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A ala na bolsa 5h3s1k

Anatlia Melo Alves ( ? 1973)

O carcereiro Artur Falco, da Delegacia de Segurana Social, levou Anatlia para o 2 banheiro, por volta das 17h20 do dia 22 de janeiro de 1973. A partir desse momento, a histria que ele conta a verso oficial. ados 20 minutos, tempo que ele considerou demasiado longo para um simples banho, bateu na porta vrias vezes. Sem resposta, ele resolveu por sua prpria conta, arrombar a porta, momento em que deparou-se com a vtima no solo, com a ala envolvendo o pescoo. Alarmado, segundo ele, chamou o delegado Amauri Brasil, que no intuito de prestar os socorros de urgncia determinou fosse o corpo removido para a sala de Seco de Comissariado. A causa da morte teria sido ento asfixia por enforcamento.

Este depoimento compe o laudo de exame do local de morte. Estranhamente, o policial Artur Falco no relata que o corpo de Anatlia Melo Alves trazia queimaduras de 1 e 2 graus na face anterior dos teros superiores de ambas as coxas, na regio pubiana e na regio hipogstica. Ele teria colocado fogo nas prprias vestes, alm de ter se enforcado com a ala de sua bolsa, pendurando-se em um cano de torneira. O policial Artur Falco no o odor provocado pelas queimaduras. Anatlia teria se queimado gravemente sem um gemido. O policial Artur Falco tambm no se refere fumaa.

Os peritos encontraram Anatlia na cama de campanha. A verso oficial no informa se ela j estava morta ao ser removida ou se morreu naquele local. Por que estava no solo? Pelas fotos e laudos encontrados nos arquivos do Dops/PE, a ala no se rompeu. Por que tambm seu brao esquerdo est distendido? espantoso que se possa ter deixado com uma pessoa detida uma ala de bolsa de 1,09m de comprimento. Isso contraria os procedimentos habituais: pessoas detidas ou presas esto proibidas de portar objetos que possam servir para atentar contra a prpria vida ou a de terceiros. Alm disso, a legenda da foto n 11 da percia de local informa: Na bolsa em tela (que poder ser vista na inclusa Fotografia n 1, obtida no local em que se achava o cadver) foi encontrada a cdula de identidade n 79028/4166. Ou seja, Anatlia, presa, incomunicvel, teria consigo sua carteira de identidade.

Dentre os documentos encontrados, h um rol dos pertences de um grupo de cinco presos, entre os quais Anatlia e seu marido Luiz. So relacionados objetos pessoais de Edmilson Vitorino de Lima, Severino Quirino de Miranda, Jos Adeildo Ramos, Luiz Alves Neto e Anatlia Melo Alves.

Objetos pessoais de Anatlia Melo Alves, Marina: 1 (um) carto de identidade registro n 79028, carto n 4166 do Instituto Mdico Legal do Rio Grande do Norte; Cr$ 20,30 (vinte cruzeiros e trinta centavos); 1 (uma) carteira para cdulas; 1 (uma) bolsa de couro marrom para senhora; 2 (duas) chaves. P policial Hilton Fernandes da Silva assina o recibo da guarda desses objetos.

A imprensa de planto da Secretaria de Segurana, onde funcionava a DSS no 1 andar, foi chamada para ouvir a verso oficial. O Dirio de Pernambuco de 23 de janeiro de 1973 traz uma foto da bolsa e de sua ala, com o ttulo Subversiva suicida-se com ala da bolsa no banheiro.

E informa: Na curta entrevista que deu imprensa, Luiz Alves Neto disse que residia com a esposa em Mossor, no Rio Grande do Norte. Mas, como os subversivos sofrem muita perseguio, no podendo fixar residncia em um s lugar, vivia se mudando constantemente, para melhor despistar as autoridades. Assim sendo, juntamente com Anatlia de Souza Melo, Luiz pertencia ao PCBR e atuava na zona canavieira, residindo por convenincia do partido em Gravat, onde foram presos no dia 17 de dezembro do ano ado e levados para local desconhecido. Somente no dia 13 do corrente foram enviados para o Dops. Neste rgo da Secretaria de Segurana Pblica receberam melhor tratamento, segundo Luiz Alves Neto.

A seguir, o jornal publica a verso oficial, divulgada pelo delegado Jos Silvestre.

Naquele perodo, o PCBR foi severamente golpeado. No dia 17 de dezembro foram presos, levados ao DOI-Codi e torturados, Anatlia e Luiz Alves, Edmilson Vitorino de Lima, Severino Quirino de Miranda e Jos Adeildo Ramos.

Jos Adeildo Ramos, um dos oito que fugiram da Lemos de Brito em maio de 1969, relatou em juzo, em 1995, a morte, aps brbaras torturas, de Fernando Augusto Valente da Fonseca (Fernando Sandlia) no DOI-Codi do Recife e de outros cinco militantes do PCBR.

A DSS era um centro de torturas. Um ano antes, Odijas Carvalho de Souza, tambm do PCBR, fora barbarizado at a morte nesse local, sob o comando do delegado Jos Silvestre.

No se sabe o que realmente ocorreu com Anatlia Melo Alves naquela tarde de 22 de janeiro de 1973, em meio ao clima aterrador de represso ao PCBR. Naquele mesmo janeiro, seis militantes da VPR foram chacinados no Recife, no episdio que ficou conhecido como Massacre na Chcara So Bento.

Anatlia nasceu em Martins, atual Frutuoso Gomes, RN, mas morou a maior parte de sua vida em Mossor, onde fez os cursos primrio, secundrio e cientfico no Colgio Estadual, concluindo os estudos em 1967. Seus amigos e parentes dizem que era tmida, calada, solidria e estudiosa. Era tima costureira. Desde 1965 ou a trabalhar na Cooperativa de Consumo Popular.

Em 1966 conheceu o radiotcnico Luiz Alves Neto; com ele namorou, noivou e casou em 1968, moraram em uma casa modesta num conjunto habitacional popular da Fundap. Luiz era militante do PCBR. Anatlia vinculou-se depois. A partir do AI-5, durante 1969, Luiz sentiu-se ameaado em Mossor, e tambm por deliberao de seu partido props Anatlia vender o que tinham e entregarem-se militncia entre os trabalhadores rurais da Zona da Mata canavieira. Peregrinos, viveram em Recife, Campina Grande, Palmeira dos ndios e, finalmente, Gravat. Ali foram presos por agentes do DOI-Codi pernambucano.

A verso de suicdio no convenceu os presos polticos da poca. As queimaduras, inexplicadas, levaram-nos suspeitar de que Anatlia teria sido vtima de violncias sexuais quando se encontrava psicologicamente abalada pelas torturas e pelo clima de terror nos crceres de Pernambuco. Sua morte e as queimaduras na regio pubiana seriam uma forma de impedir que ela denunciasse os responsveis pelas sevcias.

O certo que a verdade sobre a morte de Anatlia Melo Alves ainda no veio tona. Paulo Gustavo Gonet Branco foi o relator do caso na Comisso Especial, reconhecido por unanimidade (7 x 0).

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