PROPACE
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Paz em Angola
Comunicado final e
concluses
Sob a presidncia de Sua
Eminncia D. Alexandre do Nascimento, Arcebispo de Luanda, D. Aldo
Cavalli, Nncio Apostlico, e D. Zacarias Kamwenho, Presidente da CEAST,
acaba de se realizar, de 18 a 21 de Julho de 2000, o CONGRESSO PRO PACE,
na Universidade Catlica de Angola, Luanda. Nele participaram alm dos
Arcebispos e Bispos de Angola: o Ministro da Educao, o Ministro da
istrao do Territrio, e o Ministro do Trabalho, Emprego e
Segurana Social, como representantes do Governo; O Ministro da Justia,
a Ministra da Famlia, e a Vice-Ministra da Assistncia e Reeinsero
Social; Deputados, Embaixadores, Representantes de 22 Igrejas, entre as
quais os Secretrios Gerais do CICA, da AEA e da UIES; Representantes de
todas as Dio-ceses de Angola, ONGs, Representantes do Seminrio de
Teologia, distintos convidados do exterior, algumas dezenas de jornalistas
e outras personalidades.
O Congresso decorreu com
elevado nvel, no s na qualidade dos seus participantes, seno
tambm na profundidade com que os temas foram expostos e debatidos, mesmo
nos trabalhos de grupo. Sob a responsabilidade da CEAST que o convocou, o
Congresso formula as propostas-concluses que se seguem:
1. Democracia.
Considerando que a democracia hoje uma garantia de estabilidade
poltica, de estabilidade econmica e, por isso mesmo de paz,
- este Congresso pede ao Governo e s Igrejas, a cada qual segundo a sua
competncia, que promovam programas de educao para a democracia,
sobretudo nas escolas. E a todas as instituies, sobretudo
partidrias, pede que cultivem o esprito democrtico.
2. Tolerncia.
Considerando que a tolerncia, por sua vez, condio para viver em
democracia, salvaguardar a dignidade humana e a harmonia social,
- este Congresso pede as famlias, escolas, Igrejas, mdia e competentes
instituies estatais que eduquem os cidados para a prtica da recta
tolerncia, a qual sabe respeitar e aceitar as pessoas nas suas
diferenas, sem discriminao de espcie alguma, embora se lute contra
toda a casta de mal, injustia e desordem.
3. Ecumenismo.
Considerando que s Igrejas cabe uma aco especfica e
insubstituvel na verdadeira reconciliao dos coraes e na paz
entre os Angolanos,
- este Congresso pede a todas as Igrejas de Angola que, numa nova viso
ecumnica, facilitem em todo o territrio nacional o seu dilogo e a
sua colaborao mtua, mormente em iniciativas como as do COIEPA e do
MOVIMENTO PRO PACE.
4. No-violncia.
Considerando que a agressividade, transformada em violncia mortal,
invadiu a cultura e a vida dos Angolanos,
- este Congresso pede que se promovam programas de educao para a no
violncia, nas famlias, nas escolas, nos meios de informao e
noutros espaos da sociedade. E para evitar o perigo de agresses contra
a vida, pede outrossim o desarmamento dos civis, e que no haja partidos
armados.
5. Mdia. Considerando
que a mdia tanto pode ser instrumento de guerra como instrumento de paz
para a Nao,
- este Congresso pede a todos os rgos de informao que, em vez de
estmulo excluso, dio, vingana, violncia e erotismo,
transmitam, antes o esprito de perdo, tolerncia, reconciliao,
fraternidade, paz e culto dos valores morais.
6. Direitos Humanos.
Considerando que o total respeito pelos Direitos do Homem constitui a
nica via para todos os cidados verem respeitados os seus direitos,
inclusive o direito segurana e paz,
- este Congresso pede s autoridades competentes que o estudo dos
Direitos do Homem faa parte do curriculum normal da educao escolar,
e que as Convenes de Genebra sejam ensinadas, sobretudo aos militares,
afim de que, em eventuais situaes de guerra, as observem fielmente,
sob pena de recurso justia.
7. Minas. Considerando
que as minas, tanto anti-pessoais, como anti-carro, so uma arma
traioeira, que, normalmente atinge as pessoas mais inocentes,
- este Congresso pede, veementemente, que cumpram os Acordos anti-minas,
de forma que estes engenhos no sejam mais colocados no territrio
angolano, para no vermos mais crianas, nem mams, nem outras pessoas
inocentes, a ficarem sem membros ou sem vida.
8. Cessar-fogo e livre
trnsito. Considerando, porm, que esta guerra sem fim, continua a
destruir o Pas, a dizimar o povo, a aumentar o fosso do dio, entre os
Angolanos, dificultando cada vez mais a sua reconciliao, a fazer das
nossas cidades e povoaes campos de concentrao donde o povo se no
pode deslocar, ficando assim condenado morte de fome e de doenas,
- este Congresso, em nome do mesmo povo vem suplicar que se efectue, com
urgncia, um cessar-fogo e respectivo livre trnsito, como primeiro
o para a paz. E que ao gesto de boa vontade de uma parte, corresponda
com nobreza o da outra.
9. Dilogo e
reconciliao. Considerando a necessidade de um dilogo permanente,
seja directo ou indirecto, e considerando ainda que o fim da guerra no
significa o princpio de uma verdadeira paz, mas que esta implica um
trabalho de todos na reconciliao dos coraes,
- este Congresso pede que no referido dilogo e no processo de
reconciliao sejam itidos, alm das partes em causa, os mais
representativos extratos da sociedade civil, tais como Igrejas, Partidos e
outras instituies.
10. Vivncia do Congresso.
Por fim, este Congresso, pede s Dioceses, Parquias e Associaes que
promovam reflexes e debates sobre a paz e divulguem todos os textos que
a ela se referem.
Dado em Luanda, aos 21 Julho
2000
Zacarias Kamwenho
Arcebispo do Lubango
e Presidente da CEAST |