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SEGUNDO RELATRIO NACIONAL SOBRE OS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL 2000 2002 2k1a3v

REGIO NORTE

A Regio Norte, formada pelos estados do Acre, Amap, Amazonas, Par, Rondnia, Roraima e Tocantins, caracterizada pela presena da Floresta Amaznica e de grandes rios das bacias do Amazonas e do Tocantins. Dos 4 milhes de quilmetros quadrados de floresta original, 13,3% j foram devastados, principalmente nos estados do Par, Rondnia e Acre. O Norte a regio do pas que tem a menor densidade demogrfica, de apenas 3,31 habitantes por km2. Tem uma populao de 12.900.704 habitantes (7,60% da populao brasileira). A populao urbana representa 69,87% e a populao rural representa 30,13% da populao total da regio. Ao lado do Nordeste, a regio que apresenta maior populao rural do pas.1 A taxa anual de crescimento da populao de 2,4%, a mais alta entre as regies do pas. 2 a regio onde h a menor proporo de populao de cor branca, a maior proporo de populao de cor parda e a maior populao indgena no pas, incluindo os 9 mil indgenas Ianomami.3 Entre todas as regies brasileiras, o Norte a que apresenta a maior proporo de crianas e adolescentes de at 14 anos e a menor proporo de idosos de 65 anos ou mais. 4 Na dcada de 1990, aumentou o rendimento mdio dos responsveis pelos domiclios e diminuiu a populao em situao de pobreza na regio. Mas o aumento do rendimento foi inferior ao registrado nas demais regies do pas e 36,2% da populao ainda vive em situao de pobreza (com renda familiar mensal per capita de at meio salrio mnimo). Apenas o Nordeste tem uma populao em situao de pobreza maior do que a do Norte.5 Ainda que a desigualdade de renda tambm tenha diminudo na dcada de 1990 no Norte, assim como nas demais regies do pas, o grau de desigualdade de renda permanece alto, inferior ao do Nordeste e Centro-Oeste, mas superior ao do Sudeste e Sul. 6 Com 30% da populao residindo em rea rural, a Regio Norte registrou 435 conflitos rurais, envolvendo 237 mil pessoas, que causaram 30 mortes entre 1999 e 2001. No mesmo perodo, 2.313 trabalhadores sem situao de escravido foram encontrados e 1.307 foram libertados. Nos dois casos, h uma concentrao de violaes no Estado do Par. 7 Tendo a maior populao indgena do pas, a maioria concentrada nos estados do Amazonas e Roraima, a Regio Norte tambm registra conflitos e violncias decorrentes da luta pela posse das terras indgenas, incluindo invases de terras j demarcadas. As organizaes de defesa dos direitos dos povos indgenas enfatizam que, apesar dos avanos no processo de demarcao das terras e de defesa dos povos e das culturas indgenas, refletidos no crescimento da populao indgena nos ltimos anos, ainda no foram adotadas as medidas necessrias para garantir definitivamente a posse das terras demarcadas, a sobrevivncia e o desenvolvimento sustentvel das populaes indgenas na regio. No Amazonas, a Federao das Organizaes Indgenas do Rio Negro desenvolve, em parceria com a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, o projeto Cidadania Indgena no Rio Negro, visando proteger e promover os direitos dos povos indgenas na regio, incluindo o Balco da Cidadania Indgena e oficinas, cursos e seminrios visando promover o desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida da populao e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente. Os novos estados do Amap, Rondnia e Roraima registram ndices de homicdio que esto entre os mais altos do pas. Roraima o estado do pas com a maior taxa de homicdios de mulheres por 100 mil habitantes. 8 Para enfrentar o problema da violncia na regio, inclusive da violncia praticada por agentes pblicos, foram implantados Programas Estaduais de Proteo a Testemunhas e Vtimas Ameaadas no Acre, Amazonas e Par, com apoio da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e do Gabinete de Assessoria Jurdica s Organizaes Populares (Gajop). H tambm um Centro de Apoio a Vtimas de Crime em processo de implantao no Par. Ainda no Par, o Governo do Estado criou a Ouvidoria de Policia em 1997. Em relao s crianas e adolescentes, a Regio Norte apresenta problemas de trabalho infanto-juvenil e de explorao sexual, incluindo trfico de crianas, adolescentes e mulheres. Ao mesmo tempo, Amazonas, Rondnia e Roraima se destacam positivamente por aplicar mais freqentemente medidas scio-educativas em meio aberto, particularmente liberdade assistida, ao invs de medidas de internao. Em Belm, capital do Par, foi estabelecido, em 2002, um ncleo da Rede Nacional de Observatrios de Direitos Humanos, que visa formar grupos de jovens para identificar as violaes de direitos humanos e atuar na proteo e promoo dos direitos humanos nas suas comunidades. 9

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1 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

2 IBGE, dados de 1996 (www.ibge.gov.br).

3 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

4 IBGE, Censo Demogrfico 2000, em Folha de S. Paulo, 20 de dezembro de 2001, Especial 2, quadro "Evoluo por faixas etrias".

5 Folha de S. Paulo, 20 de dezembro de 2001, Censo 2000, Especial 5, quadros "Rendimento Mensal dos responsveis pelo Domiclio"; Folha de S. Paulo, 17 de outubro de 2002, Eleies especial 5, quadro "Pobreza cai em todas as regies". O rendimento mdio do dos responsveis pelos domiclios na Regio Norte aumentou de R$ 428 em 1991 para R$ 577 em 2000, enquanto no Pas aumentou de R$ 542 em 1991 para R$ 769 em 2000. A populao considerada pobre a populao residente com renda familiar per capita de at meio salrio mnimo. Dados do IBGE, elaborados pelo IPEA, mostram que a populao em situao de pobreza na Regio Norte diminuiu de 49,5% da populao total em 1992 para 32,7% em 1995 e aumentou novamente para 36,2% em 1999, enquanto no pas diminuiu de 40,2% da populao total em 1992 para 28,4% em 1999.

6 Folha de S. Paulo, 20 de dezembro de 2001, Censo 2000, Especial 5, "A Concentrao de renda em 2000". A desigualdade de renda medida pelo ndice de Gini, que varia de 0 a 1. Quanto mais prximo de zero, maior a igualdade na distribuio de renda. Quanto mais prximo de 1, maior a desigualdade na dist5ibuio de renda. Valores acima de 0,5 indicam a existncia de alto grau de concentrao de renda na sociedade. No ano 2000, o ndice de Gini da Regio Norte foi de 0,598, enquanto para o Brasil foi de 0,609.

7 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999, Conflitos no Campo Brasil 2000 e Conflitos no Campo Brasil 2001. Dados de janeiro a agosto de 2002 disponveis no web-site da Comisso (www.tnac.com.br); Ministrio do Trabalho e Emprego, A Experincia do Grupo Especial de Fiscalizao Mvel 2002.

8 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002). O nmero de homicdio por 100 mil habitantes no ano 2000 foi de 32,5 no Amap, 34,9 em Rondnia e 39,5 em Roraima, contra 27,0 homicdios por 100 mil habitantes no pas. O nmero de homicdios por 100 mil habitantes entre as mulheres, no ano 2000, chegou a 13,9 em Roraima, contra 4,4 homicdios por 100 mil habitantes no pas.

9 A formao da Rede Nacional de Observatrios de Direitos Humanos um projeto coordenado pelo Instituto So Paulo contra a Violncia e o Ncleo de Violncia da Universidade de So Paulo, com apoio da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Secretaria de Estado da Assistncia Social e Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento.


ACRE
VIOLNCIA POLICIAL, TORTURA E EXECUES
SISTEMA PENITENCIRIO
TRABALHO ESCRAVO
LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS
CRIANAS E ADOLESCENTES
Explorao Sexual
Trabalho Infanto-Juvenil
Medidas Scio-Educativas
MULHERES
AFRO-DESCENDENTES
INDGENAS
IDOSOS

O Estado do Acre, situado no sudoeste da Regio Norte, faz divisa com Amazonas, Rondnia, Peru e Bolvia. Tem como capital Rio Branco e uma economia baseada na extrao da borracha e da castanha, agricultura e pecuria. o estado de Chico Mendes, lder seringueiro e ambientalista, fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasilia e Xapuri e do Conselho Nacional dos Seringueiros, assassinado em Xapuri em 1988. 1 Alm de ser marcado por conflitos de terra como os que vitimaram Chico Mendes, alm de outros seringueiros, trabalhadores rurais e indgenas, o Acre um estado que est na rota do trfico internacional de drogas e registra a presena de grupos de extermnio ligados ao crime organizado com envolvimento de policiais e autoridades. Em setembro de 1999, o ex-deputado federal Hildebrando Paschoal, acusado pela I do Narcotrfico de liderar um grupo de extermnio, perdeu a imunidade e o mandato parlamentar e foi condenado a 40 anos de priso pela Justia do Acre. Apesar dos conflitos de terra, da presena do crime organizado e da atuao de grupos de extermnio, a Acre no apresenta ndices elevados de homicdio, comparativamente aos demais estados da Regio Norte. Entretanto, o estado tem ndices elevados de homicdio contra mulheres, inferiores apenas aos de Roraima.

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VIOLNCIA POLICIAL, TORTURA E EXECUES

No Acre, h denncias da atuao de grupos de extermnio, com participao de policiais civis e militares, de violncia policial e da prtica de tortura, acompanhadas e investigadas pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.2 O Centro de Direitos Humanos da Diocese (CDHD) e o Centro de Direitos Humanos e Educao Popular (CDHEP) do Acre elaboraram dossi sobre a atuao de grupos do extermnio no Acre em 2001, segundo o qual 70 pessoas foram assassinadas por grupos de extermnio entre 1986 e 1999, sendo 14 das vtimas mortas em 1999. O relatrio relaciona 21 policiais militares, 13 policiais civis e outras 20 pessoas, identificadas como integrantes de grupos de extermnio pela Comisso Parlamentar de Inqurito do Narcotrfico e pelo Ministrio Pblico Federal. Segundo informaes do relatrio, a ao de grupos de extermnio no Acre est associada atuao do crime organizado e do narcotrfico, com ligaes no Peru e na Bolvia. 3 O CDHEP relata caso grave de violncia policial e prtica de tortura, sendo vtima Vilmar Rocha Brando, seringueiro, morador do Seringal Russara, situado no municpio de Manoel Urbano. Em fevereiro de 2002 em torno de 3-4 horas da manh, Vilmar estava saindo de sua residncia para pegar lenha quando 5 ou 6 pessoas fardadas, policiais militares, e uma outra pessoa sem farda, promotor de justia, dispararam 5 tiros que atingiram a vtima. A vtima teve uma perna quebrada (decorrente de uma bala), uma mo machucada a bala e marcas de tiros pelo corpo. Ele havia sido confundido com um bandido apresentado no Programa Linha Direta da Rede Globo. Desacordado, foi arrastado para fora de sua casa e almejado com as mos para frente, sendo colocado dentro de uma rede e levado para o "porto" (beira do Rio), dentro de um barco junto com os policiais que estavam indo para a cidade de Manoel Urbano, onde foi hospitalizado apenas para pequenos curativos (cerca de meia hora) e foi embarcado em um avio para a cidade de Rio Branco. Chegando no aeroporto foi para o Hospital de Base (Pronto Socorro). Permaneceu no hospital at que militantes do Centro de Direitos Humanos da Diocese conseguiram sua transferncia para o Hospital Santa Juliana. Desde o dia em que chegou ao hospital at 12 de maro, Vilmar ficou sob escolta policial (Polcia Civil). O militante do CDHD que acompanhou o caso foi informado pelas enfermeiras e por uma assistente social que a vtima estava sendo torturada pelos policiais responsveis pela sua escolta. Vilmar tinha medo de falar sobre esse assunto, pois temia ser eliminado, chegou at em pensar em suicdio. Retornou a sua residncia no dia 27 de maro de 2002.

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SISTEMA PENITENCIRIO

No Acre, h problema de superlotao no sistema penitencirio e as delegacias de polcia ou outras instalaes da secretaria de segurana pblica esto utilizando sua capacidade mxima. Em setembro de 2002, a populao carcerria compreendia 1.451 detentos para 762 vagas, das quais 691 vagas esto distribudas em quatro penitencirias. As 71 vagas restantes esto em instalaes do sistema de segurana pblica. 4 VIOLNCIA RURAL No Acre, os casos de conflitos de terra diminuram de sete em 1999 para dois em 2001. Mas o nmero de pessoas envolvidas nestes conflitos aumentou de 1.920 em 1999 para 3.725 em 2001. Entre janeiro e agosto de 2002, houve envolvimento de 1.060 pessoas em dois casos de conflitos. Trs pessoas foram assassinadas em decorrncia dos conflitos em 1999. 5

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TRABALHO ESCRAVO

A Comisso Pastoral da Terra, em 2000 registrou a presena de 16 trabalhadores em condio anloga escravido, no municpio de Cruzeiro do Sul.6 Em 2001, o Grupo Especial de Fiscalizao Mvel do Gertraf realizou uma operao no Acre, que resultou na libertao de setenta trabalhadores encontrados em situao degradante ou anloga escravido. 7

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LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Acre decretou a impugnao da candidatura e a suspeio dos direitos polticos por trs anos do governador petista Jorge Viana que concorria reeleio. O pedido foi formulado por seu adversrio eleitoral Flaviano Melo, que alegou suposto abuso de poder econmico, o que teria acontecido devido ao suposto uso de publicidade institucional do governo na eleio. Esse argumento foi considerado infundado. O Ministrio Pblico Eleitoral do Acre apoiou o Governador, que recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a cassao da deciso. O TSE acatou o pedido e manteve o direito de Jorge Viana de concorrer reeleio. O governo realizado por Jorge Viana foi marcado pelo combate ao crime organizado e ao narcotrfico, e ainda colaborou com a I do Narcotrfico que resultou na cassao do mandato do deputado Hidelbrando Paschoal. 8 Nesse estado, 22 municpios receberam a proteo do Exrcito nas eleies realizadas no dia 06 de outubro de 2002 no 2 turno, em 27 de outubro do mesmo ano, 9 municpios receberam esta proteo. O motivo foi justamente o clima resultante do confronto entre o governador Jorge Viana e o TRE. 9

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CRIANAS E ADOLESCENTES

No Acre, o nmero de jovens entre 15 e 24 anos mortos por homicdio diminuiu de 51 para 50 entre 1998 e 2000. O nmero de mortes por homicdio por 100 mil habitantes na populao entre 15 e 24 anos diminuiu de 44,3 em 1998 para 40,5 em 2000. Um indicador da probabilidade dos jovens virem a serem mortos a taxa de vitimizao juvenil que, no estado do Acre, era de 111,1 no ano de 2000, que muito significativa se comparada com a taxa nacional de vitimizao juvenil de 92,7. 10 Em relao efetivao dos instrumentos de democracia participativa prevista no Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), at o final do 1 semestre de 2002 somente 12 dos 22 municpios (55%) do Acre contavam com Conselhos Tutelares. O que significa que no estado ocorria um flagrante descumprimento do Estatuto no que se refere implantao desses rgos. Quanto aos Conselhos Municipais de Direitos a situao era um pouco melhor, porm em 7 cidades (32%) ele no estava instalado. 11

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Explorao Sexual

No perodo de fevereiro de 1997 a junho de 2002, o Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil registrou no Brasil um total de 3.295 denncias de explorao sexual, das quais seis originaram- se no Estado do Acre. 12 Entre os anos de 2001 e 2002 foi realizada a Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial, que constatou a existncia no Brasil de 172 rotas de trfico de pessoas com idade inferior a 18 anos. Tinham origem no estado do Acre, sete rotas, sendo que trs delas tambm envolviam mulheres com idade superior a 18 anos. 13 Visando o combate ao abuso e explorao sexual, atravs da preveno e do atendimento especializado s crianas e adolescentes vtimas de violncia sexual, a Secretaria de Municipal do Trabalho e Bem- Estar Social de Rio Branco criou, em maio de 2001, o Programa Sentinela de Combate ao Abuso e Explorao Sexual de Crianas e Adolescentes. Um estudo, que precedeu o lanamento do programa, j registrava 73 casos no municpio, durante o perodo de junho de 2000 a fevereiro de 2001. Inicialmente, foi implantado o Centro de Referncia com vistas ao atendimento e apoio psicossocial das vtimas. O Programa tambm previa o desenvolvimento de aes em outras frentes, como campanhas de esclarecimento, seminrios, capacitao de profissionais ligados rede de atendimento, sensibilizao e mobilizao de setores ligados rede de explorao. 1 4

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Trabalho Infanto-Juvenil

O Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente indicou que em 1999 havia 6.537 crianas e adolescentes na faixa de 5 a 15 anos de idade trabalhando no Estado do Acre. Porm, cabe salientar, que assim como outros Estados da Regio Norte, o Mapa no traz informaes sobre o trabalho da populao infantojuvenil do Acre residente em rea rural. Esse grupo ocupava com maior freqncia os seguintes setores: Agropecuria (2.615) e Comrcio (2.287). Ademais, do total 2.614 no recebiam remunerao, 1.308 eram empregados, 981 trabalhadores domiciliares, 654 trabalhavam por conta prpria e 653 trabalhavam para autoconsumo. 15

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Medidas Scio-Educativas

Conforme dados fornecidos pelo Frum Nacional de Defesa dos Direitos da Criana e do adolescente e pelo Departamento da Criana e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos do Ministrio Justia, o Estado do Acre tinha, em maro de 2002, 109 adolescentes inseridos em medida scio-educativa de liberdade assistida (56,19% do total de adolescentes em conflito com a lei). Em junho do mesmo ano, havia 85 (43,81%) jovens internados nas 3 unidades do Estado, sendo 53 do sexo masculino e 32 do feminino16. Assim, o ndice de adolescentes em liberdade assistida era de 1,28. 17 Em junho de 2002, no havia nenhum adolescente inserido na medida de semiliberdade tampouco sob internao provisria, o que se justificava pelo flagrante descumprimento a adequao imposta pelo Estatuto da Criana e do Adolescente, uma vez que o Estado no tinha nenhuma unidade para cumprimento das medidas de semiliberdade e internao provisria.

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MULHERES

O Acre tem a segunda maior taxa de homicdios contra as mulheres na Regio Norte, inferior apenas a de Roraima. No estado, a taxa de homicdios contra as mulheres foi de 4,7 por 100 mil habitantes no ano de 2000. As mulheres representaram este ano 12,1% das vtimas de homicdios. 18 Em muitos casos, os autores dos homicdios ou tentativas de homicdio so pessoas com as quais as mulheres mantinham relaes. Dois casos recentes exemplificam o problema. No primeiro, uma domstica de 22 anos, residente no bairro Mauri Srgio, em Rio Branco, procurou abrigo na Delegacia da Mulher para no ser assassinada pelo seu ex-marido. O marido havia sido preso por agredi-la e tentar mat-la usando uma faca. ou dois dias na delegacia e, quando saiu, foi at a casa da ex-mulher, quebrou tudo e ainda jogou a televiso na cabea dela. A inteno do marido era mat-la, s que a domstica conseguiu correr e pedir ajuda aos vizinhos. Policiais foram at a casa para prender o agressor, mas ele havia fugido. 1 9 Em outro caso, aps a separao do casal, a mulher ou a viver em um quarto construdo nos fundos do terreno da casa do pai, no bairro Boa Vista, em Rio Branco. Mas o ex-marido no a deixava em paz e vivia ameaando mat-la caso a encontrasse com outro homem. Um dia, observou que a ex-mulher se encontrava em casa na companhia de um homem. Ele invadiu a casa com uma faca na mo e atacou primeiro o rapaz, de 16 anos, com uma violenta facada na garganta e, em seguida, partiu para cima da mulher, dandolhe trs facadas. A mulher morreu antes de ser removida para o hospital. O agressor entregou-se polcia e foi encaminhado a Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher. 2 0 Em Rio Branco, foram registradas na polcia em 2000, 48 ocorrncias de estupro, 17 atentados violentos ao pudor. Em 2001, foram registrados 31 estupros e 16 atentados violentos ao pudor. 21 Em uma Delegacia Especializada no Atendimento Mulher do estado do Acre, foram registradas 4.672 ocorrncias policiais em 1999. Destas, foram 1.586 ameaas (33,95%), 6 homicdios (0,13%), 18 tentativas de homicdio (0,39 %), 21 leses corporais (0,45 %), 32 maus tratos (0,68 %) e 2.499 vias de fato (53,49 %). Quanto aos crimes envolvendo violncia sexual, foram 4 atentados violentos ao pudor (0,09 %), 42 estupros (0,90 %) e 12 tentativas de estupro (0,26 %). 2 2 No estado, h registro de trfico de mulheres para fins de explorao sexual. A Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial, constatou a existncia de trs rotas de trfico de mulheres para fins de explorao sexual comercial, sendo que as trs rotas tambm envolviam crianas e adolescentes. 23

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AFRO-DESCENDENTES

A populao afro-descendente (364.513) representa 65,38% da populao do estado, proporo inferior mdia da Regio Norte. Na populao afro-descendente, 5,71% se declararam negros e 59,67% pardos. 24

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INDGENAS

O Acre tem uma populao de pelo menos 7.510 indgenas, distribudos em 10 povos. Alm disso, tambm abriga outros dois povos, com uma populao de, ao todo, 2.633 indgenas, que vivem entre o Acre e o Amazonas.25 Estima-se que tenha a 12 maior populao indgena do pas.26 o estado que conta com a quinta maior proporo da populao indgena do pas, sendo que 1,83% da populao local se declara indgena. 27 O Estado tem 29 reas indgenas, que se encontram na seguinte situao jurdica: 28

Situao

No. de Terras Indgenas

A identificar 1
Em identificao 3
Identificadas / Aprovadas pela Funai 1
Declaradas 2
Homologadas 9
Registradas 13

Esses dados correspondem s informaes fornecidas pelo Governo do Estado, atravs da Secretaria de Justia e Segurana Pblica, segundo as quais o estado abriga um total de 10.946 indgenas. Alm disso, segundo essa mesma fonte, a situao fundiria das Terras Indgenas no dia 6 de novembro de 2002 a seguinte: 23 reas inteiramente regularizadas, 2 reas j demarcadas e aguardando Decreto de Homologao, 2 reas j declaradas e aguardando demarcao e outros trmites posteriores, 2 reas em processo de demarcao e 5 reas aguardando o incio do processo de identificao.30 No total, so 34 reas, o que contrasta com as informaes acima descritas, fornecidas pelo Instituto Scio Ambiental, para quem o estado contaria com 29 reas.

A terra indgena dos Ashaninka foi invadida no final de 2000 por madeireiros peruanos, que abriram uma estrada clandestina ligando algumas cidades terra, e l abriram clareiras e iniciaram um processo intensivo de retirada de cedro e mogno.31 Os indgenas Ashaninka tambm enfrentam problemas com os caadores profissionais, que invadem freqentemente suas terras em busca de caa, sendo que chegam at a saquear cerca de 500 quilos de carne de uma vez s. Os caadores so algumas vezes tambm acompanhados por madeireiros e seus empregados. As invases e saques costumavam ser muito freqente, at que em agosto de 1999 os indgenas encaminharam uma denncia ao Ministrio Pblico, dando origem a um processo do qual fez parte a ida da Polcia Federal ao local dos fatos. A partir da, depois de superadas ainda muitas invases e conflitos, os caadores foram aos poucos deixando de entrar no territrio dos Ashaninka. 32 Violncias No dia 14 de maio de 2000, o ndio Manchinery Jos Pedro Matias foi assassinado a facadas e pauladas aps ter sido atacado por cinco homens. Havia acabado de concluir um curso para agentes de sade e voltava acompanhado de outros dois indgenas de uma comemorao para o hotel em que estavam hospedados. No caminho foram surpreendidos com agresses morais e xingamentos preconceituosos por parte de um grupo de homens, que logo em seguida os atacou, matando Jos Pedro e ferindo gravemente os outros dois indgenas. Quatro homens foram presos acusados de serem os autores do crime. O quinto seria menor de idade. 3 3 Outro caso de violncia fatal ocorreu na terra indgena do Alto Tarauac, em junho de 2000, quando invasores da rea indgena, que entraram nela para desmatar, retirar madeira e caar, foram avistados por cerca de dez indgenas no contatados. Dispararam vrias vezes, sendo que ao menos um ndio foi morto. Seu corpo foi encontrado dias depois, quando verificou-se que ele foi morto e em seguida castrado. Foi o nico corpo encontrado, mas a Funai possui informaes de que pelo menos mais trs indgenas teriam sido assassinados no local. 3 4 Boas prticas Conhecido como "Governo da Floresta", o Governo de Jorge Viana tem apoiado o avano dos processos de regularizao das terras indgenas do estado, dando condies para a vigilncia de seus limites, o uso sustentado de suas riquezas e a preservao da floresta, e tem colaborado nos processos de formao de professores bilnges, agentes de sade e agroflorestais. Um exemplo do que tm acontecido pode ser percebido atravs da narrao do episdio envolvendo a rodovia BR-364. O projeto de construo dessa rodovia antigo e prev uma extenso de mais de trs mil quilmetros. No estado do Acre, a estrada comeou a ser asfaltada em 1996, de forma que desprezava os impactos socioambientais que poderia causar. O Estudo de Impacto Ambiental elaborado foi criticado por todos ligados rea devido fragilidade das informaes que continha e falta de anlise dos impactos decorrentes da pavimentao. Em 1998, alguns indgenas katukina foram ao Ministrio Pblico e entregaram um documento demonstrando os problemas decorrentes da construo, tais como: sade, invases de caadores, roubos, etc. Tambm pediam a anulao do Estudo de Impacto Ambiental. Atendendo ao pedido dos indgenas, no dia 3 de julho de 1999 o novo governo eleito realizou uma audincia pblica com os Katukina e com representantes de outras populaes indgenas e seringueiras da regio. Algumas propostas foram tiradas, entre elas o compromisso do governo de elaborao de uma poltica conjunta e a reviso do estudo anterior com a participao das comunidades. 35

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IDOSOS

O Estado do Acre tinha, em 2000, uma populao de idosos de 30.404.36 Seguindo a tendncia nacional, mas num ritmo inferior mdia nacional, a populao de idosos cresce em relao s demais faixas etrias da populao. Em 1991, os idosos do Estado representavam 4,8% da populao total; no ano de 2000, este nmero ou a 5,5%. PORTADORES DE DEFICINCIA A Fundhacre desenvolve a primeira etapa da Campanha Nacional de Protetizao para Pessoas Portadoras de Deficincias Fsicas, distribuindo pernas e ps mecnicos, bem como muletas, cadeiras de roda e ainda equipamentos de prtese corretivos para coluna, braos e outros membros do corpo. As oficinas de ortopedia se localizam nas cidades de Cruzeiro do Sul e Rio Branco onde so produzidos as prteses, rteses e ainda calados ortopdicos que esto sendo distribudos nesta campanha.

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1 Os assassinos de Chico Mendes foram presos e condenados a 19 anos de priso em 1990, esacaparam da priso em 1993 e foram recapturados em 1996.

2 Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Relatrio de Atividades Setembro 2002.

3 Centro de Direitos Humanos da Diocese e o Centro de Direitos Humanos e Educao Popular do Acre, Dossi A Ao dos Grupos de Extermnio no Acre.

4 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Justia, Departamento Penitencirio Nacional (www.mj.gov.br/Depen/default.htm).

5 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999, Conflitos no Campo Brasil 2000 e Conflitos no Campo Brasil 2001. Dados de janeiro a agosto de 2002 disponveis no web-site da Comisso (www.tnac.com.br).

6 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 2000.

7 Ministrio do Trabalho e Emprego, A Experincia do Grupo Especial de Fiscalizao Mvel 2002.

8 Jornal da Tarde, 28 de agosto de 2002, "Tenso no Acre pela vida de Jorge Viana", e 3 de setembro de 2002, "TSE pode julgar hoje o recurso de Viana".

9 Folha de S. Paulo, 3 de outubro de 2002, "170 municpios pedem proteo do Exrcito para votao do dia 6"; e Agncia Estado, 27 de outubro de 2002, "Foras Armadas atuam em 149 municpios, sem incidentes at agora" (www.estadao.org.br).

1 0 Waiselfisz; J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002). A taxa de vitimizao juvenil por homicdios a relao entre a taxa de bitos por homicdio de jovens de 15 a 24 anos e as taxas de homicdio na populao total. Quanto maior a taxa de vitimizao, maior a concentrao de homicdios na populao jovem. Quando a taxa zero ou prxima a este valor, os homicdios atingem na mesma proporo os jovens e os demais grupos da populao.

1 1 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

1 2 ABRAPIA - Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil (www.abrapia.org.br). Conforme descrito na introduo geral, o conceito de explorao sexual infanto-juvenil abrange: abuso sexual (intra-familiar e extra-familiar) e explorao sexual comercial (compreendendo o trfico para fins sexuais, a prostituio, o turismo sexual e a pornografia).

1 3 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

1 4 A Gazeta, 16 de maio de 2001 (www.agazeta-acre.com.br).

15 Ministrio do Trabalho e Emprego, Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente (Braslia: MTE, 2001), p. 67. O mapa traz, tambm, as atividades desenvolvidas pelas crianas e adolescentes conforme o estado. No Acre foi constatado o trabalho de pessoas entre 5 e 15 anos nas atividades de: Comrcio (Ambulante e Varejista); Extrativismo (Seringa e Castanha); Hortifrutigrangeiros; Indstria Movelaria e Assemelhados; Lavagem de Automveis; Panificao; Pecuria; Produo de Farinha de Mandioca; Quebra de Concreto; Guardas Mirins; Servios (Domsticos; em Cermica e Olarias; em Madeireiras e Serrarias; e em Oficinas Mecnicas); Borracharias; Sorveteria; e Venda de Jornais.

1 6 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca). No ndice indicado foram considerados apenas os adolescentes inseridos nas medidas de internao, semiliberdade e liberdade assistida. Desconsiderou-se as demais medidas (advertncia, obrigao de reparar o dano e prestao de servio comunidade) uma vez que a fonte de dados fazia referncia quelas medidas mais gravosas.

1 7 Este ndice foi obtido a partir do resultado da diviso do nmero total de adolescentes em liberdade assistida pelo nmero total de inseridos em medidas em meio fechado (a internao e a semiliberdade). Quanto maior o ndice, maior tambm a aplicao no Estado da medida em meio aberto em comparao ao nmero de adolescentes privados, parcial ou totalmente, de liberdade.

18 Waiselfisz, J.J., Mapa da Violncia III (Braslia: Unesco, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002).

19 A Gazeta, 14 de novembro de 2002 (www.agazeta-acre.com.br).

2 0 A Gazeta, 23 de agosto de 2002 (www.agazeta-acre.com.br).

2 1 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Segurana Pblica. (www.mj.gov.br/senasp/default.htm).

22 Conselho Nacional dos Direitos da Mulher - Pesquisa Nacional sobre as Condies de Funcionamento das Delegacias Especializadas no Atendimento s Mulheres. Relatrio disponvel no web-site da entidade (www.mj.gov.br/sedh/cndm).

2 3 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

2 4 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

2 5 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com).

26 Conselho Indigenista Missionrio (www.dhnet-br.informativomineiro.com).

2 7 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

2 8 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com). Dados atualizados em 3 de outubro de 2002 (com exceo das informaes de Terras Indgenas declaradas, atualizadas em 8 de agosto de 2002).

2 9 Uma delas em conjunto com o Estado do Amazonas.

3 0 Governo do Estado do Acre, "Situao Fundiria das Terras Indgenas do Estado do Acre".

3 1 Conselho Indigenista Missionrio, Informe n. 442, de 4 de janeiro de 2001.

32 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, "Os Ashaninka do Rio Amnia no Rumo da Sustentabilidade", de Margarete Kitaka Mendes, p. 571-574.

3 3 Conselho Indigenista Missionrio, Informes n. 412 e n. 415, de 25 de maio de 2000 e 15 de junho de 2000.

3 4 Conselho Indigenista Missionrio, Informe n. 427, de 5 de setembro de 2000.

35 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, "Governo da Floresta", p. 565, e "BR-364: no Caminho dos Katukina", de Edilene Cofface de Lima, p. 575-578. 3 6 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).


AMAP
SISTEMA PENITENCIRIO
VIOLNCIA RURAL
TRABALHO ESCRAVO
LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS
CRIANAS E ADOLESCENTES
AFRO-DESCENDENTES
INDGENAS
IDOSOS

O Estado do Amap, situado ao norte da Regio Norte, faz divisa com a Guiana sa, Suriname e Par. Tem como capital Macap e 90% do seu territrio coberto pela Floresta Amaznica. A economia baseada na extrao da castanha-do-par, da madeira e na minerao de mangans. ou da condio de territrio federal a de estado com a promulgao da Constituio Federal em 5 de outubro de 1988. No Estado do Amap, o perodo recente foi marcado por conflitos polticos envolvendo o crime organizado. Em 1999, agravou-se a crise decorrente dos conflitos entre o ento Governador do Estado, Joo Alberto Capiberibe, e o crime organizado e os velhos esquemas de clientelismo local. A vinda da I do Narcotrfico para o Estado tambm contribuiu para o acirramento do conflito. Durante seu mandato, ex-governador Capiberibe, eleito senador em 2002, teve sua atuao reconhecida pelas polticas adotadas em defesa dos povos indgenas e do meio ambiente. O Amap apresenta elevadas taxas de homicdio. Enquanto a taxa mdia da Regio Norte de 18,7 homicdios por 100 mil habitantes, no Amap chega a 32,5 homicdios por 100 mil habitantes. Alm disso, entre os anos de 1991 e 2000, a taxa de homicdios sofreu um aumento de 79,56%.1 A taxa de mortalidade por homicdio entre os jovens de 15 a 24 anos aumentou de 38,6 por 100 mil habitantes em 1991 para 75,8 em 2000 (+ 96,37%). 2

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SISTEMA PENITENCIRIO

O sistema prisional do Amap dispe de 537 vagas, das quais 518 esto distribudas em nove estabelecimentos: cinco unidades prisionais, duas cadeias pblicas e um hospital psiquitrico; so dezenove as vagas nas unidades policiais. Em setembro de 2002, o nmero de presos excedia o nmero de vagas, respectivamente 850 detentos para 537 vagas. 3 Apesar de haver 89 vagas para cumprimento de medida de segurana, em setembro de 2002, no havia nenhum preso cumprindo medida de segurana no estado. Caso as vagas destinadas para cumprimento de medida de segurana no estejam sendo utilizadas, agravado o problema de superlotao nas demais unidades prisionais. Caso as vagas para medida de segurana estejam sendo utilizadas para presos que no receberam esta pena, que deveriam cumpri-la em regime fechado, o descumprimento da Lei de Execuo Criminal alarmante, uma vez que estes detentos se encontram em um local absolutamente inapropriado, o hospital psiquitrico. Ainda em relao utilizao das vagas de acordo com o tipo de sentena recebida, o nmero de presos que ainda no foram condenados e podem estar aguardando julgamento em instituies inadequadas expressivo. So 462 presos provisrios para apenas 74 vagas em cadeias pblicas e 19 vagas em distritos policiais. Se os presos provisrios esto em locais adequados a sua situao processual, a superlotao nestas unidades grave. Porm, se eles se encontram detidos em unidades prisionais para presos j condenados, se encontram em situao irregular.

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VIOLNCIA RURAL

No Amap, os casos de conflito de terra diminuram entre os anos de 1999 e 2002. Em 1999 foram registrados seis casos, em 2000 um caso, em 2001 dois casos e entre janeiro e agosto de 2002 outros dois casos. O nmero de pessoas envolvidas nos conflitos tambm diminuiu, ando de 2.627 em 1999 para 195 em 2001 e 60 entre janeiro a agosto de 2002. No perodo, no foram registrados assassinatos em decorrncia de conflitos de terra. 4

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TRABALHO ESCRAVO

Em 1999, a Comisso Pastoral da Terra registrou a presena de doze trabalhadores em condio anloga a de escravo, no municpio de Caloene. 5 Em 2001, o Grupo de Fiscalizao Mvel do Gertraf realizou uma operao no Amap, mas no encontrou trabalhadores em situao degradante ou anloga escravido. 6

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LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS

A situao poltico-institucional do Amap, j complicada havia algum tempo, foi recentemente agravada no episdio de tentativa de impeachment do Governador. O impeachment foi aprovado pela Assemblia Legislativa em um processo marcado por irregularidades e posteriormente invalidado pelo Supremo Tribunal Federal e pela Comisso Julgadora. O pedido tinha como fundamento uma acusao envolvendo a utilizao dos recursos pblicos por parte do governador. O que estava por traz dela, porm, relacionava- se com a poltica que vinha sendo desenvolvida pelo governo no estado. Em contraposio aos governos anteriores, Capiberibe vinha desenvolvendo uma poltica transparente, priorizando os investimentos sociais e rompendo com clientelismos e corrupes. Segundo depoimentos do governo, a crise institucional se agravou justamente em 1999, no momento em que a Assemblia Legislativa alterou a Lei de Diretrizes Oramentrias do Estado, ampliando as verbas do Judicirio e do Legislativo (verba usada no favorecimento pessoal de seus membros) e comprometendo a capacidade de investimento do Executivo. De acordo com o prprio Capiberibe, a vinda da I do Narcotrfico ao Amap teria contribudo como agravante da crise. O resultado de tudo isso foi justamente o pedido infundado e irregular de impechment, que foi invalidado posteriormente. 7 Quatro municpios desse estado receberam a proteo das Foras Armadas nas eleies realizadas no dia 27 de outubro de 2002. 8

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CRIANAS E ADOLESCENTES

Em relao efetivao dos instrumentos de democracia participativa previstos no ECA, at o final do 1 semestre de 2002, somente metade dos municpios do Amap tinham instalado Conselhos Tutelares, o que significa que ocorria um flagrante descumprimento do ECA no que se refere a implantao desses rgos. Quanto aos Conselhos Municipais de Direitos a situao era um pouco melhor, porm em quatro das doze cidades do Estado no havia o Conselho. 9 Explorao Sexual No perodo de fevereiro de 1997 a junho de 2002, o Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil registrou no Brasil um total de 3.295 denncias de explorao sexual, das quais 11 denncias de explorao sexual originaram-se no Amap. 10 Entre os anos de 2001 e 2002 foi realizada Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial, que constatou a existncia no Brasil de 172 rotas de trfico de crianas e adolescentes para fins de explorao sexual comercial. Tinham origem no Amap oito rotas, sendo que 6 delas tambm envolviam mulheres com idade superior a 18 anos. 11 Trabalho Infanto-Juvenil O Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente indica que em 1999 havia 6.643 crianas e adolescentes na faixa de 5 a 15 anos de idade trabalhando no Amap. Porm, cabe salientar, que assim como outros estados da Regio Norte, o Mapa no traz informaes sobre o trabalho da populao infanto-juvenil do Amap residente em rea rural. O Mapa aponta que esse grupo ocupava, com maior freqncia, os seguintes setores: Agropecuria (2.447), Comrcio (1.399) e Cientfico/Artstico (1.048).12 Destes, 3.147 (47,37%) no recebiam remunerao, 1.399 (21,06%) eram empregados, 1.049 (15,79%) trabalhavam para autoconsumo e 1.048 (15,78%) eram domsticos. 13 Medidas Scio-Educativas Conforme dados apresentados pelo Frum Nacional de Defesa dos Direitos da Criana e do Adolescente e pelo Departamento da Criana e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos do Ministrio Justia, o Estado do Amap tinha, em maro de 2002, 59 adolescentes inseridos em medida scio-educativa de liberdade assistida. Em junho do mesmo ano, havia: 56 cumprindo internao, 32 em semiliberdade e 14 internados provisoriamente. Em relao ao sexo, somente havia duas meninas internadas provisoriamente e outras duas em semiliberdade. At junho de 2002, o Estado contava com duas unidades para cumprimento da medida de internao, um para semiliberdade e um para internao provisria. 14 A partir destes dados, verifica-se que o Poder Judicirio do Amap est dando maior prioridade a aplicao de medidas em meio fechado, j que - considerando o universo total de medidas de Liberdade Assistida, Semiliberdade e Internao em execuo no Estado apenas 40,14% so medidas em meio aberto. Outro dado a se destacar consiste na elevada utilizao da semiliberdade como meio de scio-educao. MULHERES No Amap, h registro de trfico de mulheres para fins de explorao sexual. A Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial constatou a existncia de seis rotas de trfico de mulheres para fins de explorao sexual comercial no estado, sendo que todas envolviam crianas e adolescentes. 15 No estado, a taxa de homicdios contra as mulheres foi de 1,7 por 100 mil habitantes no ano 2000 (a menor da Regio Norte). As mulheres representam 2,6% das vtimas de homicdios no estado. 16 O nmero de crimes contra mulheres, registrados na Delegacia Especializada de Crimes contra a Mulher de Macap, diminuiu de 1999 para 2001. Em 1999, foram registradas 6.316 ocorrncias de crimes, sendo que 2.238 foram de leso corporal, 1.472 vias de fato, 30 tentativas de estupro, 77 estupros, 4 de tentativa de homicdio, 2 homicdios e 27 atentados violentos ao pudor. Em 2000, foram 5.991 ocorrncias, sendo 2.117 leses corporais, 1.463 vias de fato, 14 tentativas de estupro, 40 estupros, 4 tentativas de homicdio e 12 atentados violentos ao pudor. Em 2001, foram registradas 5.584 ocorrncias de crimes contra a mulher, das quais 1.896 foram de leso corporal, 1.542 vias de fato, 26 tentativas de estupro, 58 estupros, 4 tentativas de homicdio, 3 homicdios e 5 atentados violentos ao pudor.17 Entretanto, segundo dados globais da polcia, o nmero de ocorrncias de estupro diminuiu de 110 em 1999 para 100 em 2000, mas aumentou para 118 em 2001. 18

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AFRO-DESCENDENTES

A populao afro-descendente (351.292) representa 73,64% da populao do estado, proporo superior mdia da Regio Norte. Na populao afro-descendente, 6,63% se declararam negros e 67,01% pardos. 19

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INDGENAS

O Amap tem uma populao de 4.943 indgenas, distribudos em cinco povos indgenas.20 Estima-se que tenha a 19 maior populao indgena do pas.21 O Estado tem cinco reas indgenas, sendo que quatro j esto registradas e uma est em processo de identificao: 22 A falta de saneamento bsico vem comprometendo a sade dos indgenas Waipi e fazendo vtimas. Somente durante o ms de julho de 1999, cinco crianas morreram e outras quinze foram infectadas e hospitalizadas, vtimas da bactria Escherichia coli, que se propaga pela gua e transmitida por leite materno. Todas tinham menos de um ano de idade e morreram em tempo inferior a 24 horas, depois de terem contrado a doena. Sendo a bactria transmissora da doena desconhecida, o que se constatou foram os sintomas da doena, que seria uma espcie de gripe, seguida de forte vmito, diarria e febre.23 Alm disso, no final de 2000, os Waipi foram vtimas de casos de catapora. 24 Boas Prticas A Associao dos Povos Indgenas Oiapoque (Apio) foi formada em 1992 como conseqncia da luta conjunta de diversas etnias pela demarcao das terras indgenas nas dcadas de 70 e 80. Inicialmente marcada por carter mais reivindicatrio, foi aos poucos transformando o carter de sua atuao. Desde a eleio de 1994, em que foi eleito para o estado um governo que prioriza as aes descentralizadoras, tornando fundamental a participao direta das comunidades tradicionais do estado, entre elas as indgenas trata-se da eleio de Capiberibe ao Governo do Estado em 1994, sendo que ele foi posteriormente reeleito em 1998 -, a Apio ou a atuar juntamente com o governo na implementao dos projetos sociais, estabelecendo prioridades, gerenciando projetos e contratando mo-de-obra para eles. Diversas aes foram realizadas nessa parceria da Apio com o governo do estado, sendo que, por exemplo, em cinco anos foram construdas 14 escolas, 5 centros comunitrios, 13 alojamento para professores no indgenas e um alojamento para os indgenas em trnsito em Oiapoque. Alm disso, a Casa de Sade do ndio em Oiapoque foi reformada e ampliada e um caminho com capacidade de transportar at 12 toneladas de produo agrcola foi adquirido. Esse um caso exemplar e bem sucedido de uma parceria entre o governo e os povos indgenas tradicionais na busca de solues para os problemas e na ao conjunta na elaborao e na execuo de projetos e polticas sociais. 25

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IDOSOS

O Amap tinha, em 2000, uma populao de 11.349 idosos.2 6 Apesar de ser o estado em que a populao de idosos teve o menor incremento na dcada, a tendncia nacional de envelhecimento da populao tambm foi verificada no estado: os idosos representavam 3,9% da populao em 1991 e 4,1% em 2000.

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MIGRANTES

A populao de migrantes (97.854) representa 20,51% da populao do estado do Amap.27 o estado em que tem a segunda maior populao de migrantes do pas, proporcionalmente populao, menor apenas que a de Roraima.

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1 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH; 2002).

2 Idem. A taxa de vitimiao juvenil por homicdios a relao entre a taxa de bitos por homicdio de jovens de 15 a 24 anos e as taxas de homicdio na populao total. Exemplo: Quanto maior a taxa de vitimizao maior a concentrao de homicdios na populao jovem; se, ao contrrio, a taxa zero ou prxima a este valor significa que os homicdios atingem na mesma proporo tanto a faixa jovem quanto o resto da populao.

3 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Justia, Departamento Penitencirio Nacional (www.mj.gov.br/Depen/default.htm).

4 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999, Conflitos no Campo Brasil 2000 e Conflitos no Campo Brasil 2001. Dados de janeiro a agosto de 2002, disponveis no web-site da T (www.tnac.com.br).

5 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999.

6 Ministrio do Trabalho e Emprego, A Experincia do Grupo Especial de Fiscalizao Mvel 2002.

7 Material recebido do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana Ministrio da Justia.

8 Agncia Estado, 27 de outubro de 2002, "Foras Armadas atuam em 149 municpios, sem incidentes at agora" (www.estadao.org.br).

9 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

10 ABRAPIA - Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil (www.abrapia.org.br). Conforme descrito na introduo geral, o conceito de explorao sexual infanto-juvenil abrange: abuso sexual (intra-familiar e extra-familiar) e explorao sexual comercial (compreendendo o trfico para fins sexuais, a prostituio, o turismo sexual e a pornografia).

11 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

1 2 Mais especificamente foram encontrados trabalhadores entre 5 e 15 anos que estavam inseridos nas seguintes atividades econmicas: Aougue; Agricultura; Coleta de Material Reciclvel; Comrcio (Ambulante, de Combustveis e Varejista); Construo Civil; Extrao de Palmito; Lavagem de Automveis; Reparao de Objetos Pessoais; Servios (de Engraxate, Flanelinha e Domsticos); Servios e Comrcio de Alimentos; Borracharia; e Venda de Jornais

1 3 Ministrio do Trabalho e Emprego, Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente (Braslia: MTE, 2001), p. 70.

14 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

15 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

1 6 Waiselfisz, J.J., Mapa da Violncia III (Braslia: Unesco, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002).

1 7 Instituto de Mulheres Negras do Amap, Relatrio IMENA.

1 8 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Segurana Pblica. (www.mj.gov.br/senasp/default.htm).

1 9 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

2 0 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com).

21 Conselho Indigenista Missionrio (www.dhnet-br.informativomineiro.com), que informa ter esse estado uma populao de 4.457 indgenas.

2 2 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com).

2 3 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 395 (OESP, 21 de julho de 1999; OESP, 21 de julho de 1999, "Bactria faz vtimas",).

2 4 CIMI, Informe n. 438, de 23 de novembro de 2000.

2 5 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 393 (Antinka Capiberibe, out/00 "Associao dos Povos Indgenas de Oiapoque,).

2 6 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

2 7 Idem.


AMAZONAS
VIOLNCIA POLICIAL, TORTURA E EXECUES
SISTEMA PENITENCIRIO
VIOLNCIA RURAL
LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS
CRIANAS E ADOLESCENTES
Explorao Sexual
Medidas Scio-Educativas
INDGENAS
IDOSOS
MIGRANTES
GAYS, LSBICAS, BISSEXUAIS E TRANSEXUAIS

O Estado do Amazonas, situado no centro da Regio Norte e da Floresta Amaznica, faz divisa com todos os estados da regio, com exceo do Tocantins, e ainda com Mato Grosso, Venezuela, Colmbia e Peru. o estado brasileiro que tem a maior rea territorial e tem 92% do seu territrio coberto pela Floresta Amaznica. A capital Manaus, situada s margens do Rio Negro, e a economia do estado baseada no extrativismo, inclusive extrao de madeira, pesca, minerao (estanho e cassiterita) e, principalmente na Zona Franca de Manaus, indstria. o estado que tem a maior populao indgena do pas. So diversos os problemas que enfrentam, merecendo destaque a disputa pelas terras indgenas e a relao estabelecida frequentemente entre os militares e as mulheres indgenas na qual os militares mantm relaes sexuais com as mulheres indgenas e as abandonam quando ficam grvidas. Outro problema srio no Amazonas a explorao sexual de mulheres, adolescentes e crianas. Doze rotas de trfico de mulheres com essa finalidade tm origem no Amazonas, sendo que dez delas tambm envolvem crianas e adolescentes. Na Regio Norte, o estado que tem o segundo maior nmero de rotas, inferior apenas ao Par. A maior incidncia de trfico ocorre com adolescentes, que circulam entre as capitais e municpios de confluncia, por estradas, portos e vias areas, e que transitam entre o Amazonas, o sul e o nordeste do pas. 1 O Amazonas o estado com maior nmero de registros de assassinatos de homossexuais na Regio Norte que decorre em parte da existncia de uma organizao de defesa dos direitos deste grupo, Associao Amazonense de Gays, Lsbicas e Travestis, que incentiva as denncias e luta pela punio dos responsveis e pela eliminao deste tipo de violncia.

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VIOLNCIA POLICIAL E TORTURA

Em visita ao Brasil, no ano de 2000, o Relator Especial da Organizao das Naes Unidas para a Tortura, Nigel Rodley, observou a prtica de tortura no Estado do Amazonas, citando um caso no seu relatrio, no qual a vtima foi agredida por policiais, que tentaram sufoc-la colocando um saco plstico na sua cabea. O caso ocorreu em 1996, mas somente em 1998 a corregedoria da polcia civil abriu inqurito para apurar o caso. No h informao sobre a concluso do inqurito. 2

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SISTEMA PENITENCIRIO

H superlotao no sistema prisional do Amazonas. O estado tem um total de 1.058 vagas, das quais 639 no sistema penitencirio e 419 nas delegacias de polcia. Em setembro de 2002, se encontravam em regime de privao de liberdade 1.901 detentos, ou seja, 843 detentos a mais do que oferece a capacidade do sistema no estado. 3

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VIOLNCIA RURAL

No Amazonas, o nmero de conflitos de terra caiu de cinco em 1999 para dois em 2000, mas aumentou novamente para cinco em 2001. O nmero de pessoas envolvidas caiu de 3.465 em 1999 para 1.200 no ano 2000, mas tambm aumentou para 3.200 pessoas em 2001. No perodo, no foram registrados assassinatos em decorrncia de conflitos de terra. 4

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LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS

Nesse estado, ao menos dois municpios receberam a proteo do Exrcito nas eleies realizadas no dia 06 de outubro de 2002 e 10 municpios receberam esta proteo no 2 turno, em 27 de outubro do mesmo ano. Os juzes dos municpios de Coari e Nova Aripuan, que tiveram seus prefeitos assassinados nos ltimos anos, requisitaram essa proteo. 5

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CRIANAS E ADOLESCENTES

No Amazonas, o nmero de jovens, entre 15 e 24 anos, mortos por homicdio diminuiu de 256 em 1998 para 249 em 2000. O nmero de mortes por homicdio por 100 mil habitantes na populao entre 15 e 24 anos diminuiu de 43,9 em 98 para 39,8 em 2000. Um indicador da probabilidade dos jovens virem a ser mortos a taxa de vitimizao juvenil que era, no Amazonas, de 102,6 no ano 2000, que bastante significativa se comparada com a taxa nacional de vitimizao juvenil de 92,7. 6 Dados do final do 1 semestre de 2002 indicavam que apenas 28 dos 61 municpios (45%) amazonenses contavam com Conselhos Tutelares. Isso significa que no Estado ocorria um flagrante descumprimento do ECA no que se refere implantao desses rgos. Quanto aos Conselhos Municipais de Direitos, a situao era um pouco melhor, porm em 23 das cidades (37%) no estava instalado. 7 Informaes datadas de 2001 apontam que em Manaus os principais rgos e servios existentes para crianas e adolescentes vtimas de violncia (em especial, as violncias sexuais e intrafamiliar) eram: sete Conselhos Tutelares; Ministrio Pblico; Central de Resgate Social;8 Estao Direito,9 Delegacias Especializadas de Apoio e Assistncia Criana e ao Adolescente e de Ordem Pblica e Social;10 Servio de Atendimento s Vtimas de Abuso Sexual;11 Casa Mame Margarida;12 Projeto Agente Jovem;13 Programa Criana Urgente.14

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Explorao Sexual

No perodo de fevereiro de 1997 a junho de 2002, o Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil registrou no Brasil um total de 3.295 denncias de explorao sexual, das quais 66 originaram- se no Estado do Amazonas. Deste total, 27 foram feitas no 1 semestre de 2002. 16 Entre os anos de 2001 e 2002 foi realizada Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial, que constatou a existncia no Brasil de 172 rotas de trfico de crianas e adolescentes para fins de explorao sexual comercial. Tinham origem no Amazonas 14 rotas, sendo que 10 delas tambm envolviam mulheres com idade superior a 18 anos. 17 Trabalho Infanto-Juvenil O Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente indica que em 1999 havia 26.326 crianas e adolescentes na faixa de 5 a 15 anos de idade trabalhando no Estado do Amazonas. Porm, cabe salientar, que assim como outros Estados da Regio Norte, o Mapa no traz informaes sobre o trabalho da populao infanto-juvenil do Amazonas residente em rea rural. O Mapa aponta que esse grupo ocupava, com maior freqncia, os seguintes setores: Agropecuria (8.776) e Comrcio (8.775). Ademais, 14.361 (55,39%) no recebiam remunerao, 4.787 (18,46%) trabalhavam por conta prpria, e 3.190 (12,3%) eram domsticos. 1 8

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Medidas Scio-Educativas

Conforme dados apresentados pelo Frum Nacional de Defesa dos Direitos da Criana e do Adolescente e pelo Departamento da Criana e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos do Ministrio Justia,1 9 o Estado do Amazonas tinha, em maro de 2002, 1.007 adolescentes inseridos em medida scioeducativa de liberdade assistida. Em junho do mesmo ano, havia: 118 cumprindo internao, 50 em semiliberdade e 35 internados provisoriamente. Em relao ao sexo, o nmero de adolescentes do sexo feminino era: 7 internadas por sentena e 6 internadas provisoriamente. At junho de 2002, o Estado contava com 3 unidades para cumprimento da medida de internao, 2 para semiliberdade e 2 para internao provisria A medida de liberdade assistida, conforme se verifica, quase seis vezes mais aplicada que as medidas em meio fechado (internao e semiliberdade). A grande quantidade de adolescentes em liberdade assistida coloca o Amazonas em 4 lugar entre os estados brasileiros que mais aplicam as medidas em meio aberto. Com os dados apresentados conclui-se que aparentemente o Judicirio est observando com maior ateno o princpio da excepcionalidade das medidas de internao do que a maioria dos outros entes federativos, ao menos no momento da aplicao da medida de internao. MULHERES Em uma Delegacia Especializada no Atendimento Mulher no Estado do Amazonas, foram registradas 5.640 ocorrncias em 1999. Destas, 2.312 foram ameaas (40,99%), 2 tentativas de homicdio (0,04%), 1.370 leses corporais (24,29%), 2 maus tratos (0,04%) e 1.659 vias de fato (29,41%). Quanto aos crimes que envolvem violncia sexual, foram 12 ocorrncias de atentado violento ao pudor (0,21%), 62 estupros (1,10%) e 15 tentativas de estupro (0,27%). 20 Em Manaus, foram registradas na polcia, em 1999, 382 ocorrncias de estupros, em 2000, 304 ocorrncias de estupros e 147 de atentado violento ao pudor e, em 2001, 300 ocorrncias estupros e 201 de atentado violento ao pudor. 21 No Amazonas, a taxa de homicdios contra as mulheres foi de 2,6 por 100 mil habitantes no ano 2000. As mulheres representaram neste ano 6,5% das vtimas de homicdios no estado. 22 AFRO-DESCENDENTES A populao afro-descendente (1.955.148) representa 69,51% da populao do estado, proporo superior mdia da Regio Norte. Na populao afrodescendente, 3,72% se declararam negros e 65,80% pardos. 2 3

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INDGENAS

O Amazonas tem uma populao de pelo menos 71.071 indgenas, distribudos em 45 povos indgenas. Alm disso, conjuntamente com outros estados, tambm abriga outros 6 povos indgenas, totalizando uma populao de 24.690 indgenas.24 25 Tem a maior populao indgena do pas. Alm disso o estado que conta com a segunda maior proporo da populao indgena do pas,26 sendo que 4,26% da populao local se declara indgena. 27 O Estado tem 181 reas indgenas, que se encontram na seguinte situao jurdica: 28

Situao

No. de Terras Indgenas

A identificar 7
Em identificao 53
Com restrio de uso 1
Identificadas / Aprovadas pela Funai 7
Declaradas 31
Homologadas 33
Registradas 50

O Ibama apreendeu 3 mil peas de madeira, no incio de 1999, na rea limite com a reserva indgena dos Sater-Mau, o que indica a possibilidade de madeireiros terem invadido a rea. Parte da madeira foi encontrada submersa em rios, numa estratgia para driblar a fiscalizao. 3 1 Violncias A Terra Indgena Alto Rio Negro, que tem quase 8 milhes de hectares e que abriga pelo menos 20 povos indgenas, foi homologada em 1998. Entre os problemas que alguns indgenas dessa rea vm enfrentando est o alcoolismo e algumas doenas, tais como a tuberculose, que em 1999 atingiu cerca de 20% da populao local, e o tracoma, uma doena provocada por uma bactria e que pode levar cegueira, que nesse mesmo ano atingiu ao menos 50% dos 298 indgenas de diversas etnias que foram examinados. 32 Um problema enfrentado pelos ribeirinhos e por comunidades indgenas da regio da margem direita do Rio Negro est relacionado com os empreendimentos tursticos criados no municpio de Barcelos. Um hotel de selva localizado neste local abriga turistas estrangeiros praticantes de pesca esportiva. As lanchas que utilizam nessa atividade afugentam os peixes e prejudicam a pesca indgena. Em 2000, outros hotis nos mesmos moldes estavam sendo construdos na regio. 3 3 Outro problema enfrentado tanto nessa regio como em outras regies da fronteira amaznica a relao entre os indgenas e os militares. No peloto militar que fica na regio de Maturac, constante o clima de tenso entre os militares e os Yanomamis que l vivem. Entre os problemas enfrentados est as relaes sexuais vividas entre os militares e as ndias. No se sabe ao certo se as relaes so ou no consentidas, mas conhecido o fato de que freqentemente, quando as ndias ficam grvidas, os militares negam envolvimento ou abandonam o local (muitas vezes so transferidos). 3 4 Segundo dados do Ministrio da Defesa, em maro de 2001, no Estado do Amazonas, 112 militares estavam casados legalmente com ndias, 131 viviam maritalmente com elas, 34 pagavam penso judicial para elas e estavam na justia 4 processos de comprovao de paternidade e 58 processos de penso alimentcia. 35 Os indgenas Ticunas da regio do Alto Solimes tiveram registrados, no ano de 1999, dez casos de suicdio. Oito indgenas se mataram por enforcamento e dois por ingesto de timb, um veneno extrado da raiz de uma planta que leva morte por asfixia. A maioria deles era jovem.36 Nesse mesmo ano, tambm morreu um ndio Ticuna vtima de clera. Quando ficou doente, no havia remdio no posto de sade local e nem combustvel no barco para poder transport-lo. O pedido de socorro chegou tarde demais. 37 Apesar da conquista que foi a homologao da Terra Indgena Vale do Javari, o que aconteceu em 2 de maio de 2002, depois de mais de vinte anos de luta, os indgenas que habitam o local ainda enfrentam problemas. Entre eles est o problema do narcotrfico, que se intensifica dia-a-dia na regio. At pistas de pouso j foram identificadas na rea. H informaes de que indgenas estariam sendo usados para transportar insumos qumicos do Brasil para laboratrios de refino de cocana na Colmbia. 38 Os indgenas Mura do Rio Igap sofreram nos ltimos anos a maior epidemia de malria de sua histria. 100% dos indgenas foram atingidos, sendo que em 1999 foram registrados trs casos de morte. 39

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IDOSOS

Havia no Amazonas, em 2000, uma populao de 137.060 idosos.40 Seguindo a tendncia nacional, a populao nesta faixa etria cresce em relao populao total: os idosos representavam 4,2% da populao em 1991 e aram a representar 4,9% no ano 2000.

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MIGRANTES

No Amazonas, h significante imigrao estrangeira, de outros pases da Regio Amaznica, particularmente Peru, Colmbia e Venezuela. O Servio Pastoral dos Migrantes (SPM) da Arquidiocese de Manaus presta atendimento social aos migrantes nacionais e estrangeiros na sua sede em Manaus e em dioceses e prelazias espalhadas no interior de todo o Estado do Amazonas. Em muitos casos, os estrangeiros buscam recursos financeiros para tramitar o processo de legalizao de sua permanncia no pas. Outro apoio decorre da busca de informaes ou apoio jurdico para a conduo do processo ou ento para servios de intermediao devido a fatores como dificuldade de entender o idioma ou tradues oficiais. De acordo com o SPM, esta populao de imigrantes estrangeiros residindo ou em trnsito ou ainda com permanncia no estado chega a aproximadamente quarenta mil pessoas, a grande maioria originria do Peru, incluindo pessoas em situao legal e ilegal, o que corresponde a menos de 2% da populao amazonense.

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GAYS, LSBICAS, BISSEXUAIS E TRANSEXUAIS

De acordo com a Associao Amazonense de Gays, Lsbicas e Travestis, foram registrados 4 homicdios homofbicos no ano 2000, tendo sido 3 contra gays e 1 contra travestis. Um dos assassinatos foi praticado por estrangulamento, outro por facadas e estrangulamento, e o outro por 15 facadas. O assassinato da travesti foi provocado por golpes de garrafa. 41 Em 2001, o nmero de casos aumentou. Foram registrados 9 homicdios, 7 contra gays, 1 contra travesti e 1 contra lsbica. Os gays foram mortos com 8 facadas em um caso, 12 em outro, 17 num terceiro e por enforcamento em outro caso. A travesti foi morta a tiros e a lsbica, por golpes de facas e martelo. 42 Em 2002, foram registrados 10 homicdios contra homossexuais, sendo 7 contra gays e 3 contra travestis. Com relao aos gays, as formas mais violentas dos assassinatos foram, em um caso por 10 facadas, em outro por pauladas e um tiro na testa, em outro por esfaqueamento craniano e em outro por pauladas e furos de prego. Duas travestis foram mortas a tiros, e uma por 2 facadas. 4 3 A Associao Amazonense de Gays, Lsbicas e Travestis relata que, no perodo de janeiro a junho de 2001, 12 homossexuais receberam ameaas de morte, outros 18 foram espancados por vizinhos ou desconhecidos, 17 saram feridos por facas e garrafas de vidro e 5 por arma de fogo.44 Ademais, a Associao recebeu denncias de 27 prises arbitrrias e 5 extorses praticados por policiais. 45 No dia 1 de janeiro de 2000, 6 travestis que se encontravam na escadaria da Ponte Negra, Manaus, foram agredidos com cassetete, tapas e socos, algemados, arrastados, e presos. Na delegacia, foram obrigados pelos policiais a ficar de calcinha. Na cela foram novamente agredidas e violentadas por 50 presos e obrigadas a fazer sexo oral com policiais. Foi perguntado por uma delas aos policiais se no fariam nada para impedir, no obtiveram nenhuma alterao de comportamento dos policiais. 46

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1 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

2 Rodley, Nigel, Relatrio sobre a Tortura no Brasil. Disponvel no web-site da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos (www.mj.gov.br/sedh) e da ONG Justia Global (dhnet-br.informativomineiro.com).

3 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Justia, Departamento Penitencirio Nacional (www.mj.gov.br/Depen/default.htm).

4 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999, Conflitos no Campo Brasil 2000 e Conflitos no Campo Brasil 2001. Dados de janeiro a agosto de 2002 disponveis no web-site da Comisso (www.tnac.com.br).

5 Folha de So Paulo, 03 d outubro de 2002, "170 municpios pedem proteo do Exrcito para votao do dia 6"; Agncia Estado, 27 de agosto de 2002, "Foras Armadas atuam em 149 municpios, sem incidentes at agora" (www.estadao.org.br).

6 Waiselfisz, J.J., Mapa da Violncia III (Braslia: Unesco, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002). A taxa de vitimiao juvenil por homicdios a relao entre a taxa de bitos por homicdio de jovens de 15 a 24 anos e as taxas de homicdio na populao total. Exemplo: Quanto maior a taxa de vitimizao maior a concentrao de homicdios na populao jovem; se, ao contrrio, a taxa zero ou prxima a este valor significa que os homicdios atingem na mesma proporo tanto a faixa jovem quanto o resto da populao.

7 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

8 "Servio municipal de atendimento de urgncia e emergncia social junto populao de rua e s crianas e adolescentes com direitos ameaados ou violados"

9 ONG que integra a Rede Txai, referncia do Sistema Nacional de Combate Violncia e Explorao Sexual de Crianas e Adolescentes e trabalha no encaminhamento e acompanhamento de denncias de violaes.

1 0 As Delegacias Especializadas registram, respectivamente, violncia intrafamiliar e explorao sexual e comercial.

1 1 O servio oferecido pelo Hospital Universitrio Getlio Vargas.

1 2 ONG que atua como apoio para meninas durante o dia.

13 Projeto da Secretaria Municipal da Infncia e Juventude (SMIJ) que atende adolescentes de 15 a 18 anos, fornecendo bolsa, capacitao e qualificao profissional.

1 4 Tambm da SMIJ, o Programa atende a crianas e adolescentes em situao de rua.

1 5 Agncia Uga-Uga de Comunicao e Rede Andi. A Criana e o Adolescente na Mdia Amazonas Infncia Roubada - uma anlise da cobertura da mdia sobre os crimes sexuais. Pesquisa Agncia Uga-Uga de Comunicao/Rede Andi, Ano 3, N 3, Manaus, 2002, p. 27

6 ABRAPIA - Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil (www.abrapia.org.br). Conforme descrito na introduo geral, o conceito de explorao sexual infanto-juvenil abrange: abuso sexual (intra-familiar e extra-familiar) e explorao sexual comercial (compreendendo o trfico para fins sexuais, a prostituio, o turismo sexual e a pornografia).

17 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

1 8 Ministrio do Trabalho e Emprego, Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente (Braslia: MTE, 2001), p 73. O Mapa traz, ainda, as atividades desenvolvidas pelas crianas e adolescentes conforme o Estado. No Amazonas foi constatado o trabalho de pessoas entre 5 e 15 anos nas atividades de: Catadores de Lixo; Comrcio (Ambulante e de Combustveis); Indstria Movelaria e Assemelhados; Metalurgia e Serralheria; Panfletagem; Panificao; Pesca; Produo de Carvo Vegetal; Servios de Engraxate; Servios e Comrcio de Alimentos; Servios (em Cermicas e Olaria; em Madeireiras e Serrarias; em Oficinas Mecnicas; e em Pedreiras); Transporte Coletivo (Kombistas); e Venda de Jornais.

1 9 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

2 0 Conselho Nacional dos Direitos da Mulher - Pesquisa Nacional sobre as Condies de Funcionamento das Delegacias Especializadas no Atendimento s Mulheres. Relatrio da pesquisa disponvel no web-site da entidade(www.mj.gov.br/sedh/cndm).

21 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Segurana Pblica. (www.mj.gov.br/senasp/default.htm).

2 2 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002).

2 3 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

2 4 Esses indgenas, que vivem no Amazonas e em outros estados, esto distribudos da seguinte forma: junto com o Acre h dois povos, somando um total de 2636 indgenas; junto com o Para h um povo com 7134 indgenas; junto com Rondnia h um povo com 269 indgenas; junto com Roraima h dois povos totalizando 12.631 indgenas; e junto com Roraima e com o Par h um povo com 2020 indgenas.

2 5 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com).

2 6 Conselho Indigenista Missionrio (www.dhnet-br.informativomineiro.com), que informa ter esse estado uma populao de 61.660 indgenas.

2 7 IBGE, Censo Demogrfico 2000.

28 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com). Dados atualizados em 3 de outubro de 2002 (com exceo das informaes de Terras Indgenas declaradas, atualizadas em 8 de agosto de 2002).

2 9 Uma delas em conjunto com os estados de Roraima e do Par.

3 0 Duas delas em conjunto com o estado de Roraima e uma delas em conjunto com o estado do Acre.

3 1 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 481 (A Crtica, 18 de abril de 1999, "Madeira apreendida prxima terra indgena").

3 2 Instituto Scio-Ambiental , Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 282 (A Crtica, 03 de maro de 1999, ("Doena ameaa deixar ndios cegos"; CB, 04 de abril de 1999; A Crtica, 21de setembro de 1999, "Alcoolismo provoca violncia entre os ndios", "Tuberculose atinge 20% da populao do Alto Rio Negro").

3 3 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p.291 (ISA, 28 de outubro de 2000, "Ecoturismo prejudica comunidades indgenas e ribeirinhas em Barcelos").

3 4 Instituto Scio-Ambiental, 11 de novembro de 2002, "Cenas da relao ndios e militares na fronteira amaznica", notcia disponvel no site da entidade (www.socioambiental. org).

3 5 Folha de So Paulo, 22 de maro de 2001, "H sexo consentido entre ndia e militar, diz Quinto".

3 6 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com)., Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 415 (FSP, 07 de dezembro de 1999, "Mais dez casos").

37 Idem, p. 419 ("Clera", Jornal Magta, CGTT, 1999).

38 Idem, p. 435 ("Trfico usa ndios, diz secretrio antidrogas", JB, 28 de maio de 1999); e artigo retirado do web-site do ISA (dhnet-br.informativomineiro.com), intitulado "Terra indgena Vale do Javali finalmente homologada", de 04 de julho de 2001.

39 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 479 ("A sade vai mal", ISA, jan/00).

40 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

4 1 Relatrio da Associao Amazonense de Gays, Lsbicas e Travestis

. 4 2 Idem.

4 3 Idem.

44 Idem.

4 5 Idem.

46 Mott, Luiz, Marcelo Cerqueira e Cludio Almeida. O Crime Anti-Homossexual no Brasil. Editora Grupo Gay da Bahia - 2001 (Salvador: Editora Grupo Gay da Bahia, 2002).


PAR
VIOLNCIA POLICIAL, TORTURA E EXECUES
SOCIEDADE PARAENSE DE DIREITOS HUMANOS
SISTEMA PENITENCIRIO
VIOLNCIA RURAL
TRABALHO ESCRAVO
LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS
CRIANAS E ADOLESCENTES
Explorao Sexual
Trabalho Infanto-Juvenil
Medidas Scio-Educativas
MULHERES
AFRO-DESCENDENTES
INDGENAS
PORTADORES DE DEFICINCIA
GAYS, LSBICAS, BISSEXUAIS E TRANSEXUAIS

O Estado do Par, situado no centro da Regio Norte, a leste do Amazonas, faz divisa com a Guiana, Suriname, Roraima, Amap, Mato Grosso, Tocantins e Maranho. Sua capital Belm e as principais atividades econmicas so o extrativismo mineral (bauxita, cobre, mangans, ferro, calcrio, ouro, estanho) principalmente em Carajs e Serra Pelada a partir da dcada de 1970, agricultura e pecuria no sul do estado desde a dcada de 1960, extrativismo vegetal desde o sculo 19, incluindo extrao de madeira, e a indstria. O Estado do Par apresenta altos ndices de violncia urbana e rural, incluindo violncia praticada por agentes pblicos e em unidades de internao de adolescentes. De 1999 a 2001, o Par foi o estado que registrou o maior nmero de casos de trabalho escravo e o maior nmero de mortos em conflitos rurais no pas. Na Regio Norte, o estado que tem o maior nmero de rotas de trficos de mulheres para fins de explorao sexual. Por outro lado, o Par um estado em que a sociedade civil est articulada e conta com diversas organizaes que monitoram, denunciam e produzem relatrios e dados sobre casos de violao de direitos humanos, como a Sociedade Paraense de Direitos Humanos, a Comisso Pastoral da Terra e o Centro de Defesa da Criana e do Adolescente Emas. A violncia e as violaes de direitos humanos no sul do Par foram objeto de comisso especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, que apresentou relatrio, em dezembro de 1999, solicitando ao Ministro da Justia providncias para conter a violncia na regio, inclusive a formao de uma fora tarefa. 1

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VIOLNCIA POLICIAL, EXECUES, TORTURA

A Ouvidoria do Sistema de Segurana Pblica do Par foi instituda pela Lei 5.944/96 e iniciou suas atividades em julho de 1997. A Ouvidoria participa do Conselho de Segurana Pblica (CONSEP) e do Conselho Executivo do Programa de Proteo a Vtimas, Testemunhas e Familiares (PROVITA). A partir de fevereiro de 2000, ou a ser implementada a Resoluo 004 do CONSEP, que obriga a autoridade policial a comunicar ao CONSEP, via boletim de ocorrncia policial, toda e qualquer ocorrncia de morte envolvendo policiais civis ou militares, como vtimas, autores ou suspeitos da ao, no prazo mximo de 48 horas. Tal procedimento contribuiu para aumentar o nmero de denncias de homicdio praticado por policiais recebidas pela Ouvidoria e aumentou a eficcia da Ouvidoria no acompanhamento das denncias referentes a homicdios praticados por policial. De 1998 a 2001, a Ouvidoria recebeu 1.804 denncias, das quais 93 foram investigadas e encerradas (5%) e 1.711 ainda esto em processo de investigao (95%). O nmero de denncias caiu de 439 em 1998 para 425 em 1999, mas subiu para 455 em 2000 e 485 em 2001. Entre 1998 e 2001, foram denunciados 2.304 policiais militares, 2.915 policiais civis, 59 bombeiros e 24 agentes de trnsito, num total de 5.302 policiais e agentes de do sistema de segurana. O nmero de denncias contra policiais militares cresceu de 435 em 1998 para 512 em 1999, 647 em 2000 e 710 em 2001, enquanto o nmero de denncias contra policiais civis aumentou de 667 em 1998 para 760 em 1999, mas caiu para 748 em 2000 e 740 em 2001. 2 Segundo dados da Ouvidoria, o nmero de vtimas de homicdio praticado por policiais e agentes do sistema de segurana pblica aumentou de 21 em 1998 para 35 em 1999, 57 em 2000 e 54 em 2001, totalizando 167 vtimas no perodo 1998-2001. O nmero de policiais e agentes do sistema de segurana denunciados por homicdio aumentou de 31 em 1998 (11 policiais civis, 17 policiais militares, dois bombeiros e 1 agente de trnsito) para 38 em 1999 (21, 17, 0 e 0), 98 em 2000 (25, 73, 0 e 0) e 94 em 2001 (40, 54, 0 e 0). No total, foram denunciados por homicdio 262 policiais e agentes do sistema de segurana pblica, sendo 97 policiais civis, 161 policiais militares, 2 bombeiros e 2 agentes de trnsito. 3 A maioria das denncias recebidas pela Ouvidoria de Polcia durante o perodo de 1998 a 2001 dizem respeito a abuso de autoridade (1.792 denunciados, sendo 1.075 policiais militares e 701 policiais civis). Em seguida: leso corporal (662 denncias, sendo 235 contra policiais civis e 418 contra policiais militares), ameaa (511 denncias, sendo 248 contra policiais civis e 21 contra militares), tortura (260 denncias, sendo 141 contra policiais civis e 117 contra policiais militares) e extorso (203, sendo 164 contra policiais civis e 38 contra policiais militares). 4 A Comisso Pastoral da Terra do Par e Amap divulgou em junho de 2000 o Dossi sobre Tortura, Maus Tratos e Impunidade de Policiais Civis e Militares no Sul do Par, apresentando informaes sobre 22 vtimas de espancamento e tortura por policiais civis e militares, incluindo uma vtima fatal de policiais civis em 1998 e outra de policiais militares no ano 2000. O dossi apresenta os casos de seis vtimas de espancamento pela polcia civil em 1997, uma em 1998 e 10 em 1999, duas vtimas de espancamento pela polcia militar em 1998 e 1 em 1999. 5 O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria denunciou a atuao do crime organizado e de pistoleiros e policiais em conflitos rurais no sul e sudeste do estado, que j teriam causado a morte de cinco pessoas na regio a Fazenda Mandassaia, entre janeiro e julho de 2002. 6 Em visita ao Brasil, no ano de 2000, o Relator Especial da Organizao das Naes Unidas para a Tortura, Nigel Rodley, observou a prtica de tortura e outros tratamentos cruis no Estado do Par, citando 52 casos no seu relatrio, a maioria registrada nos anos 1999 e 2000, todos envolvendo policiais civis ou militares. 7 Entre as prticas mais utilizadas de tortura descritas pelo relator esto: roleta russa, surras, espancamentos utilizando instrumentos de madeira e ferro, choques eltricos, golpes com porretes, afogamento, palmatria, sufocamento com saco plstico na cabea. A prtica da tortura exercida frequentementre dentro das delegacias, principalmente para se obter confisso de crimes e para punio de suspeitos ou criminosos, podendo levar morte em casos de omisso de assistncia mdica. A prtica de tortura e outros tratamentos cruis envolve diversos casos de violncia contra adolescentes. Como o caso de um jovem suspeito de assalto, preso por policiais militares, levado para floresta e espancado. Outro caso envolveu trs adolescentes suspeitos de furtar uma camisa, que foram levados por policiais militares a uma guarita e espancados. A me de um deles tentou impedir, sendo golpeada na cabea com um pau de vassoura, agredida e ameaada de morte caso contasse o caso a algum. Entre maio e junho de 2002, depois de sucessivos adiamentos, foram julgados os policiais militares que comandaram e participaram da desobstruo da rodovia PA-150, ocupada por trabalhadores sem-terra, em Eldorado dos Carajs, no Par, em 17 de abril de 1996, durante a qual foram mortos 19 trabalhadores sem terra.

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SOCIEDADE PARAENSE DE DIREITOS HUMANOS

A Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), organizao no governamental fundada em 1977, recebeu meno honrosa do Prmio Nacional de Direitos Humanos 2000, na categoria Organizaes No Governamentais, por sua atuao no combate violncia policial e violncia rural no Estado do Par. A SPDDH desenvolve projetos nas reas de assistncia jurdica s vtimas de violao de direitos humanos, proteo de vtimas e testemunhas ameaadas, uso de mecanismos internacionais de proteo dos direitos humanos, banco de dados de homicdios e polticas pblicas de segurana.

O Cel. PM Mrio Colares Pantoja e o Maj. PM Jos Maria Oliveira, comandantes das tropas da polcia militar, responsveis pela operao da polcia militar, foram condenados a 228 anos priso e a 158 anos de priso pela Justia do Par. Ambos recorrem da sentena em liberdade. A Justia absolveu o Cap. PM Raimundo Almendra Lameira, quatro tenentes, onze sargentos e 124 cabos e soldados que tambm participaram da operao.

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SISTEMA PENITENCIRIO

No h superlotao no sistema penitencirio. Em setembro de 2002, a populao carcerria era de 3.059, distribuda nas 3.095 vagas do estado. Embora aproximadamente 50% dos encarcerados ainda no tenham sido julgados, ou seja, so presos provisrios, no h no estado um s cidado encarcerado em delegacias de polcia ou qualquer outra instalao do sistema de segurana pblica. O nmero de detentos que esto cumprindo pena em regime fechado bastante alto. Dos 3.059 presos 2.545 esto distribudos nas treze penitencirias existentes no estado, restando apenas 514 presos que se encontram cumprindo pena em regime aberto, semi aberto e medida de segurana. 8 O relatrio da Campanha Nacional Permanente Contra a Tortura mostra que a Central de Atendimento do SOS Tortura recebeu nos sete primeiros meses de funcionamento, de 30 de outubro de 2001 a 6 de junho de 2002, 1.302 denncias de alegaes de tortura, das quais 99 foram do Par e 41 de Belm. O Par o quarto estado (aps So Paulo, Minas Gerais e Bahia) e Belm a segunda cidade (aps So Paulo) com maior nmero de denncias no pas. 9

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VIOLNCIA RURAL

O Par foi o estado com maior nmero de conflitos rurais e maior nmero de pessoas envolvidas nestes conflitos na Regio Norte entre 1999 e 2001. Houve 97 casos de conflitos de terra em 1999, 93 no ano 2000 e este nmero aumentou para 143 em 2001. O nmero de pessoas envolvidas nos conflitos diminuiu de 70.078 em 1999 e 70.321 em 2000 para 52.697 em 2001. De janeiro a agosto de 2002, foram registrados 28 conflitos, envolvendo 15.636 pessoas. 10 Entre 1999 e 2001, o Par apresentou o maior nmero de mortes em conflitos rurais na Regio Norte e no Pas. No perodo, houve 33 mortes em decorrncia dos conflitos, sendo nove em 1999, 10 no ano 2000, oito em 2001 e seis entre janeiro e agosto de 2002. 11

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TRABALHO ESCRAVO

O Par o estado com maior nmero de pessoas encontradas trabalhando em situao anloga a de escravo. A Comisso Pastoral da Terra (T) registrou a presena de 583 pessoas em situao anloga a de escravo em 1999 (nos municpios de Marab, Santana de Araguaia, So Felix do Xingu, Tom Au e Santa Maria das Barreiras), 290 em 2000 (nos municpios de Xinguara/Sapucaia, Santana de Araguaia, So Felix do Xingu, gua Azul do Norte, Santa Maria das Barreiras, Itaituba/Altamira, Bannach, Xinguara/Bannach e Paraupebas), 1.294 em 2001 (municpios de Curionpolis, Bannach, Xinguara, Xinguara/Sapucaia/ Bannach, gua Azul do Norte, Paragominas, Cana dos Carajs, Cumaru do Norte, Novo Repartimento, Santana de Araguaia, So Felix do Xingu), e 469 de janeiro a agosto de 2002 (nos municpios de Santana do Araguaia, Xinguara, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Parauapebas/Pacaj, Marab, Brejo Grande do Araguaia, So Felix do Xingu e Cumaru do Norte). 1 2 O Grupo Especial de Fiscalizao Mvel do Gertraf realizou cinco operaes no Par em 1999, libertando 486 trabalhadores em situao degradante ou anloga escravido (sendo que parte destes foram libertados em operaes realizadas na divisa do Par e do Mato Grosso). Em 2000, foram realizadas outras seis operaes, que resultaram na libertao de 370 trabalhadores. Em 2001, mais dez operaes aconteceram no Par, que resultaram na libertao de 359 trabalhadores.13

trabalhador dirigiram-se fazenda, onde puderam constatar a existncia de outros 20 trabalhadores retidos por 15 pistoleiros. Apesar de delegado da Polcia Federal de Marab ter se prontificado a acompanhar a operao, o Grupo Especial de Fiscalizao Mvel s chegou fazenda em 18 de setembro de 2000, no encontrando mais ningum no local. Neste perodo, o trabalhador ficou sob a proteo da T, em Redeno, aguardando obter notcias de sua mulher que ainda estava retida na fazenda com os filhos. 18

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LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS

Nas eleies de 6 de outubro de 2002 a Justia Eleitoral solicitou o apoio do Exrcito para o Municpio de Curionpolis, no sul do estado. O local estava em clima de conflito devido presena de cerca de 10 mil garimpeiros, que reivindicavam a entrada em Serra Pelada. Nas eleies realizadas no dia 27 de outubro de 2002, 68 municpios deste estado receberam a proteo das Foras Armadas. 19

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CRIANAS E ADOLESCENTES

No Estado do Par, o nmero de jovens, entre 15 e 24 anos, mortos por homicdio diminuiu de 298 para 289 entre 1998 e 2000. O nmero de mortes por homicdio por 100 mil habitantes na populao entre 15 e 24 anos diminuiu de 23,3 em 98 para 21,3 em 2000. Um indicador da probabilidade dos jovens virem a ser mortos a taxa de vitimizao juvenil que, no Par, era de 64 no ano de 2000, menor que taxa nacional de vitimizao juvenil de 92,7. 20 O Centro de Defesa da Criana e do Adolescente Emas (CEDECA - Emas) indica que entre os anos de 1990 e 1999 houve um aumento nos nmeros da violncia contra a criana e adolescente. Enquanto no incio de 1990 havia um total de 2.277 casos registrados, no final da dcada este nmero ficou trs vezes maior, sendo que 6.203 casos foram registrados. Entre as violncias mais freqentes ocorridas no ano de 1999, destacam-se as Em maro de 1999, foram descobertos 182 trabalhadores vivendo em regime de escravido em So Flix do Xingu, em uma fazenda localizada dentro da reserva dos indgenas Parakan. No tinham carteira assinada, viviam em condies subumanas, deviam mais em comida ao dono da fazenda do que tinham a receber de salrio e eram ameaados de morte caso tentassem deixar o local. A situao de ilegalidade foi descoberta por tcnicos do Incra de Marab. A fazenda, de 13 ha, no pode servir para reforma agrria justamente por localizarse dentro de terra indgena. Ao menos cem indgenas Parakan vivem na reserva. 14 Em 2002, 136 trabalhadores foram libertados em agosto na Fazenda Rio Dourado, municpio de Cumar do Norte. Os trabalhadores tinham carteira assinada, mas no eram pagos e viviam em condies insalubres.15 Outros 57 trabalhadores foram libertados em outubro na Fazenda 21, municpio de Xinguara. 16 Em agosto de 2001, a Comisso Pastoral da Terra encaminhou ao Grupo Especial de Fiscalizao Mvel do Gertraf denncia da presena de trabalhadores em situao de escravido em uma fazenda de propriedade de um deputado estadual do Piau. Fiscais do Grupo Especial de Fiscalizao Mvel e da Secretaria de Inspeo do Trabalho libertaram os trabalhadores e os levaram para So Felix do Xingu, a 1.000 km de Belm. Durante uma semana, o Grupo Mvel pressionou o fazendeiro para que ele pagasse os direitos trabalhistas dos trabalhadores, mas o deputado recusou-se a pagar. A T acompanhou os trabalhadores durante mais de uma semana, pressionando o deputado fazendeiro at que o mesmo aceitou pagar, mas apenas parcialmente, o que era devido aos trabalhadores. 17 Em 4 de setembro de 2000, na Fazenda Forkilha, em Santa Maria das Barreiras, um trabalhador foi vtima de tentativa de homicdio por parte do proprietrio. O trabalhador conseguiu fugiu para Marab e denunciou a agresso Polcia Federal. No dia 6 de setembro de 2000, o trabalhador foi levado pela Polcia Federal para a Comisso Pastoral da Terra de Xinguara, que encaminhou no mesmo dia um pedido de interveno ao Grupo Especial de Fiscalizao Mvel. Membros da T e o violncias fsicas (3.552) e sexuais (751) bem como o abandono e negligncia (744). Os dados apontam, tambm, que em 1999 foram registrados 1.584 casos de violncia domstica praticada contra crianas e adolescente (26% do total de ocorrncias) e 1.780 casos de violncia intrafamiliar (29%). 21 Em relao efetivao dos instrumentos de democracia participativa previstos no ECA, at o final do 1 semestre de 2002, somente 75 dos 142 municpios paraenses contavam com Conselhos Tutelares e 94 com Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente. Apesar de estar abaixo da mdia nacional e ser flagrante o descumprimento do ECA, a instalao dos Conselhos (Tutelares e de Direitos) teve um sensvel aumento entre 2001 e o 1 semestre de 2002. 2 2 Possivelmente, a recomendao do Ministrio Pblico Estadual n 001/2000 tenha contribudo para a criao de novos Conselhos, em ritmo mais acelerado que em anos anteriores. 2 3 Outra questo que merece ateno dos governos estadual e municipais, bem como dos Conselhos de Direitos do Par a implantao e regular funcionamento do Sistema de Informaes para a Infncia e Juventude. At o 1 semestre de 2000, apenas 10 municpios tinham o sistema, contudo apesar do equipamento estar disponvel nestas cidades, em algumas delas ele no funcionava em razo dos novos conselheiros, eleitos aps a implantao do sistema, no terem tido uma capacitao para manusear o equipamento.

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Explorao Sexual

No perodo de fevereiro de 1997 a junho de 2002, o Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil registrou no Brasil um total de 3.295 denncias de explorao sexual, das quais 47 originaram- se no Estado do Par. Deste total, nove foram feitas no 1 semestre de 2002. 24 Entre os anos de 2001 e 2002 foi realizada Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial, que constatou a existncia no Brasil de 172 rotas de trfico de crianas e adolescentes para fins de explorao sexual comercial. Tinham origem no Par 19 rotas, sendo que 9 delas tambm envolviam mulheres com idade superior a 18 anos. 25

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Trabalho Infanto-Juvenil

O Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente indica que em 1999 havia 99.697 crianas e adolescentes na faixa de 5 a 15 anos de idade trabalhando no Estado do Par. Porm, cabe salientar, que assim como outros Estados da Regio Norte, o Mapa no traz informaes sobre o trabalho da populao infantojuvenil do Par residente em rea rural. O Mapa aponta que esse grupo ocupava, com maior freqncia, os seguintes setores: Comrcio (37.040) e Prestao de Servios (22.299). Ademais, 43.342 (44,08%) no recebiam remunerao, 24.067 (24,47%) eram empregados e 10.093 (10,26%) domsticos. 26 O CEDECA-Emas realizou uma pesquisa em Belm mostrando as inmeras violncias que se agregam ao ilegal trabalho infantil domstico27, que aceito e, algumas vezes, justificado sob a alegao de que se trata de um caso de filantropia e uma oportunidade para superar a pobreza", "faz parte da cultura urbana de Belm e das grandes cidades da regio amaznica". A pesquisa destacou que 122 das 255 meninas pesquisadas no se reconhecem como trabalhadoras domsticas. Apesar de desenvolver esta funo, so tidas como "filhas adotivas" ou afilhadas e recebem apenas alimentao, roupas e calados, mas no propriamente uma remunerao. Em virtude da jornada de trabalho mdia ser de 12 horas dirias, o direito educao tambm fica violado. Assim, as meninas, quando freqentam a escola, tm um nvel de escolaridade abaixo da mdia e uma defasagem se comparadas s crianas e adolescentes com a mesma idade. Muitas delas abandonam os estudos ou so foradas a faz-lo pela famlia empregadora. 28 O direito convivncia familiar e comunitria tambm violado, uma vez que as meninas so impedidas de ar seus familiares e amigos e quase no tm dias de folga. As aes violentas praticadas pelos empregadores foram relatadas nos depoimentos das prprias meninas que sofrem freqentes agresses fsicas, humilhaes e assdio sexual.

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Medidas Scio-Educativas

Conforme dados apresentados pelo Frum Nacional de Defesa dos Direitos da Criana e do Adolescente e pelo Departamento da Criana e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos do Ministrio Justia, o Estado do Par tinha, em maro de 2002, 130 adolescentes inseridos em medida scio-educativa de liberdade assistida e, no ms de junho, 128 em internao e 20 em semiliberdade. Em relao ao sexo, somente havia um total de sete meninas internadas. O ndice de adolescentes em liberdade assistida era de 0,88. 29 Seguindo a mesma tendncia verificada no Amap, o Poder Judicirio paraense tem aplicado medidas mais rigorosas em detrimento de outras menos severas. Isto porque, mais da metade dos 426 adolescentes inseridos em uma das trs medidas (liberdade assistida, semiliberdade e internao) esto cumprindo medida de semiliberdade ou de internao. A IV Caravana Nacional de Direitos Humanos da Cmara Federal elaborou o relatrio "Uma amostra da situao dos adolescentes privados de liberdade nas FEBEMs e congneres" que contm um panorama do tratamento dispensado aos adolescentes em conflito com a lei no Estado do Par.30 Um primeiro dado destacado que todas as quatro unidades existentes, poca, localizavam-se na capital, Belm. Esse fato, por si s, j acarreta uma grave violao, pois o ECA, em vrios de seus dispositivos, sempre reafirma a importncia do convvio familiar, impondo inclusive que os adolescentes sob internao recebam visita semanalmente e permaneam na sua cidade ou naquela mais prxima estando todas as unidades do Estado localizadas numa s cidade, provavelmente os familiares dos adolescentes do interior tero restrita sua participao no processo scio-educativo, ficando prejudicada a consecuo da finalidade da medida. 31 As unidades visitadas abrigavam entre 3 e 49 adolescentes, estando uma delas com lotao superior capacidade prevista. Nesses estabelecimentos e, em especial, nas duas unidades com maior contingente de adolescentes privados de liberdade (CIAM e EREC), era flagrante o descumprimento ao reordenamento institucional previsto no ECA. Prticas baseadas em violncias fsicas e psquicas assim como ausncia de contedo scioeducativo e desrespeito a direitos bsicos foram pontos verificados durante a agem da IV Caravana. As unidades em que se verificou as condies mais gritantes de violao de direitos foram o Centro de Internao para Adolescentes Masculino (CIAM) e o Centro de Internao Espao Recomeo (EREC), caracterizados, respectivamente, como "ociosidade e modelo prisional" e "recomeo do Cdigo de Menores". No CIAM eram mantidos, em cerca de 20 celas "minsculas e ftidas", 35 internos que avam grande parte do dia trancados. Durante a visita, foram constatadas precariedade na assistncia social e na ateno sade; ociosidade; presena de celas de isolamento; perpetrao de maus tratos; baixa qualidade da alimentao; inexistncia de educao e de assistncia jurdica; alm da submisso dos familiares a procedimentos humilhantes, ilegais e vexatrios durante a revista. No EREC, o projeto arquitetnico e a situao dos adolescentes internos mostraram ser mais uma parte da herana do antigo Cdigo de Menores. O relatrio identifcou um prdio em forma de "L" onde estavam 13 celas e longe de todos e de tudo h uma espcie de cofre onde se construiu um isolamento escuro e mido. A prtica de encaminhar internos para a conteno ou para o cofre est absolutamente institucionalizada e pode se prolongar, havia casos de adolescentes com mais de 30 dias neste local. No Centro Scio-Educativo Masculino localizado na periferia de Belm foram constatadas prticas que necessitam de correo, tais como a ociosidade o emprego sistemtico dos adolescentes em tarefas de limpeza e a interdio da sexualidade, como tambm ocorria nos outros centros. No Centro de Internao Feminino, que tinha 3 internas quando da visita, verificou-se que a ociosidade e a utilizao do isolamento em cela de conteno so alguns fatos negativos constatados. Entre julho de 1999 e junho de 2000, a Universidade da Amaznia e o Centro de Defesa dos Direitos da Criana e do Adolescente Emas desenvolveram pesquisa sobre a situao dos adolescentes aps o cumprimento de medida scio-educativa em capitais e cidades da Regio Norte do pas.32 O estudo, que ouviu educadores, jovens que cumpriram medidas e seus familiares, constatou que em Belm, 83% dos adolescentes pesquisados no estavam estudando e 80% estavam desempregados. O fato, expresso pelos adolescentes da capital paraense, de que 87% deles no conheceu, durante o processo scio-educativo, seu advogado deve ser tratado com muita ateno, posto que a ausncia de advogado torna nulo o processo, uma vez que no lhe foi garantido o devido processo legal.

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MULHERES

O Par o estado com maior nmero de rotas de trafico de mulheres para fins de explorao sexual na Regio Norte. Depois do Maranho, o estado com maior nmero de rotas de trfico de mulheres em todo o pas. A Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial constatou a existncia de 16 rotas de trfico de mulheres para fins de explorao sexual comercial no Par, sendo que em nove rotas h tambm envolvimento de crianas e adolescentes. 33 Em 14 Delegacias Especializadas no Atendimento Mulher no Estado do Par, foram registradas 9.582 ocorrncias policiais em 1999. Destas, foram 3.910 ameaas (40,81%), 14 homicdios (0,15%), 22 tentativas de homicdio (0,23%), 4.234 leses corporais (44,19%), 24 leses corporais culposas 24 casos (0,25 %), 11 maus tratos (0,11%), 680 vias de fato (7,10%) e 3 seqestros e crcere privado (0,03 %). Quanto aos crimes envolvendo violncia sexual, foram 46 ocorrncias de atentado violento ao pudor (0,48%), 143 estupros (1,49%) e 40 tentativas de estupro (0,42 %). 34 Na capital Belm, a polcia registrou, em 1999, 159 ocorrncias de estupros, 67 atentados violentos ao pudor, em 2000, 135 estupros, 103 atentados violentos ao pudor, em 2001, e 119 estupros e 92 atentados violentos ao pudor. 35 No Par, a taxa de homicdios contra as mulheres foi de 2,1 por 100 mil habitantes no ano 2000. As mulheres representam 7,8% das vtimas de homicdio no estado. 3 6

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AFRO-DESCENDENTES

A populao afro-descendente (4.391.915) representa 70,93% da populao do estado, proporo superior mdia da Regio Norte. Na populao afro-descendente, 5,09% se declararam negros e 65,83% pardos. 37

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INDGENAS

O Par tem uma populao de pelo menos 11.908 indgenas, distribudos em 19 povos indgenas. Alm disso, conjuntamente com outros estados, tambm abriga outros 7 povos indgenas, totalizando uma populao de pelo menos 19.162 indgenas.38 Estima-se que tenha a 6 maior populao indgena do pas. 39 O Estado tem 43 reas indgenas, que se encontram na seguinte situao jurdica: 40

Situao

No. de Terras Indgenas

A identificar 5
Em identificao 4
Identificadas / Aprovadas pela Funai 4
Declaradas 7
Homologadas 2
Registradas 21

O problema da explorao ilegal de madeira, principalmente mogno, est fortemente presente nesse estado. Tanto em regies ao Sul quanto em regies ao Norte dele os madeireiros invadem as terras indgenas para realizar a extrao. Os indgenas Arara, das terras indgenas Cachoeira Seca e Arara enfrentam cronicamente problemas com pescadores e com madeireiros que invadem suas terras para roubar madeira. Em maro e abril de 1999, a Funai e o Ibama realizaram uma vistoria em um igarap dentro da terra de Cachoeira Seca, onde encontraram trs acampamentos que serviam de apoio ao trabalho irregular e apreenderam 214 toras de mogno e cedro. Com relao explorao dentro da terra Arara, as notcias so de que uma empresa madeireira que a realiza. A presena dos pescadores uma ameaa para esses indgenas desde a dcada de 80, quando o esgotamento do potencial pesqueiro nas regies em que costumavam pescar comeou a fazer com que eles se deslocassem rio acima rumo s terras indgenas. Eles utilizam tcnicas de pescar tais com geleiras, redes e sistemas de arrasto, que prejudicam a pescaria e conseqentemente a alimentao dos prprios indgenas. Atividade realizada de maneira ilegal porque no foi regulamentada. H casos em que os pescadores, para conseguirem ter o aos locais de boa pescaria dentro das reas indgenas, fornecem aos indgenas produtos, entre eles bebidas alcolicas. 43 Os indgenas Parakan que vivem na terra indgena Apytewa vivem situaes muito problemticas com os posseiros, que invadem suas terras em busca de ouro e de madeira, principalmente de mogno. No dia 23 de novembro de 2001 um confronto deixou vrias pessoas feridas, mortas e desaparecidas. Em julho do mesmo ano uma liminar de reintegrao de posse foi concedida em favor da comunidade indgena por um juiz de Marab. O conflito poderia ter sido evitado caso a liminar tivesse sido cumprida. 44 Os indgenas Kaiap enfrentam muitos conflitos com os madeireiros. No incio de 1999 um acordo indito contra a explorao ilegal de madeira foi assinado por indgenas e pelo governo. No entanto, o problema no foi resolvido. Na terra indgena Ba, um grupo de 16 turistas foi seqestrado pelos indgenas em agosto de 2000. Foram liberados quando o Ministro da Justia lhes garantiu que sua terra seria demarcada. Nessa rea, de 1,8 milhes de hectares, existem 250 fazendas. Os fazendeiros e madeireiros resistem fortemente demarcao da rea indgena. Uma deciso do Superior Tribunal de Justia suspendeu o processo de demarcao. At agosto de 2000 a terra ainda no havia sido demarcada, apesar de o processo de demarcao continuar na justia. 45 Violncia Neste estado encontramos alguns casos de descontentamento e indignao dos indgenas com relao ao modelo de sade implementado pelo governo federal em 1999, no qual as atribuies que antes eram de responsabilidade da Funai aram para a Funasa, em um processo de municipalizao e terceirizao da assistncia mdica. Em outubro de 1999, os Xikrim protestaram contra esse modelo. Segundo eles, dois meses depois de implementado o Distrito Sanitrio do local ele ainda no tinha diretor. Em maio de 2001, cerca de 111 indgenas Temb e Kaapor ocuparam o prdio da Funai e realizaram um grande protesto contra esse modelo de assistncia sade. Denunciaram problemas em seu Distrito Sanitrio tais como o alastramento de doenas, o despreparo de funcionrios, atendimentos grosseiros e humilhaes. 4 6 Durante os meses de outubro e novembro de 2000, ao menos oito indgenas Arawetes morreram como decorrncia de um surto de catapora (doena de origem virtica chamada de varicela na linguagem mdica) na aldeia Ipixuna, em Altamira, no sudoeste do estado. Dos 280 indgenas que habitam o local tem-se notcia de que pelo menos 218 teriam sido acometidos pela doena. Os idosos foram os mais atingidos. As interpretaes sobre os motivos do surto so divergentes e um inqurito foi instalado pelo Ministrio Pblico Federal para apurar as responsabilidades. Segundo a Funasa, rgo do Ministrio da Sade, a doena, de simples tratamento, se espalha rapidamente entre os indgenas devido ao fato de viverem em malocas coletivas (cada uma com 40 a 50 indgenas) e de terem baixa imunidade em decorrncia de desnutrio. Para os mdicos da Funasa, o que os mata no propriamente a catapora, mas sim a infeco nas bolhas que se transforma em ferida, alm da desidratao. A Funai e antroplogos discordaram e afirmaram que o impacto drstico da doena se deu em funo da ineficincia do convnio da Funasa com a Prefeitura de Altamira, que contratou profissionais sem experincia para tratar dos indgenas, que permitiram que indgenas doentes retornassem s comunidades e contaminassem os demais. O Conselho Indigenista Missionrio concorda com a Funai e aponta casos de m utilizao de recursos por parte da Funasa. Outras tribos tambm foram atingidas, mas no de forma to grave quanto essa. 4 7 o justia No dia 14 de setembro de 2000 uma sentena judicial indita e inovadora foi proferida em favor de um povo indgena. Os indgenas Paran ganharam na justia a ao indenizatria que moveram contra a Unio e a Funai pelos danos materiais e morais causados pelo contato que tiveram com os brancos, promovido a partir de 1973, por conta da construo da Rodovia Cuiab- Santarm. A condenao envolveu o pagamento de 4 mil salrios mnimos corrigidos para os indgenas. Esses indgenas viveram uma difcil histria desde que foram expulsos de suas terras. Enfrentaram abandono, doenas, mortes e transferncia para o Parque do Xingu. Em 1995 comearam a voltar para suas terras e enfrentaram dificuldades, mas em 1998 conseguiram o reconhecimento delas. Nos ltimos anos eles tm conseguido algumas vitrias. 4 8 IDOSOS Em 2000, havia no Par uma populao de 356.562 idosos. Entre os anos de 1991 e 2000, a populao de idosos no estado aumentou de 4,9% para 5,8% da populao total. 49

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PORTADORES DE DEFICINCIA

A populao de portadores de deficincia (1.100.202) representa 17,77% da populao do Par. o estado que tem a maior proporo da Regio Norte, e a quarta maior proporo do Brasil. 50

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GAYS, LSBICAS, TRANSEXUAIS E BISSEXUAIS

Em 2000, foi registrado 1 caso de homicdio homofbico contra um gay.5 1 No mesmo ano, homossexuais foram impedidos de danar em festa junina em Belm porque o regimento interno do concurso oficial de quadrilhas juninas probe que casais homossexuais dancem juntos.5 2 Em 2001, aconteceram 3 homicdios homofbicos, todos contra gays. 5 3

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1 Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Relatrio Setembro 2002.

2 Ouvidoria do Sistema de Segurana Pblica do Par, relatrio "Anlise Temporal do Ano 1998, 1999, 2000, 2001".

3 Idem.

4 Idem. A diferena entre o nmero total de denncias e o nmero de denncias contra policiais civis e militares deve-se existncia de denncias contra bombeiros e agentes de trnsito.

5 Comisso Pastoral da Terra Sul do Par, Dossi sobre Torturas, Maus Tratos e Impunidade de Policiais Civis e Militares no Sul do Par.

6 Informaes da Comisso Pastoral da Terra Sul do Par e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria. Ver tambm Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Relatrio Setembro 2002.

7 Rodley, Nigel, Relatrio sobre a Tortura no Brasil. Disponvel no web-site da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos (www.mj.gov.br/sedh) e da ONG Justia Global (dhnet-br.informativomineiro.com).

8 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Justia, Departamento Penitencirio Nacional (www.mj.gov.br/depen/default.htm).

9 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Campanha Nacional Permanente Contra a Tortura (Braslia: MJ/SNDH e MNDH, 2002).

1 0 Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999, Conflitos no Campo Brasil 2000 e Conflitos no Campo Brasil 2001. Dados de janeiro a agosto de 2002 disponveis no web-site da Comisso (www.tnac.com.br).

1 1 Idem.

1 2 Idem.

1 3 Ministrio do Trabalho e Emprego, A Experincia do Grupo Especial de Fiscalizao Mvel 2002.

1 4 ISA, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 525, "Fazenda dentro da TI usava trabalho escravo".

1 5 Folha de S. Paulo, 28 de agosto de 2002, "Fiscais libertam 136 trabalhadores".

1 6 Folha de S. Paulo, 22 de outubro de 2002, "Mais 57 trabalhadores so libertados no PA".

17 Comisso Pastoral da Terra/Par (www.tnac.com.br/t/regionais/pa.htm).

1 8 Revista Problemas Brasileiros n 350 Maro/Abril de 2002, p. 7 a 11.

19 Folha de So Paulo, 03 de outubro de 2002, "170 municpios pedem proteo do Exrcito para votao do dia 6"; Agncia Estado, 27 de outubro de 2002, "Foras Armadas atuam em 149 municpios, sem incidentes at agora" (www.estadao.org.br).

2 0 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002). A taxa de vitimizao juvenil por homicdios a relao entre a taxa de bitos por homicdio de jovens de 15 a 24 anos e as taxas de homicdio na populao total. Quanto maior a taxa de vitimizao, maior a concentrao de homicdios na populao jovem. Quando a taxa zero ou prxima a este valor, os homicdios atingem na mesma proporo os jovens e os demais grupos da populao.

2 1 Centro de Defesa da Criana e do Adolescente Emas (CEDECA - EMAS). Violncia contra Crianas e Adolescentes na Regio Metropolitana de Belm - 1998 & 1999 Dados e Reflexes sobre a Problemtica. Belm, 2001. Para constituio do nmero total de casos, o CEDECA-Emas utiliza como fonte: os Conselhos Tutelares, o SOS Criana, a Secretaria de Segurana Pblica (SEGUP) e o Instituto Mdico Legal (IML), por entenderem que estas instituies representam os principais rgos de denncias contra as crianas e adolescentes.

2 2 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

2 3 Publicada no D.O.E./PA em 25 de agosto de 2000, o Ministrio Pblico do PA recomenda "que sejam instaurados Procedimentos istrativos objetivando, atravs de Termo de Conduta, a implantao, em cada Municpio, da poltica na rea da Infncia e Juventude. Em no havendo xito na rea istrativa, que seja adotada a medida cabvel por via judicial, no sentido de que a previso legal seja garantida".

24 ABRAPIA - Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil (www.abrapia.org.br). Conforme descrito na introduo geral, o conceito de explorao sexual infanto-juvenil abrange: abuso sexual (intra-familiar e extra-familiar) e explorao sexual comercial (compreendendo o trfico para fins sexuais, a prostituio, o turismo sexual e a pornografia).

2 5 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

2 6 Ministrio do Trabalho e Emprego, Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente (Braslia: MTE, 2001, p 76. O Mapa traz, tambm, as atividades desenvolvidas pelas crianas e adolescentes conforme o Estado. No Par foi constatado o trabalho de pessoas entre 5 e 15 anos nas atividades de: Agricultura; Comrcio (Ambulante; e Varejista); Construo Civil; Extrativismo; Hotelaria; Indstria; Lavagem de Automveis; Produo de Carvo Vegetal; Servios Diversos (Convnios e Programas Educativos/Sociais e Guardas Mirins); Servios e Comrcio de Alimentos; e Servios (em Madeireiras e Serrarias; e em Oficinas Mecnicas).

2 7 Os dados integram o estudo intitulado "O Trabalho Domstico de Meninas de Belm" desenvolvido pelo CEDECA-Emas e tem trechos divulgados no site da organizao (www.emauscrianca.org.br - sees: "Agncia de Notcias" e "Dados e Pesquisas"). Foram pesquisadas inicialmente 255 meninas trabalhadoras domsticas. Posteriormente fez-se uma anlise mais pormenorizada de jovens entre 13 e 20 anos, elegendo-se uma amostra da qual foram entrevistadas 16 meninas da rede pblica de ensino. A pesquisa indica que os direitos das meninas so violados com: "agresso fsica, verbal, discriminao, explorao, constrangimento, opresso, assdio sexual cerceamento da liberdade, da comunicao, humilhao, violncia psicolgica, negligncia, crueldade, constrangimento, tratamento desumano, ferindo os artigos. 5, 16, 17 e 18 do Estatuto da Criana e do Adolescente".

2 8 Coletnea de anncios de ofertas de empregos realizada pelo falecido Juiz da Infncia e Juventude, Paulo Frota, continham os seguintes dizeres: "Precisa-se de bab com idade entre 10 e 40 anos, que durma no emprego, no estude e goste de criana" e "Precisa-se de uma moa de 12 a 17 anos, com referncia, que durma no emprego, que no esteja estudando, com folga quinzenal e que goste de criana" (ambos os anncios so de setembro de 1999) Revista do UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naes Unidas para a Mulher. Maria Maria Trabalhadoras Domsticas: Quem so e o que pensam, ano 4, n4, Braslia, 2002, p. 32-40.

2 9 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca). O ndice foi obtido a partir do resultado da diviso do nmero total de adolescentes em liberdade assistida pelo nmero total de inseridos em medidas em meio fechado (assim consideradas internao e semiliberdade). Quanto maior o ndice, maior tambm a aplicao no Estado da medida em meio aberto em comparao ao nmero de adolescentes privados, parcial ou totalmente, de liberdade.

30 Comisso de Direitos Humanos da Cmara Federal, IV Caravana Nacional de Direitos Humanos: Uma Amostra da situao dos adolescentes privados de liberdade nas FEBEMs e congneres: O sistema Febem e a produo do mal, Braslia, Cmara dos Deputados, Coordenao de Publicaes, 200.

3 1 Art.124, VI e VII do Estatuto da Criana e do Adolescente.

32 CEDECA-Emas (www.emauscrianca.org.br).

33 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

34 Conselho Nacional dos Direitos da Mulher - Pesquisa Nacional sobre as Condies de Funcionamento das Delegacias Especializadas no Atendimento s Mulheres. Relatrio da pesquisa disponvel no web-site da entidade(www.mj.gov.br/sedh/cndm).

35 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Segurana Pblica. (www.mj.gov.br/senasp/default.htm).

3 6 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002).

3 7 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

3 8 Esses indgenas, que vivem no Par e em outros estados, esto distribudos da seguinte forma: junto com o Amazonas h um povo com 7134 indgenas; junto com o Amazonas e Roraima h um povo com 2020 indgenas; junto com o Mato Grosso h 3 povos, somando um total de 7508 indgenas; junto com Mato Grosso e Tocantins h um povo com 2500 indgenas; e junto com Roraima h um povo formado por no se sabe quantos indgenas. Informao disponvel no web-site da entidade (dhnet-br.informativomineiro.com).

3 9 Conselho Indigienista Missionrio (www.dhnet-br.informativomineiro.com).

4 0 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com). Dados atualizados em 3 de outubro de 2002 (com exceo das informaes de Terras Indgenas declaradas, atualizadas em 8 de agosto de 2002).

4 1 Uma delas em conjunto com os estados do Amazonas e de Roraima.

42 Uma delas em conjunto com o Mato Grosso.

4 3 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 526-7; O Liberal, 17 de abril de 1999, "Roubo de madeira"; ISA/ abr/99, "Operao surpreende madeireiros na TI"; ISA, 30 de maio de 2000; "Morte de Arara leva pescadores priso"; ISA, fev/99, "Pescadores voltam a invadir TI"; ISA. Ago/99, "Madeireiro em TI amparado por liminar".

4 4 Conselho Indigienista Missionrio, Informe n. 489, de 29 de novembro de 2001.

4 5 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 506 (ltimas Notcias/ISA, 04 de fevereiro de 1999, "Governo e Kayap assinam acordo contra madeira ilegal"); p. 514-515 (OESP, 04 de agosto de 2000, "Ministro manda demarcar TI; OESP, 05 de agosto de 2000, "E refns so liberados"; O Liberal, 08 de agosto de 2000, "PF quer impedir reao de fazendeiros demarcao"; O Liberal, 23 de agosto de 2000, "Demarcao suspensa").

46 Conselho Indigienista Missionrio, Informe n. 460, de 10 de maio de 2001; e ISA, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 517-9 (O Liberal, 29 de fevereiro de 1999, "Xikrin protestam contra mudanas na poltica se sade").

4 7 Conselho Indigienista Missionrio, Informe n. 438, de 23 de novembro de 2000; ISA, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 530-2 (ltimos Segundos/IG, 04 de novembro de 2000, "Catapora mata 4", ltimos Segundos/IG, 04 de novembro de 2000, "Malocas, alimentao precria e falta de higiene", Notcias Sociambientis/ISA, 09 de novembro de 2000, "Quem vai segurar o rescaldo da crise?", ltimos Segundos/IG, 14 de novembro de 2000, "Funasa e Cimi divergem sobre aplicao de recursos").

48 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, "Os Paran consolidam o retorno", p. 491-494.

4 9 IBGE, Censo Demogrfico 2000. (www.ibge.gov.br).

5 0 Idem.

51 Mott, Luiz e Marcelo Cerqueira, Causa Mortis: Homofobia. Violao dos Direitos Humanos e Assassinato de Homossexuais no Brasil 2000 (Salvador: Editora Grupo Gay da Bahia, 2001).

52 Idem. 53 Mott, Luiz, Marcelo Cerqueira e Cludio Almeida. O Crime Anti-Homossexual no Brasil. Editora Grupo Gay da Bahia - 2001 (Salvador: Editora Grupo Gay da Bahia, 2002).


RONDNIA

O Estado de Rondnia, situado no sudoeste da Regio Norte, faz divisa com os estados do Acre, Amazonas e Mato Grosso, e com a Bolvia. Sua capital Porto Velho e as principais atividades econmicas so a agricultura (caf, cacau, arroz, mandioca, milho) e o extrativismo vegetal e mineral (borracha, madeira, minrios, inclusive cassiterita). O estado atraiu muitos migrantes de outras regies do pas nas dcadas de 1960 e 1970, para trabalhar na agro-pecuria, extrao da madeira e minerao, devido distribuio de terras promovida pelo governo federal. Criado em 1943 como Territrio Federal de Guapor, tornou-se Territrio Federal de Rondnia em 1956. Finalmente, em 1981, Rondnia deixou de ser territrio federal e ou a condio de estado. Depois do Par, Rondnia o estado da Regio Norte com o maior nmero de conflitos rurais e o segundo maior nmero de trabalhadores em situao de escravido. O estado apresenta problemas graves no sistema prisional, exemplificados pela situao do Presdio de Urso Branco, no qual as autoridades, ainda que alertadas por instituies nacionais e internacionais do que estava por acontecer, no agiram no sentido de evitar uma srie de rebelies e mortes. As violaes de direitos humanos e a fragilidade das instituies do sistema de segurana e justia agravam o quadro de violncia no estado, fazendo com que Rondnia seja um dos estados que tem maior ndice de violncia fatal na Regio Norte e no Pas. A gravidade da situao do estado pode ser percebida atravs do elevado nmero de homicdios por 100 mil habitantes. Enquanto a taxa mdia na Regio Norte de 18,7 homicdios por 100 mil habitantes, em Rondnia ela chega a 34,9. 1

VIOLNCIA POLICIAL E TORTURA

Em 2002, as corregedorias das polcias civil e militar e da superintendncia de assuntos penitencirios receberam 11 denncias de prtica de tortura, que deram origem a 14 sindicncias istrativas, 4 processos istrativos e 14 inquritos policiais, sobre a atuao de 27 policiais e 6 agentes penitencirios. Nenhum policial ou agente penitencirio foi at agora punido pela prtica de tortura. 2

SISTEMA PENITENCIRIO E UNIDADES FECHADAS

Rebelies e tentativas de fugas aconteceram constantemente no Presdio Urso Branco, no qual eram mantidos presos provisrios e condenados, sem atendimento mdico, assistncia jurdica e o mnimo respeito aos seus direitos. No havia nem mesmo registro oficial da populao carcerria, que superava em duas vezes a capacidade do presdio. Dezesseis detentos morreram entre novembro de 2000 e setembro de 2001, dos quais trs foram assassinados por outros detentos durante uma rebelio, em novembro de 2000, e um foi assassinado por policiais quando tentava fugir. Todos os outros foram assassinados em conflitos internos entre presos. Seis foram assassinados em um s dia, em 12 de setembro de 2001. 3 Em janeiro de 2002, uma rebelio resultou na morte de 27 detentos no Presdio Urso Branco. Em 14 de maro, medidas cautelares foram solicitadas a Comisso Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) visando equacionar os aspectos mais emergenciais da questo. As medidas determinadas pela Comisso ao Governo Federal, medidas protetivas para evitar novas mortes no presdio, no foram completamente efetivadas, e mais 10 presos foram executados. As novas mortes motivaram a CIDH a encaminhar o pedido de Medidas Provisionais Corte Interamericana de Direitos Humanos, instncia mxima do Sistema Interamericano de Proteo dos Direitos Humanos, exigindo que o Governo Federal cumprisse suas determinaes. 4 O estado tem 24 unidades prisionais. Entre estas, 11 so casas do albergado e uma colnia agrcola, que a princpio so adequadas ao cumprimento de regime aberto e semi-aberto. Mas o nmero de vagas destinadas ao cumprimento de pena nestes regimes (217) insuficiente para o nmero de presos que esto cumprindo pena (749). O nmero total de vagas existentes no sistema prisional de 1.391 para uma populao carcerria de 3.052 pessoas detidas. O nmero de presos mais que o dobro do nmero de vagas disponveis, caracterizando um problema grave de superlotao. 5

VIOLNCIA RURAL

Rondnia registrou 18 casos de conflito de terra em 1999, 14 em 2000, 14 em 2001 e 17 casos entre janeiro e agosto de 2002. O nmero de pessoas envolvidas caiu de 11.129 em 1999 para 6.060 em 2000 e 5.695 em 2001, mas voltou a subir para 13.939 entre janeiro e agosto de 2002. Depois do Par, Rondnia o estado com maior nmero de conflitos e de pessoas envolvidas em conflitos rurais na Regio Norte. 6 Desde 1999, segundo a Comisso Pastoral da Terra, foi registrado apenas um caso de assassinato em decorrncia dos conflitos rurais, em 2002. Mas, segundo o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, dois trabalhadores do assentamento Paulo Freire, municpio de Brasilndia, vizinho rea de conflito, foram assassinados por pistoleiros da Fazenda Glads, em 2001. 7

TRABALHO ESCRAVO

Em 1999, a Comisso Pastoral da Terra registrou a presena de 28 trabalhadores em condio anloga a de escravo, no municpio de Chupinguaia. Constatou, ainda, a presena de 19 trabalhadores em condio anloga a de escravo, no mesmo municpio, entre janeiro e agosto de 2002. 8 Em 2000, o Grupo Especial de Fiscalizao Mvel do Gertraf realizou uma operao em Rondnia, mas no houve registro de trabalhadores encontrados em situao degradante ou anloga escravido. 9

LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS

O jornalista Renato Quintino da Silva, que escrevia para o jornal "Cone Sul" em Espigo do Oeste, sofreu ameaas de morte aps ter divulgado na imprensa possveis atos de improbidade istrativa cometidos pelo presidente da Cmara dos Vereadores, Edson Messias do Vale, e pelo prefeito da cidade, Arlindo Dettman. Como conseqncia de suas reportagens, o Ministrio Pblico comeou a investigar os fatos, o que resultou na determinao da justia de afastamento do prefeito e em duas aes contra o presidente da Cmara. As ameaas foram tantas que o jornalista teve que se mudar para outro estado do pas em busca de segurana. 1 0 Quinze municpios desse estado receberam a proteo das Foras Armadas nas eleies realizadas no dia 27 de outubro de 2002. 11

CRIANAS E ADOLESCENTES

Em Rondnia, o nmero de jovens, entre 15 e 24 anos, mortos por homicdio aumentou de 146 para 157 entre 1998 e 2000. O nmero de mortes por homicdio por 100 mil habitantes na populao entre 15 e 24 anos aumentou de 51,8 em 1998 para 53,4 em 2000. Um indicador da probabilidade dos jovens virem a ser mortos a taxa de vitimizao juvenil, que era de 52,8 em 2000, fazendo de Rondnia o estado da Regio Norte com menor vulnerabilidade para a faixa de jovens entre 15 e 24 anos e um dos menores do Brasil, cuja taxa nacional de vitimizao juvenil, em 2000, era de 92,7. 1 2 Em relao efetivao dos instrumentos de democracia participativa previstos no ECA, at o final do 1 semestre de 2002, somente 29 dos 52 municpios contavam com Conselhos Tutelares. Isso significa que no Estado ocorria um flagrante descumprimento do ECA. Quanto aos Conselhos Municipais de Direitos, a situao era melhor, porm em 16 cidades no estavam instalados. 1 3 Explorao Sexual No perodo de fevereiro de 1997 a junho de 2002, o Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil registrou no Brasil um total de 3.295 denncias de explorao sexual, das quais 24 originaram- se no Estado de Rondnia. Deste total, metade delas (12) foram feitas no 1 semestre de 2002. 14 Entre os anos de 2001 e 2002 foi realizada Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial, que constatou a existncia no Brasil de 172 rotas de trfico de crianas e adolescentes para fins de explorao sexual comercial. Tinham origem no Estado de Rondnia quatro rotas, sendo que todas elas tambm envolviam mulheres com idade superior a 18 anos. 15 Trabalho Infanto-Juvenil O Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente mostra que em 1999 havia 9.528 crianas e adolescentes na faixa de 5 a 15 anos de idade trabalhando no Estado de Rondnia. Porm, cabe salientar, que assim como outros Estados da Regio Norte, o Mapa no traz informaes sobre o trabalho da populao infanto-juvenil de Rondnia residente em rea rural. O Mapa aponta que esse grupo ocupava, com maior freqncia, os seguintes setores: 1 Comrcio (3.528), 2 Indstria de Transformao (3.177), 3 Prestao de Servios (1.764) e 4 Agropecuria (1.059). Ademais, 4.234 (44,44%) eram empregados, 2471 no recebiam remunerao e 1.764 eram domsticos. 1 6 Medidas Scio-Educativas Conforme dados apresentados pelo Frum Nacional de Defesa dos Direitos da Criana e do adolescente e pelo Departamento da Criana e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos do Ministrio Justia, o Estado de Rondnia tinha, em maro de 2002, 195 adolescentes inseridos em medida scio-educativa de liberdade assistida e, no ms de junho, 24 em internao e 25 em internao provisria. Deste total de 49 jovens em privao de liberdade, havia somente quatro do sexo feminino. 1 7 Com um ndice de liberdade assistida de 8,13, o Estado se coloca entre os trs primeiros Estados do Brasil que proporcionalmente mais aplicam a medida em meio aberto.18 Assim, como em Alagoas e Gois, o Poder Judicirio de Rondnia, ao que parece, ao menos no momento da aplicao de medida scio-educativa, est colocando em prtica o princpio da excepcionalidade da medida de internao. Contudo, Rondnia vem descumprindo as determinaes do ECA, devido no aplicao da medida de semi-liberdade.

MULHERES

Na Delegacia Especializada de Defesa da Mulher e da Famlia de Porto Velho, foram registradas 2.366 ocorrncias de violncia contra mulheres no ano 2000, a maior parte delas referentes a leses corporais e ameaas. Foram 952 ocorrncias de leo corporal (40,2%), 713 ameaas (30,1%), 6 tentativas de homicdio (0,3%), 6 maus tratos (0,3%) e 11 vias de fato (0,5 %). Quanto aos crimes que envolvem violncia sexual, foram 5 ocorrncias de atentado violento ao pudor (0,2 %), 43 de estupro (1,8%) e 8 tentativas de estupro (0,3%). Em 2001, tambm predominaram as ocorrncias de leso corporal e ameaa. Das 2.140 ocorrncias de violncia contra mulheres registradas, 853 foram leses corporais (39,8%), 776 ameaas (36,3 %), 2 tentativas de homicdio (0,1%), e 2 vias de fato (0,1%). Quanto aos crimes que envolvem violncia sexual, foram 3 ocorrncias de atentado violento ao pudor (0,1%), 21 estupros (1,0%) e 9 tentativas de estupro (0,4%). 1 9

A Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial, constatou a existncia de cinco rotas de trfico de mulheres para fins de explorao se-xual comercial, sendo que quatro rotas tambm envolviam crianas adolescentes. 20 Em Rondnia, a taxa de homicdios contra mulheres foi de 4,3 por 100 mil habitantes no ano 2000. As mulheres representam 9,4% das vtimas de homicdios no estado. 21 Na capital Porto Velho, o nmero de ocorrncias de estupro registradas pela polcia aumentou 25 em 1999 para 26 em 2000 e 59 em 2001. nmero de ocorrncias de atentado violento ao pudor aumentou de 76 em 1999 para 88 em 2000 e diminui para 62 em 2001. 2 2

AFRO-DESCENDENTES

A populao afro-descendente (711.330) representa 51,55% da populao do estado, proporo inferior mdia da Regio Norte. Na populao afro-descendente, 4,67% se declararam negros e 46,88% pardos.

INDGENAS

Rondnia tem uma populao de pelo menos 5.237 indgenas, distribudos em 23 povos indgenas. Alm disso, conjuntamente com outros estados, tambm abriga outros 3 povos indgenas, totalizando uma populao de 2.446 indgenas.24 Estima-se que tenha a 18 maior populao indgena do pas. 25 O Estado tem 21 reas indgenas, que se encontram na seguinte situao jurdica: 26

Situao

No. de Terras Indgenas

A identificar 3
Com restrio de uso 1
Identificadas / Aprovadas pela Funai 1
Declaradas 1
Homologadas 2
Registradas 13

Pelo menos durando os ltimos vinte anos, os indgenas Uru-Eu-Wau-Wau tiveram suas terras invadidas por posseiros. Incitados por madeireiros, proprietrios de terra e polticos locais, invadem reas indgenas, retiram madeira e abrem pastos. Invases e desocupaes se intercalam no local h vrios anos, sendo que o clima permanece sendo de tenso e insegurana. Durante o ms de maio de 2001, a Funai, o Ibama, a Poltica Federal e o Ministrio Pblico Federal realizaram uma ao conjunta de desintruso da rea na qual retiraram cerca de 80 pessoas. No entanto, logo depois de se retirarem no local, os posseiros retornaram, razo pela qual os indgenas se organizaram e os expulsaram de l. 2 7 Assim como no Estado do Mato Grosso, os indgenas Cinta-Larga tm enfrentado srios problemas decorrentes da extrao de madeira e do garimpo presentes em suas terras, situadas na divisa entre os dois estados. 2 8 IDOSOS Em Rondnia, em 2000, o nmero de idosos era de 72.062.29 Seguindo a tendncia nacional, mas com o ritmo mais acelerado entre todas as unidades federativas, a populao de idosos em Rondnia ou de 3,8% da populao total em 1991 para 5,2% em 2000. MIGRANTES A populao de migrantes (181.479) representa 13,15% da populao do estado de Rondnia.3 0 o estado em que tem a quinta maior populao de migrantes do pas, proporcionalmente populao, menor apenas que a de Roraima, Amap, Tocantins e Distrito Federal. GAYS, LSBICAS, BISSEXUAIS, TRANSEXUAIS Apenas 1 caso de homicdio homofbico foi registrado no estado, contra gay, no ano 2000. 31


1 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH; 2002).

2 Governo do Estado de Rondnia, relatrio enviado Secretaria de Estado dos Direitos Humanos.

3 Salla, Fernando e outros, "Situao da Violao dos Direitos Humanos no Sistema Penitencirio Brasileiro" (Rio de Janeiro: Centro pela Justia e pelo Direito Internacional CEGIL, 2002).

4 Informaes mais detalhadas no captulo "O Sistema Internacional e a Situao dos Direitos Humanos no Brasil".

5 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Justia, Departamento Penitencirio Nacional (www.mj.gov.br/Depen/default.htm).

6 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999, Conflitos no Campo Brasil 2000 e Conflitos no Campo Brasil 2001. Dados de janeiro a agosto de 2002, disponveis no web-site da T (www.tnac.com.br).

7 Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Relatrio Brasil 2001 Violncia no Campo.

8 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999, e relatrio com dados de janeiro a agosto de 2002 no web-site da T (www.tnac.com.br).

9 Ministrio do Trabalho e Emprego, A Experincia do Grupo Especial de Fiscalizao Mvel 2002.

10 Material recebido do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana Ministrio da Justia.

11 Agncia Estado, 27 de outubro de 2002, "Foras Armadas atuam em 149 municpios, sem incidentes at agora" (www.estadao.org.br).

1 2 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002). A taxa de vitimizao juvenil por homicdios a relao entre a taxa de bitos por homicdio de jovens de 15 a 24 anos e as taxas de homicdio na populao total. Quanto maior a taxa de vitimizao, maior a concentrao de homicdios na populao jovem. Quando a taxa zero ou prxima a este valor, os homicdios atingem na mesma proporo os jovens e os demais grupos da populao.

13 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

14 ABRAPIA - Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil (www.abrapia.org.br). Conforme descrito na introduo geral, o conceito de explorao sexual infanto-juvenil abrange: abuso sexual (intra-familiar e extra-familiar) e explorao sexual comercial (compreendendo o trfico para fins sexuais, a prostituio, o turismo sexual e a pornografia).

15 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

1 6 Ministrio do Trabalho e Emprego, Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente (Braslia: MTE, 2001), p 25. O Mapa traz, tambm, as atividades desenvolvidas pelas crianas e adolescentes conforme o Estado. Em Rondnia foi constatado o trabalho de pessoas entre 5 e 15 anos nas atividades de: Catadores de Lixo; Comrcio Ambulante; Cultura (do Cacau; e do Caf); Extrao de Cassiterita; Guardadores de Carro; Servios Diversos (Convnios e Programas Educativos/Sociais e Guardas Mirins); Servios e Comrcio de Alimentos; Servios (de Engraxate; em Cermicas e Olarias; e em Madeireiras) e Venda de Jornais.

1 7 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

18 Este ndice foi obtido a partir do resultado da diviso do nmero total de adolescentes em liberdade assistida pelo nmero total de inseridos em medidas em meio fechado (assim consideradas internao e semiliberdade). Quanto maior o ndice, maior tambm a aplicao no Estado da medida em meio aberto em comparao ao nmero de adolescentes privados, parcial ou totalmente, de liberdade.

19 Governo do Estado de Rondnia, Secretaria de Estado da Segurana Pblica Departamento Geral da Polcia Civil, Delegacia de Defasa da Mulher. Dados enviados pela Casa 8 de Maro de Porto Velho/RO.

20 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes (Coordenao Nacional). Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial. Braslia, 2002.

2 1 Waiselfisz, J.J., Mapa da Violncia III (Braslia: Unesco, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002).

22 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Segurana Pblica. (www.mj.gov.br/senasp/default.htm). 2 3 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

24 Esses indgenas, que vivem em Rondnia e em outros estados, esto distribudos da seguinte forma: junto com o Amap h um povo com 269 indgenas; e junto com o Mato Grosso h dois povos, somando um total de 2.177 indgenas.

25 Conselho Indigenista Missionrio (www.dhnet-br.informativomineiro.com), que informa ter esse estado uma populao de 5.869 ind.

26 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com). Dados atualizados em 3 de outubro de 2002 (com exceo das informaes de Terras Indgenas declaradas, atualizadas em 8 de agosto de 2002).

27 Informaes retiradas do site do ISA (dhnet-br.informativomineiro.com), em artigo intitulado "ndios Uru-EuWau-Wau expulsam posseiros de suas terras", de 04 de julho de 2001.

2 8 Estado do Mato Grosso.

29 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br). 3 0 Idem. 3 1 Mott, Luiz e Marcelo Cerqueira, Causa Mortis: Homofobia. Violao dos Direitos Humanos e Assassinato de Homossexuais no Brasil 2000 (Salvador: Editora Grupo Gay da Bahia, 2001).


RORAIMA

O Estado de Roraima, situado ao norte da Regio Norte, faz divisa com os estados do Amazonas e Par, e com a Venezuela e Guiana. Sua capital Boa Vista e sua economia baseada na agricultura, pecuria e extrativismo (madeira, ouro, diamantes, cassiterita). Antes de ser transformado em estado federal, com a promulgao da Constituio Federal em 5 de outubro de 1988, Roraima havia sido parte do Estado do Amazonas, transformado em Territrio Federal do Rio Branco em 1943 e Territrio Federal de Roraima em 1962. Roraima o estado do pas que conta com a maior proporo de indgenas em relao ao total da populao, sendo que 42% do territrio so ocupados por terras indgenas. A Terra Raposa do Sol vem sendo a atual protagonista dos mais srios conflitos. So muitos os casos de violncias, inclusive fatais, que ocorrem nesse local, freqentemente invadido por garimpeiros, colonos, rizicultores e policiais do exrcito. tambm polmica a recente construo de um quartel militar dentro de uma aldeia indgena, o que pode contribuir para o agravamento de problemas como o da prostituio e do alcoolismo. Alm disso, Roraima um dos Estados da Regio Norte que tem maior ndice de violncia fatal, o que pode ser percebido atravs das taxas de homicdio do estado. Enquanto a taxa mdia da regio de 18,7 homicdios por 100 mil habitantes, nesse estado ela de 34,9.1 , ainda, o estado que tem a maior taxa de homicdios contra mulheres no pas. Em 2000, 17,2% das vtimas de homicdio eram mulheres, sendo que a taxa de homicdios contra as mulheres foi de 13,9 por 100 mil habitantes. 2

SISTEMA PENITENCIRIO

Segundo dados do Departamento Penitencirio Nacional, no h problema grave superlotao nas unidades prisionais de Roraima. Se considerarmos o nmero total de presos e nmero total de vagas, havia 51 vagas no ocupadas em setembro de 2002. No que diz respeito adequao entre os locais que os detentos esto cumprindo a pena e o regime determinado pela mesma, o estado respeita as garantias determinadas pela Lei de Execuo Penal. O regime aberto dispe de 162 vagas, onde atualmente encontram-se 62 detentos cumprindo esse regime. No regime semi-aberto, so 50 vagas para 37 presos. O nmero de presos cumprindo o regime fechado (294), entretanto, superior ao nmero de vagas disponveis para esse regime (228). 3

LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS

Os 15 municpios desse estado receberam apoio do Exrcito nas eleies realizadas no dia 06 de outubro de 2002. O motivo foi a dificuldade de locomoo dos eleitores. 4

CRIANAS E ADOLESCENTES

Em Roraima, o nmero de jovens, entre 15 e 24 anos, mortos por homicdio aumentou de 45 para 53 entre 1998 e 2000. O nmero de mortes por homicdio por 100 mil habitantes na populao entre 15 e 24 anos aumentou de 69,8 em 98 para 75,7 em 2000. Um indicador da probabilidade dos jovens virem a serem mortos a taxa de vitimizao juvenil. Em 2000, era de 91,9, o que faz de Rondnia o Estado da Regio Norte com a maior taxa de vulnerabilidade para a faixa de jovens entre 15 e 24 anos, ndice prximo ao da taxa nacional de vitimizao juvenil, que era de 92,7 em 2000. 5 Em relao efetivao dos instrumentos de democracia participativa prevista no Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), at o final do 1 semestre de 2002, somente 6 dos 15 municpios de Roraima contavam com Conselhos Tutelares e 13 com Conselhos Municipais de Direitos.6 Em um estado com to poucos municpios, o flagrante descumprimento do ECA, no que se refere a implantao desses rgos, reforado pelo fato da criao no significar que haja estrutura para um bom desenvolvimento das funes atribudas aos Conselhos. A falta de estrutura um problema que atinge grande parte dos Conselhos instalados no Brasil e em Boa Vista. Tais problemas vm dificultando o trabalho dos Conselheiros Tutelares, que vem recebendo aproximadamente mil denncias por ms (muitas delas de maus tratos e espancamento), e "se v obrigado a arquivar os processos". 7 Explorao sexual No h qualquer denncia oriunda do estado de Roraima registrada no sistema nacional de combate explorao sexual infanto-juvenil. Cabe salientar, que este fato no significa que no haja explorao sexual.8 A Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para Fins de Explorao Sexual Comercial identificou 10 rotas de trfico de crianas e adolescentes que tinham sua origem em Roraima, sendo que nove delas envolviam trfico tambm de mulheres com idade superior a 18 anos. 9 O Conselho Tutelar de Boa Vista, em fevereiro de 2002, encaminhou representao ao Ministrio Pblico denunciando a rede de prostituio infanto-juvenil instalada na cidade de Boa Vista, cujas vtimas tm idade entre 8 e 17 anos. Somente nos quatro meses iniciais de 2001, o Conselho descobriu e recebeu denncias de 36 crianas e adolescentes prostitudas. No relatrio produzido, verifica-se o envolvimento de pessoas "do mais alto escalo da sociedade (como polticos, mdicos, advogados e militares, entre outros)". Relatam, ainda, a "questo do trfico de escravas brancas meninas que vm normalmente de Manaus e de Belm para a Venezuela. Esse trfico seria fomentado por americanos e venezuelanos, com a ajuda de brasileiros". Em razo das denncias e conseqente aumento da fiscalizao e represso prostituio infanto-juvenil - envolvendo aes do Ministrio Pblico, da Polcia Federal e de outros rgos-, os membros do Conselho Tutelar aram a ser ameaados. Em julho de 2002, o presidente licenciado do Conselho, Antnio Leandro da Fonseca Farias, foi seqestrado por dois homens e s no foi executado porque a arma utilizada falhou. Antes de ser libertado, os seqestradores lhe avisaram "para parar de falar em prostituio". 10 Trabalho infanto-juvenil O Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente indica que em 1999 havia 2.163 crianas e adolescentes na faixa de 5 a 15 anos de idade trabalhando no estado de Roraima. Cabe salientar, porm, que assim como outros estados da Regio Norte, o Mapa no traz informaes sobre o trabalho da populao infantojuvenil de Roraima residente em rea rural. O Mapa aponta que esse grupo ocupava, com maior freqncia, os seguintes setores: Prestao de Servios (927) e Indstria de Transformao (618). Ademais, 927 eram empregados, 618 domsticos, 309 exerciam atividade por conta prpria e 309 no recebiam remunerao. 11 Segundo dados veiculados no jornal Folha de Boa Vista, o Programa de Erradicao do Trabalho Infantil (PETI), no Estado de Roraima, fornece a crianas e adolescentes, entre 7 e 14 anos, uma bolsa no valor de R$ 40,00 e, em contrapartida, os beneficirios devem estudar regularmente e praticar atividades culturais, esportivas e psicossociais. O PETI atendia 700 crianas e adolescentes em 2001 e, um ano aps, os beneficirios somavam 3.560. As entidades que atuam no combate ao trabalho infanto-juvenil indicam que o Programa tem "sido a grande mola, para o salto de qualidade nos encaminhamentos das crianas engraxates". Alm das atividades e da obrigatoriedade da presena na escola, a fiscalizao constante tem servido para que o trabalho infantojuvenil seja reduzido. 12 Medidas scio-educativas Conforme dados apresentados pelo Frum Nacional de Defesa dos Direitos da Criana e do Adolescente e pelo Departamento da Criana e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos do Ministrio Justia, o Estado de Roraima tinha, em maro de 2002, 167 adolescentes em medida scio-educativa de liberdade assistida e, no ms de junho, 32 em internao (sendo todos os privados de liberdade do sexo masculino). Roraima se destaca pela alta porcentagem de adolescentes em regime de liberdade assistida, com um ndice de 5,22. 13 Em junho de 2002, no havia nenhum adolescente inserido na medida de semiliberdade, tampouco sob internao provisria, o que se justificava pelo flagrante descumprimento a adequao imposta pelo ECA, uma vez que no existia no estado unidades para o cumprimento destas medidas. Deve-se, por outro lado, destacar o fato de existir em Roraima, algumas estruturas e servios que em outros Estados no h, tais como: Delegacia de Defesa da Infncia e Juventude com funcionamento 24 horas, coordenado por equipe interdisciplinar, Defensoria Pblica atuante desde o momento da apreenso em flagrante e Ministrio Pblico com atuao inclusive no final de semana. Na execuo das medidas scio-educativas, em especial a de internao, o Centro Scio-Educativo Homero de Souza Cruz Filho tornou-se entre os anos de 1999 e 2001 - com o Programa Cidadania Ativa - uma referncia para os demais estados do Brasil quando, no ano de 2000, recebeu o Prmio Scio-Educando.14 Com atividades de grupo, que rene adolescentes, famlia e comunidade, o Programa premiado aumentou significativamente o envolvimento de todos na vida dos jovens internados, colaborando, assim, para o desenvolvimento do processo scio-educativo. No se pode esquecer, tambm, que o Sistema de Justia de Roraima colabora para o sucesso no tratamento das questes relativas aos adolescentes em conflito com a lei. Idealizado e implantado pelo Juiz Mauro Campello em 1999, na Vara da Infncia e Juventude de Boa Vista, o Programa Justia Dinmica (tambm agraciado com o Prmio Scio-Educando no ano de 2000) envolve as Polcias (Militar e Civil), o Ministrio Pblico, o Juizado da Infncia e Juventude, Entidade de Atendimento Scio-Educativo e a Ordem dos Advogados do Brasil/RR. Apesar de todas essas aes positivas, no ms de agosto de 2002, houve um incidente no Centro Scio- Educativo, em que dois internos atearam fogo em colches da unidade. Conforme nota do Desembargador Mauro Campello, este fato poderia ser uma resposta algumas mudanas negativas que estavam em curso na instituio. Cita o desembargador que as alteraes implicavam: na transformao do modelo arquitetnico da unidade, que voltava a ter caractersticas de cadeio; na falta de treinamento e capacitao permanente dos funcionrios; e na possvel ausncia de atividades ldicas e culturais. 15

MULHERES

De 1999 para 2001, houve aumento significativo no nmero de estupros registrados pela polcia. Em Boa Vista, a polcia registrou 36 ocorrncias de estupro e 36 de atentado violento ao pudor em 1999, 29 estupros e 22 atentados violentos ao pudor em 2000, e 71 estupros 28 atentados violentos ao pudor em 2001. 16 Em 2002, houve um grande aumento do nmero de registros de crimes na Delegacia da Mulher, atribudo pela delegada responsvel tanto ao aumento da violncia quanto ao aumento das denncias apresentadas pelas mulheres. O nmero de ocorrncias registradas na Delegacia da Mulher aumentou de 667 em 1999, para 1.379 em 2000, 1.258 em 2001 e 20.320 entre janeiro novembro de 2002. 17 A Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial constatou a existncia de nove rotas de trfico de mulheres para fins de explorao sexual comercial com origem no estado, sendo que todas as rotas tambm envolviam crianas e adolescentes. 18

AFRO-DESCENDENTES

A populao afro-descendente (220.306) representa 67,91% da populao do estado, proporo superior mdia da Regio Norte. Na populao afro-descendente, 3,46% se declararam negros e 64,45% pardos.

INDGENAS

Roraima tem uma populao de 24.683 indgenas, distribudos em seis povos indgenas. Alm disso, conjuntamente com outros estados, tambm abriga outros quatro povos indgenas, totalizando uma populao de pelo menos 14.651 indgenas.20 21 Estima- que seja o Estado que tem a 3 maior populao indgena do pas, perdendo somente para Amazonas Mato Grosso do Sul.2 2 , ainda, o Estado com a maior proporo da populao indgena do pas, sendo que 6,45% da populao local se declara indgena. 2 3 O Estado tem 30 reas indgenas, que se encontram na seguinte situao jurdica: 24

Situao

No. de Terras Indgenas

A identificar 2
Identificadas / Aprovadas pela Funai 1
Declaradas 6
Homologadas 4
Registradas 17

Segundo o Conselho Indgena de Roraima (CIR), 42% da extenso territorial deste Estado de terra tradicional indgena. So muitos os conflitos em torno da terra vivenciados pelos indgenas, tanto em decorrncia presena de invasores quanto de outros conflitos. Raposa do Sol O local em que ocorreram os maiores conflitos nos ltimos anos foi a Terra Indgena Raposa do Sol (tambm chamada de Serra do Sol). Habitada pelos indgenas Makuxi, Ingarik, Wapixana, Taurepang e Patamona, totalizando uma populao de cerca de 12 mil pessoas, divididos em 100 aldeias, essa rea, ainda no homologada, constantemente invadida por garimpeiros, colonos, rizicultores, policiais e oficiais do exrcito. Em 1995 o municpio de Uiramut e Pacaraima foi ilegalmente criado na terra indgena, trazendo junto disseminao de bebidas alcolicas, prostituio, drogas, abusos de autoridades, agresses fsicas, torturas, loteamento de terras e ampliao das invases. Alm disso, as presenas tambm ilegais de vilas (nas antigas bases de apoio ao garimpo) trazem doenas, poluem a gua e agridem o meio ambiente, e a constante presena da Polcia Militar, que freqentemente persegue lideranas, prende ilegalmente, espanca e tortura indgenas. A presena de rizicultores tambm problemtica, pois para plantar arroz, necessitam desmatar o local e utilizar agrotxicos, que poluem as guas dos rios, matando a fauna local. Atualmente, outro problema enfrentado pelos indgenas da Raposa do Sol est relacionado com a reativao do Programa Calha Norte, plano militar desenvolvido na poca da ditadura para ocupar e integrar a Amaznia ao resto do pas. Contra a vontade dos indgenas, esto construindo um quartel militar dentro da Aldeia Macuxi do Uiramut. A construo desse aparato militar tende a trazer para o local problema como a propagao de bebidas alcolicas, abusos sexuais, prostituio, vrias formas de terrorismo e desorganizao da cultura local. Alm disso, j existem duas unidades militares no interior da rea. Desde o final do ano de 2000, os indgenas vm enfrentando uma intensa batalha jurdica em torno da questo, quando as primeiras mquinas de terraplanagem chegaram ao local, e a posterior conquista dos indgenas de uma primeira liminar suspendendo as obras. H casos de indgenas que foram assassinados, sofreram tentativas de homicdio e foram espancados e torturados ao longo dos ltimos anos. Em fevereiro de 1999, o ndio Reman Almeida Andr foi encontrado morto com uma rede enrolada em seu pescoo, o ndio Paulo Jos de Souza foi baleado e o missionrio Egon Rech foi esfaqueado por posseiros. Em julho do mesmo ano, o ndio Altevar Silva de Almeida, de 17 anos, foi morto por moradores da cidade de Normandia com pontaps, garrafadas e contes com gargalo de garrafa. Em 2000, o ndio Jos Maria dos Santos foi humilhado, espancado com socos, pontaps e torturado de outras formas por policiais militares, que queriam que ele confessasse um crime. Como conseqncia do ocorrido, sofreu um politraumatismo e apresentou problemas clnicos como amnsia e surdez parcial, ocasionada pela ruptura de um tmpano. No incio de 2001, o ndio Moacir Daniel da Silva foi esfaqueado por um ex-vaqueiro e o ndio Luiz de Lima foi espancado por homens embriagados. Ao longo do ano, dois indgenas sofreram tentativas de homicdio. Outros dois indgenas foram vtimas de torturas praticadas por policiais. Nesses anos tambm ocorreram outros casos de ameaas e violncias contra os indgenas. Alm disso, ocorreram tambm casos de abordagens dos indgenas pelos policiais, de provocaes de incndios, de furtos de gado, de extrao e destruio de madeira, de invases de garimpeiros, de exploraes tursticas ilegais, de disseminao de bebidas alcolicas, de desmatamentos e emprego de agrotxicos por parte de arrozeiros e etc. 2 6 Violncias A terra indgena Yanomami, tem sofrido muitas invases por parte de garimpeiros, madeireiros, pescadores, militares e fazendeiros, esses ltimos muitas vezes atuando no sentido de viabilizar as atividades nos garimpos. Em setembro de 2000, estimava-se haver entre mil e quatro mil garimpeiros no local. Suas presenas trazem problemas sociais, ambientais e culturais para os indgenas, alm de trazerem doenas tais com a malria e doenas sexualmente transmissveis, resultantes tambm da prostituio. Alm das tenses e conflitos entre eles e os indgenas, h tambm as tenses internas ao grupo dos indgenas que resultam da situao, j que h aldeias que se ope ao garimpo e h aldeias que se aliam aos garimpeiros, muitas vezes porque recebem em troca presentes e armas de fogo. H notcia de que pelo menos 4 indgenas morreram no ano de 2000 em decorrncia desses conflitos. 2 7 Em novembro de 2000, foi lanado o livro Trevas no Eldorado. A obra resultante de muitos anos de pesquisas que denuncia a coleta de amostras de sangue em vrias aldeias Yanomamis na Venezuela e no Brasil pelo geneticista James Neel e pelo antroplogo Napoleon Chagnon entre 1967 e 1968. Essa uma entre as vrias acusaes que sofreram em decorrncia das viagens que faziam pelo meio das aldeias indgenas, nem sempre recebiam o consentimento da Funai. Davam aos indgenas pequenas coisas materiais em troca de seu sangue. Em abril de 2002, lderes Yanomamis foram a um seminrio nos Estados Unidos reivindicar a devoluo das amostras de seu sangue, que se encontram armazenadas em pelo menos cinco instituies de pesquisas americanas. 2 8 Boas Prticas Nesse Estado, percebemos uma tendncia oposta dos outros estados do Brasil. Ao contrrio da situao de muitos outros estados, em que indgenas criticam a descentralizao e terceirizao da sade, em Roraima h notcias de experincias muito bem sucedidas nessa rea. A entrega dos cuidados com a sade dos Yanomamis a Oraganizao No- Governamental Uriki tem trazido timos resultados. A mortalidade de crianas com menos de um ano de idade caiu de 197,4 para cada mil nascidos vivos em 1998 para 38,4 em 2002, sendo que a reduo no ndice de mortalidade geral foi de 50%. Os casos de malria diminuram de 4.152, em 1998, para 55 em 2000 (at setembro). Sendo responsvel por cuidar de 45% dos 12.765 indgenas Yanomamis do pas, uma equipe de 150 pessoas fica ininterruptamente na rea indgena. O xito de seu trabalho tambm resultado da realizao a sistematizao dos atendimentos, da aplicao de mtodos bsicos de cuidados com a sade e da diagnosticao precoce das doenas, o que no era feito antes. Alm disso, so tambm oferecidos para os indgenas programas para a formao de microscopistas e agentes de sade, sendo que, at setembro de 2002, 30 indgenas j haviam sido capacitados. 2 9

IDOSOS

Roraima tinha, em 2000, uma populao de 13.128 idosos.30 A proporo das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos na populao, apesar de ser a menor do Brasil, cresce em relao s demais faixas etrias da populao, ando de 3,3% em 1991 para 4% no ano 2000.

PORTADORES DE DEFICINCIA

Em Roraima, h aproximadamente 37.721 portadores de deficincia, que representam 11,63% da populao do estado.31 Os portadores de deficincia esto organizados em cinco associaes, todas elas situadas na capital do estado, Boa Vista, entre elas a Associao dos Deficientes Fsicos de Roraima. 32

MIGRANTES

A populao de migrantes (81.087) representa 25% da populao do estado de Roraima. o estado em que tem a maior populao de migrantes do pas, proporcionalmente populao. 33 A transformao de Roraima de territrio federal em estado e a construo de prdios da istrao pblica, aps a promulgao da Constituio Federal de 1988, incentivaram o fluxo de migrantes para o estado, provenientes de outros estados da Regio Norte e da Regio Nordeste. Em 1999, a pavimentao total da BR 174, que liga Manaus Boa Vista e esta a fronteira internacional, contribuiu para atrair migrantes e para o crescimento da populao urbana em Boa Vista e Pacaraima (cidade na fronteira com a Venezuela). 3 4


1 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH; 2002).

2 Idem.

3 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Justia, Departamento Penitencirio Nacional (www.mj.gov.br/Depen/default.htm).

4 Folha de So Paulo, 03 de outubro de 2002, "170 municpios pedem proteo do Exrcito para votao do dia 6".

5 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002). A taxa de vitimizao juvenil por homicdios a relao entre a taxa de bitos por homicdio de jovens de 15 a 24 anos e as taxas de homicdio na populao total. Quanto maior a taxa de vitimizao, maior a concentrao de homicdios na populao jovem. Quando a taxa zero ou prxima a este valor, os homicdios atingem na mesma proporo os jovens e os demais grupos da populao.

6 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

7 Notcia disponvel no web-site da ABMP, consultada no dia 16 de maio de 2002 (www.abmp.org.br.).

8 Conforme descrito na introduo geral, o conceito de explorao sexual infanto-juvenil abrange: abuso sexual (intrafamiliar e extra-familiar) e explorao sexual comercial compreendendo o trfico para fins sexuais, a prostituio, o turismo sexual e a pornografia.

9 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

10 A Crtica. AM, 26 de julho de 2002, p. C8.Notcia disponvel no web-site da ABMP (www.abmp.org.br)

1 1 Ministrio do Trabalho e Emprego. Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente. Braslia, 2001, p 80. O Mapa traz, tambm, as atividades desenvolvidas pelas crianas e adolescentes conforme o Estado. Em Roraima foi constatado o trabalho de pessoas entre 5 e 15 anos nas atividades de: Agricultura; Comrcio Ambulante; Extrao Vegetal; e Servios (Diversos; Domsticos; em Marcenarias; em Olarias; e em Serrarias).

1 2 Folha de Boa Vista, 23 de fevereiro 2002 . Notcia disponvel no web-site da ABMP (www.abmp.org.br)

13 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca). O ndice foi obtido a partir do resultado da diviso do nmero total de adolescentes em liberdade assistida pelo nmero total de inseridos em medidas em meio fechado (assim consideradas internao e semiliberdade). Quanto maior o ndice, maior tambm a aplicao no Estado da medida em meio aberto em comparao ao nmero de adolescentes privados, parcial ou totalmente, de liberdade.

1 4 O Prmio Scio-Educando, um projeto desenvolvido pela ANDI, ILANUD em que se so destacadas experincias positivas na efetivao do estatuto da Criana e do adolescente.

1 5 Nota do Desembargador Mauro Campello s notcias publicadas nos jornais Folha da Boa Vista e Brasil Norte. Disponvel no Site da ABMP (www.abmp.org.br).

1 6 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Segurana Pblica. (www.mj.gov.br/senasp/default.htm).

1 7 Relatrio enviado Comisso Teotnio Vilela pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Diocese de Roraima.

1 8 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

19 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

2 0 Esses indgenas, que vivem em Roraima e em outros estados, esto distribudos da seguinte forma: junto com o Amazonas h dois povos, somando um total de com 12631 indgenas; junto com o Amazonas e o Par h um povo com 2.020 indgenas; e junto com o Par h um povo, formado por no se sabe quantos indgenas.

2 1 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com). 22 Conselho Indigenista Missionrio (www.dhnet-br.informativomineiro.com). 2 3 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

2 4 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com).Dados atualizados em 3 de outubro de 2002 (com exceo das informaes de Terras Indgenas declaradas, atualizadas em 8 de agosto de 2002).

2 5 Uma delas em conjunto com os estados do Amap e do Par.

2 6 Texto elaborado a partir de material recebido do Conselho Indgena Missionrio de Roraima CIR, e de ISA, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, "Facada na Raposa", de Mrcio Santili, p. 297-303.

2 7 Texto elaborado a partir de material recebido do Conselho Indgena Missionrio de Roraima CIR, e de ISA, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, p. 352-352, ISA, agosto de 2002, "Crescimento do garimpo em Surucucu preocupante", ISA, 04 de setembro de 2000, "Garimpo gera violncia em Parafuri", O Globo, 21de setembro de 2000, "Ministrio Pblico quer que PF investigue nova invaso",.

2 8 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com), em artigo da Comisso Pr-Yanomami, de 09 de maio de 2002, e em artigo do ISA de 05 de abril de 2002; e reportagem "Geneticista dos EUA colheu sangue de indgenas sem autorizao da Funai", Jornal do Comrcio (PE), 22 de outubro de 2000.

2 9 Folha de So Paulo, 7 de outubro de 2002. "Ao de ONGs baixa mortalidade de ndios".

3 0 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

31 Idem.

3 2 Relatrio enviado Comisso Teotnio Vilela pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Diocese de Roraima.

3 3 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

3 4 Scripta Nova. Revista Electrnica de Geografa y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona N 94 (82), 1 de agosto de 2001. Migrao e mudana social: a influncia do migrante do setor nordestino no norte do Brasil.


TOCANTIS

O Estado do Tocantins, situado a sudeste da Regio Norte, na rea conhecida como Bico do Papagaio, faz divisa com os estados do Maranho, Piau, Bahia, Gois, Mato Grosso e Par. Sua capital Palmas e sua economia est baseada na agricultura (arroz, milho, feijo, soja) e na pecuria. O estado foi criado, a partir da diviso do Estado de Gois, por determinao da Constituio Federal de 1988. O Tocantins apresenta problema recorrente de violncia policial, havendo inclusive denncias de participao de policiais em grupo de extermnio. um dos estados da Regio Norte em que o ndice de violncia fatal mais cresceu entre os anos de 1991 e 2000. A taxa de homicdio no estado cresceu de 10,2 homicdios por 100 mil habitantes em 1991 para 15,3 em 2000 (+50%). 1 Depois do Par, o Tocantins o estado do Norte com maior nmero de trabalhadores escravos. Entre 1999 e 2001, o Gertraf localizou 90 pessoas vivendo em situao de escravido, sendo que 22 foram liberadas. 2 , ainda, o estado que mais desrespeita o Estatuto da Criana e do Adolescente, no que se refere efetivao dos instrumentos de democracia participativa. At o final do 1 semestre de 2002, somente 27 dos 134 municpios contavam com Conselhos Tutelares (19%) e somente 53 contavam com Conselhos Municipais de Direitos (38%). 3

VIOLNCIA POLICIAL, EXECUES E TORTURA

Durante os anos de 1999 e 2000, foram noticiados na imprensa 18 casos de homicdios, 2 tentativas de homicdio e 101 casos de tortura envolvendo policiais civis e militares. Em 30 de outubro de 2001, foi instalada a Central Estadual da Campanha Nacional Permanente Contra Tortura no Tocantins. A central recebeu, atravs do sistema disque-denncia, 30 denncias de tortura, das quais 24 so contra policiais civis e militares. As vtimas de violncia policial que procuraram o Centro de Direitos Humanos de Palmas so encaminhadas para o Ministrio Pblico. Trs pessoas em 1998 e nove pessoas em 1999 tomaram a iniciativa de solicitar junto ao Ministrio Pblico a apurao do crime de tortura. 4 Conforme informaes do Centro de Direitos Humanos de Palmas, a partir de maro de 1999, o governador estadual adotou medidas para coibir a violncia entre as quais o fechamento das casas noturnas meianoite e abordagem dos cidados que estivessem nas ruas aps este horrio, para prestao de esclarecimentos que contriburam para o aumento dos abusos cometidos por policiais. 5 O Centro de Direitos Humanos de Palmas apresenta preocupao quanto ao preenchimento dos quadros da Polcia Civil, especialmente no que se refere aos delegados. Apenas 54 delegados de polcia so bacharis em direito. Nos municpios do interior, 98 policiais militares exercem o cargo de delegados, responsveis pelas delegacias, dificultando assim a denncia das vtimas com medo de represlias, uma vez que o treinamento e a formao de um policial militar no atende s necessidades especficas para a realizao de aes da polcia judiciria. 6 No ms de abril e maio de 2002, a imprensa realizou reportagens sobre a contratao de pistoleiros para ass o prefeito de um municpio do interior do Estado, Recursolndia. As reportagens sugeriam a existncia de um grupo de extermnio no estado, relatando o suposto conluio entre policiais e pistoleiros, em que os pistoleiros executam as mortes determinadas pelos policiais, sendo as principais vtimas os traficantes e suspeitos de matar policiais. 7 Em visita ao Brasil, no ano de 2000, o Relator Especial da Organizao das Naes Unidas para a Tortura, Nigel Rodley, observou a prtica de tortura e outros tratamentos cruis no Estado do Tocantins, citando 19 casos no seu relatrio, registrados entre 1997 e 2000, todos envolvendo policiais civis e/ou militares. 8 Policiais militares realizaram greve por melhores salrios, com a durao de doze dias, em maio de 2001. Os policias militares grevistas ocuparam o 1o Batalho da Polcia Militar em Palmas. O Exrcito foi chamado a intervir para conter a greve. 9

SISTEMA PENITENCIRIO

A populao carcerria est um pouco acima do nmero de vagas disponveis no sistema prisional. So 1.182 vagas, distribudas entre o sistema penitencirio (702) e as instalaes policiais (480), nas quais se encontravam encarcerados 1.240 presos em setembro de 2002. 1 0

VIOLNCIA RURAL

Em Tocantins, o nmero de conflitos rurais caiu de 16 em 1999 para 4 em 2000 e 6 em 2001. O nmero de pessoas envolvidas nestes conflitos tambm caiu de 2.335 em 1999 para 1.491 em 2000 e 823 em 2001. Entre janeiro e agosto de 2002, aconteceram cinco casos de conflito de terra, com o envolvimento de 735 pessoas. No perodo, no foram registradas mortes em decorrncia de conflitos de terra. 11 Em 3 de novembro de 2000, uma ao da tropa de choque da polcia militar, com o objetivo de remover de um terreno do governo do estado cerca de 2.200 integrantes do Movimento Nacional da Luta por Moradia, com a utilizao de balas de borracha e cassetetes, deixou 18 pessoas feridas e 500 barracos destrudos. 1 2

TRABALHO ESCRAVO

Em 1999, a Comisso Pastoral da Terra (T) registrou a presena de 13 trabalhadores em condio anloga a de escravo, procedentes de Estreito/MA, Araguana/TO, Pernambuco e Minas Gerais, na Fazenda Pantera, municpio de Bandeirantes.1 3 Em 2001, a T registrou a presena de 32 trabalhadores em condio anloga a de escravo, procedentes de Balsas/MA,na Fazenda Bela Vista, localizada no municpio de Presidente Kennedy, e 45 trabalhadores em condio anloga a de escravo na Fazenda Serra Centro, municpio de Campos Lindos. 1 4 O Grupo Especial de Fiscalizao Mvel do Gertraf realizou trs operaes em Tocantins em 1999 e duas em 2000, sem encontrar trabalhadores em situao degradante ou anloga escravido. Em 2001, o Grupo Mvel realizou outras trs operaes e 22 trabalhadores encontrados em situao degradante ou anloga escravido foram libertados. 15

LIBERDADES CIVIS E DIREITOS POLTICOS

Nesse estado, trs zonas eleitorais, situadas nas terras dos indgenas Xerente, receberam a proteo do Exrcito nas eleies realizadas no dia 06 de outubro de 2002. Um municpio recebeu esta proteo no 2 turno, em 27 de outubro do mesmo ano. 16

CRIANAS E ADOLESCENTES

Em Tocantins, o nmero de jovens, entre 15 e 24 anos, mortos por homicdio aumentou de 39 para 62 entre 1998 e 2000. O nmero de mortes por homicdio por 100 mil habitantes na populao entre 15 e 24 anos aumentou de 16,6 para 25,9 entre 1998 e 2000. Um indicador da probabilidade dos jovens virem a ser mortos a taxa de vitimizao juvenil que, em 2000, era de 62,7 no estado, mais baixa que a taxa nacional de vitimizao, que no mesmo ano era de 92,7. 17 Explorao Sexual No perodo de fevereiro de 1997 a junho de 2002, o Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil registrou no Brasil um total de 3.295 denncias de explorao sexual, das quais 10 originaram- se no Tocantins. Cabe destacar, que no ltimo semestre de registros no houve denncias provenientes do estado. 18 Entre os anos de 2001 e 2002 foi realizada Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial, que constatou a existncia no Brasil de 172 rotas de trfico de crianas e adolescentes para fins de explorao sexual comercial. Tinham origem no Estado de Tocantins 5 rotas, sendo que duas delas tambm envolviam mulheres com idade superior a 18 anos. 19 Trabalho Infanto-Juvenil O Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente indica que em 1999 havia 70.501 crianas e adolescentes na faixa de 5 a 15 anos de idade trabalhando no Estado de Tocantins. Deste total, 45.716 (64,84%) trabalhavam na rea urbana e 24.785 (35,16%) na rural. O Mapa aponta que esse grupo ocupava, com maior freqncia, os seguintes setores: Agropecuria (21.349) e Prestao de Servios (11.667). Ademais, 32.787 (46,31%) eram empregados, 20.689 (29,22%) no recebiam remunerao e 7.416 eram domsticos. 2 0 Medidas Scio-Educativas Conforme dados apresentados pelo Frum Nacional de Defesa dos Direitos da Criana e do Adolescente e pelo Departamento da Criana e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos do Ministrio Justia, o Estado de Tocantins apresentava no primeiro semestre do ano de 2002 a menor quantidade absoluta de jovens inseridos nas medidas scio-educativas de liberdade assistida (11) e de internao (9) totalizando 20 adolescentes. O ndice de adolescentes sob liberdade 1,22. 21

MULHERES

A Pesquisa Nacional sobre Trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial constatou a existncia de quatro rotas de trfico de mulheres para fins de explorao sexual comercial, sendo que duas rotas tambm envolviam crianas e adolescentes. 22 Em Tocantins, a taxa de homicdios contra as mulheres de 2,8 por 100 mil habitantes em 2000. As mulheres representam 9% das vtimas de homicdios.23 Na capital, Palmas, a polcia registrou 24 ocorrncias de estupro e 6 de atentado violento ao pudor em 2001. 24 Em quatro Delegacias Especializadas no Atendimento Mulher no Estado do Tocantins, foram registradas 1.014 ocorrncias de violncia praticada contra mulheres em 1999. Destas, 405 foram de ameaas (39,94% das ocorrncias), 7 homicdios (0,69%), 4 tentativas de homicdio (0,39%), 240 leses corporais (23,87%), 98 leses corporais culposas (9,66%), 8 maus tratos (0,79%), 60 vias de fato (5,92%). Quanto aos crimes que envolvem violncia sexual, foram 12 atentados violentos ao pudor (1,18%), 27 estupros (2,66%) e 3 tentativas de estupros (0,30%). 25

AFRO-DESCENDENTES

A populao afro-descendente (745.329) representa 64,41% da populao do estado, proporo inferior mdia da Regio Norte. Na populao afro-descendente, 7,59% se declararam negros e 56,83% pardos. 26 O Governo do Estado informa que h casos de discriminao racial no Tocantins, mas no h dados que permitam avaliar a magnitude do problema. Informa ainda que no dispe de informaes sobre a participao dos negros nos quadros da istrao pblica, no ensino superior, entre as vtimas de crimes ou na populao prisional. 2 7

INDGENAS

O Tocantins tem uma populao de 5.623 indgenas, distribudos em 5 povos indgenas. Alm disso, conjuntamente com outros estados, tambm abriga outros 2 povos indgenas, totalizando uma populao de 2.516 indgenas.28 29 Estima-se que tenha a 15 maior populao indgena do pas. 30

O Estado tem 8 reas indgenas, que se encontram na seguinte situao jurdica: 31

Situao

No. de Terras Indgenas

A identificar 2
Identificadas / Aprovadas pela Funai 1
Declaradas 6
Homologadas 4
Registradas 17

Os indgenas Krah e Kanela tm enfrentado condies adversas para manuteno da sua sobrevivncia. Em 22 de setembro de 2001, uma deciso judicial de reintegrao de posse proferida contra eles obrigou-os a desocupar a terra em que estavam e a ir para um assentamento, onde vivem em pssimas condies, ando fome e recebendo novas ameaas de despejo por parte do Incra. Haviam apenas recentemente voltado para essas terras, depois de um longo processo de tentativas nesse sentido. Na verdade, h mais de 80 anos, desde 1924, quando sofreram um massacre, esses indgenas tentam voltar para suas terras. Em 1963, foram acolhidos por um outro povo indgena da regio, os Java. Ficaram ali at 1984, quando a cervejaria Brahma os expulsou. Foram, ento, removidos para um assentamento do Incra, mas no conseguiram se adaptar devido pssima qualidade da terra e da vida. Por isso, voltaram a sua terra original, de onde foram expulsos novamente, voltando a terem que viver em um assentamento que no lhes garante as mnimas condies de vida. 3 2 Outro grande problema enfrentado pelos povos indgenas nesse estado, bem como pelos povos indgenas de outros estados tambm, est ligado sobreposio de unidades de conservao em seus territrios. Nesses espaos, a criao dessas unidades de conservao, na maioria dos casos, expulsou os indgenas de seus territrios. Alguns resolveram voltar, com fizeram os Java e os Karaj, em 22 de outubro de 2000. Voltaram para a Ilha do Bananal, de onde tinham sido expulsos com a criao do Parque Nacional do Araguaia. 33 Boas Prticas O Projeto Frutos do Cerrado, que envolve os Timbira do sul do Maranho e do norte de Tocantins, alm de outras organizaes de no-indgenas, um projeto de produo e comercializao de polpa de frutos nativos do cerrado, que objetiva possibilitar a essas comunidades a experincia de alternativas econmicas viveis. O projeto conta com cooperativas, associaes agroextrativistas de pequenos produtores, uma associao indgena que representa cinco povos Timbira e entidades de assessoria. Os frutos nativos coletados so transformados em polpa congelada e embalados para comercializao. Alm disso, foram tambm estruturados viveiros de mudas para o trabalho do plantio de espcies nativas, adensando as reas j produtivas e recuperando reas desmatadas. Trata-se de uma concepo alternativa s grandes monoculturas, ao uso de agrotxicos e, de uma forma mais geral, ao modelo de desenvolvimento predatrio e prejudicial ao meio ambiente. Alm disso, a experincia tambm positiva ao sinalizar uma organizao e um intercmbio entre os diversos povos Timbira. 3 4

IDOSOS

O Estado do Tocantins, em 2000, registrava uma populao de 78.412 idosos.35 O envelhecimento da populao tambm se percebe no estado: em 1991, os idosos representavam 5,6% da populao; no ano 2000, a proporo ou a ser de 6,8%. Na Regio Norte, o Tocantins registra a maior proporo de idosos na populao do estado.

PORTADORES DE DEFICINCIA

O Governo do Estado do Tocantins, atravs da Secretaria do Interior e Justia, informa que tramita na Casa Civil um ante-projeto de lei para a criao do Conselho Estadual dos Direitos de Defesa da Pessoa Portadora de Deficincia. Visando sensibilizar os gestores municipais e mobilizar as representantes de entidades "de" e "para" pessoas portadoras de deficincia, foram realizados quatro fruns de implementao de Conselhos Municipais de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficincia. Por solicitao da Secretaria do Interior e Justia, a Secretaria de Infra-estrutura est adotando providncias para constar em todos os projetos de obra pblica ibilidade fsica para o deficiente bem como providenciando as necessrias reformas nos prdios pblicos sem tais condies. A ASSOBEN - Associao Beneficente Luta e Justia atua na defesa dos direitos da pessoa portadora de deficincia.

MIGRANTES

A populao de migrantes (177.034) representa 15,30% da populao do estado de Tocantins. o estado em que tem a terceira maior populao de migrantes da Regio Norte e a quarta maior do pas, proporcionalmente populao total. 3 6


1 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH; 2002).

2 Ministrio Trabalho e Emprego, A Experincia do Grupo Especial de Fiscalizao Mvel 2002.

3 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca).

4 Informaes do Centro de Direitos Humanos de Palmas.

5 Idem.

6 Idem.

7 Idem.

8 Rodley, Nigel, Relatrio sobre a Tortura no Brasil. Disponvel no web-site da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos (www.mj.gov.br/sedh) e da ONG Justia Global (dhnet-br.informativomineiro.com).

9 Folha de S. Paulo, 28 de maio a 1o de junho de 2001, e O Estado de S. Paulo, 28 de maio a 1o de junho de 2001. 1 0 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Justia, Departamento Penitencirio Nacional (www.mj.gov.br/Depen/default.htm).

11 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999, Conflitos no Campo Brasil 2000 e Conflitos no Campo Brasil 2001. Dados de janeiro a agosto de 2002, disponveis no web-site da T (www.tnac.com.br). 12 Folha de S. Paulo do dia 04 de novembro de 2000.

13 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 1999.

1 4 Comisso Pastoral da Terra, Conflitos no Campo Brasil 2001.

1 5 Ministrio Trabalho e Emprego, A Experincia do Grupo Especial de Fiscalizao Mvel 2002.

1 6 Folha de So Paulo, 03 de outubro de 2002, "170 municpios pedem proteo do Exrcito para votao do dia 6"; Agncia Estado, 27 de outubro de 2002, "Foras Armadas atuam em 149 municpios, sem incidentes at agora" (www.estadao.org.br).

1 7 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002). A taxa de vitimizao juvenil por homicdios a relao entre a taxa de bitos por homicdio de jovens de 15 a 24 anos e as taxas de homicdio na populao total. Quanto maior a taxa de vitimizao, maior a concentrao de homicdios na populao jovem. Quando a taxa zero ou prxima a este valor, os homicdios atingem na mesma proporo os jovens e os demais grupos da populao.

1 8 ABRAPIA - Sistema Nacional de Combate Explorao Sexual Infanto-Juvenil (www.abrapia.org.br). Conforme descrito na introduo geral, o conceito de explorao sexual infanto-juvenil abrange: abuso sexual (intra-familiar e extra-familiar) e explorao sexual comercial (compreendendo o trfico para fins sexuais, a prostituio, o turismo sexual e a pornografia).

19 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes, Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial (Braslia: CECRIA, 2002).

2 0 Ministrio do Trabalho e Emprego, Mapa de Indicativos do Trabalho da Criana e do Adolescente (Braslia: MTE, 2001), p. 82. O Mapa traz, ainda, as atividades desenvolvidas pelas crianas e adolescentes conforme o Estado. Em Tocantins foi constatado o trabalho de pessoas entre 5 e 15 anos nas atividades de: Agricultura; Comrcio em geral; Comrcio Indstria e Servio; Construo Civil; Indstria em Geral; Indstria Moveleira e Assemelhados; Servios Diversos (Convnios e Programas Educativos/Sociais e Guardas Mirins); e Servios (em Cermicas e Olarias; e Sorveteria).

2 1 Ministrio da Justia, Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, Departamento da Criana e do Adolescente (www.mj.gov.br/sedh/dca). Este ndice foi obtido a partir do resultado da diviso do nmero total de adolescentes em liberdade assistida pelo nmero total de inseridos em medidas em meio fechado (assim consideradas internao e semiliberdade). Quanto maior o ndice, maior tambm a aplicao no Estado da medida em meio aberto em comparao ao nmero de adolescentes privados, parcial ou totalmente, de liberdade.

2 2 CECRIA - Centro de Referncia, Estudos e Aes sobre Crianas e Adolescentes (Coordenao Nacional). Relatrio Nacional - Pesquisa Sobre trfico de Mulheres, Crianas e Adolescentes para fins de Explorao Sexual Comercial. Braslia, 2002.

23 Waiselfisz, J.J. Mapa da Violncia III: Os Jovens do Brasil (Braslia: UNESCO, Instituto Ayrton Senna, Ministrio da Justia/SEDH, 2002).

2 4 Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Segurana Pblica. (www.mj.gov.br/senasp/default.htm).

2 5 Conselho Nacional dos Direitos da Mulher - Pesquisa Nacional sobre as Condies de Funcionamento das Delegacias Especializadas no Atendimento s Mulheres. Relatrio da pesquisa disponvel no web-site da entidade(www.mj.gov.br/sedh/cndm).

26 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br).

2 7 Governo do Estado do Tocantins, relatrio enviado pela Secretaria do Interior e Justia para Secretaria de Estado de Direitos Humanos, em 21 de outubro de 2002.

28 Esses indgenas, que vivem no Tocantins e em outros estados, esto distribudos da seguinte forma: junto com o Mato Grosso e o Par h um povo com 2500 indgenas; e junto com Gois h um povo com 16 indgenas.

2 9 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com).

30 Conselho Indigenista Missionrio (www.dhnet-br.informativomineiro.com), que informa ter esse estado uma populao de 7.740 indgenas.

3 1 Instituto Scio-Ambiental (dhnet-br.informativomineiro.com). Dados atualizados em 3 de outurbro de 2002 (com exceo das informaes de Terras Indgenas declaradas, atualizadas em 8 de agosto de 2002).

3 2 Conselho Indigenista Missionrio, Informes n. 480 e n. 502, de 26 de setembro de 2001 e 07 de maro de 2002.

3 3 Conselho Indigenista Missionrio, Informes n. 436 e n. 462, de 9 de novembro de 2000 e 24 de maio de 2001.

3 4 Instituto Scio-Ambiental, Os Povos Indgenas no Brasil 1996-2000, "A Organizao Timbira e a Rede de Frutos do Cerrado", Jaime G. Siqueira Jr., p. 667-669.

35 IBGE, Censo Demogrfico 2000 (www.ibge.gov.br)

36 Idem.


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