Projeto DHnet
Ponto de Cultura
Podcasts
Direitos Humanos
Desejos Humanos
Educao EDH
Cibercidadania
Memria Histrica
Arte e Cultura
Central de Denncias
Banco de Dados
MNDH Brasil
ONGs Direitos Humanos
ABC Militantes DH
Rede Mercosul
Rede Brasil DH
Redes Estaduais
Rede Estadual RN
Mundo Comisses
Brasil Nunca Mais
Brasil Comisses
Estados Comisses
Comits Verdade BR
Comit Verdade RN
Rede Lusfona
Rede Cabo Verde
Rede Guin-Bissau
Rede Moambique

3. Defesa de direitos no Brasil rural: intensificao de conflitos e ataques direcionados 62np

A distribuio de terras no Brasil tem historicamente estado entre as mais desiguais da Amrica Latina. Um pouco menos de 50.000 proprietrios de terra possuem reas de mil hectares ou mais e controlam mais de 50% das terras registradas. Perto de 1% dos proprietrios rurais tm aproximadamente 46% de toda terra arvel. Dos 400 milhes de hectares registrados como propriedade particular, apenas sessenta milhes de hectares so usados para plantio. Os 340 milhes de hectares remanescentes so usados para criao de gado. De acordo com as estatsticas do Instituto de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA), existem cerca de cem milhes de hectares de terra no sendo usados produtivamente no Brasil.[1] Para complicar ainda mais este quadro, alguns ttulos de terra atualmente mantidos por proprietrios so resultado de grilagem, falsificao de escrituras, uma prtica que data do perodo aps a Segunda Guerra Mundial, quando o governo transferiu extensas terras pblicas para mos privadas baseado em apresentaes de certificados dos reclamantes.

Essa desigualdade tem sido a causa da origem de uma srie de movimentos que buscam reestruturar a posse de terra no Brasil, e tambm de violentas reaes a essas exigncias por parte dos proprietrios de terras. A Constituio de 1988, um marco na luta para alcanar a reforma agrria, dispe que terras que no preenchem uma funo social sejam expropriadas para uso na reforma agrria. A funo social da terra, por sua vez, determinada de acordo com critrio que incluem simultaneamente a anlise do nvel de produtividade, o respeito pelos direitos trabalhistas e a proteo ambiental. Desiludidos pela lentido no processo de redistribuio, alguns grupos de trabalhadores rurais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), adotaram a ttica de ocupaes de reas veis de redistribuio.

Atravs da histria do Brasil, os esforos para alterar a natureza extremamente desigual da distribuio de terra tm encontrado resistncia, freqentemente violenta. Estatsticas da Comisso Pastoral da terra (T), a fonte mais confivel de dados sobre conflitos rurais no Brasil, demonstram que de 1988 a 2000 um total de 1.517 trabalhadores rurais foram assassinados em disputas por terra no Brasil.[2]

A T relatou que em 2001 o nmero de pessoas assassinadas em conflitos por terra cresceu para trinta, dos vinte e um em 2000. Um nmero desproporcional destes incidentes ocorreu no sul do Par. Pelo menos oito trabalhadores foram mortos em conflitos de terra somente no Par em 2001. A T tambm documentou que o nmero de conflitos rurais (inclusive trabalho forado e disputas trabalhistas) pulou de 660 em 2000 para 965 em 2001, acompanhando a tendncia nacional de intensificao dos conflitos rurais nos ltimos anos.

Neste contexto, aqueles que trabalham para defender os direitos dos trabalhadores rurais ou para fazer avanar a causa da reforma agrria freqentemente se acham em grande risco. Paradoxalmente, isso pode ser mais real hoje do que durante a ditadura militar. Embora o nmero de pessoas mortas em conflitos rurais no perodo aps a transio de governo possa ter cado, assassinatos e ameaas nos ltimos anos tm sido mais direcionados para lideranas de movimentos sociais de trabalhadores rurais, sindicalistas e defensores dos direitos humanos, atravs de prticas de intimidao (processos judiciais com a inteno de criminalizar os lderes destes movimentos sociais), ameaas e ataques fsicos, como os casos abaixo demonstram.

Processo sem justificativa e tentativa de assassinato de Jos Rainha Jr., lder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Esprito Santo

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) comeou sua primeira ocupao de terra no estado do Esprito Santo em 1984. Em junho de 1989, o MST decidiu ocupar a fazenda Ypueiras (de aproximadamente 1.500 hectares) que acreditava ser improdutiva e por isso sujeita expropriao por lei federal. Durante a ocupao, duas pessoas foram assassinadas: o proprietrio de terras Jos Machado Neto e o policial Srgio Narcsio, que no estava ali a servio da polcia.

Jos Rainha Jr., um dos mais importantes lderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra no Esprito santo, foi indiciado por participao direta nos assassinatos, apesar das evidncias esmagadoras de que no momento do crime Rainha estava no Cear, a cerca de 1.600 quilmetros do local. Vrias autoridades de alto escalo do governo do Cear, inclusive o governador, contaram polcia que Rainha estava envolvido em negociaes com eles quando os assassinatos ocorreram. Mesmo assim, o Ministrio Pblico do Esprito santo optou por levar Rainha a julgamento por esses assassinatos. Em junho de 1997, em um tribunal em Pedro Canrio, estado do Esprito santo, o caso de Rainha foi julgado. A maioria de sete membros do jri vivia na rea do conflito, e inclua amigos de uma das vtimas, assim como a mulher do presidente da associao de proprietrios local. O Tribunal considerou Rainha culpado.[3]

No julgamento, a principal testemunha contra Rainha o descreveu como sendo um homem alto com o rosto redondo, sem barba, sem bigodes, pele clara, um pouco acima do peso (aproximadamente 70 kg), com cabelos densos e encaracolados.[4] Rainha um homem alto, extremamente magro, com cabelos, barba e bigodes pretos. A Promotoria, ao invs de se concentrar especificamente sobre a responsabilidade ou no de Rainha no crime em questo, pressionou o jri a conden-lo por seu envolvimento em ocupaes de terras. O juiz que presidia o julgamento condenou Rainha a vinte seis anos e seis meses de priso. Aps a condenao, a Anistia Internacional escreveu: Esta condenao foi claramente politicamente motivada e obviamente pretendeu intimidar membros do Movimento dos Trabalhadores rurais sem terra... Se Jos Rainha for preso, ns o consideraremos um prisioneiro poltico e exigiremos sua libertao imediata e incondicional.[5] Human rights watch caracterizou o julgamento como um uso infeliz do sistema de justia criminal contra ativistas da reforma agrria.[6]

Nas leis brasileiras, pessoas sem condenaes anteriores sentenciadas a mais de vinte anos em julgamentos com jri tm um segundo julgamento automaticamente garantido. Em 5 de abril de 2000, em um novo julgamento no tribunal de Vitria, capital do Esprito Santo, Rainha foi absolvido dos mesmos crimes pelos quais tinha sido condenado no julgamento anterior. Neste segundo julgamento, em que ativistas de direitos e jornalistas da imprensa nacional e internacional compareceram em peso, assim como centenas de ativistas sociais e milhares de integrantes do MST, o jri absolveu rainha por uma votao 4-3.

Jos Rainha hoje uma das lideranas mais importantes do MST no Pontal do Paranapanema, em So Paulo.

Desde sua absolvio, Rainha tem continuado a defender os direitos dos trabalhadores sem terra. Em 19 de janeiro de 2002, Rainha levou um tiro nas costas na fazenda Santa Rita do Pontal, no Pontal do Paranapanema. Na fazenda havia uma ocupao feita por 275 famlias e que Rainha e o MST haviam ajudado a organizar.[7] Por volta das 11:30 horas, Rainha estava viajando em um carro pela propriedade com os ativistas do MST Srgio Pantaleo e Ftima Siqueira. De acordo com Patrik Mariano Gomes, um advogado do MST, quinze homens que trabalhavam para o proprietrio da fazenda renderam o carro. Eles se jogaram na frente do carro e comearam a atirar, Gomes contou aos reprteres. O Rainha saiu correndo para o mato e alguns deles foram atrs dele atirando. Um tiro pegou nas costas. Rainha foi levado ao hospital de Porto Primavera, onde os mdicos determinaram que sua condio no era crtica.[8]

O proprietrio da fazenda, Roberto Junqueira, foi preso naquele mesmo dia nos arredores da cidade, sob a acusao de ordenar o assassinato de Rainha. De acordo com o delegado da polcia local, Donato Farias de Oliveira, Junqueira foi preso por volta das 21:30 horas, enquanto deixava sua plantao. Na priso, Junqueira itiu sua participao no atentado vida de Rainha.[9]

Quando este relatrio foi finalizado, testemunhas do atentado ainda estavam prestando depoimentos polcia. Em 1 de fevereiro de 2002, o prefeito da cidade de Presidente Prudente, Agripino de Oliveira Lima, de 70 anos, desafiou Rainha para uma contenda de mos limpas. Lima afirmou que mataria Rainha se este ltimo aceitasse. Em resposta, a Ouvidoria Agrria, ligada ao Ministrio do Desenvolvimento Agrrio requereu a Procuradoria-Geral da Repblica a instaurao de ao penal contra Lima por ameaar Rainha.

Ameaas de morte e desaparecimento de Miceno Moreira Barros e ameaas a Paulo Novais e Maria de Lourdes Cabral, lderes de trabalhadores rurais, Bom Jardim, Gois.

O presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR) no municpio de Bom Jardim, Gois, Miceno Moreira Barros, de 45 anos, vinha recebendo ameaas de morte por sua atuao na defesa de reforma agrria e redistribuio de terra.

Em 20 de janeiro de 1998, Barros liderou um grupo de trabalhadores rurais em uma manifestao ao longo de uma rodovia de sete quilmetros que liga Bom Jardim cidade de Baliza. A viagem cruzou 12.000 hectares de terras improdutivas, causando a ira de proprietrios de terras, que no permitiram que o grupo montasse acampamento para descansar. Em seguida a este incidente, Barros comeou a receber mais e mais ameaas. Como conseqncia, ele chegou a pensar em abandonar seu posto como presidente do sindicato.[10]

Na manh de 4 de abril de 1998, Barros deixou sua casa e partiu em direo a uma propriedade rural no municpio de Piranhas, acompanhado de seu primo e um vizinho. Foi a ltima vez em que foi visto.[11]

Em 14 de abril do mesmo ano, a Comisso de Direitos humanos da Cmara dos Deputados enviou uma carta ao Secretrio de Segurana Pblica do Estado de Gois, Jovenal Gomes de carvalho, informando ao secretrio o desaparecimento de Barros, assim como as ameaas de morte sofridas por Maria de Lourdes Cabral, uma lder local do MST, e Pedro Novais, vice-presidente do STR de Bom Jardim. Segundo a Comisso, Novais havia recebido h alguns dias a mensagem de [Que] caso o mesmo no se calasse iria parar no mesmo lugar do [Barros]. O presidente da Comisso, deputado Eraldo trindade, exigiu que medidas para garantir a segurana de Cabral e Novais fossem tomadas, e requereu uma investigao imediata para apurar o desaparecimento de Barros.[12]

Desde o incio das investigaes, o Delegado Regional de Ipor, Gois, considerou que a hiptese mais provvel para o desaparecimento de Barros era a emboscada de proprietrios de terras da regio. O Delegado havia obtido evidncias de que os proprietrios de terras Jernimo Epaminondas, Tadeu Antunes e lvio de Paiva Mesquita Filho eram os responsveis pelas ameaas que Barros vinha recebendo antes de seu desaparecimento.[13]

A Diviso Estadual de Homicdios da Polcia Civil de Gois abriu o processo no 14941952 para investigar o desaparecimento de Barros e as ameaas recebidas por Cabral e Novais, mas no descobriu mais informaes.[14]

Em 19 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou o Ofcio JG/RJ no 083/02 para Jos Correa Barbosa, Delegado Titular da Delegacia Estadual de Homicdios, do estado de Gois, requisitando maiores informaes sobre acontecimentos recentes relacionados ao caso.

Em resposta, o Delegado Titular da Delegacia Estadual de Homicdios, Gilberto da Silva Ferro, informou ao Centro de Justia Global que Barros continua desaparecido e que o inqurito policial encontra-se arquivado na Comarca de Aragaras.[15]

Assassinato de Darlan Pereira da Silva, presidente da sede local do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Cocalinho, Mato Grosso.

Em 30 de maio de 2000, o sindicalista Darlan Pereira da Silva foi assassinado. Silva havia sido presidente da sede local do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) em Cocalinho, uma pequena cidade no estado Mato Grosso. Cocalinho, como muitas pequenas cidades rurais em todo o Brasil, tem sido local de muitos conflitos violentos entre proprietrios de terra e trabalhadores sem terra nos ltimos anos, envolvendo disputas pela posse de terra e direitos trabalhistas. Como lder do STR, Silva estava freqentemente envolvido em tais conflitos, na defesa dos trabalhadores.

No dia 2 de junho de 2000, a polcia de Cocalinho achou o corpo de Silva nas proximidades do rio Araguaia, com dois tiros na cabea e mltiplas facadas pelo corpo. As autoridades locais estimaram que Silva havia sido assassinado h trs dias, mas no tiveram evidncias suficientes para determinar a identidade e os motivos dos assassinos. Os colegas de Silva acreditam que proprietrios de terras locais ordenaram o assassinato como retaliao ao trabalho de Silva em favor dos trabalhadores. Alguns suspeitam que o crime pode ter sido uma resposta a uma denncia pblica feita por Silva sobre vrios fazendeiros locais. Aps o assassinato, o STR enviou um fax para o escritrio da Federao dos Trabalhadores em Agricultura (FTA), em Mato Grosso, identificando os assassinos de aluguel como Robson de Farias Pires, conhecido como da, e Emerson (conhecido apenas pelo primeiro nome). O STR notou que ambos chegaram em Cocalinho apenas alguns dias antes do assassinato e deixaram a cidade no dia em que o crime foi cometido.

Logo aps o assassinato, a Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados tomou conhecimento do caso e pressionou autoridades locais para investig-lo.

Em 30 de junho de 2000 a Polcia Civil de Cocalinho abriu o inqurito policial no 026/2000 para investigar o assassinato Darlan Pereira de Silva. Em 22 de agosto de 2000 o juiz Pedro Sakamoto ordenou a priso preventiva de da e Pires, que foram indiciados por assassinato, e em 15 de agosto de 2001, a investigao foi encerrada e o caso encaminhado para o Frum da Comarca de gua Boa.[16] As acusaes mais tarde recaram sobre Emerson, e Pires desapareceu de gua Boa. At a data em que este relatrio foi concludo, Pires ainda estava em liberdade.[17]

Tentativa de assassinato e abuso psicolgico contra o frei Rodrigo de Castro Amedd Pret, coordenador da Comisso Pastoral da Terra, Uberlndia, Minas Gerais

O frei Rodrigo de Castro Amedd Pret, coordenador da Comisso Pastoral da Terra (T) da diocese de Uberlndia, Minas Gerais, trabalha com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em defesa da implementao da reforma agrria no Tringulo Mineiro.

Em 1998, frei Pret sofreu trs agresses relacionadas a seu ativismo em favor da reforma agrria. Em fevereiro de 1998, durante um incidente na fazenda Nossa Senhora das Graas, em santa Vitria, frei Pret sofreu agresso por parte de oficiais da Polcia Militar de Minas Gerais. Em junho de 1998 ele foi segurado por policiais enquanto proprietrios de terras o espancavam durante a Marcha contra a Fome, em Uberlndia. A ltima agresso ocorreu em setembro de 1998, em santa Vitria.[18]

Na manh do dia 21 de setembro de 1998, oitenta famlias do MST ocuparam a fazenda Perobas, em santa Vitria. Proprietrios de terras ligados Unio de Defesa das Propriedades Rurais (UDPR) organizaram uma milcia fortemente armada e foram para a rea onde estavam os trabalhadores. Os proprietrios de terras mandaram os integrantes do MST a deixarem Perobas e ameaaram matar todos eles se no se retirassem do local em uma hora. Os proprietrios de terras ento deixaram o local, dizendo que voltariam com reforos. Depois de sua sada, vrios policiais militares chegaram e observaram a ocupao.

Por volta das 14:00 horas, perto de cem proprietrios de terras armados chegaram, alguns vestindo capuzes. Ao se aproximar da fazenda, eles ameaaram pr fogo na mata em que os trabalhadores estavam acampados. A Polcia Militar observou mas no tomou medidas para deter os proprietrios de terras.

Enquanto isso, frei Pret e Marcelo Resende, outro representante da pastoral, estavam em santa Vitria, tentando contatar autoridades civis e militares do estado de Minas Gerais. Enquanto estavam l, eles souberam que os proprietrios de terras tinham chegado a um acordo com o MST e deixado a rea. Ao saber a notcia, eles, juntamente com membros de outros sindicatos de trabalhadores, dirigiram-se para a fazenda Perobas em dois carros. Um carro, um Elba amarelo, levava membros da Central nica dos Trabalhadores (CUT) e integrantes do MST. O outro carro, um Gol, levava frei Pret, Marcelo Resende e outro representante da CUT na regio do Tringulo Mineiro.

A dez quilmetros de Santa Vitria, duas caminhonetes levando fazendeiros de terras armados apareceram e foraram os dois carros a parar. O Gol permaneceu entre as duas caminhonetes, enquanto o Elba estava frente da primeira perua. Dois ageiros do Elba, o ativista do MST e o membro da CUT, sofreram ferimentos fsicos, mas conseguiram escapar sob os tiros dos proprietrios de terras.

Os ageiros do Gol foram forados pelos fazendeirosa deixar o veculo. Um dos fazendeiros disse: Vamos dar um eio com eles. Outro replicou: Agora no d para fazer o que combinamos, porque voc deixou o outro fugir.

Nesse momento, um fazendeiro atingiu frei Pret no rosto, fazendo-o cair no cho. Os outros fazendeiros ento comearam a chutar seu corpo e atacar os outros dois ageiros. Frei Pret recebeu dois chutes na cabea, que causaram uma convulso na qual ele mordeu a lngua violentamente.

Depois da primeira convulso de frei Pret, alguns dos agrssores permitiram que seus colegas o colocassem no carro. Ento, um dos fazendeiros apontou sua arma em direo cabea de frei Pret e atirou. A bala atingiu a parte de trs do banco no qual frei Pret estava sentado. Se a bala tivesse atravessado o banco do carro, teria atingido as suas costas.

Pouco tempo depois a polcia chegou, e os fazendeiros fugiram.[19]

Em 29 de setembro de 1998, a Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados enviou Ofcios ao governador de Minas Gerais, Eduardo Brando Azeredo, e ao Procurador-Geral de Justia, Dr, Epaminondas Fulgncio Neto, requisitando informaes e tomada de medidas a respeito do abuso fsico e psicolgico sofrido por frei Pret e os outros.[20]

Em 19 de fevereiro de 2002 o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 080/02 para Nedens Ulisses freire Vieira, Procurador-Geral de Justia de Minas Gerais, requisitando mais informaes sobre o andamento deste caso.

At o momento de finalizao deste relatrio, o Centro de Justia Global no havia recebido nenhuma resposta a este ofcio.

Ameaas de morte, difamao e processos criminais infundados contra o frei Henri Burin des Roziers, advogado da Comisso Pastoral da Terra, sul do Par

O frei Henri Burin des roziers, advogado da Comisso Pastoral da Terra no sul do par, tem sido vtima de calnias e processos criminais infundados desde abril de 2000.[21]

Em abril de 2000, diferentes fontes confiveis e seguras da T em Xinguara, Par, informaram equipe da T que fazendeiros da regio pretendiam ass o frei Henri, assim como um lder sindical local e um candidato s prximas eleies. O lder sindical e o candidato estavam enfrentando processos infundados sob a alegao de terem instigado uma ocupao de terras. Nas aes judiciais decorrentes de conflito por terras, frei Henri atuou como advogado dos trabalhadores. Alguns dias depois, cinco trabalhadores envolvidos em uma disputa por terras na regio foram assassinados e suas orelhas foram cortadas, um sinal de que o crime havia sido encomendado.

Frei Henri comeou a receber ameaas de morte, em 6 de junho de 2000, algumas semanas antes do julgamento, que condenou Jernimo Alves de Amorim por ordenar em 1991 o assassinato do lder de trabalhadores rurais Expedito Ribeiro de Souza. O julgamento e a sentena receberam larga cobertura da mdia nacional e internacional, inclusive um editorial no The New York Times. Durante este mesmo perodo, a T em Xinguara denunciou trs poderosos fazendeiros por submeter pessoas ao trabalho escravo.

Em 13 de julho de 2000, em uma entrevista coletiva imprensa em Belm, frei Henri, em nome da T no sul do Par, denunciou dezessete casos de tortura, inclusive vrios casos fatais, que ocorreram em delegacias de polcia do Par. A denncia teve larga cobertura pela imprensa nacional e internacional, culminando com a visita ao sul do Par do Relator Especial da ONU sobre Tortura, Sir Nigel Rodley, durante sua misso ao Brasil, e com uma investigao da Anistia Internacional sobre todos os casos denunciados.

Por vrios meses, o Delegado Geral de Polcia do Par difamou frei Henri atravs de depoimentos divulgados em jornais e programas de rdio e televiso no Par e regio. O Delegado o acusou de ser mentalmente desequilibrado e de envolvimento no assassinato de um fazendeiro, entre outros ataques verbais. A imprensa local tambm publicou uma carta difamatria sobre frei Henri que o juiz de Xinguara havia enviado ao presidente do Tribunal de Justia do estado.

Em agosto de 2000, duas investigaes policiais uma por assassinato e outra por crime contra honra foram registradas contra o frei Henri. Em dezembro de 2000, o governador do Par representou uma queixa contra o frei Henri por crime contra honra. No mesmo ms, o juiz de Xinguara registrou uma ao criminal contra o frei Henri por incitamento violncia, conspirao e desacato autoridade, tudo baseado na sua participao em uma manifestao para protestar contra as suspeitas de irregularidades nas eleies locais de 3 de outubro de 2000. O protesto pblico, feito em frente ao tribunal de Xinguara, foi pacfico e no envolveu danos ou violncia. Finalmente, em janeiro de 2001, o ex-Delegado Geral de Polcia Civil do Par registrou uma ao contra frei Henri por danos morais.

Em 27 de setembro de 2001, o centro de Justia Global encaminhou informaes a respeito das ameaas de morte, incidentes de calnia e processos criminais infundados contra o frei Henri para a Representante Especial da ONU sobre os defensores de Direitos Humanos, Hina Jilani.

Segundo frei Henri, todas os inquritos e processos abertos contra ele em 2000 tm desde ento sido arquivados por falta de fundamentao. O processo movido pelo ex-Delegado Geral de Polcia ainda est pendente. [22]

Assassinato de Jos Dutra da Costa, lder de trabalhadores rurais, Rondon, Par

No dia 21 de novembro de 2000, um pistoleiro matou Jos Dutra da Costa, 43 anos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) do municpio de Rondon, no estado do par. Costa tambm havia sido diretor de Poltica Agrria do STR, e foi lder estadual da Federao dos Trabalhadores em Agricultura (Fetagri). Enquanto trabalhava nestas instituies, Costa fez muitos inimigos entre os fazendeiros no Par, que ressentiam o fato de Costa ter organizado campanhas de ocupao de terras improdutivas. Como reao, esses proprietrios de terras fizeram ameaas de morte contra ele, e em vrias ocasies pistoleiros tentaram mat-lo. Mais de quatro anos antes do assassinato, a Comisso Pastoral da terra (T) de Marab citou as ameaas de morte e tentativas de assassinato contra Costa, entre muitos outros casos similares, em seu relatrio sobre violncia nas reas rurais. Em cada caso de ameaa, Costa registrou queixa perante a polcia local, solicitando proteo junto Secretaria de Segurana Pblica do estado do Par, a qual no foi concedida.

Por volta das 19:30 horas do dia 21 novembro, 1999, o matador de aluguel Wellington de Jesus Silva, de 20 anos, chegou casa de Costa. Ao descobrir que Costa no estava, Silva se escondeu atrs de alguns arbustos perto da porta da frente. Quando Costa voltou para casa alguns minutos depois, Silva pulou de seu esconderijo e atirou trs vezes. Mesmo ferido, Costa conseguiu lutar com Silva, empurrando-o em uma vala. Assim, os vizinhos de Costa chegaram a tempo de dominar Silva. Eles levaram Costa ao hospital, onde ele morreu algumas horas mais tarde, e entregaram Silva polcia. Silva confessou que havia recebido dinheiro e o revlver de seu primo, o qual havia sido contratado por um fazendeiro local, Dcio Barroso, para matar Costa.[23]

Barroso foi preso em seqncia, mas libertado por determinao de um juiz do estado aps apenas doze dias de priso. Em maio de 2001, o poder judicirio do Par suspendeu as investigaes sobre o assassinato de Costa indefinidamente.[24]

No dia 15 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 063/02 ao Dr. paulo Sette Cmara, secretrio de Segurana Pblica do estado do Par, requisitando maiores informaes sobre o andamento do caso.

At a finalizao deste relatrio, o centro de Justia Global no havia recebido resposta.

Assassinato da famlia de Jos Pinheiro de Lima, ativista de direitos dos trabalhadores sem terra, do par

Por volta das 19:00 horas do dia 9 de julho de 2001, dois pistoleiros desconhecidos invadiram a residncia de Jos Pinheiro de Lima, um defensor local dos direitos dos trabalhadores rurais e integrante do Movimento dos Trabalhadores rurais Sem Terra (MST), a aproximadamente doze quilmetros de Marab. Aps entrar, os homens atiraram na esposa de Lima, Cleonice, e a mataram enquanto ela assistia televiso na sala. Eles ento aram ao quarto, onde Lima se recuperava de uma doena recente, e o mataram com tiros queima-roupa. Finalmente eles atiraram no filho de Lima, Samuel, que chegou em casa pouco depois, e o mataram. Os dois pistoleiros ento fugiram da cena do crime, roubaram uma motocicleta e escaparam pela rodovia PA-150 em direo cidade de Jacund.

Os fatos envolvendo estes assassinatos sugerem vigorosamente que fazendeiros da regio so responsveis pelas mortes. Antes do assassinato de Lima e sua famlia, o integrante do MST estava atuando no processo de assentamento de trabalhadores sem terra na fazenda So raimundo, que havia sido designada para desapropriao pelo governo federal em janeiro de 2001. Desde o comeo do processo de desapropriao, um grupo de aproximadamente 120 famlias de trabalhadores sem terra havia acampado no local, aguardando a concluso da transferncia de terra e a liberao do ttulo da mesma. Embora o decreto de desapropriao tivesse sido assinado em janeiro de 2001, o governo ainda no havia concludo o processo de assentamento.

Nesse meio tempo, o proprietrio da Fazenda so raimundo, Joo david de Melo, havia tomado vrias medidas para impedir a concluso do processo legal de expropriao. Estas medidas incluam ameaas de morte pblicas contra ativistas. Como principal lder das famlias acampadas no latifndio, Lima era o alvo principal dessas ameaas.

De fato, Lima vinha recebendo ameaas de morte pelo menos desde o comeo de 2000. Naquela poca, quando a Confederao nacional dos trabalhadores na agricultura (CONTAG) denunciou o assassinato de Jos dutra da Costa, em Rondon do Par, a organizao incluiu o nome de Lima na lista dos lderes que haviam recebido ameaas.[25]

Quando testemunhas foram prestar depoimento polcia a respeito do triplo homicdio de Lima e sua famlia, foram obrigadas por policias da polcia a esperar aproximadamente quatro horas (at 1:00 h da manh do dia 10 de julho) antes de poderem falar com algum. At a manh do dia seguinte dos assassinatos, a polcia ainda no havia tomado medidas para investigar os homicdios, como visitar a cena do crime, por exemplo.

No dia 12 de julho de 2001, o Centro de Justia Global encaminhou denncias para a Relatora Especial da ONU sobre Execues Extrajudiciais, Sumrias, ou Arbitrrias, Asma Jahangir, a respeito dos assassinatos na casa dos Lima e da falta de diligncia da polcia nas investigaes que se seguiram.

Em 15 de fevereiro de 2002, O Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 068/02 ao Dr. Paulo Sette Cmara, secretrio de Segurana Pblica do estado do Par, requisitando maiores informaes sobre os recentes progressos deste caso.

At o momento de finalizao deste relatrio, o Centro de Justia Global no havia recebido resposta a este ofcio.

Assassinato de Onalcio Arajo Barros e Valentim da Silva Serra, lideranas do MST, Parauapebas, Par

No final de maro de 1998, um fazendeiro e um grupo de capangas assam Onalcio Arajo Barros, conhecido como Fusquinha, e Valentim da Silva Serra, conhecido como Doutor, defensores de direitos de trabalhadores rurais, ambos com trinta e poucos anos de idade. Os assassinatos ocorreram perto da cidade de Parauapebas, no sul do Par. Tanto Arajo como Serra participavam da liderana em nvel estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A organizao dos trabalhadores e as ocupaes de terra na regio freqentemente provocavam violentas retaliaes por parte dos fazendeiros, que contratavam milcias privadas e policiais para expulsar os trabalhadores fora. Num dos casos de maior repercusso, a Polcia Militar massacrou dezenove trabalhadores rurais que estavam em uma fazenda em Eldorado dos Carajs, Par, perto de Parauapebas, em 17 de abril de 1996.[26] Arajo e Serra haviam participado naquela ocupao e sobreviveram ao massacre. Dois anos depois, seu envolvimento em outra ocupao organizada pelo MST lhes custou a vida.

Em 14 de maro de 1998, um grupo de trabalhadores e suas famlias, cerca de 500 pessoas no total, ocupou a Fazenda Gois II, perto da cidade de Parauapebas, no sul do Par.[27] O grupo permaneceu na rea por cerca de duas semanas sem incidentes.

No dia 26 de maro de 1998, por volta das 8:00 horas da manh, um oficial de Justia chegou ao acampamento dos trabalhadores com dois capatazes da fazenda. Ele informou aos trabalhadores que sua ocupao era ilegal, e ordenou que deixassem a propriedade imediatamente. Tambm ameaou chamar a Polcia Militar para expulsar os trabalhadores que no cooperassem. Apesar do aviso, o grupo permaneceu na fazenda.

Por volta das 14:30 horas daquele dia, o oficial retornou com um sargento da polcia e dez policiais (vrios deles encapuzados e com os nomes em seus uniformes cobertos), e exigiu que os trabalhadores deixassem a fazenda. O sargento da polcia declarou que se os trabalhadores no partissem, os proprietrios da fazenda chegariam com pistoleiros armados at os dentes. Os trabalhadores fizeram uma reunio em que decidiram deixar a fazenda.

Por volta das 17:00 horas, Arajo e Serra chegaram ao local e acompanharam os trabalhadores enquanto estes andavam ao longo da estrada que corta a fazenda.[28] Depois de deixar a propriedade, o grupo andou mais de seis quilmetros. O esforo fsico dessa jornada pesou sobre as crianas e mulheres grvidas do grupo, algumas das quais comearam a desmaiar ou ar mal. Os trabalhadores decidiram parar e ar a noite em um barraco de uma instituio estadual, o Centro de Desenvolvimento Regional 1 (CEDERE-1), que se encontrava prximo. Arajo, acompanhado de Serra e de uma trabalhadora chamada Maria Zilda Pereira Alves, foram ao escritrio da istrao do CEDERE-1 para requisitar permisso para que os trabalhadores assem aquela noite no abrigo.

No caminho para o escritrio, Arajo, Serra e Maria Zilda encontraram um grupo de fazendeiros e pistoleiros contratados da Fazenda Gois II, e perceberam que este grupo estava seguindo os trabalhadores desde o momento em que suspenderam a ocupao e deixaram Gois II, naquele mesmo dia. Um dos fazendeiros, Carlos Antnio da Costa, gritou: O que ? O que que vocs esto fazendo a?.[29] Arajo explicou que ele, Serra e Maria Zilda estavam tentando conseguir que os trabalhadores assem a noite no barraco CEDERE-1, que era uma propriedade pblica.[30] Costa disse que era para eles irem para o quinto dos infernos.[31] Outro fazendeiro chamado Donizete tentou pegar uma pasta de documentos das mos de Serra. Naquele momento, os faris de um carro iluminaram os trs membros do MST, e o fazendeiro identificou Arajo e Serra pelo nome.[32]

O fazendeiro Donizete ento se aproximou de Serra e pressionou o cano de um revlver contra o peito do ltimo. Carlos da Costa gritou Queima! e Donizete atirou em Serra, matando-o. Donizete ento apontou o revlver e atirou em Arajo, que tentou tirar a arma das mos de Donizete. A bala atingiu Arajo, que se virou e fugiu. Maria Zilda gritou, e Donizete ps a arma em sua boca. Naquele momento, alguns trabalhadores chegaram em vrias caminhonetes e resgataram Maria Zilda.

Um trabalhador chamado Paulo Rodrigues de Arajo viu os capangas dos fazendeiros pegarem o corpo de Serra e o jogarem em uma caminhonete branca. Ele tambm viu Arajo, ferido, correndo em direo mata.

Por volta do meio-dia do dia seguinte, o corpo de Arajo foi achado na beira da estrada cerca de cinco quilmetros do lugar em que ele havia sido atingido.[33] Segundo o representante do MST da cidade vizinha de Marab, os pistoleiros contratados enterraram eles mesmos o corpo de Serra.[34]

A resposta do governo aos assassinatos envolveu autoridades federais, estaduais e locais. Em 27 de maro de 1998, o Ministrio Pblico requisitou a instaurao de Inqurito Policial. No dia seguinte, a equipe do Instituto de Polcia Tcnica recuperou os corpos de Arajo e Serra para realizar autpsia.[35] Cerca de uma semana depois, no dia 2 de abril, a Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos deputados realizou uma audincia pblica para examinar os detalhes do caso e rever a forma como as autoridades locais estavam conduzindo as investigaes. Maria Zilda e Paulo Rodrigues de Arajo prestaram depoimento nesse interrogatrio, tanto como Gilmar Vianna, Diretor do Departamento de Conflitos Fundirios do Ministrio de Polcia Fundiria.[36] No mesmo dia o ministro da Justia interino, requisitou proteo policial especial para as duas testemunhas,[37] e o Procurador Geral de Justia do estado do Par informou ao presidente da Comisso de Direitos Humanos que ele havia designado dois Promotores de Justia para acompanhar o caso.[38]

Em 15 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 046/02 para o Ministro da Justia requisitando maiores informaes sobre o recente andamento deste caso.

At a finalizao deste relatrio, o Centro de Justia Global no havia recebido resposta a este ofcio.

Assassinato de Euclides francisco de Paulo, lder de trabalhadores rurais, Parauapebas, par

Em 20 de maio de 1999, dois pistoleiros assam Euclides Francisco de Paulo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Parauapebas, no sul do Par.[39] Euclides Francisco de paulo era um ativista em defesa dos trabalhadores rurais desde 1992, fazendo campanhas pela reforma agrria e fornecendo a trabalhadores rurais sem terra e organizacional em suas ocupaes de fazendas no sul do Par. O trabalho de Euclides em defesa dos trabalhadores gerou a inimizade de fazendeiros da regio opostos reforma agrria, e no curso de sua carreira como sindicaliste ele recebeu inmeras ameaas de morte. Uma nova onda de ocupaes de terras em 1999 detonou um aumento na violncia praticada por milcias privadas de fazendeiros contra trabalhadores rurais. Como parte deste ataque, dezoito lderes de trabalhadores rurais receberam ameaas de morte, inclusive Euclides Francisco de Paulo. No comeo de maio de 1999, foi assassinado o primeiro dos dezoito ameaados: um lder do STR em Marab, Agripino Jos da Silva,. Duas semanas depois, no dia 20 de maio, um pistoleiro em uma motocicleta deu dois tiros nas costas de Euclides de Paulo, fazendo dele a segunda vtima fatal.

No dia seguinte ao assassinato de Euclides de Paulo, duas organizaes rurais (a Federao dos Trabalhadores na Agricultura - FETAGRI e a Comisso Pastoral da Terra - T) enviaram uma carta aberta s autoridades exigindo interveno para prevenir a violncia contra trabalhadores rurais.[40] No mesmo dia, a Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) enviou uma carta ao deputado Nilmrio Miranda, ento presidente da Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados, instando a Comisso a adotar todas as medidas necessrias para identificar e punir os assassinos de Euclides de Paulo.[41]

Em resposta a esta solicitao, no dia 26 de maio de 1999, o deputado Miranda escreveu para autoridades estaduais e locais do Par exigindo uma investigao extensiva e rpida, ressaltando que o caso de Euclides de Paulo era o segundo assassinato de um lder de trabalhadores rurais em duas semanas.[42]

Em 8 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou um Ofcio ao Secretrio de Segurana Pblica do estado do Par, Paulo Celso Pinheiro Sette Cmara, requisitando informaes sobre os andamentos do caso.[43] O secretrio Sette Cmara foi uma das autoridades que recebeu a referida solicitao de providncias do deputado Miranda.

At a finalizao deste relatrio, o centro de Justia Global no havia recebido resposta do secretrio Sette Cmara a este ofcio.

Assassinato de Sebastio Maia, lder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Querncia do Norte, Paran

Em 7 de maio de 1999, a Polcia Militar do Paran removeu fora o lder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Sebastio Maia, conhecido como Tiozinho, e sua famlia da fazenda Rio Novo, localizada em querncia do Norte, municpio do estado do Paran. Segundo depoimentos prestados em Curitiba, ao ento Secretrio nacional de Direitos Humanos, Jose Gregori, membros da Polcia Militar maltrataram e agrediram a mulher de Sebastio Maia, sra. Adelina Ventura, durante a expulso. Adelina Ventura comentou que os policiais chegaram gritando e procurando por seu marido: O seu marido um dos lder do movimento, nis qu ele.[44]

No dia 21 de novembro de 2000, Maia morreu por causa de ferimentos de bala recebidos durante uma violenta expulso de trabalhadores do MST da fazenda gua da Prata, em Querncia do Norte. Segundo o mdico que fez a autpsia no corpo de Sebastio Maia, Lus Antnio Ricci Almeida, o pistoleiro que o matou atirou com uma arma de doze calibres a uma distncia de menos de um metro. A bala entrou pelo olho esquerdo de Maia e saiu atravs da nuca. Duas outras balas aram de raspo, machucando sua cabea.[45] O pistoleiro foi mais tarde identificado como Jos Luiz Carneiro, segurana da fazenda gua da Prata.[46]

Respondendo notcia do assassinato de Maia, a Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados informou ao ento Ministro da Justia, Jos Gregori, a existncia de uma lista de trabalhadores rurais marcados para morrer. A Comisso tambm requisitou que o ministro pressionasse as autoridades do Paran para impedir a violncia contra lderes de trabalhadores e membros do MST.[47]

De acordo com a Secretaria de Segurana Pblica, a Polcia Civil abriu um inqurito policial sobre o assassinato de Sebastio Maia, e conseguiu evidncias que levaram ao indiciamento de Jos Luiz Carneiro. A juza da Comarca, Elizabeth Kather, ordenou que Carneiro fosse mantido preso at a data de seu julgamento.[48]

A investigao tambm vinculou Jos Ivo Lopes Furquim ao assassinato de maia e levou expedio de um mandato para sua priso. Ele ainda est em liberdade, e acredita-se que esteja escondido no Mato Grosso do Sul.[49]

Em 15 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 064/02 para o Secretrio de Segurana Pblica do estado do Paran, Jos Tavares, requisitando mais informaes sobre os ltimos andamentos deste caso.

Em resposta ao ofcio, o Secretrio de Segurana Pblica informou que em 30 de outubro de 2001 o Juzo da Comarca de Loanda decidiu que Jos Luiz carneiro seria julgado por um Tribunal do Jri.

At o momento da finalizao deste relatrio o julgamento no havia ocorrido.[50]

Agresses fsicas, ameaas de morte e processo judicial indevido de Darci Frigo, advogado da Comisso Pastoral da Terra, Curitiba, paran

Darci frigo tem trabalhado como advogado e defensor dos direitos humanos com a Comisso Pastoral da Terra (T) h mais de dezesseis anos. Ele tem representado trabalhadores rurais envolvidos em dezenas de disputas de terras no Paran, em foros nacionais e internacionais, freqentemente se colocando em posio de grande risco pessoal. Alm disso, ele tem atuado como defensor da reforma agrria e tem documentado e registrado abusos e violncias cometidas contra trabalhadores rurais em relatrios da T.

Os ataques ao trabalho de Frigo comearam assim que ele comeou a trabalhar na T. Em 1986, Frigo denunciou Luciano Pizatto, um deputado federal, por utilizar dez crianas de idades entre doze e dezesseis anos de favelas da cidade de Ponta Grossa, Paran, e for-las a realizar trabalhos pesados (como limpar reas de mata) em sua propriedade rural. Como resultado, Pizatto acusou frigo de difamao e o processou judicialmente em 1987, em um caso que iria durar seis anos. Em 1993, o juiz que presidia o caso sentenciou Frigo a um ano de priso, uma pena que no poderia ser cumprida pois o crime (tipo penal) j havia prescrito.

Em 1993, oficiais da Polcia Militar do Paran ameaaram Darci Frigo, enquanto ele estava representando judicialmente o lder rural Diniz Bento da Silva, mais conhecido como Teixeirinha, dentro de uma delegacia de polcia. Mais uma retaliao oficial ao trabalho de Frigo aconteceu em 1996, quando o governador do Paran, Jaime Lerner, o impediu at o ano de 1999, de tomar posse no Conselho Estadual Permanente de Direitos Humanos do Paran.

Em 27 de novembro de 1999, a Polcia Militar do paran prendeu e deteve arbitrariamente Frigo, com mais sete membros do Movimento das Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), baseada na acusao patentemente falsa de que Frigo havia fraturado a perna do policial Argeu Xavier. A deteno arbitrria teve lugar logo depois que oficiais da polcia ilegalmente impediram Frigo, e sua colega, a advogada Andressa Caldas, de fornecer assistncia legal a membros do MST que haviam sido expulsos fora de uma praa no centro de Curitiba, Paran, durante a madrugada, numa operao de despejo que contou com mais de 1000 policiais. Os trabalhadores rurais sem terra estavam acampados na praa pblica, em protesto pela reforma agrria e contra a violncia no campo. Durante a priso, Frigo foi agredido fisicamente pelos policiais militares, que rasgaram seu terno, o algemaram e o levaram a uma Delegacia de Polcia.

O policial Xavier registrou uma queixa criminal contra Frigo por leses corporais leves no Juizado Especial. Este caso ainda est tramitando judicialmente.

Aps a operao de despejo na praa de Curitiba, a imprensa oficial do estado do Paran lanou dois boletins fornecendo supostas evidncias a respeito da culpa de Frigo no que se refere ao incidente com o policial, apesar da presena de inmeras testemunhas que atestaram a inocncia de Frigo, inclusive um bispo local. Frigo ingressou com uma ao judicial civil contra o estado do Paran por difamao, buscando compensao por danos morais sofridos em decorrncia da nota divulgada pelo governo do Paran. Em 5 de abril de 2000, o estado do Paran reconheceu formalmente que Darci Frigo no havia cometido atos de violncia, atravs de uma carta do chefe de Gabinete do Governador do Paran enviada Conferncia Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB).

Em 8 de outubro de 2001, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) publicou um desagravo oficial no qual o governador do Paran, o secretrio de Segurana Pblica, e o comandante da Polcia Militar do estado do Paran so responsabilizados por abuso de poder e por violao dos direitos dos advogados Darci Frigo e Andressa Caldas durante o conflito em Curitiba.

Ainda em fevereiro de 2000, Frigo recebeu trs ameaas de morte por telefone, em resposta a sua defesa de trabalhadores rurais. Nos trs casos, um homem no-identificado ameaou repetidamente quebrar as pernas [de Frigo] e terminar o servio se ele sasse de sua casa. Os dois ltimos dos trs telefonemas foram gravados. Na ltima ligao, o homem disse a Frigo: Faa seguro para no deixar tua famlia desamparada.

Os responsveis por essas ameaas no foram identificados, mas a referncia constante a quebrar as pernas sugerem fortemente que estas ameaas de morte esto vinculadas acusao fabricada de que Frigo quebrou a perna do policial Argeu Xavier. As autoridades federais responderam requisio de proteo da vida de Frigo apenas dois meses aps a solicitao. A proteo que foi realizada pela Polcia Federal durou apenas 45 dias.

Em 13 de junho de 2001, Darci Frigo, juntamente com o Centro de Justia Global, encaminhou informaes a respeito das ameaas de morte e da sua deteno arbitrria para a Representante Especial da ONU sobre os Defensores de Direitos Humanos, Hina Jilani.

Em julho de 2001, o Centro de Justia Global indicou frigo para o Prmio de Direitos Humanos robert F. Kennedy. Em outubro de 2001, em virtude de sua trajetria pessoal e seu compromisso com a defesa dos trabalhadores rurais, Frigo foi escolhido entre defensores de direitos humanos do mundo inteiro para receber o referido Prmio de 2001, em uma cerimnia realizada em Washington, em novembro daquele ano.

Abuso fsico, ameaas e intimidao legal contra Avanilson Alves Arajo, advogado da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares, Querncia do Norte, Paran[51]

O estado do paran, onde o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem uma forte atuao, apresenta um alto ndice de violncia no campo. Das vrias centenas de trabalhadores mortos em conflitos rurais nos ltimos anos no Brasil, um nmero significativo ocorreu no estado do paran. Somente de janeiro de 1997 a dezembro de 2000, dezesseis pessoas foram mortas em conflitos de terras e vinte outras sobreviveram a tentativas de homicdios no Paran. Em nenhum desses casos, as pessoas responsveis pelos assassinatos e tentativas de assassinatos foram condenadas. No mesmo perodo, pelo menos trinta e seis ameaas de morte contra pessoas envolvidas na defesa da reforma agrria foram registradas.

Neste contexto, Avanilson Alves de Arajo, um advogado da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (RENAP) foi vtima de intimidaes, ameaas e processos judiciais injustificados relacionados sua atuao em defesa dos trabalhadores rurais. O primeiro caso de ameaa e ataque contra Avanilson Arajo ocorreu em 26 de junho de 1999, na fazenda Rio Novo, estado do paran, e em suas vizinhanas. Naquela poca, um grupo de trabalhadores rurais sem terra estava ocupando a fazenda Rio Novo, tentando pressionar o governo a desapropriar a rea para reforma agrria. Os proprietrios da fazenda responderam chamando a Polcia Militar, que cercou a rea e ameaou expulsar os trabalhadores fora.

Buscando uma soluo pacfica, lderes do MST chamaram Avanilson Arajo para negociar com os fazendeiros. No entanto, na sua chegada, trs viaturas da polcia o foraram a parar seu veculo a 200 metros dos portes da fazenda. Sete ou oito policiais saram dos carros, agarraram Avanilson Arajo e o empurraram violentamente para dentro de um dos carros, torcendo seu brao e rasgando sua camisa, a despeito do fato dele dizer repetidas vezes a eles que era advogado dos trabalhadores e mostrar sua carteira profissional. Os policiais estavam prestes a partir com Arajo no carro da polcia quando o comandante da polcia, entrou em contato com a viatura atravs do rdio e ordenou a libertao de Avanilson Arajo. Os policiais obedeceram, jogando o advogado para fora do veculo.

Aps sua liberao, Arajo pediu a um dos policiais envolvidos na tentativa de prend-lo que se identificasse, visto que nenhum dos policiais estava usando alguma forma de identificao. Ao invs de responder, o policial ameaou Arajo com sua arma. Avanislon Arajo requisitou ao comandante no local, Cristiano Cobas, que mandasse o policial se identificar e responder por suas aes.

Em 28 de junho de 1999, dois dias aps o conflito na fazenda Rio Novo, Avanilson Arajo registrou uma queixa oficial contra trs dos policiais envolvidos: Carlos roberto de Campos, Rodiney Mota de Almeida e Gerson maurcio Zocchi.

Em 30 de junho, a polcia causou outra violenta confrontao com Arajo enquanto este ltimo auxiliava na entrega de comida, roupas e suprimentos aos trabalhadores sem terra acampados na fazenda. A polcia usou um bloqueio em frente entrada da fazenda para forar o carro de Arajo a parar quando se aproximava da propriedade. Avanilson Arajo e outros ocupantes do carro foram forados a sair do veculo e a polcia executou uma busca detalhada no automvel.

Arajo mostrou aos policiais sua carteira da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil. Ao ver suas credenciais, os policiais riram de Arajo. Quando o comandante da polcia Militar de Loanda, policial Clvis, examinou o documento, ele se recusou a devolv-lo para Avanilson Arajo e gritou com ele, dizendo que o advogado havia desrespeitado seus subordinados durante o incidente de 26 de junho.

Avanilson Arajo disse a Clvis que se recusava a discutir o caso naquelas circunstncias. Ao ouvir isso, Gerson Zocchi, um dos policiais acusados por Avanilson disse aos demais: esse babaca est querendo aparecer, e empurrou violentamente Arajo contra um carro. O policial continuou a ameaar e provocar arajo, dizendo babaca, pau no c, voc no vai ver onde isso vai parar. Quando arajo perguntou a Zocchi se ele estava fazendo uma ameaa, Zocchi pegou Arajo pelo pescoo e o estrangulou enquanto continuava a amea-lo verbalmente. Alguns dos policiais presentes tentaram separar os dois, mas o policial Clvis os impediu de interceder.

Quando Zocchi finalmente soltou Avanilson Arajo, o policial Clvis ordenou que vrios policiais escoltassem o carro do advogado de volta cidade de Querncia do Norte, deixando Arajo e o resto de seu grupo para trs. O grupo foi forado a entrar a p na fazenda Rio Novo.

Aps esse confronto, Avanilson Arajo concedeu vrias entrevistas imprensa a respeito do fato, mais notavelmente para o reprter Marcos zanata, da Folha do Paran, e para o jornalista Roberto Silva, dO Dirio, reafirmando os eventos relatados acima. Ele tambm prestou queixa contra os policiais envolvidos.

Apesar das vrias acusaes feitas por Avanilson Arajo, apenas um policial, o segundo tenente Gerson Zocchi, foi submetido a um inqurito policial (no 245/99), neste caso a respeito do fato de 30 de junho. No entanto, todas as queixas contra Zocchi foram arquivadas ao final do inqurito.

Por sua vez, o segundo tenente Zocchi registrou uma queixa alegando crime de honra contra Arajo pelas reportagens na imprensa a respeito dos abusos cometidos em junho daquele ano. A queixa de Zocchi levou abertura do inqurito no 484/2000 da polcia civil. Diferente do que ocorreu com a queixa de Avanilson contra o policial, a Delegacia de Polcia concluiu o inqurito recomendando que Arajo fosse indiciado.

At o momento da finalizao deste relatrio, o caso ainda estava sendo analisado pelo Ministrio Pblico para decidir sobre o indiciamento ou no do advogado.

Intimidao e ameaas contra Dionsio Vandresen, coordenador da Comisso Pastoral da Terra, e sua famlia, Guarapuava, Paran

Dionsio Vandresen, coordenador regional da Comisso Pastoral da Terra (T) em Guarapuava, estado do Paran, e seus filhos, Romoaldo e Jos, sofreram uma srie de ameaas de morte nos ltimos cinco anos.

A primeira ameaa contra Vandresen foi um telefonema em 26 de abril de 2000. Uma voz no-identificada ameaou Vandresen, dizendo que ele estava se metendo em tudo. A segunda teve lugar dois meses depois, por volta das 16:30 horas do dia 28 de junho de 2000. Paula Broeder, membro da T, recebeu uma ligao a cobrar da parte sul do estado do Paran. A pessoa que ligou no disse nada a princpio, mas quando Paula Broeder disse al, uma voz de homem respondeu: Desta vez te pegamos! Voc um filho da puta!. O uso da palavra filho ao invs de filha indica que o alvo da ameaa era um homem, e no uma mulher. Alguns minutos depois, a T recebeu outra chamada telefnica, mas dessa vez a pessoa do outro lado da linha no disse nada. Vandresen registrou queixa com as autoridades a respeito desses dois incidentes.

As ameaas tomaram uma forma diferente a partir de julho de 2000, quando Vandresen notou que estava sendo constantemente seguido por um Fiat branco. Este comportamento ameaador continuou sem maiores acontecimentos at as 10:00 horas do dia 10 de abril de 2001. Nesta data, Romoaldo Vandresen, filho de dezessete anos de Dionsio que estuda noite na escola Carneiro Martins estava a caminho da casa de um amigo quando dois homens num Fiat Uno branco o foraram a parar seu carro, uma Parati pertencente a Vandresen, em frente a um bar local. O ageiro do Fiat saiu do carro e apontando uma arma para Romoaldo o forou a sair do carro enquanto o motorista, tambm armado com uma pistola, dava cobertura a seu companheiro. Os dois fizeram uma busca no carro de Romoaldo, enquanto continuavam a manter este ltimo na mira de suas armas, e ento fizeram perguntas sobre o trabalho de seu pai e suas relaes profissionais. A seguir os dois libertaram Romoaldo, dizendo que ele tinha sorte porque era a pessoa errada. Entretanto eles mandaram Romoaldo avisar a Dionisio que eles iriam procur-lo e peg-lo.[52]

Um confronto similar ocorreu envolvendo Jos Vandresen, outro filho de Dionsio. Em 2 de dezembro de 2000, Jos estava dirigindo para a casa de sua namorada na mesma Parati quando uma caminhonete Toyota com vrios ageiros apareceu e tentou jog-lo para fora da estrada. Jos conseguiu escapar da caminhonete e chegar casa de sua namorada, onde estacionou o carro na garagem. Jos notou que a caminhonete deu vrias voltas em frente casa de sua namorada antes de ir embora.[53]

Os responsveis pelas ameaas podem ser vinculados Polcia Civil do Paran. Romoaldo notou que os homens que o pararam e ameaaram pareciam saber detalhes mnimos de sua vida, inclusive que ele estudava noite, e tambm notou uma insgnia da Polcia Civil na arma de um dos assaltantes. Vandresen acredita que em ambos os casos os homens armados no estavam tentando ameaar seus filhos, que no esto envolvidos na defesa dos direitos de trabalhadores rurais, mas sim que esperavam encontrar o prprio Vandresen no carro, que ele usava com freqncia at o final de 2001.

Assassinato de Luiz Carlos da Silva, lder de trabalhadores rurais, Goina, Pernambuco

Luiz carlos da Silva, lder de trabalhadores rurais, morreu de ferimentos causados por balas de revlver durante uma emboscada da qual foram vtimas cortadores de cana da Usina Santa Tereza, localizada no municpio de Goina, estado de Pernambuco, em 4 de novembro de 1998.

Durante 1998, Luiz carlos da Silva, lder do Sindicato de trabalhadores rurais de Goina, havia intermediado vrias negociaes com os proprietrios de plantaes e engenhos de cana de toda a regio nordeste do Brasil em favor dos cortadores de cana, por melhores salrios. Frustrados com a intransigncia dos proprietrios, os trabalhadores declararam greve em todo o estado, reiterando suas exigncias por melhores ordenados.

Chegou ao conhecimento das lideranas das filiais do Sindicato dos Trabalhadores Rurais nas cidades de Condado e Goina que um grupo de cortadores de cana da Usina Santa Tereza no estava participando da greve. No dia 4 de novembro, os lderes do sindicato decidiram visitar o acampamento dos trabalhadores para encoraj-los a aderir greve.[54]

Em resposta greve e s aes dos sindicalistas, o chefe de segurana patrimonial da Usina Santa Tereza, Sylvio Frota, e o comandante regional da polcia Militar, capito Marcelo Renato, bloquearam as estradas que levam fazenda Santa Tereza com um trator e algumas caminhonetes. Eles tentavam impedir que os sindicalistas tivessem o s reas em que os trabalhadores continuavam cortando cana-de-acar.

Os lderes do sindicato ento tentaram entrar na Santa Tereza a p. Ao chegar ao acampamento dos trabalhadores, eles ouviram tiros. Policiais e seguranas contratados da fazenda abriram fogo sobre os trabalhadores e os lderes sindicais. Os trabalhadores fugiram, mas os pistoleiros continuaram atirando e assam Luiz Carlos da Silva com uma bala que atingiu sua nuca. Os pistoleiros feriram outras treze pessoas. Quando o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que no estava com os trabalhadores no momento do tiroteio, tentou socorrer os feridos, foi algemado, preso e levado delegacia de polcia para prestar depoimento. A polcia tambm confiscou os veculos privados em que os feridos seriam levados ao hospital, atrasando assim severamente seu tratamento mdico, impedindo a prestao de socorro e pondo suas vidas em risco.[55]

A Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados enviou um ofcio ao Secretrio de Justia do estado de pernambuco para inquirir sobre a morte de Luiz Carlos da Silva e sobre os outros treze feridos.[56]

O inqurito policial no 054/98 foi aberto em Goina para investigar a morte de Silva e os ferimentos causados s outras treze vtimas. Com as evidncias obtidas na investigao, o Ministrio Pblico denunciou Srgio Jos de Oliveira Lemos, Jos Augusto da Silva Neto, Jos Marcelino da Silva Neto, Rosinaldo Chagas Dantas, ngelo Alberto dos Santos, Sebastio Augustos Ferreira, Dilson Cosmo do Nascimento e Ccero Vieira da Silva, entre outros, por sua participao no tiroteio.[57]

Em 15 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 057/02 para o Dr. Romero de Oliveira Andrade, procurador-geral de Justia do Estado de Pernambuco, requisitando maiores informaes sobre os ltimos andamentos deste caso.

At o momento da finalizao deste relatrio, o Centro de Justia Global no havia recebido resposta a este ofcio.

Assassinato de Ccero de Lucas de la Pena, defensor dos direitos de trabalhadores rurais, Xexu, Pernambuco

Em 12 de junho de 1998, Ccero de Lucas de la Pena, presidente do partido dos Trabalhadores da cidade de Xexu, no estado de Pernambuco, foi morto a tiros. Seu corpo foi encontrado dentro de seu carro, abandonado nas redondezas de palmares. Ccero Lucas de la Pena havia sido um proeminente defensor dos trabalhadores em todo o distrito de Palmares, na cidade de Xexu. Pouco antes de sua morte, Ccero de la Pena havia feito uma campanha pela indenizao de trabalhadores dispensados aps o fechamento de uma refinaria de acar na fazenda e engenho de acar santa terezinha, prxima dali. Alm disso, Ccero de la Pena tentou conseguir penso por invalidez para trabalhadores que ficaram incapacitados em virtude de acidentes envolvendo maquinaria primitiva de processamento de cana na fazenda. O ativismo de Ccero de la Pena engendrou animosidade entre os proprietrios da fazenda Santa Terezinha, assim como entre outros fazendeiros e o prefeito de Xexu, Marco Antnio Gonalves.

Depois do assassinato, a Rede estadual de Entidades pelos Direitos Humanos de Pernambuco (REDEDH) informou a seus membros que acreditava que a morte de Ccero de la Pena fosse parte de um padro de violncia contra ativistas trabalhistas, perpetrada pela polcia e por milcias privadas contratadas pelos proprietrios de terras.[58]

Em 14 de julho de 1998, Valdeci Vieira da Silva e dois outros indivduos foram presos e acusados da morte de Ccero de la Pena.[59]

Em 15 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 040/02 para rica Lopes Csar, promotora de Justia da Terceira Promotoria da Comarca de Palmares, requisitando maiores informaes sobre os ltimos andamentos deste caso.

At o memento da finalizao deste relatrio, o Centro de Justia Global no havia recebido resposta a este ofcio.

Assassinato de Fulgncio Manuel da Silva, Coordenador do Movimento dos Atongidos por Barragens, Santa Maria da Boa Vista, pernambuco

Fulgncio Manuel da Silva, 61 anos de idade, membro da Coordenao Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Plo Sindical dos Trabalhadores Rurais do Submdio So Francisco, morreu de ferimentos causados por arma de fogo em 15 de outubro de 1997. Fulgncio da Silva havia sido presidente local do Partido dos Trabalhadores, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), e tambm havia sido candidato a vice-prefeito de Santa maria da Boa Vista.[60]

Em 15 de outubro de 1997, s 17:00 horas, um rapaz de 17 anos, iniciais S.R.T.A., atirou em Fulgncio da Silva enquanto este usava um telefone pblico na Agrovila 15 do Projeto de Desenvolvimento Carabas, no municpio de Santa Maria da Boa Vista.[61] Fulgncio da Silva foi levado para o hospital e internado em condies crticas. Ele morreu mais tarde naquele mesmo dia.

Em 25 de outubro, S.R.T.A. foi preso por sua ligao com o assassinato. Em seu depoimento, ele confessou ter atirado em Fulgncio da Silva e tentou justificar seu crime ao dizer que estava bbado no momento. Ele tambm confessou ter cometido outro assassinato, antes deste, no mesmo local.[62]

Algumas fontes ligaram a morte de Fulgncio a seu ativismo social, em particular seus esforos para combater a violncia no chamado Polgono da Maconha e tambm seu trabalho na proteo dos direitos das famlias deslocadas pela enchente causada pela represa de Itaparica.[63] O trabalho de Fulgncio da Silva em denunciar trfico de drogas em reas destinadas para a reforma agrria provocou ameaas de morte anteriores ao crime.[64]

A morte de Fulgncio da Silva chamou a ateno do pblico e da mdia para a violncia contnua na regio do Polgono da Maconha. Em 28 de outubro de 1997, a Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados requisitou que o Secretrio de Segurana Pblica de pernambuco e o Procurador-geral de Justia do estado de Pernambuco investigassem completamente o crime.[65]

As autoridades j haviam sido avisadas da criminalidade crescente na regio do Polgono da Maconha assim como das ameaas de morte que lderes sindicais e polticos vinham recebendo. Em abril de 1997, seis meses antes da morte de Fulgncio Manuel da Silva, uma comisso da Cmara dos Deputados organizou um encontro pblico na regio. Como resultado deste encontro, esta comisso enviou um relatrio de cerca de 100 pginas para os governadores dos estados de Pernambuco, Cear, Alagoas e Piau, e tambm para o Ministro da Justia e para o Presidente da Repblica.

Em 15 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 030/02 para Olga Cmara, Delegada Chefe da Polcia Civil em Pernambuco, requisitando maiores informaes sobre os progressos deste caso.

Em 28 de fevereiro de 2002, a delegada Olga Cmara respondeu ao Centro de Justia Global relatando que S.R.T.A. havia sido preso e apresentado ao Ministrio Pblico de Santa maria da Boa Vista.[66]

Agresses fsicas e deteno arbitrria contra Andressa Caldas, advogada da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares, Curitiba, Paran

Andressa Caldas advogada e participa da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (RENAP). Andressa Caldas representava judicialmente vrias famlias trabalhadores rurais envolvidos em aes possessrias e criminais no estado do Paran. Atualmente, Caldas coordenadora jurdica do Centro de Justia Global.

Andressa Caldas foi detida arbitrariamente, sofreu agresses fsicas e foi impedida do uso de suas prerrogativas profissionais de advogada por parte de policiais militares, quando juntamente com seu colega advogado Darci Frigo tentava assessorar os trabalhadores rurais que representavam judicialmente. , durante uma operao de despejo realizada de madrugada em uma praa de Curitiba.

Na madrugada do dia 27 de novembro de 1999, o Governador do Estado do Paran, Jaime Lerner, determinou que a Polcia Militar realizasse uma mega-operao armada para despejar cerca de 800 trabalhadores rurais sem-terra, que estavam acampados na Praa Nossa Senhora Salete, no Centro Cvico de Curitiba, capital do Paran. Os trabalhadores encontravam-se acampados nesta praa h quase seis meses, reivindicando solues para o problema agrrio no Paran, como o fim da violncia por parte da polcia e milcias privadas.

Andressa Caldas era advogada dos trabalhadores na ao de reintegrao de posse que o Estado do Paran e o Municpio de Curitiba haviam proposto contra os trabalhadores. Assim que soube da operao que estava sendo realizada durante a madrugada e que a polcia militar havia cercado toda a praa, Andressa Caldas e Darci Frigo se dirigiram imediatamente para o local, para assessorarem juridicamente as famlias, que estavam sendo despejadas ilegalmente durante a madrugada. Chegando l, apresentaram suas carteiras profissionais e se identificaram como procuradores judiciais das famlias acampadas.

De forma agressiva e exaltada, os policiais militares empurraram os requerentes e aos gritos afirmaram que ningum entraria na rea, pois o local estava congelado (segundo o jargo policial). Como o impedimento ao o aos seus clientes configura violao das prerrogativas profissionais do advogado, Caldas e Frigo solicitaram a presena imediata do comandante da Polcia Militar.

Caldas foi seguida por policiais, que aos empurres impediam o o da advogada ao local. No momento em que chegava prximo ao local onde estaria o comandante, Andressa Caldas foi detida e recebeu ordem de priso dos prprios policiais militares, sem qualquer justificativa, sendo levada fora para o interior de uma caminhonete da Polcia Militar.

Durante todo o perodo em que Andressa Caldas ficou detida, no lhe foi dada qualquer explicao, nem apresentado qualquer documento judicial.

ado algum tempo, um policial que no se identificou afirmou que Caldas poderia sair da caminhonete. No entanto, a proibio arbitrria de o ao local onde se encontravam os trabalhadores permanecia.

Enquanto isso, um excessivo contingente policial obrigava homens, mulheres e crianas a entrarem em nibus, apenas com a roupa do corpo, sendo impedidos de levarem inclusive sues pertences pessoais e documentos. Tambm os barracos, plantaes (horta comunitria) foram destrudos pelos policiais.

Ao tentar se comunicar com seus clientes, Frigo foi agredido e algemado pelos policiais, sendo posteriormente detido e levado para a Delegacia, sob falsa acusao de agresso fsica a um soldado.

Andressa Caldas e Roberto Baggio (coordenador estadual do MST) tentaram ingressar na praa onde estavam concentrados os trabalhadores, mas foram agredidos fisicamente pelos policiais.

Somente aps o despejo ter sido consumado, que Andressa Caldas, juntamente com jornalistas e ativistas de direitos humanos ali presentes puderam ingressaram na praa. Quando tentavam salvar e guardar os pertences pessoais dos trabalhadores, deixados no local, os policiais militares retornaram ao local com tropas, enfurecidos e descontrolados.

Neste momento, enquanto tentava intermediar uma negociao sobre o destino dos objetos e documentos dos trabalhadores que foram forados a deixar o local, Andressa Caldas foi brutalmente empurrada por um dos soldados, fato que gerou sua queda sobre destroos dos barracos destrudos e ferimentos em suas costas.

A advogada foi levada para o Instituto Mdico Legal (IML). Neste local, Andressa Caldas realizou exame de corpo delito no Instituto Mdico Legal (IML), cujos laudos atestam os ferimentos causados pela ao policial[67].

Em 29 de novembro de 1999, Andressa Caldas prestou declaraes e solicitou providncias Promotoria de Defesa dos Direitos e Garantias Constitucionais[68]. Alm disso, Caldas e Frigo ingressaram na Ordem dos Advogados do Brasil com um pedido de representao[69] contra o Governador do Paran Jaime Lerner, o Secretrio de Segurana Pblica Candido Martins de Oliveira e o Comandante da Polcia Militar Darci Dalmas, em virtude das arbitrariedades, do abuso de poder e das violaes contra direitos constitucionais do advogado.

Em 08 de outubro de 2001, a Ordem dos Advogados do Brasil Seo Paran publicou um desagravo pblico em favor de Caldas e Frigo e contra o governador do Estado do Paran Jaime Lerner, o ento Secretrio de Segurana Pblica Cndido Martins de Oliveira e o Comandante Geral da Polcia Militar do Paran, reconhecendo que tais autoridades cometeram abuso de poder e violaes aos direitos dos advogados durante o conflito em Curitiba. A deciso da OAB dever ser publicada nos principais jornais do Estado do Paran.

Ameaa de morte ao padre Wilson Zanatta, membro da Comisso Pastoral da Terra, Tupanciretr, Rio Grande do Sul

Por vrios anos, o padre Wilson zanatta, membro da Comisso Pastoral da Terra (T), tem sido uma figura proeminente no movimento de reforma agrria no estado do Rio grande do sul, e tem orientado aconselhado inmeros grupos de trabalhadores sobre estratgia e organizao. No comeo de 2001, proprietrios de terras da rea comearam uma campanha de severas sanes contra sobre os trabalhadores rurais, contratando milcias privadas para expuls-losar trabalhadores dase terras ocupadas ou em disputa e para intimidar os defensores da reforma agrria. Por volta de outubro, confrontos violentos entre milcias e trabalhadores colocaram as vidas de defensores dos trabalhadores, como Zanatta, em risco.

Em 20 de outubro de 2001, por volta das 8:00 horas da manh, Zanatta estava se dirigindo em seu carro fazenda Estncia Grande, uma rea ocupada por ativistas do Movimento das Trabalhadoresdos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), perto da cidade de Tupanciretr.[70] Cerca de uma semana antes, um grupo de trabalhadores sem terra havia ocupado a propriedade, levando um juiz a emitir uma ordem de despejo dos trabalhadores acampados. Zanatta estava a caminho da fazenda para facilitar o cumprimento da ordem judicial por parte dos trabalhadores. No caminho, uma caminhonete Chevrolet cor de vinho, placa IJT3750, de Tupanciretr, bateu no carro de zanatta, danificando um dos lados. Um homem branco de meia-idade, com cabelos pretos e curtos, vestindo bombachas e botas, saiu da caminhonete, se aproximou do carro de Zanatta e perguntou aonde ele estava indo. zZanatta disse que estava indo para a rea ocupada pelo MST na fazenda Estncia Grande. O homem replicou: Pois ento faa a volta e retorne rapidamente, seno eu te crivo de balas. O homem parecia nervoso, e repetiu a ameaa te crivo de balas trs vezes. Ele ento disse que tinha de pegar algo em seu carro, que Zanatta suspeitou que fosse um revlver.

Zanatta fez a volta e retornou para sua casa. Aps saber do incidente, os trabalhadores acampados se recusaram a sair da fazenda Estncia Grande sem a presena de Zanatta. Vrias horas depois, Zanatta conseguiu uma escolta policial at a fazenda, e negociou a sada dos trabalhadores. Quando voltou a Tupanciretr, ele registrou na delegacia local um boletim de ocorrncia sobre o incidente.

Em decorrncia da tenso que se instalou na regio, a ordem religiosa qual Zanatta pertence decidiu transferi-lo para outra rea. A ordem religiosa de Zanatta tambm requisitou que as autoridades locais investigassem as ameaas a Zanatta e tomessam tomassem medidas para garantir sua segurana.

Em 23 de outubro de 2001, o Frum nacional pela Reforma Agrria e Justia no Campo escreveu ao presidente Fernando henrique Cardoso e vrios de seus ministros, assim como para o governador do estado do Rio Grande do Sul, denunciando a violncia rural e exigindo aes por parte das autoridades federais e estaduais para combater o problema. O Frum Nacional recomendou a criao de uma fora policial especial para investigar os violentos crimes contra trabalhadores rurais.

Em 29 de outubro de 2001, o Centro de Justia Global registrou informaes sobre o caso de Zanatta com a relatora Representante Representante Especial das Naes Unidas ONU sobre a Situao dos defensores dose Direitos Humanos, Hina Jilani,[71] e com a Relatora Especial das ONUNaes Unidas sobre Execues Extrajudiciais, Sumrias eou Arbitrrias, Asma Jahangir.[72]

A Comisso de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assemblia Legislativa do estado do Rio Grande do Sul tambm requisitou que as foras policiais locais conduzissem uma rigorosa investigao e tomassem todas as medidas apropriadas para proteger Zanatta.[73]

Em 31 de outubro de 2001, a CCDH e a T, preocupadas com a ameaa a Zanatta e a contnua presena de milcias contratadas na regio, encaminharam uma petio no Public Prosecutor Ministrio Pblico do estado do Rio Grande do Sul, requisitando uma investigao sobre o caso de Zanatta e a punio dos responsveis por crimes violentos na rea.

Em 13 de novembro de 2001, a CCDH enviou uma carta requisitando informaes sobre o progresso da investigao pelo Office of the Public prosecutor procurador-geral de Justia do estado do Rio Grande do Sul.[74] Em resposta, Mauro Henrique Renner, sub-procurador-geral para Assuntos Institucionais, informou que a investigao do caso seria conduzida pela promotora da Comarca de um funcionrio daquele escritrio fez uma declarao indicando que a diviso de So Jernimo, Maria Augusta Menz. do Office of the Public Prosecutor iria supervisionar a investigao do caso Zanatta.[75]

Em 19 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou a correspondncia oficial JG/RJ no 077/02 para o sub-procurador-geral Mauro Henrique Renner, Institutional Issues Liaison for the Public prosecutor do estado do Rio Grande do Sul, requisitando maiores informaes sobre os recentes progressos deste caso.

At o momento de finalizao deste relatrio, o Centro de Justia Global no havia recebido uma resposta.

Assassinato de Manoel Maria de Souza Neto, lder sindical e integrante do MST, Suzano, So Paulo

Em 6 de outubro de 2000, Manoel Maria de Souza Neto , 43 anos, membro do Movimento das Trabalhadoresdos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Partido dos Trabalhadores, foi brutalmente assassinado enquanto dormia em sua casa em suzano, com dois tiros de uma arma calibre 32, e sua garganta foi degolada. Manoel defendia as causas dos trabalhadores, o que o fez ganhar a inimizade de proprietrios de terras da regio, e se recusava a ouvir os conselhos de amigos para que sasse de Suzano depois de haver recebido numerosas ameaas de morte.

No dia 24 de outubro de 200, Anderson arajo dos santos (Arajo), conhecido como Pelado, foi preso como principal suspeito do assassinato de Manoel. O departamento de Homicdios e de Proteo Pessoa da pPolcia Civil do estado de So Paulo abriu o iInqurito pPolicial no 908/00 para investigar o assassinato.[76]

Em 4 de abril de 2001, Arajo prestou depoimento na Diviso de Homicdios da polcia Civil em que negou qualquer envolvimento no assassinato.[77]

Em 14 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 034/02 para Ricardo Guanais Domingues, Delegado Titular de Diviso de Homicdiosdistrict Police Chief, requisitando maiores informaes sobre os progressos recentes deste caso.

At o momento de finalizao deste relatrio, o Centro de Justia Global no havia recebido uma resposta.

Ameaas de morte a Jos Carlos do Nascimento, ativista de direitos humanos, Pontal do Paranapanema, So Paulo

O Pontal do Paranapanema uma das reas mais pobres do estado de So paulo. Disputas de terras entre proprietrios rurais da Unio Democrtica Ruralista (UDR) e membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tm dado ao pontal do Paranapanema uma reputao de lugar de conflitos, com freqncia violentos.

Nos ltimos anos, membros do MST tm ocupado inmeras fazendas improdutivas nas redondezas do Pontal do paranapanema. Por muitos anos, o governo deteve a maior parte das terras na regio do Pontal. Na segunda metade do sculo XX, os ttulos de muitas destas terras foram transferidos para particulares, freqentemente por meio de falsificao de documentos. Em vista da natureza suspeita destes documentos, o MST, ativo em todo o Brasil, escolheu concentrar uma campanha de ocupaes de terras no estado de So paulo, na regio do Pontal.[78] A campanha de ocupao do MST tem provocado uma resposta violenta dos proprietrios de terras e de autoridades policiais, criando uma atmosfera tensa para defensores de direitos humanos.

Jos Carlos do Nascimento, 39 anos, um proeminente ativista de direitos humanos no Pontal do paranapanema. Nascimento presidente do centro de Direitos humanos e Cidadania (CDHC) e tambm secretrio de Negcios Jurdicos de dois diferentes sindicatos locais: o Sindicato dos Condutores de Veculos Rodovirios e Anexos (SCVRA) e o Sindicato dos Trabalhadores Domsticos (STD). Nascimento tambm tem um programa de rdio semanal sobre assuntos de direitos humanos, chamado Cidadania.

Nos ltimos anos, Nascimento tem sido uma voz crtica sobre o uso da tortura pela polcia Civil, fazendo denncias ao Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), e para o pblico, em seu programa de rdio. Nos casos que ele denunciou, as autoridades prenderam trabalhadores locais e os submeteram ao pau-de-arara, uma forma de tortura na qual a polcia pendura a vtima numa barra e aplica choques eltricos, espancamentos e tortura com gua, como afogamento.

Em 1998, nascimento comeou a receber ameaas de morte e tambm contra a sua famlia por causa de seu trabalho em direitos humanos. Em 28 de agosto de 1998, por volta das 19:00 horas, Nascimento recebeu um telefonema annimo em sua residncia. A mulher de Nascimento atendeu o telefone; a pessoa do outro lado da linha no se identificou e pediu para falar com Nascimento. Quando nascimento atendeu o telefone, ele ouviu uma voz masculina dizer: Voc est se metendo em muita coisa na cidade e pode se dar mal, pode at morrer.[79] Nascimento ouviu vrios barulhos de fundo durante a ligao, e concluiu que a mesma estava sendo feita de um telefone pblico.

Em resposta a esta ameaa, Nascimento registrou queixa nao Departamento Delegacia de Polcia de Santo Anastcio (boletim de ocorrncia no 443/98), que abriu o inqurito policial no 129/98 para investigar o incidente. Nascimento tambm contou aos investigadores de polcia que em 11 de setembro de 1998, pessoas no-identi9ficadas invadiram sua casa durante a noite e deixaram vrias coisas em desarranjo, mas no levaram nada. Ele acrescentou que na poca no estava vivendo em sua casa porque a mesma estava sendo reformada.[80] Apesar dos depoimentos de Nnascimento, em 9 de novembro de 1998, o Ministrio Pblico arquivou o inqurito.[81]

Quase um ano depois, Nascimento comeou a receber mais ameaas. Entre setembro e novembro de 1999, Nascimento recebeu telefonemas no escritrio do SCVRA nos quais a pessoa do outro lado da linha respirava pesadamente e depois desligava. Nascimento tambm recebeu tais telefonemas depois do horrio comercial no escritrio, onde ele com freqncia trabalhava at tarde. No final de outubro de 1999, as ameaas comearam a chegar pelo correio. Uma carta dizia que tomasse cuidado com as coisas que faz, pois iria morrer. A carta continha uma ameaa velada filha de Nascimento, que era, dizia a carta, grandinha e poderiam fazer qualquer coisa com ela e acrescentava que preto tem que morrer mesmo, direcionando a ameaa a Nascimento, que afro-brasileiro. A carta estava assinada Klu Klux Klan [sic]. Nascimento recebeu mais trs cartas com ameaas similares, todas assinadas Klu Klux Klan.[82]

Ao tomar conhecimento das ameaas, em 29 de outubro de 1999, a Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados enviou uma carta ao delegado de santo Anastcio, Geraldo Jos Takuchi, solicitando que ele tomasse as medidas necessrias para esclarecer a responsabilidade por estas ameaas.[83]

As ameaas continuaram. Aps 1o de novembro de 1999, Nascimento comeou a receber correspondncias em um envelope em branco com mensagens datilografadas coladas ao papel dizendo: Jos Carlos, o homem dos direitos humanos vai morrer.[84]

O Departamento de polcia da Santo Anastcio abriu o inqurito policial no 205/99 para investigar as ameaas de morte feitas a Nascimento.[85] Segundo o jornal local, Jornal Regional, em 28 de janeiro de 2000, enquanto a investigao estava em curso, pessoas no-identificadas invadiram a sede do SCVRA, aparentemente procurando documentos. Nascimento, que estava ando a noite l, ouviu um barulho mas no sabia o que estava acontecendo.[86] Naquela mesma noite, Carlos Jos Gonalves Rosa, advogado do CDHC e do SCVRA, recebeu ameaas de morte por telefone em sua residncia.[87]

Em 9 de fevereiro de 2000, a Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados tomou maiores medidas, e enviou duas cartas, uma para o secretrio de Segurana Pblica do estado de So Paulo, Marco Vincio Petreluzzi, e outra para o presidente da Comisso de Direitos Humanos da Assemblia Legislativa do estado de So Paulo, Renato Simes, expressando pesar pois em resposta sua correspondncia enviada em outubro de 1999, ao Departamento Delegacia de Polcia de Santo Anastcio itiu que no poderia garantir a segurana de Nascimento ou prosseguir na investigao das ameaas.

Por fim, os esforos de Nascimento e da Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados no produziram resultados concretos. Segundo Nascimento, os dois inquritos policiais foram arquivados por falta de provas para identificar os responsveis pelas ameaas.

Quando contado pelo Centro de Justia Global durante o processo de elaborao deste relatrio, Nascimento ainda no sabia que pessoa ou grupo havia estado ameaando sua vida por telefone e correspondncia nos trs anos anteriores.

Em 15 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 048/02 para o Dr. Jos Geraldo Brito Filomeno, Public prosecutorprocurador-geral do estado de So Paulo, requisitando maiores informaes sobre os progressos recentes deste caso.

At o momento de finalizao deste relatrio, o Centro de Justia Global no havia recebido uma resposta.

Ameaas de morte a Joo de Deus Soares de Lira e Moiss de Castro Ramos, integrantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Campos Lindos, Tocantins

Em 2 de dezembro de 1999, policiais ameaaram ass Joo de Deus Soares de Lira (Soares) e Moiss de Castro Ramos (Ramos), diretores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) em Campos Lindos, Tocantins. Soares e Ramos vinham formando oposio aberta prtica de grilagem, ou falsificao de ttulos de terras, pela qual pessoas obtm ttulos ou aumentam o tamanho de suas propriedades ao forjar escrituras de terras pblicas. Soares e Ramos acusaram o prefeito de Campos Lindos, ligado a proprietrios de terras, de mandar policiais, junto com um matador de aluguel bem conhecido, para mat-los.[88]

No dia do incidente, Soares estava trabalhando no escritrio do STR quando um colega o avisou que vrios policiais e o matador de aluguel, Getlio Vieira Reis, junto com vereadores da Cmara Municipal de Campos Lindos, estavam procurando por ele. Soares soube que o prefeito e um nmero de vereadores haviam recentemente angariado R$10.000,00 em um evento em uma escola local. O dinheiro era supostamente para gastos com educao, mas Soares acredita que na verdade pretendiam com esse dinheiro custear uma operao da polcia para assassin-lo e tambm ass Ramos. Soares ento deixou o escritrio do STR, e em seu caminho para casa notou que uma caminhonete seguia seu carro. Soares se escondeu na mata e viu vrios policiais e Vieira dentro da caminhonete quando esta ou por ele.

No conseguindo localiza-lo, os policiais e Vieira foram para uma fazenda eu costumava freqentar. Quando o proprietrio da fazenda perguntou aos policiais o motivo legal pelo qual eles tentavam capturar Soares, a polcia respondeu que Soares no era suspeito de crime algum, e que no havia uma ordem judicial para sua captura, mas que o prefeito simplesmente queria Soares sob custdia.

Os policiais se dirigiram ento para a casa de Moiss de Castro Ramos, e minutos depois arrombaram a porta da casa de Ramos, com armas em punho. Ramos no estava em casa, mas os policiais e o matador de aluguel surpreenderam a mulher de Ramos, que na poca estava grvida de oito meses. O choque dessa entrada sbita fez a mulher de Ramos ar mal e ela teve de ser internada em um hospital.

Soares e Ramos conseguiram escapar da captura, mas preocupada com a segurana dos dois homens a Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados requisitou que autoridades do estado de Tocantins s autoridades estaduais que tomassem medidas especiais.[89] Em 24 de abril de 2000, o Public Prosecutorprocurador-geral de Justia do estado deo Tocantins enviou encaminhou o caso para oo Ministrio Pblico Regional Prosecutor da Comarca de Goiatins.[90]

Em 14 de fevereiro de 2002, o Centro de Justia Global enviou Ofcio JG/RJ no 033/02 para Jaqueline Adorno de la Cruz Barbosa, Director of the Office of the Public Prosecutorprocuradora-geral de Justia do Tocantins, requisitando maiores informaes sobre os recentes progressos deste caso.

At o momento de finalizao deste relatrio, o Centro de Justia Global no havia recebido uma resposta.


[1] Justia Global, Humans Rights in Brazil, 2000 (Rio de Janeiro: Justia Global), 2001, p. 26.

[2] Ibid., p. 5.

[3] No Brasil, os veredictos do jri no precisam ser unnimes.

[4] Contradies marcam sentena de Rainha, Folha de S. Paulo, 22 de junho de 1997.

[5] Brazil: Blatantly unfair trial of leader of landless rural workers, Anistia Internacional On-line, http://www.amnesty.org/ai.nsf/print/amr 190151997.

[6] Human Rights Watch: World Report 1998, (New York: Human Rights Watch), 1997, p. 95.

[7] Advogado diz ter dados para liberar acusado de ter baleado Jos Rainha, Folha de S. Paulo, (So Paulo), 23 de janeiro de 2002.

[8] Jos rainha baleado no Pontal do Paranapanema, Folha de S. Paulo, (So Paulo), 20 de janeiro de 2002.

[9] Comunicao por correio eletrnico do escritrio de Direitos Humanos do MST para o Centro de Justia Global, 23 de janeiro de 2002.

[10] Crimes anteriores no foram solucionados, O Popular (Goinia), 7 de abril de 1998.

[11] Ibid.

[12] Ofcio no 378/98P da Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados para o Secretrio de Segurana Pblica do Estado de Gois, Jovenal Gomes de Carvalho, 14 de abril de 1998.

[13] Sem terra pode ter sido vtima de emboscada, O Popular (Gois), 7 de abril de 1998.

[14] Relatrio da Delegacia estadual de Homicdios da Polcia Civil de Gois, 20 de maio de 1998.

[15] Correspondncia eletrnica de Gilberto da Silva Ferro para o Centro de Justia Global, 20 de fevereiro de 2002.

[16] Ofcio 084/2002/DPJCAB/MT da polcia Civil de gua Boa para o Centro de Justia Global, 15 de fevereiro de 2002, em resposta ao Ofcio JG/RJ no 023/02do Centro de Justia Global para Benedito Xavier de Souza Corbeline, Secretrio de Segurana Pblica do estado de mato Grosso, enviada em 14 de fevereiro de 2002, requisitando maiores informaes sobre o caso.

[17] Mandato no 23/00 para priso preventiva de Robson de Farias Pires, emitido pelo juiz Pedro Sakamoto, Frum da Comarca de gua Boa, 22 de agosto de 2000.

[18] Informaes sobre este incidente foram fornecidas pela Diocese de Uberlndia e por uma comunicao eletrnica do Servio Franciscano por Justia, Paz e Ecologia Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados, 27 de setembro de 1998.

[19] Ibid.

[20] Ofcio no 900/98 da Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados para o governador de Minas Gerais, Eduardo Brando Azeredo, e o Procurador Geral de Justia, Dr. Epaminondas Fulgncio Neto, 29 de setembro de 1998.

[21] Frei Henri tem sido sujeito a outros tipos de ameaas, no relatadas aqui, ligadas a seu trabalho no sul do Par.

[22] Correspondncia eletrnica do frei Henri para o Centro de Justia Global, em 1 de maro de 2002, em resposta nossa solicitao de informaes sobre a situao atual de seu caso.

[23] Correspondncia eletrnica enviada pela Comisso de direitos Humanos da Cmara dos Deputados para o Centro de Justia Global, 23 de novembro de 2000.

[24] Violncia contra trabalhadores rurais no sul e sudeste do Par, relatrio do Frum de Organizaes Pela reforma Agrria do sul e sudeste do par, 4 de outubro de 2001.

[25] Ofcio no AQA/0656/01 da CONTAG (assinada por Manoel Jos dos Santos, Maria da Graa Amorim e Hilrio Gottselig) para a Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados, 10 de julho de 2001.

[26] Sem terra so mortos a tiros no sul do par, Correio Braziliense, (Braslia), 28 de maro de 1998.

[27] Depoimento de Maria Zilda Pereira Alves Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado, Ministrio Pblico Federal no Par, 3 de abril de 1998.

[28] Depoimento de Maria Zilda Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos deputados, 2 de abril de 1998. Maria Zilda tambm testemunhou que Arajo havia naquele dia reclamado com a polcia que eles no estavam respeitando um acordo prvio segundo o qual os sem terra no seriam expulsos sem uma ordem expressa do governo do estado.

[29] Ibid.

[30] Ibid.

[31] Depoimento de Maria Zilda Procuradoria Federal dos Direitos do Cidado, 3 de abril de 1998, op. cit. Maria Zilda testemunhou que Arajo disse: A gente est querendo negociar com vocs para a gente ficar aqui no galpo do colgio, s para acampar o nosso povo, porque vai gente nossa ando mal, e j muito tarde... estou garantindo para vocs que no vamos voltar l.

[32] Ibid.

[33] Sem terra so mortos a tiros no sul do Par, op. cit.

[34] Mais dois sem terra so assassinados no sul do Par, O Globo, (Rio de Janeiro), 28 de maro de 1998.

[35] Relatrio do Ministrio Pblico do estado do Par, 2 de abril de 1998.

[36] Documento 0145/98 da Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados, 2 de Abril, 1998

[37] Ofcio no 325/98P da Comisso para Jos de Jesus Filho, ministro interino da Justia, 2 de abril de 1998.

[38] Ofcio no 344/98/MP/PGJ do Ministrio Pblico do Par para a Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados, 2 de abril de 1998. Os nomes dos promotores eram Jos Godofredo dos Santos e Regina Luiza Taveira da Silva.

[39] As informaes sobre este caso vm de Ofcio no 371/96 da Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) para o deputado Nilmrio Miranda, presidente da Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos deputados, em 21 de maio de 1999, e de um comunicado imprensa realizado pela Federao dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGRI) e pela Comisso Pastoral da Terra (T), Pistoleiros assassinam presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Parauapebas, 20 de maio de 1999.

[40] Pistoleiros assassinam presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Parauapebas, op. cit.

[41] Ofcio no 371/96 para o deputado Nilmrio Miranda, op. cit.

[42] Ofcio no 463/99 do deputado Nilmrio Miranda ao Dr. paulo Celso pinheiro sette Cmara, Secretrio de Segurana Pblica do estado do Par, a Dra. rosa Marga Rothe, ouvidora do Sistema de Segurana Pblica do Par e ao Dr. Jos Godofredo Pires dos Santos, promotor de Justia da Comarca de Parauapebas, 26 de maio de 1999.

[43] Ofcio JG/RJ no 027/02 do Centro de Justia Global ao Secretrio Sette Cmara, 8 de fevereiro de 2002.

[44] Sem terra assassinado no Paran, comunicado imprensa da Comisso Pastoral da Terra, 21 de novembro de 2000.

[45] Ibid..

[46] Memorando no 071 da Secretaria Nacional de Segurana Pblica, 1o de janeiro de 2001.

[47] Ofcio 899/00P da Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados para o ministro da Justia, 26 de novembro de 2000.

[48] Memorando no 071 da Secretaria Nacional de Segurana Pblica, op. cit.

[49] Ofcio no 814/00 da Secretaria do Estado de justia e Cidadania do Paran para o deputado Marcos rolim, presidente da Comisso de Direitos Humanos da Cmara dos Deputados, 6 de dezembro de 2000.

[50] Telefax no 009/02, da secretaria de Segurana Pblica do estado do Paran, Curitiba, para o Centro de Justia Global, Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2002.

[51] As informaes sobre este caso foram fornecidas ao Centro de Justia Global por Avanilson Alves Arajo numa srie de entrevistas por telefone em maio e junho de 2001, uma entrevista realizada pessoalmente em 2 de maio de 2001 em Curitiba e um resumo do caso fornecido por Arajo. Alm disso Arajo forneceu ao Centro de Justia Global cpias de documentos oficiais citados aqui.

[52] Depoimentos prestados por Romoaldo Vandresen e Dionsio Vandresen segunda promotoria de Justia da Comarca de Guarapuava, Paran, 10 de abril de 2001.

[53] Ibid.

[54] Ofcio no 984/98 da Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados para o secretrio de Justia de Pernambuco, roberto franca Filho, 23 de novembro de 1998.

[55] Ofcio no AAS/1.050/98 da Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) ao presidente da Comisso de Trabalho da Cmara Federal, Pedro Henry, 5 de novembro de 1998.

[56] Ofcio no 984/98 da Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados para o Secretrio de Justia do estado de Pernambuco, Dr. Roberto Franca Filho, 23 de novembro de 1998.

[57] Inqurito Policial no 054/98, Goina, Pernambuco, 5 de maro de 1999.

[58] Correspondncia do secretariado executivo da REDEDH para os membros da REDEDH, 12 de junho de 1998.

[59] Ofcio no 051/98 de rica Lopes Csar, Promotora de Justia da Comarca Palmares para Jos Tavares, Procurador-geral de Justia de Pernambuco, 7 de julho de 1998.

[60] Sindicalista tem homenagem em funeral, Jornal do Comrcio (Recife), 18 de outubro de 1997, p. 8.

[61] Depoimento prestado por S.R.T.A. na presena do juiz do distrito de Santa Maria da Boa Vista, 29 de outubro de 1997.

[62] Relatrio oficial do Departamento de Polcia de santa maria da Boa Vista, 26 de outubro de 1997.

[63] Sindicalista sofre atentado, Dirio de Pernambuco, 17 de outubro de 1997, p. 29, e Vtima de violncia anunciada, Dirio de Pernambuco, 18 de outubro de 1997, p. 35.

[64] Comunicado imprensa, Gabinete do deputado Fernando Ferro, do Partido dos Trabalhadores, 16 de outubro de 1997.

[65] Ofcios no 1169/97P e 1170/97P da Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados para o Secretrio de Segurana Pblica do estado de Pernambuco e Procurador-geral de Justia do estado de Pernambuco, 28 de outubro de 1997.

[66] Ofcio no. 207/2002- GAB da Delegada Chefe da Polcia Civil em Pernambuco, Olga Cmara, para o Centro de Justia Global, 28 de fevereiro de 2002.

[67] Laudo de Leses Corporais n 14791/95, do Instituto Mdico Legal do Estado do Paran, 27.11.99.

[68] Termo de declaraes prestado por Andressa Caldas, em 29.11.99, na Promotoria de Defesa dos Direitos e Garantias Constitucionais Ministrio Pblico do Estado do Paran.

[69] Pedido de representao encaminhado em 06 de dezembro de 1999, a Ordem dos Advogados do Brasil Seo Paran.

[70] Os detalhes sobre este incidente foram baseados no Ofcio no 205/01 do Centro de Justia Global para Hina Jilani, Representante Especial da ONU sobre os defensores dos Direitos HumanosRelatora Especial das Naes Unidas sobre a Situao dos Defensores de Direitos Humanos, 29 de outubro de 2001.

[71] Ibid.

[72] Ofcio no 206/01 do Centro de Justia Global para Asma Jahangir, Relatora Especial das ONU Naes Unidas sobre Execues Extrajudiciais, Sumrias oue Arbitrrias, 29 de outubro de 2001.

[73] Ofcio no 5439, sem data, da CCDH para a Secretaria de segurana Pblica do estado do rio Grande do Sul, 2001; Ofcio no 5438/01 da CCDH para o departamento de Polcia de Tupanciretr, sem data, 2001.

[74] Ofcio no 5440/01 da CCDH para o Public Prosecutor Ministrio Pblico do estado do rio Grande do Sul, 13 de novembro de 2001.

[75] Ofcio no 316/01 do Dr. Mauro henrique Renner, sub-procurador-geral para Assuntos InstitucionaisDeputy Public Prosecutor for Institutional Affairs of the Office of the Public Prosecutor, para a CCDH, sem data, 2001.

[76] Ofcio de Nelson Pellegrino, presidente da Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados , para o Dr. Marco Antnio Desgualdo, chefe da Delegado Geral de Polcia Civildo, estado de So Paulo, sem data.

[77] Ofcio no 4345/01 de Eduardo de Camargo Lima, Police District chiefDelegado de Polcia Titular, Diviso de Homicdios Equipe Especial,, Special team, Departamento de Homicdios e de Proteo Pessoa, Polcia Civil do estado de So Paulo, para o deputado Nelson Pellegrino, presidente da Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados, 29 de junho de 2001.

[78] Ver tambm http://www.pdt.org.br/pdtpontal.htm

[79] Depoimento de Nascimento ao Ddepartamento elegado de pPolcia de Santo Anastcio, 2 de outubro de 1998.

[80] Relatrio do investigador de polcia Adriano rofero Simes para o dDelegado de pPolcia do departamento de Polcia de Santo Anastcio, Geraldo jos Takuchi, 18 de setembro de 1998.

[81] Correspondncia oficialOfcio, no 139/99, tribunal Poder Judicirio de santo Anastcio, 25 de janeiro de 1999.

[82] Depoimento de Nascimento para o Departamento Delegado de polcia de Santo Anastcio, 8 de novembro de 1999.

[83] Ofcio no 1001/99P da Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados para o dDelegado de pPolcia do departamento de polcia de santo Anastcio, Geraldo Jos Takuchi, 29 de outubro de 1999.

[84] Boletim de ocorrncia no 968/99, Departamento Delegacia de Polcia da Santo Anastcio, 8 de novembro de 1999.

[85] Ofcio 08/2000 do Departamento Delegacia de polcia de Santo Anastcio para Nascimento, 3 de janeiro de 2000.

[86] Arrombamento e furto na sede do sindicato dos condutores, Jornal Regional, (Dracena, SP), 29 de janeiro de 2000.

[87] Correspondncia de Nascimento para a Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados, 3 de fevereiro de 2000.

[88] Depoimento escrito de Joo de Deus Soares de Lira, 6 de dezembro de 1999.

[89] Ofcio no 01/00P do deputado Nilmrio Miranda, presidente da Comisso de Direitos Humanos da Cmara de Deputados, para o Gal. general Athos da Costa Farias, secretrio de Segurana Pblica do estado doe Tocantins, 11 de janeiro de 2000, e Ofcio no 021/00P do deputado Miranda para o Dr. Jos Omar Almeida Jnior, Tocantins State Prosecutorprocurador-geral de Justia, 11 de janeiro de 2000.

[90] Ofcio no 080/CHEF/GAB de Jos Kasuo Otsuka, Chefe de Gabinete do procurador-geral de Justia do Tocantins de Palmas para o deputado Miranda, 24 de abril de 2000.

Desde 1995 dhnet-br.informativomineiro.com Copyleft - Telefones: 055 84 3211.5428 e 9977.8702 WhatsApp
Skype:direitoshumanos Email: [email protected] Facebook: DHnetDh
Busca DHnet Google
Not
Loja DHnet
DHnet 18 anos - 1995-2013
Linha do Tempo
Sistemas Internacionais de Direitos Humanos
Sistema Nacional de Direitos Humanos
Sistemas Estaduais de Direitos Humanos
Sistemas Municipais de Direitos Humanos
Hist
MNDH
Militantes Brasileiros de Direitos Humanos
Projeto Brasil Nunca Mais
Direito a Mem
Banco de Dados  Base de Dados Direitos Humanos
Tecido Cultural Ponto de Cultura Rio Grande do Norte
1935 Multim