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211. Alexandre Madado Pascoal teria sido o detento que sofreu ferimentos mais graves depois do espancamento generalizado na Casa de Custdia Muniz Sodr em 28 de agosto de 2000. Alega-se que ele teria sido espancado mais gravemente do que outros detentos porque teria se queixado em voz alta de que uma foto de sua filha e dinheiro (vinte reais) teriam desaparecido depois de terem revistado sua cela. Alm dos espancamentos, que teriam com que ele desmaiasse quatro vezes, o chefe da segurana teria enfiado seu dado em seu nus e mordido suas ndegas. Em 30 de agosto de 2000, depois de comparecer na frente de um magistrado que teria recusado de ouvi-lo e mandado sua transferncia imediata para o pronto-socorro, ele teria sido levado para o hospital onde um mdico teria mandado sua internao que teria sido recusada pelos guardas que o escoltava. Ele no teria recebido nenhum tratamento mdico, nem sequer remdios contra a dor. Ele ento teria sido levado para o IML onde seus ferimentos teriam sido registrados. No teria se queixado dos ferimentos por medo de represlias porque um guarda de Muniz Sodr estava constantemente presente. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial, em 31 de agosto, ele revelou dois grandes hematomas na parte inferior de suas costas e uma grande salincia atrs da cabea. Ele no conseguia mover sua perna direita e seu brao esquerdo; seus lbios estavam cortados; seu corpo estava coberto de hematomas, em particular sua testa; e alguns dedos de sua mo esquerda pareciam estar quebrados. Ele estaria vomitando sangue. Ele no entendia porque no tinha sido levado de volta para Muniz Sodr e se preocupava que seu lugar de deteno atual ficava muito longe de sua casa, o que impossibilitaria as visitas. Com a ajuda diligente do responsvel por Vieira Ferreira Neto, Alexandre Madado Pascoal foi ento levado numa padiola para uma unidade mdica vizinha, onde um doutor o examinou e, chocado, mandou sua transferncia para um hospital. Informado da situao pelo Secretrio Estadual de Justia, o Secretrio Adjunto para os Direitos Humanos e o Chefe da Segurana do Sistema Penitencirio juntaram-se ao Relator Especial s 2:00 da madrugada e tomaram o depoimento de Alexandre Madado Pascoal. Eles lhe asseguraram que receberia um tratamento mdico adequado e seria protegido contra represlias. O Relator Especial tambm foi informado que o Secretrio de Justia j teria tomado a deciso de afastar o diretor de Muniz Sodr e seu chefe da segurana, at a concluso das investigaes do incidente. O Relator Especial pediu especificamente s autoridades que tomassem todas as medidas necessrias, inclusive a abertura de uma investigao criminal de alegaes de tortura.

212. Jailson Thaumaturgo da Rocha Junior, Alexandre Arantes, Flavio

Ailton da Silva, Paulo Sergio Souza de Oliveira e Roberto da Costa Santiago faziam parte dos detentos que teriam sido espancados na Casa de Custdia Muniz Sodr em 28 de agosto de 2000 (veja acima). Eles foram finalmente levados de volta para Muniz Sodr em 30 de agosto e entrevistados individualmente pelo Relator Especial, para o qual confirmaram as alegaes de seus companheiros. Eles indicaram que tinham sido levados ao IML de Mendensa e Invlidos onde receberam tratamento mdico e onde mdicos legistas teriam dito que os guardas teriam problemas depois do que tinham visto. Os policiais militares que os acompanhavam teriam deixado os presos a ss com o mdico e a assistente que os examinavam. Um registro completo de todos seus ferimentos teria sido preparado e os detentos teriam explicado o que acontecera. Eles todos levavam marcas visveis compatveis com seus relatos e estavam com medo de serem submetidos a represlias depois da partida do Relator Especial. Jailson Thaumaturgo da Rocha Junior tinha grandes hematomas em seu ombro esquerdo e no lado direito do estmago, quatro pontos atrs da cabea e hematomas na testa. Flvio Ailton da Silva tinha quatro pontos internos e quatro pontos externos em sua bochecha direita e hematomas em seu cotovelo esquerdo e um grande hematoma em suas costelas direitas. Alexandre Arantes tinha sete pontos na cabea e hematomas na testa e na parte esquerda do corpo. Paulo Srgio Souza de Oliveira tinha hematomas atrs do ombro esquerdo e do lado esquerdo das costas, contuses e escoriaes no ombro direito, uma grave contuso no meio de sua coluna, o brao direito inchado, e uma ferida infectada abaixo do umbigo. Roberto da Costa Santiago tinha um hematoma nas genitais e a mo direita inchada e arranhada, alm de fraturada.

213. Pedro Cndido teria sido detido em 30 de agosto de 2000 sob suspeita de

roubo de banco por dois policiais militares do 20 Batalho. Ele teria sido levado para o quartel da polcia militar onde lhe teriam atado uma toalha em torno do pescoo e o espancado. Ele teria desmaiado duas vezes. Teria sido levado 54a Delegacia do Rio de Janeiro onde teria sido forado a uma nota de culpa, mas, ele teria acreditado que poderia retratar sua confisso frente a um juz.

214. Marcelo de Freitas Pacheco teria sido detido na rua na cidade de Nova

Iguau em 12 de agosto de 2000 por policiais militares do 20 Batalho. No momento da deteno, teria levado uma coronhada no peito e teria sido chutado. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, ele ento teria permanecido circulando na viatura policial a noite inteira. Ele teria sido ameaado e extorquido em dois mil reais. Ele finalmente foi levado 52a Delegacia do Rio de Janeiro onde, algemado, teria sido espancado com barras de ferro e chutado. Ele ento teria sido levado 64a. Delegacia. Ele nunca foi levado ao IML e no teve o a um advogado.

215. Fabio de Almeida Ramos teria sido detido em 05 de outubro de 1999 por

policiais militares. Ele teria sido levado para a 64a Delegacia do Rio de Janeiro onde teria sido espancado por policiais civis armados com barras de ferro. Teria sido submetido ao "pau de arara", atado numa barra de ferro com uma toalha amarrada em torno do seu pescoo e espancado com arame em vrias partes do corpo. Ele teria sido forado a uma confisso. Teria sido levado ao tribunal onde queixou-se de maus-tratos ao juz. O juz teria mandado que ele fosse levado ao Hospital Central onde teria recebido tratamento mdico. Ele estaria recebendo a assistncia de um advogado particular.

216. Valrio Vinicius Lopes dos Santos teria sido detido por policiais militares

do 21 Batalho em 30 de abril de 1997 sob suspeita de roubo mo armada. Ele foi detido primeiro numa carceragem numa delegacia em Nova Iguau. Em 23 de maro de 2000, teria sido levado para a 64 Delegacia do Rio de Janeiro onde teria sido espancado na frente da delegada como forma de forar-lo a uma confisso. Ele ento teria sido levado para a cela de seguros onde teria permanecido por seis dias. Durante este perodo, teria sido apresentado mdia como um criminoso envolvido em roubos mo armada. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial, em 31 de agosto, ele ainda apresentava trs feridas abertas em seu p direito, para as quais ainda no teria recebido nenhum tratamento mdico.

217. Mauro Teixeira da Silva teria sido detido em 21 de janeiro de 2000 por policiais

militares do 20 Batalho sob suspeita de trfico de drogas e do assassinato de um policial. Algemado, ele teria sido levado para um lugar afastado onde lhe colocaram um saco plstico cobrindo a cabea e lhe teriam dado um tiro ao lado da cabea. No mesmo dia, teria sido levado para 54a Delegacia do Rio de Janeiro onde teria sido eletrocutado nas partes genitais e espancado na cabea e pernas com uma barra de ferro. Ele teria sido submetido ao "pau de arara" durante uma hora e meia. Teria sido torturado durante dois dias antes de sua confisso.

218. Marcos Cludio de Azevedo teria sido detido em 07 de agosto de 2000 por policiais

militares trabalhando como seguranas, sob suspeita de roubo mo armada. Ele teria sido torturado durante as cinco horas que seguiram sua deteno. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, ele teria sido severamente espancado com barras de ferro em uma praa pblica. Os guardas teriam gritado que era um criminoso e que portanto merecia tal tratamento. Ele ento teria sido levado para a 54 Delegacia do Rio de Janeiro onde teria sido espancado por um assistente do delegado. Teria assinado uma confisso depois de ter sido golpeado novamente nas costelas e no rosto. Algemado, teria sido suspenso em um gancho no teto do escritrio do chefe da cela. Os policiais teriam ento percebido que o tinham confundido com outra pessoa. Ele teria sido levado para o pronto-socorro onde receberia tratamento mdico. Ele ento teria sido levado para 54a Delegacia. Ele no teria sido assistido por um advogado.

219. Ezequiel Cndido Francisco teria sido detido em flagrante no comeo de agosto de

2000 e levado 64 Delegacia do Rio de Janeiro onde teria sido espancado por outros detentos, denominados mandatrios, sob superviso de policiais, para obter fora uma confisso de homicdio pr-meditado. Ele teria desmaiado e sido levado para o hospital onde recebeu tratamento mdico. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial em 31 de agosto, ele estava sendo confinado em uma cela de seguros e ainda tinha duas grandes feridas abertas nas costas, compatveis com seu relato.

220. Um menor de idade detento do Instituto Padre Severino (IPS) teria sido

severamente espancado em 27 de agosto de 2000 por ter rido muito alto. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, o diretor e sub-diretor do IPS teriam procedido a uma inspeo, tirando todo mundo de suas celas e perguntando quem estava sendo to barulhento. O menor de idade levantou a mo. Ele teria recebido uma ducha fria, teria sido golpeado, espancado com um pau em seu peito e rosto durante 10 ou 15 minutos e forado a ficar de p com o rosto na parede por um certo tempo. Ele teria sido mandando mais tarde de volta para cela.

221. J.G., menor de idade, teria sido transferido para o Instituto Padre Severino no vero

de 2000. Durante uma revolta, ele teria sido agarrado e colocado na cela 04 com 27 outros menores de idade. Todos detentos teriam sido retirados da cela menos ele. Ele teria sido considerado responsvel pela revolta e seria levado para uma delegacia. Ele ento teria sido espancado durante aproximadamente 30 minutos, submetido tortura do telefone", e posteriormente levado para um outro cmodo onde teria sido espancado durante outros 20 minutos. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, a caminho da delegacia ele teria sido ameaado. Quando chegou delegacia, os policiais declararam que ele teria tentado bat-los. Ele teria assinado uma confisso sem ter visto ou lido o que estava assinando. Ele no teria recebido permisso para ver um juz. Uma semana depois, ele teria sido levado para o hospital. Apesar de ter hematomas, foi ameaado de morte se dissesse alguma coisa ao juz.

222. A.D.R. teria sido detido sob suspeita de roubo e transferido ao Instituto Padre

Severino no final de agosto de 2000. No dia seguinte, trs guardas o teriam golpeado, socado e espancado com um pau durante 15 minutos, o que resultou na perda de um dente. Ele teria ulteriormente sido deixado sozinho em uma cela por um dia.

223. J.P.O., 15, e seis outros meninos detidos no Instituto Padre Severino teriam sido

espancados e golpeados na frente de outros detentos pelo diretor da disciplina em 24 de agosto de 2000. Ele o teria espancado com tal violncia que sangrou seu nariz. O diretor o teria acusado de planejar a rebelio, porque tinha formado pequenos grupos de detentos com os quais ficava conversando. Os sete detentos juvenis teriam sido colocados em uma cela de castigo durante quatro dias. Quatro semanas antes, J.P.O. teria sido golpeado e socado no nariz. Ele teria pedido para registrar uma queixa numa delegacia no mesmo dia, porque tinha marcas no rosto. O delegado lhe teria pedido para apresentar um certificado mdico do IML. No entanto, ele teria sido levado para fazer o exame de corpo de delito somente depois que as marcas tinham cicatrizado.

224. Jefferson Gomes de Lima teria sido acusado de bater em um monitor do Instituto

Padre Severino com uma lmpada em 08 de agosto de 2000 durante o dia, o que ele recusou. Trs guardas o teriam espancado durante meia hora na cela onde estava sendo detido. Eles teriam batido em seu peito, apesar de t-los dito que sofria de problemas respiratrios, e espancado seu rosto. Sangue teria sado de sua orelha esquerda. Os guardas o teriam ameaado de que se falasse para o assistente tcnico, o espancariam novamente. No entanto, ele falou para o assistente tcnico que o teria levado a um mdico de planto na instituio. O mdico e um guarda o levaram para o hospital onde foi diagnosticado com um tmpano furado. Ele teria sido instrudo para no molhar sua orelha e tomar remdios durante uma semana. Teria somente recebido remdios para dois dias e no teria recebido nenhum algodo para manter sua orelha seca. Seu rosto estaria igualmente inchado. Uma semana depois, os guardas o teriam acusado de tentar matar um outro adolescente. A acusao seria relativa ao fato que ele teria falado para o assistente tcnico sobre os maus-tratos. Os guardas de servio teriam entrado em sua cela pela manh durante aproximadamente uma semana e o teriam socado no peito e no rosto. Ele teria sido levado para trs enfermarias. Ainda estaria sofrendo de dor de ouvido por causa dos espancamentos.

225. Carlos Moreira Mendona Alves teria sido transferido para o Instituto Padre

Severino no final de julho de 2000. Vrios dias depois de sua chegada, teria sido algemado e levado para a piscina pelo diretor de disciplina, o vice-diretor e um guarda. Eles o teriam espancado com paus e tbuas de madeira, esmagando um osso do seu brao esquerdo. Teria sido espancado por mais de uma hora. Eles o teriam atirado no lado fundo da piscina. Quando ele conseguiu chegar no lado raso, eles o teriam tirado da piscina e jogado novamente no lado fundo. Eles teriam repetido isso trs vezes. Quando perceberam que seu brao estava inchado, eles teriam espancado seu rosto. Eles o teriam levado para o hospital, onde teriam dito que ele cara de um muro.

226. T.N., 16, teria sido espancado durante aproximadamente uma hora pelo chefe de

disciplina do Instituto Padre Severino e um outro empregado da instituio em 23 de agosto de 2000. Alguns detentos teriam tirado as lmpadas das celas para acender cigarros. Os dois homens teriam entrado na cela, jogado T.N. no cho e espancado o lado esquerdo de seu rosto, suas costas e seu peito, entre outras coisas, com uma tbua de madeira. Ele os teria avisado que o mdico teria dito que no deveriam pisar no seu peito porque tinha uma deformao congnita nessa regio, mas eles teriam continuado espanc-lo no peito.

227. S.A.M., 16, e trs outros detentos no Instituto Padre Severino estavam conversando durante o almoo na sala de jantar em 28 de agosto de 2000, quando quatro guardas os teriam levado para o lado de um corredor onde ningum podia v-los. Eles teriam sido espancados em turnos por terem falado muito alto. S.A.M. teria sido algemado e espancado no rosto e socado no peito. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial em 29 de agosto, ainda se viam marcas compatveis com seu relato.

228. J.L.M.M., 17, detento do Instituto Padre Severino, teria sido recebido um casaco

rasgado em 07 de agosto de 2000, e ter sido acusado de t-lo rasgado. Outros detentos teriam sido retirados da cela onde estava. Dois guardas teriam dado chutes e socos em seu rosto e estmago. Teriam ameaado de que se avisasse o assistente tcnico, seria espancado. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial, em 29 de agosto de 2000, ainda se via um grande hematoma na sua cabea, corroborando suas alegao.

229. Jorge Bonifcio de Paulo teria sido espancado no peito quando chegou ao Instituto Padre Severino em meados de agosto de 2000, depois de lhe terem perguntado de onde ele vinha. Ele tambm teria hematomas, porque teria sido espancado previamente pela polcia.

230. W.S.S., 16, detento do Instituto Padre Severino, estava conversando com um outro menino em meados de agosto de 2000, quando um guarda teria mandado que todos ficassem quietos O guarda o teria acusado de ter sorrido de maneira irnica, teria dito que quebraria seu dente e ento teria batido em seu rosto. Uma semana depois, o guarda o teria acusado de ter planejado a rebelio, e espancou W.S.S. e alguns outros meninos com uma tbua de madeira. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial, em 29 de agosto de 2000, marcas das feridas em suas pernas compatveis com seu relato eram visveis.

231. Um menino de 13 anos teria sido torturado pelo diretor de disciplina do Instituto

Padre Severino e um guarda no final de julho de 2000. Eles teriam contado at trs e batido simultaneamente nos seus ouvidos. O guarda teria socado o menino com um anel de prata, deixando cicatrizes na boca e na cabea. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial, em 29 de agosto de 2000, ainda se viam marcas compatveis com seu relato.

232. Um menino de 15 anos teria sido golpeado no peito por um guarda durante o

caf da manh em 29 de agosto de 2000 no Instituto Padre Severino.

233. Rafael teria fumado um cigarro em sua cela durante a noite de 08 de agosto de

2000. Um guarda e o chefe de disciplina do Instituto Padre Severino teriam empurrado o menino para fora da cela e o levado para o corredor onde teria sido submetido tortura do "telefone". Eles ento o teriam levado para a sala de jantar onde comearam a gritar no ouvido do menino. Eles teriam ligado o gs e segurado sua mo sobre a chama ligada ao mximo, durante aproximadamente cinco segundos. No dia seguinte, o menino teria sido levado para o pronto-socorro. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial, em 29 de agosto de 2000, ainda se via uma grande queimadura compatvel com seu relato.

234. Crisostomo de Andrade, cozinheiro rabe, e dois outros detidos teriam sido severamente espancados por 20 pessoas do SOE e outros empregados do penitencirio de sbado noite, 26 de agosto de 2000, at domingo de manh na Casa de Custdia Muniz Sodr. Ele teria sido espancado em conexo tentativa de fuga de outro detento. Seu corpo inteiro teria sido espancado por guardas, nas costas com coronhadas de espingardas e no rosto com chutes. Ele teria sido levado para um mdico que o examinou e lhe aplicou uma injeo. O mdico teria perguntado o que acontecera. Ele teria respondido que cara porque os policiais estavam presentes durante todo o exame mdico. Ele teria sido colocado na cela de castigo desde 26 de agosto de 2000, sem luz eltrica e sem poder sair da cela. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial, em 30 de agosto de 2000, ainda se viam marcas como hematomas na parte inferior de suas costas e nos dois ombros e pernas, corroborando as suas alegaes. Devido a suas condies de sade, os dois detidos teriam ficado no hospital.

235. Sereno Mauro Fernando Oliveira Silva teria sido colocado em cela de castigo da Casa de Custdia Muniz Sodr e teria sido ameaado por um guarda de ser espancado porque possuiria um pequeno espelho em 27 de agosto de 2000. Neste mesmo dia, ele e outros 13 detentos foram tirados para fora de suas celas de castigo. Cinco agentes penitencirios estariam carregando armas e grandes paus e teriam mandado os presos se alinharem de fronte eles com as mos atrs das costas. Eles ento teriam mandado os detentos inclinar a cabea para direita e subseqentemente para esquerda, enquanto os guardas batiam nos seus ombros com paus. Eles teriam batido em suas mos com paus e em suas costas com arames e cabos de ferro. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial, em 30 de agosto 2000, ainda se viam marcas e hematomas no estmago, no ombro esquerdo e nas costas, corroborando as alegaes de Sereno Mauro Fernando Oliveira Silva.

236. Adilson Leal de Souza, um detido que seria portador do vrus HIV na Casa de Custdia Muniz Sodr, no teria recebido nenhum remdio nem permisso para ser hospitalizado apesar de sua condio mdica.

237. Neil Barbosa Marques teria sido uma das pessoas espancadas no incidente de 28 de agosto de 2000 na Casa de Custdia Muniz Sodr (ver acima). Como outros, ele teria sido espancado com barras de ferro e paus na sua perna, e com uma barra de ferro no seu brao esquerdo e o lado esquerdo do seu corpo. Por ocasio da entrevista com o Relator Especial, em 30 de agosto de 2000, ainda se viam marcas como no brao esquerdo e hematomas no seu ombro, corroborando suas alegaes.

238. Wagner Marco da Silva teria recebido um tiro na cabea e no estmago pela polcia militar em 17 de agosto de 1997 em Botafogo, quando estava saindo do trabalho. Ele estava usando fones de ouvido, e, portanto, no teria ouvido a polcia militar cham-lo. Eles teriam atirado e colocado uma arma nele. Ele teria permanecido no hospital durante trs meses, algemado durante todo o tempo. Ele no teria recebido tratamento apropriado e agora estaria debilitado. Ele teria sido acusado de trfico de drogas e teria sido detido em Bangu/Muniz Sodr durante um ano e meio em instncia de ser julgado. O julgamento teria sido suspenso por razes desconhecidas. O incidente teria tido seis testemunhas. Os policiais supostamente responsveis pelo incidente estariam ainda na ativa.

239. Carlos Abel Dutra Garcia, um marinheiro, teria sido detido em 20 de agosto de 1996. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, um carro teria se aproximado do seu num posto de gasolina que ficaria ao lado de uma favela. O homem teria apontado um revlver para ele, mostrado uma insgnia, identificando-se como policial federal e atirado para o alto. Ele o teria ordenado a botar as mos para cima e de mostrar seus documentos. Carlos teria recebido um chute no estmago. Policiais militares teriam chegado neste momento e um delegado teria falado para ele e seu amigo, que estava sentado no banco de trs de seu carro, que eles estariam detidos. Seu carro teria subseqentemente sido inspecionado. Trs outros carros da polcia militar e um carro civil, com quatro outros agentes federais, teriam chegado. Um tenente teria pedido explicaes, falado com o delegado da polcia federal e dito para Carlo Abel Dutra Garcia para ficar calmo. Este teria sido forado de se encostar contra um carro com os braos para cima durante aproximadamente 30 minutos e teria recebido chutes para ficar com as pernas abertas. Um outro carro de polcia chegou com seis policiais federais, que inspecionaram novamente Carlos Abel Dutra Garcia e seu carro. Ele, com seu amigo, teria recebido um soco no rosto, empurrado para dentro de uma viatura e levado para Delegacia da Polcia Federal por volta das 11:00 da noite. Ao chegar na delegacia, vrios policiais teriam batido sua cabea contra um muro quando, e dado socos nas costas do Carlos e chutes at que este casse no cho. Eles ento teriam agarrado seus cabelos fazendo-o se levantar. Carlos teria sido levado para um corredor, onde o teriam novamente socado, chutado e golpeado durante 30 minutos. Sua boca e seu nariz teriam sangrando. O delegado teria agarrado seu brao, mandado que se levantasse e socado sua cabea e peito. Um outro policial teria apontado um revlver para ele e dito "vamos acabar com ele", mas finalmente guardou o revlver e golpeou-o novamente. Quando caiu no cho, vrios agentes teriam comeado chut-lo durante aproximadamente 15 20 minutos. Ele teria recebido ordens para se levantar, teria recebido socos nos olhos, antes de ser colocado numa cela s 2:00 da madrugada por aproximadamente uma hora. Ele ento foi novamente espancado e duchado com gua fria. Ele teria sido levado para ver um advogado que estava esperando na delegacia. Este que lhe teria dito que estava sob deteno por desacato s autoridades e por agresso. Em 1997, ele teria sido liberado destas acusaes pelo tribunal. Quando deixou a delegacia, teria sido atendido por um mdico, que teria registrado que fora severamente espancado. No dia seguinte, ele registrou queixa contra os policiais com o Ministrio Pblico, que teria aberto uma investigao. O promotor da Repblica teria mandado o caso para o Tribunal Federal. Os policiais teriam submetido um recurso de hbeas corpus, argumentando que o Ministrio Pblico estava excedendo suas competncias investigando casos envolvendo policiais federais. Isto teria parado os processos em 1998. Desde ento, Carlos Abel Dutra Garcia teria sido sujeito a ameaas de morte por policiais que teriam chamado ele para delegacia para um depoimento, e teria sido seguido. Ele, portanto, contatou a Secretaria Nacional de Direitos Humanos para pedir ajuda e proteo contra polcia federal, o que no lhe teria sido dado. O promotor teria submetido novas acusaes da parte dos policiais por "impropriedade istrativa". Em julho 2000, Carlos Abel Dutra Garcia teria impetrado uma ao civil por danos morais. Os processos estariam em instncia frente ao Supremo Tribunal Federal em Braslia. O Relator Especial agradeceria de ser informado acerca dos resultados destes processos judiciais.

240. Anderson Carlos Crispiniano, 20, teria sido detido por trs policiais civis em sua casa no Morro do Adeus, uma favela no Rio de Janeiro, em 28 de junho de 2000. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, os policiais no teriam nenhum mandado de priso e sua famlia no teria sido informada do lugar de sua deteno. Mais tarde naquela mesma noite, sua famlia teria ido sua procura na delegacia mais prxima, onde lhes teriam dito que no existia informao sobre esta deteno. Sua famlia teria recebido um telefonema dos policiais, que indicaram que permaneceriam em contato mas recusaram informar aonde Anderson Carlos Crispiniano estava sendo detido. Segundo as informaes recebidas, sua famlia teria recebido um segundo telefonema e teriam falado brevemente com ele mas no teriam sido informados do lugar de sua deteno. Sua famlia teria recebido um terceiro telefonema, onde os policiais teriam dito que se no entregassem cinco mil reais, uma corrente de ouro e as chaves do carro, eles colocariam drogas nele e o matariam. Uma mulher que se identificou como sendo uma "advogada" instruda pelos policiais teria mais tarde vindo para favela e buscado a corrente de ouro e os documentos do carro (seus parentes no tiveram tempo de recolher todo o dinheiro pedido). Aproximadamente uma hora mais tarde, a mulher teria voltado e buscado o dinheiro que a famlia conseguiu recolher. Vinte minutos mais tarde, ela teria voltado em um veculo com Anderson Crispianiano sentado no banco de trs. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, ele teria sido espancado na cabea de maneira repetida e unhas dos ps teriam sido arrancadas durante sua deteno. Ele teria sido levado para uma clnica e para o hospital. Sua tortura lhe fez perder a fala. Teria sido diagnosticado como tendo sofrido um ataque e tinha marcas de severas pancadas em vrias partes do corpo. Ainda segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, depois de um jornal local ter publicado um artigo sobre o incidente, ele e sua famlia teriam sido vrias vezes ameaados de morte. Os policiais teriam sado sua procura no hospital onde estava hospedado. Anderson Crispiniano teria morrido em 17 julho de 2000. Seu corpo for exumado em 24 de agosto de 2000. Seu pai no teria autorizado a exumao do corpo. Os resultados da autpsia no teriam sido comunicados famlia e o corpo no teria sido enterrado. Finalmente, o Relator Especial nota com preocupao que mandou um apelo urgente em nome de Anderson Crispiniano em 07 de julho de 2000 (veja E/ CN.4/2000/66, para. 187).

241. Wladimyr Alexandria de Castro, detido na Penitenciria Dr. Serrano Bangu III no Rio de Janeiro, teria tentado fugir do hospital da priso em 26 de dezembro de 1999. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, apesar de estar sofrendo de tuberculose, teria sido mandado de volta para Bangu-III e no para o hospital como forma de castigo de ter tentado fugir. Ele teria sido ameaado de morte pelo chefe da polcia militar da priso. Seu pedido de transferncia ao hospital do presdio teria sido recusado. Ele no teria recebido nenhuma assistncia mdica apesar da sua condio de sade.

242. Istali Leo Marinho, Elocio Leo Marinho, Jair Pena e Marciano Pena, detidos em Polinter em Maca, Rio de Janeiro, teriam sido detidos em 25 de agosto de 2000 sob suspeita de ter assaltado uma caixa da polcia militar para roubar armas. Eles teriam sido quase asfixiados, levado chutes e ameaados de morte por policiais militares.

243. Adriano Tokimitsu Oliveira Maia, 26, detento no Hospital Penitencirio Roberto Medeiros (Bangu), Rio de Janeiro, teria sofrido de um problema em seu ouvido. Em agosto de 2000, teria pedido remdios a um agente penitencirio. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, ele ento teria sido verbalmente agredido, levado chutes e socos, e golpeado com um pedao de madeira por quatro guardas que tinham entrado em sua cela. Sua perna e seu brao estariam quebrados. Segundo as informaes recebidas pelo Relator Especial, ele teria sido levado para o hospital quatro dias mais tarde. O mdico que o consultou teria denunciado os maus-tratos ao Secretrio de Justia. Ele teria sido transferido para a unidade penitenciria de asilo de alienados Henrique Roxo.

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