AUTORITARISMO
EXPLCITO
Rubens
Pinto Lyra ( )
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O
primeiro veto de Vismona (por omisso, j que
no houve solicitao expressa, nem precisava
haver), data do ano 2000, quando publiquei A
ouvidoria na esfera pblica brasileira, (Ed.
Universitria da UFPB e da UFPR, 315p.). Notem
que este livro, assim como Autnomas x obedientes,
so os nicos existentes sobre a ouvidoria pblica
no Brasil, com anlises conceituais e captulos
sobre o funcionamento deste instituto no pas.
O primeiro est, alis, esgotado. Trata-se de
uma obra coletiva que teve como co-autores dirigentes
daquela entidade (Joo Elias de Oliveira, Vice-Presidente
e Joo Benedito de Azevedo Marques, Presidente
do Conselho Deliberativo). Apesar disso, nunca
foi divulgado no site da ABO como alis, tambm
no ser o meu prximo livro.
V-se que difcil ultraar Vismona, em
matria de excluso, j que o seu autoritarismo
redundou no veto divulgao de obra, em parte
produzida por seus prprios companheiros de
Diretoria!
Com relao ao veto mais recente este explcito
em uma atitude pequena, o Sr. Vismona tenta
enfatizar a questo da venda do livro que
no produz lucros em detrimento da questo
de fundo: a sua maior divulgao, que ensejaria
melhor conhecimento da problemtica da ouvidoria
pblica. Negar a divulgao de instrumentos
desse quilate para o saudvel confronto de idias
uma atitude, no mnimo, obscurantista.
Vismona pretende ainda que proponho a ciso
da ABO, a sua desintegrao e a ciso e
excluso dos associados, os ouvidores de empresas
privadas. constrangedor, a essa altura, que
tenha que me perguntar: estaria o Sr. Vismona
mentindo descaradamente ou teria simplesmente
se equivocado?
Desafio-o a identificar alguma agem do meu
livro, uma s, em que defenda tais posies.
O que postulo a criao de uma entidade de
ouvidores pblicos e nada mais. Sempre defendi
esta tese, desde a fundao da ABO, mas fui
voto vencido.
Refrescando-lhe a memria: a ABO nasceu de um
Encontro Nacional de Ouvidorias Pblicas, por
mim convocado em 1995, em Joo Pessoa. As teses
que defendi sobre o assunto nunca me impediram,
com o apoio de todos inclusive de Vismona
ser eleito 1 Vice-Presidente da entidade,
e, na seqncia, integrante do seu Conselho
Nacional.(1)
Ser a favor de uma Associao de Ouvidores Pblicos
nada, estritamente nada, tem a ver com a excluso
dos ouvidores das empresas privadas da ABO,
como quer o Sr. Vismona. Pretender que a defesa
de uma tese a criao de uma entidade - e
nunca a dissoluo da ABO ou a excluso dos
ouvidores privados constitui ofensa aos estatutos,
faria rir ou chorar qualquer jurista digno desse
nome. Chegamos, a esta altura, ao autoritarismo
delirante!
Reclama, ainda o Sr. Vismona, que no compareci
a encontros da ABO outra afronta, segundo
ele, aos estatutos da entidade. Se for para
punir os associados por esse motivo o serei
com mais setecentos colegas j que a ABO tem,
segundo Vismona, mil, mas apenas trezentos comparecem
aos encontros nacionais da entidade. Seriam
os ouvidores obrigados a ter recursos para comparecer
aos dispendiosos conclaves previstos estatutariamente?
Nem a penltima reunio do Frum das Ouvidorias
Universitrias (pois que j no sou mais ouvidor
da UFPB) pude comparecer quanto mais ao Encontro
da ABO. At os fundamentalistas islmicos dispensam
da obrigao de ir a Meca os que no tem meios
para viajar. Estou certo de que Vismona seguir
este exemplo de tolerncia.
A leviandade com que o Sr. Vismona faz todas
essas absurdas acusaes, independente da causa,
que no sei qual , (m-f, ignorncia, incapacidade
de interpretao, ou outra), totalmente incompatvel
com o exerccio da Presidncia de uma entidade
como a ABO. Que os seus scios reflitam sobre
a necessidade imperiosa de uma mudana radical
nos rumos do movimento das ouvidorias, garantindo-lhe
uma direo desatrelada de partidos e de governos,
e empenhada - tal como recomendou, por proposta
minha, unanimidade, a IX Conferncia Nacional
de Direitos Humanos - na construo de um sistema
nacional de ouvidorias pblicas, autnomas e
democrticas.
NOTA
(1) Meu conceito de ouvidoria pblica abrangente,
envolvendo todas as ouvidorias que prestam servios
de natureza pblica: as dos conselhos e ordens
profissionais, das agncias reguladoras, das
concessionrias de servio pblico, dos jornais
e das instituies privadas de ensino, entre
outras. Cf. A ouvidoria na esfera pblica brasileira,
p.159 (Curitiba, 2000) e Autnomas x obedientes:
a ouvidoria pblica em debate, p. 148 (Joo
Pessoa, 2004)