Tocantins w1du
260. Anofre Antnio Lemos,
60, Raimundo Ramos da Silva, 49, e FranciscoFelismino
Veloz, 61, todos trabalhadores rurais, teriam ocupado
uma fazenda particular em Tocantins e teriam sido detidos
no dia 13 de novembro de 1998 por policiais militares
que estariam acompanhados de um oficial de justia. Teriam
sido levados para o acampamento do MST onde
Bento Gonalves Pereira, 59 anos, e Edelson
Alves Moraes, 46 anos, tambm trabalhadores agrcolas,
teriam sido presos. Na mesma poca, os lderes do Movimento
Sem-Terra, Ccero Denivaldo Gomes da Silva, 31
anos, e Jorge Nunes Chaga, 20 anos, teriam sido
presos numa cidade prxima. Segundo informaes recebidas
pelo Relator Especial, este dois homens foram levados
uma fazenda local, onde os outros trabalhadores agrcolas
presos anteriormente estariam detidos. Teriam sido espancados
com o cabo de uma arma, facas e metralhadoras durante
duas horas. Os empregados da fazenda teriam sido estimulados
a chut-los e amea-los. Um dos lderes do movimento
teria sido submerso em gua. Teria levado tapas nas orelhas
e socos durante cinco horas. Segundo informaes recebidas
pelo Relator Especial, no dia 14 de novembro de 1998,
uma hora da manh, foram todos levados para a delegacia
em Wanderlndia. Teriam sido submetidos a um exame de
corpo de delito que teria registrado leses e marcas compatveis
com os relatos.
261. Raimundo Lima de Sousa,
agricultor, teria sido condenado pelo assassinato de um policial
civil e levado delegacia de Conceio do Araguaia, no Estado
do Par, no dia 22 de julho de 1998, e delegacia de Couto
Magalhes, no Estado de Tocantins, no dia seguinte. Segundo
informaes recebidas pelo Relator Especial, no dia 25 de julho
de 1998, dois policiais civis e dois delegados foram delegacia,
de onde teriam transferido Raimundo para a delegacia de Colina, no
Estado de So Paulo. Raimundo teria morrido em sua cela no mesmo
dia. Segundo os policiais, teria cometido suicdio. No dia 25 de
julho, um exame mdico teria sido feito e confirmado a alegao
de suicdio. Um inqurito teria sido aberto. Antes de sua morte,
Raimundo teria contado para duas pessoas que estava ameaado de
morte e estava com medo de ser assassinado a caminho de Colina.
Segundo informaes recebidas pelo Relator Especial, novos
depoimentos reforaram a hiptese de que houve tortura policial.
O procurador do Estado pediu a exumao do corpo. O Relator
Especial gostaria de ser informado a cerca do resultado do inqurito.
262. Manoel Ribeiro Santana
teria sido detido em Palmas no dia 7 de janeiro de 1997 sob
suspeita de furto e levado ao 1 Distrito Policial.
Teria sido forado a uma confisso depois de
terem chutado-o, socado-o, e mergulhado sua cabea em baixo dgua.
Teria sido transferido para a delegacia em Miranorte onde
permaneceu algemado. AntnioAbreu de Carvalho, 25
anos, vendedor, teria sido preso em sua casa no dia 08 de janeiro
de 1998, por volta das seis horas da manh, sob suspeita de ter
comprado um aparelho de som roubado
com Manoel Ribeiro Santana. Teria sido levado para um local
isolado e espancado. Depois teria sido levado delegacia e logo
libertado. Teria ento sido levado por seu pai ao hospital e de
volta para casa. Por volta das duas horas da tarde, dois policiais
teriam ido sua casa e levado-o delegacia para uma interrogao.
Teriam pedido 200.000 reais seu pai para encerrar o caso. O pai
teria aceitado e o filho teria sido levado mais uma vez ao
hospital, onde o mdico teria dito ele que procurasse outro
hospital. Teria sido transferido para outro hospital onde teria
morrido no mesmo dia. Seu corpo teria sido submetido a um exame de
corpo de delito que registrou leses compatveis com o relato.
Dois inquritos teriam sido abertos. Embora um dos inquritos
tivesse acusado os dois policiais civis, eles ainda no foram
detidos. O outro inqurito teria identificado dois policiais
civis e dois delegados como culpados mas ainda estaria em
andamento. O Relator Especial gostaria de ser informado a cerca do
resultado do inqurito.
263. Deumir do Santo Pereira
Freitas, guarda de segurana, teria sido preso por dois
policiais civis no seu local de trabalho em Palmas no dia 22 de
novembro de 1999 sob suspeita de furto. Teria sido algemado e
levado at uma moita prxima a uma ponte onde teria levado vrios
socos no abdmen de um policial a fim de obter uma confisso.
Segundo informaes recebidas pelo Relator Especial, teria sido
levado ao 3 Distrito Policial, onde
teria sido algemado a uma barra de ferro. Trs horas depois,
teria sido transferido para outra delegacia. Um inqurito
judicial teria sido aberto.
264. 334. Jos Gomes da Silva,
27 anos, motorista, e Jonas Arajo de Sousa, 18 anos,
teriam sido detidos por quatro policiais civis e um delegado em
Palmas no dia 06 de janeiro de 1999 sob suspeita de terem
participado em assaltos a nibus pblicos. Teriam sido levados
ao 2 Distrito Policial onde teriam sido espancados pela polcia.
O delegado teria colocado um balde de plstico sobre a cabea de
Jos Gomes da Silva e batido na cabea vrias vezes. Teria ameaado
grampear seu pnis com um grampeador. No dia seguinte, teria sido
transferido para outra delegacia e logo libertado. Um inqurito
judicial teria sido aberto. O Relator Especial gostaria de ser
informado a cerca do resultado deste inqurito judicial.
265. Ozias Tavares de Arajo,
trabalhador agrcola, teia sido preso no dia 18 de dezembro de
1999 por trs policiais militares que entraram em sua casa,
cerca de 30 quilmetros da capital Estadual, em Monte do Carmo,
sem um mandado de priso. Ao ser preso, teria sido algemado e
espancado com varas na frente de seu irmo, cunhada e sobrinho.
Tiros teriam sido dados do lado de seu ouvido. conseqentemente,
seu nariz teria comeado a sangrar e seu tmpano teria furado.
Um policial teria atirado e atingido sua orelha direita de raspo.
Depois teria levado um soco na orelha. Teria sido levado para o 1
Distrito Policial em Palmas. Durante a transferncia, teria sido
espancado, chutado, socado, golpeado nas costas, no pescoo e nos
ps com um manchete, e sua cabea foi encoberta por um saco de
plstico. Na delegacia, teria sido forado a documentos
que no pde ler e pagar 6.000 reais. A polcia o teria
libertado no dia depois da interveno de um advogado. No
teria sido acusado de nenhuma ofensa. No dia 20 de dezembro, foi
consultado por um mdico que teria examinado suas leses. Vinte
e cinco dias depois teria ido Promotoria Publica e pedido que
inqurito fosse aberto, que teria sido iniciado. O relatrio mdico
preparado pela Promotoria Pblica no
estaria disponvel e no haveria informaes sobre o andamento
do processo. O Relator Especial gostaria de ser informado a cerca
do resultado do inqurito.
266. 336. Valdir Incio de
Paula teria sido preso no dia 14 de fevereiro de 2000 em
Araguana, sob suspeita de ter organizado uma quadrilha, e teria
sido levado delegacia regional de Araguana onde teria sido
espancado por quatro policiais militares. Teriam colocado um saco
de plstico em volta de sua cabea, ponto de quase sufoc-lo,
e teriam batido no seu pescoo com uma vara de madeira durante trs
horas. No dia seguinte, teria sido transferido para uma priso.
Segundo informaes recebidas pelo Relator Especial, foi
transferido para um hospital no dia 04 de maro onde teria
morrido no dia 16 de maro de 2000. Seu corpo teria sido
submetido a um exame de corpo de delito mas o mdico no teria
assinado o relatrio conclusivo. Um inqurito judicial teria
sido aberto e a exumao do corpo teria sido indicada. O Relator
Especial gostaria de ser informado a cerca do resultado do inqurito
judicial
267. R.L.S., 16 anos, teria
sido preso por um policial civil em sua casa em Palmas no dia 25
de outubro de 1999. Segundo informaes recebidas pelo Relator
Especial, o policial procurava sua irm de 14 anos, que teria
roubado uma carteira. R.L.S. teria sido levado para o 4 Distrito
Policial, onde teria sido empurrado
para o cho e algemado por mais de nove horas. Teria sido levado
ao banheiro e espancado por um homem que teria mergulhado sua cabea
duas vezes no vaso, a fim de obter uma confisso. Teria levado um
tapa na cara, chutes e socos nas costas, nos joelhos e no abdmen
por um policial enquanto outro homem o espancava. Teria fugido da
delegacia no dia seguinte, ainda algemado. Por causa da surra, seu
corpo teria ficado coberto de leses e teria tido febre, dores
fortes e sangramento nos pulsos. Um membro da Diviso Municipal
de Direitos Juvenis teria levado-o de volta para a delegacia no
dia seguinte, onde os policiais teriam removido as algemas e o
delegado teria libertado-o formalmente. Teria sido submetido a um
exame de corpo de delito. Um inqurito judicial teria sido
aberto. O Relator Especial gostaria de ser informado a cerca do
resultado do inqurito.
268. Jurivaldo Frana dos
Santos, estudante, teria tido um mal-entendido com seu vizinho
de seis anos em Palmas, no dia de outubro de 1999. O pai da criana
teria chamado a polcia militar. Os policiais militares teriam
chegado ao local e levado-o pela orelha. Teria levado um tapa no
nariz e sido jogado no cho. Teria sido levado delegacia do
Jardim I. Segundo informaes recebidas pelo Relator Especial,
dois policiais militares retiraram seus sapatos e chutaram-no.
Teria sido obrigado a ajoelhar e levado socos no pescoo enquanto
algemado. Teria sido libertado no mesmo dia. Um inqurito teria
sido aberto. O Relator Especial gostaria de ser informado a cerca
do resultado do inqurito.
269. 339. Roberto Muniz Campista,
25, agricultor, teria sido espancado por quatro policiais em sua
casa em Taquaruss no dia 22 de abril de 1999. Segundo informaes
recebidas pelo Relator Especial, os policiais e dois outros homens
entraram em sua casa com uma ordem de despejo. Teria questionado o
documento e se recusado a sair da casa. Os policiais teriam comeado
a bater em Roberto e amea-lo. Teria registrado o incidente na
delegacia e pedido um exame de corpo de delito. Os dois homens, e
mais cinco policiais militares, teriam voltado sua casa
enquanto estava fora e levado todos os seus pertences. Sua me, Eullia
Francisca Muniz Campista, trabalhadora agrcola, que estaria
doente de cama, teria sido jogada no cho por um policial. Teria
batido a cabea e desmaiado. Teria sido levada ao hospital onde
teria ado dez horas. Um inqurito oficial teria sido aberto.
O Relator Especial gostaria de ser informado a cerca do resultado
do inqurito.
270. Flvia Rodrigues Mota de
Oliveira, 26, funcionria pblica e estudante, e seu irmo
teriam sido abordados por trs policiais militares em sua casa em
Palmas no dia 31 de maro de 1999. Os policiais teriam pedido
seus documentos e teriam agredido-os verbalmente. Segundo informaes
recebidas pelo Relator Especial, ela, seu irmo e seu marido (que
chegou depois) foram espancados pelos policiais. Flvia teria
sido submetida a um exame de corpo de delito que registrou leses
compatveis com o relato. A mdia local teria sido informada do
incidente.
271. Deusimar Alves, 26,
teria sido detido por policiais militares no dia 06 de abril de
1995, num bar em Barrolndia. Teria sido levado a uma delegacia e
escapado alguns dias depois. Segundo informaes recebidas pelo
Relator Especial, no dia 15 de abril de 1999 os policiais
militares prenderam-no de novo, com sua mulher, que estava grvida.
Os dois foram violentamente espancados. Ela teria sido amarrada a
uma rvore, espancada com uma corda e socada violentamente.
Segundo informaes recebidas pelo Relator Especial, foi
obrigada a empurrar o carro da polcia caminho da delegacia
enquanto era chicoteada com uma corda. Na delegacia, teria levado
um tapa no rosto e um golpe de cassetete. Teria desmaiado devido
tortura. Teria sido detida at o dia 18 de abril e ento
libertada. Teria sido ameaada para no contar ningum sobre
o incidente. Segundo informaes recebidas pelo Relator
Especial, os policiais lhe disseram que se algum perguntasse
sobre suas leses, que deveria dizer que tinha levado um tombo.
Teria perdido a criana por causa da surra. Os policiais
envolvidos no incidente no teriam sido punidos.
272. Vilmar Anastcio Jnior,
28, e seu pai, Vilmar Anastcio, 48, vendedor, teriam tido
um mal-entendido com um policial militar em um bar no dia 28 de
maro de 1997 em Dianpolis. O policial teria atirado em Vilmar
Anastcio Jnior, que ficou gravemente ferido. Wagner Wilson
Anastcio, seu irmo de 25 anos, teria chegado ao local e
matado o policial. Cinco policiais militares teriam detido Wagner
Wilson Anastcio. Segundo informaes recebidas, um grupo de
policiais em dois carros levaram-no 5 quilmetros da cidade,
onde foi espancado. Depois teria levado dois tiros e morrido.
Vilmar Anastcio teria sido detido no dia 29 de maro de 1997 no
hospital em que Vilmar Anastcio Jr. tinha sido levado. Segundo
informaes recebidas pelo Relator Especial, foi espancado no
hospital e depois levado 6 quilmetros da cidade. Teria levado
trs tiros e morrido. Um inqurito judicial teria sido aberto.
Seis policiais militares teriam sido indiciados e a priso
preventiva solicitada. Segundo informaes recebidas pelo
Relator Especial, teriam sido detidos em uma priso especial, mas
libertados por um mandado de habeas corpus conseguido pelo
advogado. O Relator Especial gostaria de ser informado a cerca do
resultado do inqurito.
273. Alexandre Correia de Souza,
25, teria sido preso por policiais militares em Palmas no dia 27
de abril de 1997. Segundo informaes recebidas pelo Relator
Especial, estaria embriagado e teria quebrado um espelho durante
uma festa em um bar. Teria sido levado uma rea deserta,
algemado e espancado, principalmente na rea abdominal. Foi
libertado algum tempo depois, depois de ter sido levado ao 1
Distrito Policial. No dia 28 de
abril, teria vomitado sangue e sentido fortes dores no corpo todo.
Teria sido levado ao hospital local e submetido a cirurgia. Porque
seu estado de sade teria piorado, teria sido transferido para o
Hospital Regional de Gurupi onde, segundo informaes recebidas
pelo Relator Especial, morreu no dia 29 de abril em conseqncia
de suposta tortura. Seu corpo foi submetido a um exame de corpo de
delito que teria registrado leses compatveis ao relato. Um
inqurito judicial teria sido aberto. Trs policias militares
teriam sido indiciados e a priso preventiva foi solicitada.
Segundo informaes recebidas pelo Relator Especial, foram
detidos no dia 28 de maro e libertados no dia 08 de julho por um
mandado de habeas corpus conseguido pelo advogado. O
processo estaria em continuao. O Relator Especial gostaria de
ser informado a cerca do resultado do inqurito.
274. Alvino Valentin de Carvalho,
37, trabalhador agrcola, teria sido preso por cinco policiais
sem uniforme no dia 12 de novembro de 1997 em Lagoa da Confuso.
Teria sido algemado, levado para um bairro distante e espancado
para revelar o paradeiro de seu primo, que teria sido acusado de
assalto a banco. Segundo informaes recebidas pelo Relator
Especial, foi largado no mato e conseguiu, como muita dificuldade,
chegar ao hospital, onde recebeu tratamento. Teria registrado o
incidente na Promotoria Pblica. Teria
sido submetido a um exame de corpo de delito que teria registrado
leses compatveis com o relato. Em dezembro de 1997, teria sido
abordado mais uma vez por quatro oficiais sem uniforme, levado em
um carro particular at uma rea isolada onde teria sido
espancado mais uma vez. Teriam mergulhado sua cabea na gua vrias
vezes. No teria prestado depoimento em tribunal por causa das
ameaas que teria recebido. Um inqurito policial teria sido
aberto. O Relator Especial gostaria de ser informado a cerca do
resultado do inqurito.
275. Luis Carlos Paranhos das
Neves, 39, professor, teria sido detido no dia 20 de maro de
1998 em Palmas sob suspeita de posse de maconha. Teria sido levado
delegacia onde o direito a um advogado teria sido negado, e
onde teria sido e espancado e submetido "tortura do
telefone" pelos policiais.
Segundo informaes recebidas pelo Relator Especial, o delegado
ordenou que assinasse uma confisso dizendo que ele era
traficante de drogas, a fim de obter mais evidncia contra um
homem que teria ameaado um policial de morte. Ao recusar, teria
sido ameaado e, por conseqncia, teria assinado "alguns
papis". Um inqurito teria sido aberto. O Relator Especial
gostaria de ser informado a cerca do resultado do inqurito.
276. Oliveira Negri, 25, Gumercindo
Pereira Dias, 42, e Doralcio Bento Arajo, 46,
teriam sido detidos por policiais militares em Porto Nacional no
dia 14 de novembro de 1998 sob suspeita de furto. Teriam sido
levados delegacia local e espancados. Doralcio Bento Arajo
teria morrido no Hospital do Porto. A Promotoria Pblica e o
corregedor da polcia militar teriam sido informados sobre o
incidente.
277. Cledson de Sousa Magalhes
teria sido preso em "flagrante delito" por estupro, no
dia 29 de fevereiro de 2000, s duas e meia da tarde, enquanto
estaria em seu caminho para o supermercado. Policiais teriam-no
abordado e ordenado que deitasse para que pudesse ser algemado.
Quando ele recusou, um policial espancou-o e colocou-o numa
viatura da polcia. Um tenente (cujo nome conhecido do Relator
Especial) teria ordenado que tirassem-no do carro e os policiais
comearam a bater nele, em frente a testemunhas, dizendo que
"isso o que a gente faz com estupradores. s seis da
tarde ele teria sido levado para a delegacia da polcia militar
onde policiais, dispostos num crculo, esbofetearam-no,
empurrando-o de um lado para outro do crculo e espancando-o para
obrig-lo confessar. Eles teriam golpeado principalmente as
orelhas com a palma das mos ("tortura do telefone").
Quando imprensa foi delegacia para film-lo, j lhe haviam
dado uma ducha gelada e vestido-o. Ele no teria sido autorizado
a cobrir o rosto e teria sido mostrado na televiso e
caracterizado como um estuprador. Quando a imprensa saiu, ele
declarou ser inocente e teria sido chutado nos rgos genitais.
Ele teria sido posteriormente levado para a polcia civil de
Taquaracu (a 40km de Palmas), onde um delegado registrou seu
depoimento. Apesar de estar chovendo e dele estar com febre, teria
sido posto em um jardim descoberto e, durante a noite, baldes de
gua fria teriam sido jogados nele. Segundo informaes
recebidas pelo Relator Especial, um juiz em seguida declarou que a
acusao contra ele no tinha base e ele foi posto em
liberdade. Desde sua libertao, teria recebido ameaas telefnicas
onde afirmavam que sua casa estaria sendo vigiada. Quando foi
solto ele teria se dirigido Comisso de Direitos Humanos, a um
promotor em Palmas e uma queixa civil teria sido entregue por
danos fsicos e morais. O processo teria sido lento. O juiz teria
visto os sinais de tortura e um laudo mdico teria confirmado
suas alegaes. Cledson de Sousa Magalhes teria requisitado ao
promotor pblico a abertura de uma investigao do crime de
tortura, mas tal investigao est pendente. Os policiais
acusados estariam ainda trabalhando. O Relator Especial gostaria
de ser informado a cerca do resultado do inqurito.
278. Paulo Francisco de Sousa,
26, empregado de uma loja de motocicletas, teria sido suspeito de
ter arrombado a casa de um sargento em Palmas porque uma
motocicleta tinha sido vista neste incidente. No dia 25 de
dezembro de 1999, ele teria sido preso pela polcia militar s
trs horas da tarde num posto de gasolina em Palmas e solto por
volta das seis e meia da tarde, com investigaes ainda em
andamento. Segundo informaes recebidas pelo Relator Especial,
ao ser preso ele foi algemado e levado a um mercado pela polcia
militar, onde lhe foi mostrada uma motocicleta e lhe foi
perguntado se sabia a quem pertencia. Esta pessoa no estaria l
e a polcia acusou Paulo Francisco de Sousa de encobrir o crime.
Ele teria sido levado para um lugar fora da cidade, tirado do
carro, jogado contra o cho e espancado com varas, especialmente
em seus ps, at as seis horas da tarde. Ele teria sido levado a
um acampamento militar e disseram-no que l ele deveria ser
libertado. A polcia militar afirmou que o levariam para casa e
ameaou contatar a polcia rodoviria para cancelar sua
carteira de motorista provisria caso ele comentasse sobre os
espancamentos. Segundo informaes recebidas pelo Relator
Especial, ele teria imediatamente se dirigido delegacia de polcia
civil para relatar o espancamento e chegando l um policial
teria-o mandado ficar quieto. Um outro policial teria reconhecido
Paulo Francisco de Sousa e constatado que o caso deveria ser
registrado. Os policiais civis tambm ordenaram que ele fosse
levado ao IML na manh seguinte. Com os resultados dos exames,
ele teria ido ao tribunal, encontrado o promotor e grupos de
defesa dos direitos humanos. Ele ento teria ido encontrar o
coronel da polcia militar, dizendo que o que havia sido escrito
sobre ele nos relatrios era falso. O coronel teria dito que iria
chamar um capito de polcia militar para abrir um inqurito
contra os dois policiais. Os policiais militares acusados ainda
estariam patrulhando as ruas e teriam encontrado com Paulo
Francisco de Sousa. Aps o incidente, teria ido novamente ao
tribunal e Promotoria Pblica, onde um inqurito teria sido
aberto. Quatro semanas depois, no dia 20 de janeiro de 2000, um
processo tribunal teria iniciado. Ele teria que ter se mudado para
a casa da me por causa das ameaas. O Relator Especial gostaria
de ser informado a cerca do resultado do inqurito.
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