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A ARTE DE VENCER SEM MATAR i45s

Luciano Mariz Maia ** 724p2l

Lutar e vencer em todas as batalhas no a glria suprema.
A glria suprema consiste em quebrar a resistncia do inimigo sem lutar.

Este ensinamento atribudo a Sun Tzu, general chins que teria desenvolvido importante papel h 2.5000 anos. Seus ensinamentos, registrados em livro com o nome de A Arte de Guerra, nos foram trazidos pelo escritor americano James Clavel, autor, entre outras obras, de Xgum e Casa Nobre.

Os americanos, com seus cinemas fantsticos, nos trazem heris imaginrios tambm fantsticos, que lutam pelo bem contra o mal e tem todos os cdigos de honra todo prprio, como que a lhes autorizar, em nome do bem, destruir o mal, destruindo os maus, ou os malfeitores. mais que a vingana privada. a vingana privada exercida atravs do desempenho de funes pblicas. Ordinariamente de polcia. Kojaks, Rambos, McGivers, so desses personagens que se incorporam no dia-a-dia de nossas vidas, como sendo defensores de lei e da ordem, autorizados a ampliar os limites da legalidade, e tornar legal, no nosso imaginrio, o que, em mo ou gatilhos alheios, no ariam de crime.

No sei at que ponto essas situaes influenciam os policiais de verdade, brasileiros, de carne e osso. No sei quantos se mirariam nessas miragens, quantos comprariam essas iluses. O certo que muitos parecem faz-lo, e desaparecem por v-lo feito.

Quero, antes de tudo, repetir o que tenho dito que segurana pblica um dever de cada cidado e cidad. Todos somos responsveis por ela. Alguns, irresponsveis, no cuidam dela, ou, mais grave ainda, destroem-na, com suas condutas violentas, que geram e jorram insegurana sobre a populao. Sim, somos ns, os civis, os que, devendo responsveis pela segurana, terminamos sendo os responsveis pela insegurana coletiva. No todos os civis, mas os civis desajuizados, que decidem pela criminalidade. Os de ndole violenta, que desrespeitam a vida, que no reconhecem limites, que abusam da sua liberdade. Que livres, querem aprisionar os outros em medos e temores de malefcios.

Por que existem os maus, e porque os maus causam inseguranas aos bons, defendo a existncia das polcias. Que fazem muito mais bem do que mal. E que, ultimamente, alm de fazerem o bem, querem fazer bons os que ostentam suas fardas ou portam suas insgnias. Defendo os cidados. Defendo as polcias para defenderem os cidados, em sua cidadania.

Mas vejo que, assim como os polticos, a polcia tem a cara do povo. E o povo, ns, como um todo, no sabemos qual cara devemos ter. no sabemos qual cara nos cara, e qual cara nos envergonha. Cito alguns episdios. Todos de So Paulo.

Diadema chocou o Brasil, e chocou o mundo. Policiais foram flagrados matando, a queima roupa, algum que no praticara crime algum, e que estava indefeso dentro de um carro.

Conjunto habitacional de So Paulo. Sem-tetos invasores. Diriam ocupantes. Ordem judicial de despejo. Juiz ausente, como ausentes costumam estar em ordens dessa gravidade. No querem sujar suas togas nem com a lama das ruas, nem com o sangue que sempre respinga. Presente a polcia. Muitas vezes, a nica presena do Estado, ao alcance de sem-nadas como estes. Querem expulsar fora. Tentam, no conseguem. 3 morrem. 3 sem-nome. Agora, 3 sem-vida. E com tetos de terra.

Dia seguinte, surgem em cena um negociador. Conversa. Conversa. Na conversa que vai e que vem, vm os sem-tetos, sem que a polcia precise ir alm. A palavra construiu o que o silncio destruiu. Houve desocupao. No houve a morte.

Campinas. Sequestro de crianas. Finalmente uma tomada como refm. Carregada nos braos, sob ameaa de faca, por mais de 5 quilmetros, e mais de 4 horas. Dezenas de policiais acompanharam o a o a fuga para o nada e a lugar nenhum. Nervoso, estressado, exaurido, o sequestrador quase nada vale de foras. Visivelmente, sua ateno s tenso, sua possibilidade de resistncia se esgotou. Distrai-se o policial. Do policial, contrai-se o dedo. Termina um sequestro, termina mais uma vida, teria sido inevitvel atirar? Teria sido inevitvel atirar em sede fatal? No teria sido possvel atirar-se sobre o malfeitor? Para salvar uma vida, fora essencial eliminar outra?

difcil dizer o que fazer em momentos-limite como esses. Mas, possvel dizer o que fazer, antes de chegarmos a tais limites. A preparao de grupos de elite, que capacita os policiais para misses de altssimo risco, no pode deixar de incorporar um elemento essencial: a preservao da vida humana. Alm de destreza nas armas, e nas artes marciais, talvez seja a hora de incluir algum que seja destro nas armas de persuaso e do convencimento, da antiga arte de ouvir e falar. De negociar.

Talvez seja um sentimento comum todos desejarmos a glria, em nossas profisses. Mas, na arte da guerra, a glria suprema vencer sem lutar. prender sem matar.

** (Procurador da Repblica, presidente Cons. Est. De Defesa do Homem e do Cidado - PB)

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