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SEM DIREITOS SOCIAIS
NO H DIREITOS HUMANOS
*Nilmrio Miranda


H algo de novo na luta pelos direitos humanos. Os que se dedicam a essa luta esto abraando a defesa dos direitos econmicos, sociais e culturais com o mesmo empenho com que j atuam pelos direitos civis e polticos. No se trata de trocar um objeto de luta por outro. O Brasil avanou nos ltimos anos no respeito aos direitos civis e polticos, mas essas conquistas, alm de insuficientes, podem at ser neutralizadas pelos efeitos perversos da globalizao comandada pelas excludentes polticas neoliberais. Trata-se, ento, de incluir na agenda dos direitos humanos a sua dimenso social, econmica e cultural.

O aumento vertiginoso da recesso e do desemprego, em meio deteriorao dos servios pblicos, compam um ambiente que favorece e mesmo induz a prtica de violaes massivas de direitos. Assim como os direitos humanos tm como caracterstica essencial a indivisibilidade, tambm as violaes se manifestam de forma indivisvel. muito tnue a fronteira entre o descumprimento de direitos sociais e o desrespeito aos direitos humanos. Um fenmeno est sempre acompanhado do outro. No surpreende que no Jardim ngela, em So Paulo, concentre ao mesmo tempo os maiores ndices de desemprego e de violncia do pas. E o desemprego muito mais que um nmero: a perda da auto-estima, a perda da autoridade do pai e da me de famlia perante os filhos, porta de entrada para o alcoolismo, para a prostituio, o trabalho infantil, o trabalho degradante. fator importante na violncia intradomstica, na violncia das cidades e dos campos.

A IV Conferncia Nacional de Direitos Humanos - maior evento do setor no pas, realizado anualmente em maio, apontou a tendncia de atuar em funo dessa realidade. A Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados definiu como seu lema este ano, "sem direitos sociais no h direitos humanos".

Um componente importante da fora moral da luta pelos direitos humanos que ela no se confunde com a luta poltica tradicional. Sustenta-se em princpios e valores legitimados pela Declarao Universal dos Direitos Humanos e em dois pactos internacionais: o de direitos civis e polticos e o de direitos econmicos, sociais e culturais, estes ratificados pelo Brasil em 1992. Concentramos nossa atuao at agora nos primeiros, em decorrncia da necessidade de resgatar e ampliar os direitos esmagados pela ditadura militar.

O desafio agora revitalizar o movimento dos direitos humanos atuando em favor dos direitos de segunda gerao - os econmicos, sociais e culturais. Aprovamos novas leis para combater a violncia policial, mas h milhes sem ter o que comer. A tortura se tornou crime depois de 500 anos de prtica impune, mas a pobreza no campo estimula conflitos que acabam em violncia e leva crianas que deveriam estar na escola para o trabalho. Hoje h liberdade poltica e de expresso, mas os jovens se vem sem trabalho e sem lazer. O Estado reconheceu sua responsabilidade pelos opositores polticos mortos e desaparecidos, mas a deplorvel situao dos servios pblicos de sade tambm provoca mortes e mutilaes. Os direitos sociais tambm so direitos humanos e o Brasil se compromete com eles na Constituio em vigor e perante a comunidade internacional.

Um numeroso grupo de entidades, inclusive a Comisso de Direitos Humanos, est empenhada na elaborao de um relatrio ONU sobre o (no) cumprimento pelo Brasil do Pacto Internacional de Direitos Econmicos, Sociais e Culturais. Preparamos um cronograma de ao para defender a preservao da rede de proteo social, garantindo o atendimento das necessidades bsicas dos grupos mais vulnerveis: crianas e adolescentes, indgenas, desempregados, portadores de deficincia, gestantes e nutrizes. Alm de medidas de incluso social como a Renda Mnima, Bolsa-Escola, reforma agrria, etc. No campo internacional, defendemos a adoo da Taxa Tobim, que incidiria sobre as transaes financeiras internacionais, destinando os recursos ao combate misria.

Este o momento de avanarmos, no respeito aos direitos sociais, seja por meio de polticas econmicas estruturais, para atingir as causas da desigualdade e da misria, seja para assegurar a assistncia aos atingidos pelos efeitos das polticas vigentes. Mas o compromisso fundamental do movimento pelos direitos humanos continua, no fundo, o mesmo: a defesa da vida e da liberdade.

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* Nilmrio Miranda deputado federal do PT-MG, Secretrio Nacional de Direitos Humanos do Partido dos Trabalhadores e membro da Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados.
** Artigo publicado no Jornal CORREIO BRASILIENSE - Opinio - pg. 21 - Braslia, sexta-feira, 02 de julho de 1999.
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