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VIOLNCIA
DOMSTICA
Este item tem como
objetivo sugerir formas de abordagem dos temas transversais em sala de
aula, incentivando-se assim a construo de uma conscincia
crtica dos estudantes, cidados deste pas. Entretanto, no h
como se falar em cidadania diante de tantas pessoas violentadas
fsica, psicolgica e moralmente.
Por esse motivo,
apresenta-se a seguir um texto a respeito deste que um dos temas
mais evitados por ser to difcil de ser enfrentado.
Formas de Violncia
A violncia domstica
contra crianas e adolescentes pode se manifestar de diversas
maneiras alm da agresso fsica. Assim, comum a violncia
atravs de ameaas, humilhaes e outras formas que afetam
psicologicamente as crianas e adolescentes.
Outra forma constante
de violncia a omisso: alguns pais deixam de fornecer os
cuidados necessrios ao crescimento de seus filhos, que am a
sofrer privaes essenciais sua formao, como falta de
carinho, de limpeza e, at mesmo, de alimentao adequada. Vale
ressaltar que nem sempre essa omisso decorrente da situao de
pobreza em que a famlia vive.
Uma das maneiras mais
perversas de violncia contra a criana e o adolescente o abuso
sexual. Mais comum do que se acredita (vide texto de apoio ao
professor), ele acarreta fortes traumas nessas pessoas.
Responsabilidade de
todos
Essas diversas
agresses ocorrem dentro da residncia da famlia, sendo difcil
detect-las e solucion-las pois, apesar dos laos familiares
poderem envolver relaes de violncia, contm relaes de
carinho, amor e dependncia. So, certamente, situaes
extremamente delicadas, devendo ser enfrentadas com sensibilidade e
seriedade para no gerarem agresses ainda maiores como, por
exemplo, homicdios.
Somos todos
responsveis pela situao das crianas e adolescentes na medida
em que estes so certamente mais vulnerveis do que os adultos.
Nesse sentido, o Estatuto da Criana e do Adolescente prev que o
profissional que lida com esse pblico, como professores e mdicos,
deve comunicar autoridade competente os casos de que tenha
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmao de maus-tratos
contra criana ou adolescente. Tendo em vista a relevncia desse
tema, a legislao brasileira prev que a inobservncia desse
preceito constitui crime.
Como perceber a
existncia de violncia?
Crianas e
adolescentes vtimas de violncia domstica costumam apresentar
vrios sintomas fsicos e psicolgicos associados, o que pode ser
observado atravs de seu comportamento.
Assim interessante
estar atento a marcas na pele e fraturas, lembrando que podem ser
decorrentes de violncia, especialmente quando reiteradas. As marcas
podem ser deixadas por queimaduras ou por algum objeto domstico como
cinto, ferro de ar roupas e cabides.
Alm disso, a prpria
aparncia da criana pode ser motivo para se suspeitar de violncia
domstica, demonstrando falta de alimentao adequada (nem sempre
decorrente da pobreza) e falta de asseio e higiene, por exemplo.
Pais que maltratam seus
filhos, s vezes, so tambm negligentes em outros aspectos:
impedindo-os de freqentar a escola ou deixando de dispensar cuidados
com a sade da criana, que apresenta reiteradamente alguma
molstia, por exemplo.
A criana ou
adolescente vtima de violncia sofre freqentemente fortes traumas
e reage a eles de maneira diversa. Assim, alguns modificam seu
comportamento regular, tornando-se tristes, agressivos, rebeldes,
tensos ou infantis para sua idade. s vezes, apresentam dificuldade
em compreender os ensinamentos, recusam-se a participar das atividades
propostas e faltam s aulas.
Por fim, vale
ressaltar, aspectos referentes sexualidade que por vezes se
manifesta visivelmente incompatvel com a faixa etria da criana.
Tambm so verificados em alguns casos sintomas de doenas
sexualmente transmissveis, certamente decorrente de abuso sexual.
Muitas outras
caractersticas so verificadas nessa crianas e adolescentes. O
educador certamente perceber, com a necessria lucidez, outras que
aqui no forma mencionadas. Vrias dessas evidncias em conjunto
levam suspeita de violncia, demandando especial cuidado por parte
da equipe da escola.
O que fazer diante de
suspeitas ou de casos de violncia?
Quando a criana ou o
adolescente a a apresentar vrias caractersticas de maus tratos
associadas, h que se levantar a hiptese de que esteja sofrendo
agresses. Nesse caso, uma averiguao cuidadosa deve ser
realizada. conveniente que esse procedimento seja desenvolvido com
a ajuda de outros profissionais, como psiclogos, mdicos e
advogados.
A comunicao s
autoridades competentes certamente uma medida essencial para o
melhor encaminhamento do caso. Assim, devem tomar conhecimento do
ocorrido o Conselho Tutelar da regio, o promotor de justia da
infncia e da juventude, o juiz da infncia e da juventude, a
autoridade policial, os rgo governamentais de assistncia
criana e ao adolescente, como o SOS criana, e Centros de Defesa
dos Direitos da Criana e do Adolescente se existentes na regio.
Como contribuir para a
preveno violncia contra a criana e o adolescente
Os educadores
certamente se encontram em uma posio privilegiada para tratar de
assuntos referentes a crianas e adolescentes. Portanto, sua
contribuio essencial para que se desenvolvam e se consolidem os
mecanismos de proteo aos direitos da criana e do adolescente
previstos no ordenamento jurdico brasileiro.
Cada educador
isoladamente ou o grupo de educadores da escola em conjunto tem o
poder de influenciar na realidade existente na localidade em que atua.
Sugere-se a seguir algumas formas de atuao:
- Formao de grupos
de educadores para estudo e discusso desse tema na escola;
- Formao de
ncleos interdisciplinares (composto por professores, mdicos,
advogados, psiclogos etc.) para o tratamento do tema;
- Atuao junto ao
Conselho Tutelar;
- Atuao junto ao
Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criana e do
Adolescente;
- Fomento da
discusso sobre o tema atravs, por exemplo, de debates com a
presena das autoridades envolvidas com casos de maus tratos
contra crianas e adolescentes.
TEXTO DE APOIO AO
PROFESSOR
Parente
principal autor de morte infantil
Trecho
extrado do jornal Folha de So Paulo, edio de 23/07/98, pg. 3.3
Daniela
Falco - Sucursal de Braslia
Parentes so os
principais responsveis pelo assassinato de crianas entre zero e 11
anos no pas nos casos em que o autor do crime conhecido, segundo
levantamento indito do MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos)
obtido pela Folha.
a primeira vez que
se faz esse tipo de estudo nacionalmente. O MNDH analisou todos os
homicdios contra crianas e adolescentes noticiados por jornais de
14 Estados do pas de janeiro a dezembro do ano ado (trs
Estados da regio Norte, seis da Nordeste, dois da Centro Oeste, dois
da Sudeste e um da regio Sul.)
Pais, avs, tios e
irmos foram os autores de 34,4% dos homicdios infantis registrados
em 1997. Amigos e vizinhos so responsveis por 4,6% das mortes
violentas. O autor do crime no conhecido em 55,3% dos casos.
Muitos dos crimes
investigados ocorreram na prpria casa das crianas (44,3% dos
casos), comprovando que o ambiente domstico , em muitos casos,
perigo e no proteo para as crianas.
Os dados brasileiros
so semelhantes aos dos Estados Unidos, onde 20% dos assassinatos de
crianas so cometidos por membros da famlia, segundo estudo do
Departamento de Justia.
J entre os
adolescentes, o levantamento constatou que os membros da famlia so
responsveis por apenas 3,8% das mortes violentas. A proporo de
assassinatos cujo autor desconhecido bem maior entre jovens (de
12 a 17 anos) do que crianas: 80,2% contra 55,3% dos casos.
Diagnosticar cedo
A maneira mais eficaz
de diminuir o nmero de crianas e adolescentes que morrem por causa
da violncia domstica, segundo especialistas, detectar os abusos
o mais cedo possvel.
Isso porque, antes da
agresso fatal, comum ocorrerem atos de abuso fsico isolados que
servem de alerta se forem detectados cedo.
O ECA (Estatuto da
Criana e do Adolescente) estabelece que mdicos e professores so
obrigados a denunciar todos os casos suspeitos ou confirmados
de maus-tratos a crianas aos rgo competentes. Entretanto, a
maioria das denncias de abuso fsico, sexual e psicolgico contra
crianas continua sendo feita por vizinho e por telefonemas
annimos.
No SOS Criana de So
Paulo um dos maiores servios de ateno a crianas vtimas
da violncia apenas 17,7% das denncias foram feitas por
profissionais. A maioria das queixas foram apresentadas por vizinhos
(34,4%) ou telefonemas annimos (30,7%). (...)
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