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1968
CERTEZA: HISTRIA E FLORES
os
acontecimentos que abalaram a Frana nos idos de 1968 a
famosa revoluo cultural-sexual espraiaram-se pelo mundo
inteiro, pondo em ao todas as foras democrticas at ento
obrigadas ao silncio. Suas vagas chegaram tambm ao Brasil,
marcando um ano que explodiu em rebeldias por toda a parte.
eatas de protesto comeavam nas universidades e terminavam
nas ruas com barricadas, bombas molotov e bandeiras americanas
incendiadas. Evidentemente muitos jovens tombaram nessas lutas.
Cada pas teve seus mrtires.
No
Rio de janeiro, 100 mil brasileiros protestaram durante o
enterro de um rapaz de 16 anos Edson Lus -, assassinado
pelos policiais no Calabouo, restaurante dos estudantes. O
fato deu origem a uma espcie de fogueira que se alastrou por
todo o pas, fazendo eclodir centenas de manifestaes
estudantis de rua. Em meio s manifestaes, os assassinatos.
Foi ento que muitas mes se uniram para a defesa de seus
filhos, criando a Unio Brasileira de Mes. Chegaram mesmo a
participar de eatas, para impedir a violncia contra eles.
Essa
entidade teve sua sede provisria no Convento dos Dominicanos
do Leme (Rio de Janeiro), com mais de 500 mes filiadas.
Acontecia
a guerra dos Estados Unidos a maior potncia mundial
contra o Vietn, ceifando vidas e vidas de jovens americanos,
orientados para liquidar com todo um povo. Os desnutridos
vietcongs enfrentaram os possantes Plantons e seus
ocupantes os soldados americanos.
Durante
o ano de 1968, parcelas da sociedade, ao se rebelarem contra a ao
imperialista e genocida, invocaram ideais libertrios e igualitrios.
Comearam a desvendar as discriminaes que procuram
transformar as mulheres, os jovens e os negros numa massa
informe sem expresso cultural e poltica. Emergiram
movimentos feministas e de negros, principalmente
norte-americanos, contra as ideologias patriarcais, machistas e
racistas.
No
Brasil, os operrios se manifestaram nas greves de Contagem, em
Minas Gerais, e Osasco, no Estado de So Paulo. Os protestos
foram violentamente reprimidos. Os lderes operrios foram
presos. O mesmo destino tiveram os quase mil estudantes que
participavam do Congresso da Unio Nacional dos Estudantes, em
Ibina (interior paulista).
O
Congresso Nacional e as Assemblias Legislativas foram fechadas
por mais uma ao arbitrria dos militares o Ato
Institucional n 5 (AI-5). A censura se intensificou e foi
abolido o habeas corpus para os detidos por infrao Lei de
Segurana Nacional. Foram cassados o mandato e os direitos polticos
do deputado Mrcio Moreira Alves.
Trabalhadores,
intelectuais e estudantes perseguidos procuraram criar novas
formas de luta. Alguns seguiram para o exlio. As organizaes
de esquerda, na sua maioria, desencadearam a luta armada, no
campo ou nas cidades.
Ainda
nesse perodo (1964 a 70), duas mulheres se destacaram junto
opinio pblica brasileira. Carmem da Silva, que escrevia na
revista Cludia artigos especialmente dirigidos ao pblico
feminino. E Betty Friedan, feminista americana, que ao visitar o
Brasil para lanar seu livro A Mstica Feminina, no
final da dcada de 60, provocou intensas polmicas nos meios
de comunicao. Carmem da Silva, ao abordar nos seus artigos
problemas do cotidiano da mulher da classe mdia, questionava o
comportamento tradicional da mulher: Deve a recm-casada
trabalhar?, Trabalhar para no ser bibel, A
conquista de um lugar ao sol, Independncia e
Amor eram temas por ela abordados em textos que procuravam
orientar as mulheres em direo autonomia.
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