332z3i
CASOS
VERDICOS DE VIOLAOES DE DIREITOS HUMANOS TRABALHADOS NA
OFICINA SOBRE MECANISMOS INTERNACIONAIS DE PROTEO AOS
DIREITOS HUMANOS (O1 A 04 DE AGOSTO DE 2000)
A
seguir, apresentamos o resumo de trs casos submetidos e
selecionados pelos prprios participantes. Ressaltamos que
outros casos foram submetidos, mas no selecionados pela equipe
de capacitao e participantes, seja porque no preencheram
os requisitos formais e substanciais de issibilidade, seja
porque se fez necessrio maiores informaes sobre os casos.
CASO
1: Ado Pereira de Souza, 56 anos, torturado e morto por
policiais dentro da delegacia de Polcia de So Flix do
Xingu, no dia 26 de maio.
No
dia 26 de maio de 1993, o lavrador Ado Pereira de Souza foi
espancado a socos e pontaps enquanto encontrava-se algemado e
com o pescoo enlaado por um cinto, pelos policiais civis
Francisco Luiz do Carmo Negro, Claudio Fima Torres, Ailton
Monteiro Ribeiro, Rubens Lima Teixeira, Carlos Ricardo Moraes de
Souza, e pelo Delegado de Polcia local, Otvio Torres Filho.
Em conseqncia do espancamento, Ado vaio a morrer horas
mais tarde ainda dentro da Delegacia.
Ado
havia sido arbitrariamente detido pois suspeitava-se que ele era
o pistoleiro que estaria ameaando familiares do Delegado Otvio
Torres Filho. Segundo testemunhas, ao chegar na Delegacia, Ado,
que j se encontrava algemado, teve seu pescoo enlaado por
um cinto e os braos amarrados com a sua prpria camisa.
Durante aproximadamente uma hora foi espancado pelos policiais,
os quais desferiram socos e chutes contra ele, batendo a cabea
de Ado contra a parede e porta da cela.
O
Promotor de Justia do Ministrio Pblico apresentou Denncia
em 12 de maio de 1993, e aditamento mesma em 21 de maio de
1994, contra todos os acusados supracitados como incursos nos
crimes do artigo 121, 2, incisos I, II e IV (homicdio
qualificado) do Cdigo Penal Brasileiro, c/c o artigo 1 da
Lei 8.072/90 (tortura). Sete anos aps o crime, porm, os
culpados ainda no foram julgados.
CASO
2: Lourdes Molinari, ou Irm Adelaide, morta por acidente
durante atentado contra sindicalista, em Eldorado dos Carajs,
no dia 14 de abril de 1985.
No
dia 14 de abril de 1985, a religiosa Lourdes Malinri,
conhecida como Irm Adelaide, foi alvejada por um disparo de
arma de fogo quando se encontrava no terminal rodovirio de
Eldorado dos Carajs, em companhia do sindicalista Arnaldo Delcdio
Ferreira, que tambm foi ferido pelo disparo. O autor do
disparo foi o pistoleiro Jos Ribamar Rodrigues Lopes, que
tinha a inteno de matar Arnaldo, por este estar incomodando
interesses de fazendeiros da regio.
O
Inqurito Policial foi iniciado em 15 de abril de 1985, mas s
foi concludo mais de um ano depois, em 23 de maio de 1986.
Quase um ano mais tarde, em 23 de maro de 1987, o Ministrio
Pblico apresentou Denncia contra o pistoleiro Jos Ribamar
Rodrigues Lopes, e os mandantes do crime, Jos Batista Veloso,
Aloysio Ribeiro Vieira e Jos Eduardo de Abreu Vieira, como
incursos no crime do artigo 121, 2, incisos II e IV (homicdio
qualificado), c/c artigo 14, II e artigo 29, todos do Cdigo
Penal Brasileiro.
A
instruo processual durou cinco anos, indo de 1987 a 1992,
sendo que durante grande parte deste tempo apenas foram tomadas
providncias quanto a inquirio das testemunhas de acusao
e defesa. Em 10 de abril de 1992, foi prolatada a sentena de
Pronncia, tendo o juiz decidido por pronunciar apenas o ru
Jos Ribamar Rodrigues Lopes. Oito anos aps esta sentena, e
quinze anos aps o crime, o pistoleiro ainda no foi levado a
julgamento pelo Tribunal do Jri por estar foragido.
CASO
3: Maxclei Mendes, 16 anos, Marcicley Roseval Melo Mendes, 17
anos, e Luiz Fbio Coutinho da Silva, 18 anos, espancados e
assassinados por policiais militares, no bairro do Tapan em
Belm, no dia 13 de dezembro de 1994.
No
dia 13 de dezembro de 1994, uma guarnio composta de 25
policiais militares saiu em diligncia, com o intuito de
capturar os supostos autores da morte de um Cabo PM que fazia
segurana particular de uma chcara em Belm. Aps prenderem
um suspeito, Luiz Fbio Coutinho da Silva, saram a caa de
outros dois, invadindo as residncias de uma rea de ocupao
denominada Costolndia, no bairro do Tapan. Os adolescentes
Maxclei e Marcicley foram retirados de uma das casas, e
juntamente com Luiz Fbio, foram algemados, espancados,
torturados e executados queima roupa.
O
Inqurito Policial Militar foi instaurado em 20 de dezembro de
1994 e conduzido pelo Tenente-Coronel da Polcia Militar
Raimundo Daniel Nogueira Lima, que investigou no apenas o
homicdio dos trs jovens, mas tambm apurou o latrocnio
praticado contra o Cabo PM Waldemir Paz Nunes. Na concluso do
procedimento, foram excludos do indiciamento 04 policiais que
participaram da operao, sendo indiciados apenas 21 policiais
militares.
A
denncia foi oferecida em 20 de fevereiro de 1997 contra 19
policiais militares. Posteriormente, a defesa argiu a
insanidade mental de 03 rus, o que suspendeu o processo,
marcada para 05 de novembro de 1998, a audincia de testemunhas
de acusao no foi realizada porque as mesmas no
compareceram. A audincia para oitava das testemunhas de
defesa, marcada para 18 de abril de 2000, no foi realizada
porque as mesmas no foram intimadas. Remarcada para 06 de
junho de 2000, novamente no ocorreu a audincia em razo do
no comparecimento da juza que preside o processo. Os
culpados pela morte dos trs jovens, portanto, at hoje no
foram punidos e continuam atuando na Polcia Militar do Estado.
|