumidos na Declarao do Encontro
Mundial de Cpula e neste Plano de Ao. Os Governos nacionais devem
encorajar e auxiliar os governos municipais e estaduais, assim como as
organizaes no-governamentais, o setor privado e a sociedade civil,
a preparar seus prprios programas de ao, para ajudar na
implementao das metas e dos objetivos includos na Declarao e
neste Plano de Ao.
(ii) Cada pas incentivado a
reexaminar, no contexto de seus planos, programas e polticas
nacionais, como poder dar maior prioridade aos programas que promovem
o bem-estar das crianas, em geral, e que visam a consecuo, durante
a dcada de 90, das principais metas de sobrevivncia, desenvolvimento
e proteo da criana, conforme relacionadas na Declarao do
Encontro Mundial de Cpula e neste Plano de Ao.
(iii) Cada pas chamado a reezaminar,
no contexto de sua situao nacional especfica, seu atual oramento
nacional e, no caso dos pases credores, seus oramentos de
assistncia ao desenvolvimento, a fim de assegurar-se de que os
programas que visam a realizao das metas de sobrevivncia,
proteo e desenvolvimento da infncia sejam priorizados na
alocao de recursos. Todos os esforos devem ser envidados para
garantir a concretizao desses programas, mesmo em tempos de
austeridade econmica e ajustes estruturais.
(iv) As famlias, as comunidades, os
governos locais, as organizaes no-governamentais, as
instituies sociais, culturais, religiosas, empresariais e outras,
incluindo os meios de comunicao de massa, so convocados a
desempenhar um papel ativo de apoio s metas enunciadas neste Plano de
Ao. A experincia da dcada de 80 demonstra que s mediante a
mobilizao de todos os setores da sociedade, inclusive os que
tradicionalmente no tm a sobrevivncia, a proteo e o
desenvolvimento da infncia como seu principal enfoque, possvel
lograr substancial avano nessas reas. Todas as formas de
mobilizao social, incluindo o uso eficaz do grande potencial da nova
capacidade de informao e comunicao do mundo, devem ser
direcionadas para a tarefa de levar s famlias os conhecimentos e as
habilidades necessrias a uma melhoria expressiva da situao da
criana.
(v) Cada pas deveria estabelecer
mecanismos apropriados para a coleta, a anlise e a publicao
regular e oportuna dos dados indispensveis monitorizao dos
indicadores sociais relevantes relacionados ao bem-estar da criana -
como as taxas de mortalidade neonatal, infantil e de menores de cinco
anos, as taxas de mortalidade materna e de fertilidade, os nveis
nutricionais, a cobertura imunolgica, as taxas de morbidade das
doenas relevantes do ponto de vista da sade pblica, as taxas de
matrcula escolar e de escolaridade e as taxas de alfabetizao - que
registram o progresso alcanado em relao s metas definidas neste
Plano de Ao e nos planos nacionais correspondentes. As estatsticas
devem ser desagregadas por sexo, de maneira a assegurar a
identificao de qualquer desigualdade dos programas com relao s
meninas e s mulheres, e de possibilitar a sua imediata identificao
e correo. particularmente importante que sejam estabelecidos
mecanismos que permitam aos planejadores a identificao imediata de
tendncias adversas, para que possam empreender em tempo as aes
corretivas necessrias. Os indicadores de desenvolvimento humano
deveriam ser periodicamente revisados por aqueles que detm o poder
decisrio e pelos lderes nacionais, como ocorre atualmente com os
indicadores de desenvolvimento econmico.
(vi) Cada pas chamado a reexaminar
seus atuais mecanismos de resposta a desastres naturais e calamidades
provocadas pelo homem, que com freqncia afligem, em especial, as
mulheres e as crianas. Os pases que no possuem planos
contingncias adequados de prontido para desastres so convocados a
estabelecer esses planos e, quando necessrio, procurar o auxlio das
instituies internacionais.
(vii) O progresso na realizao das
metas endossadas na Declarao de Cpula e neste Plano de Ao pode
ser acelerado, e a soluo de outros problemas importantes enfrentados
pelas crianas e suas famlias pode ser muito facilitada atravs de
pesquisa e desenvolvimento adicionais. Os governos, a indstria e as
instituies acadmicas so solicitados a concentrar maiores
esforos nas pesquisas bsicas e aplicadas que visam novas e grandes
descobertas tcnicas e tecnolgicas, mobilizao social mais eficaz
e melhor prestao dos servios sociais existentes. No campo da
sade, entre as principais reas que requerem pesquisa urgente, esto
as tecnologias aprimoradas de vacinao, a malria, a AIDS, as
infeces respiratrias, as doenas diarricas, as deficincias
nutricionais, a tuberculose, o planejamento familiar e a assistncia
neonatal. Da mesma forma, h uma grande necessidade de pesquisa nas
reas de desenvolvimento infantil, educao bsica, higiene e
saneamento, e na maneira de lidar com o trauma infantil associado
perda da famlia e a outras circunstncias particularmente difceis
com que as crianas se defrontam. Essa pesquisa deveria envolver a
colaborao de instituies de pases desenvolvidos e em
desenvolvimento.
Ao a nvel internacional
35. A ao a nvel comunitrio e a
nvel nacional tem, evidentemente, importncia crtica para a
consecuo das metas e das aspiraes ligadas criana e ao
desenvolvimento. Entretanto, muitos pases em desenvolvimento, em
especial aqueles menos desenvolvidos e mais endividados, precisaro de
substancial cooperao internacional para efetivamente poderem
participar do esforo mundial de sobrevivncia, proteo e
desenvolvimento da criana. Por esse motivo, esto sendo propostas as
seguintes aes especficas, no intuito de criar um ambiente
internacional propcio implementao deste Plano de Ao:
(i) Todas as agncias internacionais de
desenvolvimento - multilaterais, bilaterais e no-governamentais -
sero chamadas a examinar formas de contribuir para a consecuo das
metas e das estratgias enunciadas na Declarao e neste Plano de
Ao, como parte de uma resposta mais ampla ao desenvolvimento humano
durante a dcada de 90. Elas devem relatar seus planos e programas aos
respectivos rgos gestores at o final de 1991 e, periodicamente,
aps essa data.
(ii) Todas as instituies regionais,
inclusive as organizaes polticas e econmicas, sero convocadas
a incluir o exame da Declarao e deste Plano de Ao na agenda de
suas reunies, mesmo aquelas de mais alto nvel poltico, visando
desenvolver acordos de colaborao mtua para implementao e
acompanhamento contnuo.
(iii) Ser solicitada plena cooperao
e colaborao dos principais rgos e agncias das Naes Unidas,
assim como de outras instituies internacionais, para garantir a
realizao das metas e dos objetivos dos planos nacionais contemplados
na Declarao do Encontro Mundial de Cpula e no Plano de Ao. Os
rgos gestores de todas as agncias interessadas devem garantir que,
em seu mbito de ao, seja prestado todo o apoio possvel
realizao destas metas.
(iv) Ser dada assistncia pelas
Naes Unidas no estabelecimento de mecanismos adequados de
acompanhamento da implementao deste Plano de Ao, utilizando os
conhecimentos tcnicos de seus escritrios de estatstica e suas
agncias especializadas, do UNICEF e de seus outros organismos. Alm
disso, solicita-se que o Secretrio Geral das Naes Unidas faa
realizar, em meados da dcada, uma avaliao, em todos os nveis
pertinentes, do progresso alcanado na implementao dos compromissos
da Declarao e do Plano de Ao.
(v) Como principal organismo mundial de
defesa da criana, o Fundo das Naes Unidas para a Infncia
(UNICEF) deve preparar, em estreita colaborao com as agncias
especializadas e outros organismos das Naes Unidas, uma anlise
completa dos planos e das aes empreendidos individualmente pelos
pases e pela comunidade internacional, em apoio s metas de
desenvolvimento relacionadas criana durante a dcada de 90. Os
rgos gestores das agncias especializadas envolvidas e dos
organismos das Naes Unidas devem incluir revises peridicas da
implementao desta Declarao e deste Plano de Ao em suas
sesses ordinrias, e manter a Assemblia Geral das Naes Unidas,
por intermdio do seu Conselho Econmico e Social, plenamente
informada sobre o processo alcanado e sobre as aes complementares
necessrias durante a dcada de 90.
36. As metas enunciadas na Declarao e
neste Plano de Ao so ambiciosas, e os compromissos necessrios
sua implementao exigiro esforos consistentes e extraordinrios
de todos os envolvidos. Felizmente, j existem os conhecimentos e as
tcnicas necessrias concretizao da maioria dessas metas. Os
recursos financeiros exigidos so modestos em relao aos grandes
benefcios que sero gerados. E o fator fundamental - dotar as
famlias de informaes e servios necessrios proteo das
suas crianas - est agora ao alcance de todos os pases e,
virtualmente, de todas as comunidades. No existe causa que merea
maior prioridade do que a proteo e o desenvolvimento das crianas,
das quais dependem a sobrevivncia, a estabilidade e o avano de todas
as naes - e, sem dvida, da civilizao. A completa
implementao da Declarao e deste Plano de Ao deve, portanto,
receber a mais alta prioridade da ao nacional e da cooperao
internacional.
Nova lorque, 30 de setembro de 1990
METAS PARA A INFNCIA E O
DESENVOLVIMENTO NOS ANOS 90
As metas relacionadas a seguir foram
formuladas aps extensas consultas em inmeros foros internacionais,
dos quais participam virtualmente todos os Governos, os organismos das
Naes Unidas, incluindo a Organizao Mundial da Sade (OMS), o
Fundo das Naes Unidas para a Infncia (UNICEF), o Fundo de
Populao das Naes Unidas (UNFPA), a Organizao das Naes
Unidas para Educao, Cincia e Cultura (UNESCO), o Programa das
Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Banco Internacional
para Reconstruo e Desenvolvimento (BIRD), e um grande nmero de
organizaes no-governamentais (ONGs). So estas as metas
recomendadas para implementao por todas as naes onde possam ser
aplicadas, com as adaptaes s condies especficas de cada
pas, em termos de cronograma, normas, prioridades e disponibilidade de
recursos, respeitando suas tradies culturais, religiosas e sociais.
Metas adicionais particularmente relevantes situao especfica de
um pas devem estar includas no plano nacional de ao.
I. Metas principais para a
sobrevivncia, o desenvolvimento e a proteo da criana
(a) Entre 1990 e o ano 2000, reduo de
um tero nas taxas de mortalidade infantil e de menores de cinco anos,
ou a um nvel entre 50 a 70 por 1000 nascidos vivos, o que representar
maior reduo.
(b) Entre 1990 e o ano 2000, reduo de
50% nas taxas de mortalidade materna.
(c) Entre 1990 e o ano 2000, reduo de
50% na taxas de desnutrio grave e moderada entre os menores de cinco
anos.
(d) o universal gua potvel e
ao saneamento bsico.
(e) At o ano 2000, o universal
educao bsica e concluso da educao de primeiro grau de,
pelo menos, 80% das crianas em idade escolar.
(f) Reduo de 50%, no mnimo, na taxa
de analfabetismo entre os adultos com relao a 1990 ( grupo etrio
apropriado ser definido em cada pas), com nfase na alfabetizao
das mulheres.
(g) Melhoria na proteo s crianas
que vivem e circunstncias particularmente difceis.
II. Metas de apoio/setoriais
A. Sade e formao da mulher
(i) Ateno especial sade e
nutrio da menina e das gestantes e lactantes.
(ii) o de todos os casais a
informaes servios essenciais preveno das gestaes
demasiadamente precoces, freqentes, tardias o numerosas.
(iii) o de todas as gestantes a
cuidados pr-natais e durante o parto, a atendentes treinados, assim
como assistncia mdica nas gestaes de alto risco e nas
emergncias obsttricas.
(iv) o universal educao
primria, com nfase particular nas meninas, e programas intensivos de
alfabetizao de mulheres.
B. Nutrio
(i) Reduo de 5O% nos nveis de
desnutrio grave e moderada, entre os menores de cinco anos, com
relao a 1990.
(ii) Reduo para menos de 10% na
incidncia de baixo peso ao nascer (2,5kg ou menos).
(iii) Reduo de um tero dos nveis
de anemia das mulheres com relao a 1990.
(iv) Eliminao virtual dos distrbios
causados pela deficincia de iodo.
(v) Eliminao virtual da deficincia
de vitamina A e suas conseqncias, incluindo a cegueira.
(vi) Ampliao das condies para que
todas as mulheres possam alimentar seus filhos exclusivamente no seio,
durante quatro a seis meses, e continuar a amamentao, acrescida de
alimentao complementar, tambm durante o segundo ano de vida.
(vii) Institucionalizao da promoo
do crescimento e de seu acompanhamento regular em todos os pases at
o fim da dcada de 90.
(viii) Divulgao de conhecimentos e
servios de apoio para aumentar a produo de alimentos de modo a
garantir a segurana da alimentao da famlia.
C. Sade infantil
(i) Erradicao da plio em todo o
mundo at o ano 2000.
(ii) Eliminao do ttano neonatal
at 1995.
(iii) Reduo de 90% nos bitos
associados ao sarampo e de 90% nos casos de sarampo, em comparao aos
nveis anteriores imunizao, at 1995, como um importante o
na erradicao global do sarampo a longo prazo.
(iv) Preservao de um alto nvel de
cobertura imunolgica (pelo menos 90% dos menores de um ano, at o ano
2000) contra difteria, coqueluche, ttano, sarampo, plio, tuberculose
e ttano nas mulheres em idade frtil.
(v) Reduo de 50% nos bitos causados
pela diarria em menores de cinco anos e de 25 % na taxa de incidncia
da diarria.
(vi) Reduo de um tero nos bitos
resultantes das infeces respiratrias agudas nos menores de cinco
anos.
D. gua e saneamento
(i) o universal gua potvel.
(ii) o universal a meios sanitrios
de eliminao de dejetos.
(iii) Eliminao das doenas causadas
por nematides (verme-da-guin ou dracunculiasis) at o ano 2000.
E. Educao bsica
(i) Extenso das atividades de
desenvolvimento da criana durante a primeira infncia, incluindo
intervenes apropriadas e de baixo custo baseadas na famlia e na
comunidade.
(ii) o universal educao
bsica e concluso da educao de primeiro grau para, pelo menos,
80% das crianas em idade escolar, atravs da escolaridade formal ou
de educao informal, com nvel equivalente de apredizagem, dando
nfase reduo das atuais desigualdades entre meninos e meninas.
(iii) Reduo de 50%, no mnimo, na
taxa de analfabetismo entre os adultos com relao a 1990 (o grupo
etrio apropriado ser definido em cada pas), com destaque para a
alfabetizao da mulher.
(iv) Ampliao das oportunidades de
aquisio, por indivduos e famlias, dos conhecimentos, habilidades
e valores necessrios a uma vida melhor, providos por todos os canais
educacionais, incluindo os meios de comunicao de massa, outras
formas tradicionais e modernas de comunicao, e a ao social, com
sua eficcia medida em termos de mudanas comportamentais.
F. Crianas em circunstncias difceis
Melhor proteo s crianas em
circunstncias particularmente difceis, e empenho na procura de
soluo para as causas fundamentais dessa situao.
INTERVENCO DO SENHOR PRESIDENTE DA
REPBLICA, FERNANDO COLLOR DE MELLO, NA SESSO DE TRABALHO DO ENCONTRO
MUNDIAL DE CPULA PELA CRIANA
Nova lorque, 30 de setembro de 1990
Promoo do desenvolvimento da criana
Senhores Co-Presidentes,
Caros Colegas,
Foi com interesse muito especial que
acompanhamos a inspirada iniciativa do Canad, Egito, Mali, Mxico,
Paquisto e Sucia de convocarem esta reunio. Foi com igual
satisfao que atendi ao convite para, juntamente com o Primeiro
Ministro do Japo, apresentar o tema "Promoo do
Desenvolvimento da Criana".
A enorme populao infantil do meu
pas e seus graves problemas sociais impunham que eu aqui viesse trazer
o meu testemunho sobre a disposio do atual Governo brasileiro de
olhar de frente tais questes, e de enfrent-las, compartilhando ao
mesmo tempo com os Senhores nossos pontos de vista sobre como trabalhar
com esse propsito, tanto no nvel nacional quanto no da cooperao
internacional.
Situo em trs planos essenciais nossas
responsabilidades nessa questo.
As crianas precisam, em primeiro lugar,
ter respeitados os seus direitos humanos fundamentais. Precisam elas,
igualmente, ter o direito de viver em sociedades que incorporem os
frutos do processo e que lhes assegurem um padro de vida material
condizente com os requisitos da dignidade humana.
As crianas necessitam, por fim, ter
garantido o direito a um meio ambiente preservado e limpo. A elas
pertence o futuro. Para elas temos a obrigao de legar um planeta
habitvel.
O imperativo tico que temos diante de
ns o de enfrentar a realidade inaceitvel dos mais de 100 milhes
de crianas que, em todo o mundo, morrer nesta dcada antes de
completar cinco anos de idade. Temos o dever poltico e moral de
reverter esse quadro, enfrentando o desafio com todo o empenho que ele
requer.
No plano nacional, impe-se que
reordene-mos a prioridades governamentais e concentremos a aplicao
de recursos em programas sociais, especial mente nas reas de sade,
educao, habitao saneamento.
No Brasil estamos fazendo um esforo sem
precedentes nessa direo. O resgate do menor prioridade absoluta
da ao do Governo. O novo Estatuto da Criana e do Adolescente, que
sancionei em maio ado, incorporou o conceito de proteo integral
consagrado na Conveno sobre os Direitos da Criana. Criamos o
programa "Ministrio da Criana", que tem por objetivo somar
de maneira mais eficiente e racional as aes das diferentes reas do
Governo na assistncia s crianas pobres. Lanamos tambm uma
campanha nacional de alfabetizao, talvez a maior j tentada em qual
quer pas do mundo. Na rea da sade, empreendemos a mais ampla
operao de vacinao j relizada na histria do pas. Traamos
um plano de habitao para, em carter emergencial, iniciar a tarefa
de reduzir o imenso dficit de moradias populares no pas.
Paralelamente, atravs de outro programa governamental, estamos
buscando melhorar o atendimento das necessidades bsicas das
populaes mais pobres nas reas de saneamento e abastecimento de
gua. Diante de denncias recentes de atentados aos direitos humanos e
prpria vida de crianas no meu pas, determinei que fosse
reestruturado o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, do
Ministrio da Justia, de modo a transform-lo em instrumento de
proteo permanente da integridade fsica das crianas brasileiras.
O Governo Federal j est tomando, junto s istraes
estaduais das cidades onde mais grave este problema, providncias
para que cessem os vergonhosos abusos contra crianas.
No plano internacional, temos que
trabalhar unidos para assegurar a todas as crianas a plena
realizao dos seus direitos fundamentais.
Para muitos de ns, os anos 80 foram uma
dcada de dificuldades e de retrocesso econmico. Milhes de
crianas pagaram com o sacrifcio do seu desenvolvimento fsico, da
sua sade, da sua educao, o preo dos programas nacionais de
ajuste econmico.
vital que o crescimento econmico com
justia social volte a ser prioridade mxima na agenda internacional,
e que este encontro represente o marco inicial de uma nova e decidida
vontade poltica nessa direo.
A melhoria real das condies de vida
das crianas somente se far atravs do desenvolvimento
scio-econmico, da elevao geral das condies materiais, da
montagem de uma economia internacional capaz de romper com as
distores atuais. Para tanto, temos de promover uma soluo justa e
durvel para a questo da dvida externa, incluindo medidas de
reduo e de converso para a criao de fundos de investimento em
programas sociais.
Tambm preciso reverter a
exportao lquida de capital pelos pases em desenvolvimento,
evitar prticas protecionistas que dificultem o comrcio Norte-Sul,
remover restries transferncia de tecnologia e canalizar
recursos adicionais para investimentos.
A proteo da natureza tornou-se em
nossos dias, objeto de intensa preocupao mundial. Vemos com
satisfao que assim seja. A sobrevivncia condigna das crianas
depende do que fizermos hoje pelo ambiente fsico do seu futuro.
A defesa do meio ambiente exige o
dilogo internacional construtivo. Exige tambm que em todo o mundo
sejam adotados modelos de desenvolvimento sustentvel. Precisamos
satisfazer as necessidades bsicas dos mais pobres, rompendo, por um
lado, o crculo vicioso que liga a misria degradao da
natureza, e promovendo, por outro, uma conscincia ecolgica genuna,
que leve reduo substancial dos padres atuais de desperdcio e
exausto dos recursos naturais. Devemos trabalhar juntos no
aperfeioamento e disseminao de novas tecnologias ambientais
"limpas" e na canalizao de um volume cada vez maior de
recursos, de preferncia em bases concessionais, para a proteo da
natureza.
Senhores Co-Presidentes,
Caros Colegas,
Esses so os desafios que se nos
apresentam como etapa indispensvel do caminho que haver de levar-nos
a um mundo de paz e de bem-estar. A um mundo em que as crianas no
sejam penalizadas pelos erros e pela imprevidncia de geraes que
no enxergaram a condio de adulto como inseparvel da
responsabilidade para com o futuro do homem.
So essas as consideraes
introdutrias que desejava fazer, neste debate que ser muito
enriquecido com a interveno de seus participantes.
Introduo.........................................................................................
2
Declarao Mundial sobre a
Sobrevivncia, a Proteo e o Desenvolvimento da
Criana...............................................................................................3
Plano de Ao para a Implementao da
Declarao Mundial sobre a Sobrevivncia, a Proteo e o
Desenvolvimento da Criana nos Anos
90...............................................................................6
Metas para a Infncia e o
Desenvolvimento nos Anos
90......................................................................16
Interveno do Senhor Presidente da
Repblica, Fernando Collor de Mello, na Sesso de trabalho do Encontro
Mundial de Cpula pela
Criana.................................................18
I. INTRODUO
lI. AES ESPECFlCAS PAPA A
SOBREVIVNCIA, A PROTEO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANA
- A Conveno sobre os Direitos da
Criana Sade infantil;
- Alimentao e nutrio;
- Papel da mulher, sade materna e
planejamento familiar;
- Papel da famlia;
- Educao bsica e alfabetizao;
- Crianas em circunstncias
particularmente difceis;
- Proteo da criana durante os
conflitos armados;
- Criana e meio ambiente;
- Diminuio da pobreza e retomada do
crescimento econmico;
III. AES DE ACOMPANHAMENTO E
AVALIAO
- Ao a nvel nacional;
- Ao a nvel internacional;
- Metas para a infncia e o
desenvolvimento nos anos 90; |