Carta aberta aos
membros do comit aberta Paulista permanente de combate a tortura 3n724n
So Paulo, 30 de
abril de 2002
A ACAT do Brasil, o
Grupo Tortura Nunca Mais, o Sindicato dos Psicologos do Estado de So
Paulo, e a Pastoral Carcerria, vem por meio desta comunicar seu
afastamento do Comit Executivo organizador da Campanha Nacional Contra
a Tortura, em SP.
Gostaramos de
lembrar que:
a)
a Campanha teve seu lanamento em outubro do ano ado, e j
no Encontro do Regional Sul I do MNDH (novembro de 2001) foi questionado
a funo do Comit Paulista, pois o Projeto da Campanha no
estabelece claramente o distanciamento das entidades de defesa dos
direitos humanos dos rgos pblicos nas trs esferas de poder. A
partir deste questionamento foi proposto a construo de uma nova
carta de princpios seguindo a orientao das sugestes dos
presentes no encontro, ficando um membro da Diretoria da Regional Sul e
um membro do ONG (Centro Ecumnico Frei Tito) a tarefa de realiz-la;
fato que no aconteceu at
a presente data;
b)
os instrumentos de divulgao da Campanha para a populao
foram falhos de uma maneira geral, a propaganda televisiva no teve
qualquer visibilidade pois foi transmitida poucas vezes e apenas na rede
cultura de televiso, os folders e cartazes foram em nmero
insuficientes, no foi cumprido o acordo de fixao do material nos
rgos pblicos diretamente envolvidos com a temtica da Campanha
(presdios, delegacias, Febens, e outros ), e as informaes
fornecidas so contraditrias;
c)
o instrumento primordial da Campanha O SOS TORTURA
falho na estrutura pois o 0800 tem funcionamento apenas de Segunda a
Sexta-feira das 09;00 s 18;00 horas
no cumprindo assim, a
funo para qual era destinado, pressupondo que a tortura tem hora
para acontecer, o processo de coleta de denncias direcionado para Braslia,
conforme projetado, objetiva apenas a elaborao de banco de dados,
ando para a populao a idia de que os casos sero averiguados
e os autores da tortura penalizados conforme a lei ;
d)
no temos informao sobre a formao dos operadores de
servio, mas constatamos na prtica deficincias srias no
atendimento a uma denncia, quando
a atendente tentou persuadir a no concretizao da denncia,
e)
o baixo nmero de denncias reflete a precariedade estrutural
da Campanha e contradiz a experincia vivida da fiscalizao
cotidiana das diversas organizaes de direitos humanos;
f)
por ausncia de recursos financeiros aos Estados a Campanha no
sai do papel ficando apenas centrada nas Capitais e de conhecimento de
fato apenas dos defensores de direitos humanos;
g)
o ncleo jurdico, composto apenas por dois membros, at a presente data no realizou qualquer encaminhamento
das denncias que foram readas as centrais estaduais, causando
morosidade/no investigao e assim, permitindo que os torturadores permaneam impunes;
h)
o projeto da Campanha no viabiliza o atendimento imediato das
vitimas de tortura atravs
de uma equipe tcnica de investigao, comprovao, sistemas de
proteo e assistncia mdico psicolgica deixando a cargo dos
Estados estas implementaes que no ocorrem por falta de recursos
humanos e financeiros;
i)
o convnio firmado no garante o aos estabelecimentos
estatais aonde ocorre a tortura, inviabilizando qualquer resultado
esperado numa campanha deste porte preveno, investigao,
fiscalizao e penalizao das aes de tortura;
e frente a esses
dados aqui expostos, rejeitando a participao numa Campanha que
mascara a realidade brasileira perpetuando um estado de impunidade e
tortura no pas e que capiciosamente vende para o Exterior uma imagem
de compromisso com a questo dos Direitos Humanos, firmamos nossa posio
de desligamento e denncia desse Comit Executivo.
ACAT-Brasil Ao
dos Cristos para a Abolio da Tortura
PASTORAL CARCERRIA
GRUPO TORTURA NUNCA
MAIS
SINDICATO DOS
PSICOLOGOS DO ESTADO DE SO PAULO
OBS.
Somente na presente data, 06/06/02, estamos apresentando esta carta de
desligamento do Comit Paulista Contra a Tortura. Nossa inteno era
apresenta-la primeiramente na reunio oficial, todavia devido a
adiamentos constantes e nada previsto at
o momento, amos a divulga-la.
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