Breves
consideraes feitas pela equipe tcnica do PROVITA/RN
sobre o relatrio do GAJOP datado de 8 de Novembro de
1998.
4z1ap
INTRODUO
O
Relatrio reservado elaborado
pelo GAJOP causou perplexidade e
indignao na Equipe que faz o PROVITA/RN.
natural que na implantao de um
programa novo aflorem erros, dificuldades,
contradies, receios, mas tambm
alguma certeza: possvel zelar
pela integridade fsica e psicolgica
da testemunha e contribuir na luta
contra a impunidade no Brasil.
A
condenao recente de Policial Civil
participante de Grupo de Extermnio
no Estado do Rio Grande do Norte
a confirmao de que possvel
materializar os sonhos do nosso
tempo.
O
monitoramento de que trata o
relatrio,
foi feito por equipe do GAJOP,
na companhia do Dr. Humberto Spnola,
do Ministrio da Justia.,
no perodo de 28 a 30 de outubro
de 1998.
Algumas
das questes postas no relatrio
no foram devidamente tratadas com
a equipe do PROVITA/RN. Por outro
lado, no de fcil compreenso
o fato repetido do rgo gestor
no ter sido convidado a participar
do monitoramento.
Outro
aspecto que no se pode compreender
se relaciona com o contato que a
equipe teve com o GAJOP nos dias 12 e 13 de
Novembro, na cidade do Recife, com
o intuito de capacitao quando as crticas constantes do relatrio j haviam
sido enviadas ao Ministrio da Justia
e permaneceram ocultas durante
a capacitao fato que foi entendido pela equipe como desrespeitoso e atico
para com os profissionais que a
compe.
Na
avaliao feita
pelo rgo consultor, constam graves e srias acusaes.
O
GAJOP, no af de enxergar os PROVITAS funcionando plenamente, no
tem o direito de deixar de observar regras mnimas de conduta
respeitosa e tica para com a Equipe, o rgo gestor e prpria
Secretaria de Interior e Justia do Estado do Rio Grande do
Norte, com dedues que no foram frutos de discusses que
confrontassem opinies e permitissem explicaes, defesas e
aprendizados, premissas
bsicas a qualquer trabalho de Consultoria.
As
orientaes do GAJOP devem ser pautadas
em variveis intervenientes especficas
da realidade de cada Estado, no
se perdendo de vista que o processo
em curso, visa resgatar quase cinco
sculos de omisso do Estado Brasileiro
no que diz respeito a impunidade.
Por
outro lado, no tem a Equipe PROVITA/RN a pretenso de querer
que o trabalho aqui desenvolvido seja pleno de xitos. Dificuldade
e muitas dvidas existem mas esto longe de nos fazer
desistir. Colocam-se enquanto desafios, objetos que so de
reflexo pelos que querem construir um Programa de Proteo
s Testemunhas no Rio Grande do Norte. J se pode apurar,
todavia, toda uma srie de
intervenes positivas
que o rgo consultor no se permitiu aprofundar e
sistematizar para que possa ser otimizada.
Dito
isto, parece ser oportuno que se corrija uma srie de informaes
imprecisas que fazem parte do relatrio:
ARTICULAO POLTICA
1u655a
A)O
GAJOP, desde o monitoramento, j sabia que
a Secretaria de Interior , Justia e Cidadania, j
havia regularizado sua presena no Conselho Poltico atravs
do Dr. Luciano Bezerra.
B)Sabia,
igualmente, que a OAB/RN tambm j havia regularizado sua
participao no Conselho Poltico atravs das Dras. Joilce
Santana (Titular) e Cristiana Carvalho (Suplente).
C)O
PROVITA/RN no compactua com a avaliao que faz o rgo
consultor do papel desempenhado pelo
representante da Secretaria de Segurana Pblica, at
porque j havia avaliado criticamente o vitorioso seminrio e
identificado que preciso a adoo de um novo evento para
sensibilizar o Poder Judicirio e Secretaria de Segurana Pblica.
D)A
economia com a qual
o rgo consultor avalia a positiva participao
do PROVITA/RN no julgamento do Policial Civil, Jorge Luis
Fernandes, o Jorge Abafador, mostra desinformao quanto a
importncia do evento e desconhecimento da real situao do
Movimento de Defesa dos Direitos Humanos no Rio Grande do Norte.
VOLUNTRIOS
58r23
J
temos cadastrados mais
de 46 voluntrios de diferentes categorias profissionais.
Existe outro nmero de pessoas que muito embora j estejam, de
alguma forma, colaborando com o PROVITA/RN ainda no foram
cadastrados. A ausncia deste procedimento no impossibilitou
que contribussem efetivamente no s em relao aos
julgamentos de Maio e Outubro, mas que tambm particiem das
discusses do Plano Estadual dos Direitos Humanos que vem sendo
ancorado pelo CDHMP.
Reconhecemos,
contudo, que necessrio estreitar a articulao com a
totalidade dos voluntrios, alm de continuar com o trabalho
de sensibilizao.
Convm
esclarecer, ainda, que em momento algum, o rgo consultor
solicitou o o
ao nosso cadastro de voluntrios. Quando do monitoramento,
discutimos com o mesmo apenas quanto a forma mais segura de se
guardar estas informaes, debate este que chegou a bom termo.
Quanto
ao atendimento em larga escala de que trata o relatrio no tem
n 3, no demais lembrar que o programa est sendo
implantado para atender uma demanda referncia e que
desconhecemos servios que recm montados possam atender uma
demanda em larga escala. Dizemos isso, fundado no registro
da implantao de vrios servios em Natal que contou com a participao de tcnicos que
hoje fazem parte do PROVITA/RN.
REDE
DE PROTEO
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A
rede de proteo do Provita/RN continua em formao.
Contamos com mais de 16 locais para o recebimento de testemunhas
em trs diferentes regies a saber: Serid, Salineira e
Grande Natal. Nos parece um saldo bastante positivo. Nem todos
os locais foram visitados pela equipe tcnica, embora o tenha
sido pela coordenao.
Quando
do monitoramento, apenas um local foi visitado pelo rgo
consultor que no mostrou interesse em se deslocar ao interior
do Estado , talvez pelo imprensado
proporcionado pelo ponto
facultativo do dia 30 de outubro.
SOBRE
A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
A
no disponibilizao dos profissionais por parte do Governo do Estado algo que preocupa a Equipe. No entanto, h o firme
compromisso do Senhor Secretrio titular da SEIJC em resolver a
questo o mais rpido possvel, no sendo demais lembrar que
a movimentao de pessoal na esfera estadual assunto
complexo e que demanda uma srie de exerccios polticos,
sobretudo, quando trata-se de Servidores com
origem nas Secretaria de Educao e/ou Sade.
O
Provita/RN tem o seu funcionamento ordinrio no perodo
matutino. No turno Vespertino, h sempre a presena de um
Assistente Social, um Psiclogo e um Advogado, alm do
Coordenador, Subcoordenador, Secretria. O fato do Gajop
algumas vezes ter ligado e no conseguido falar com um tcnico
no consubstancia um funcionamento irregular. O Programa
estaria funcionando de maneira irregular se algum atendimento
direto ou indireto ao beneficirio no tivesse sido feito, o
que no ocorreu. Alm do que, a equipe do Provita/RN, se
resguarda ao mnimo de autonomia sobre a sua dinmica de
funcionamento e sobre a utilizao dos recursos tcnicos de
que dispe, desde que esta no coloque em risco a segurana
dos beneficirios e nem a filosofia do Provita.
Com
referncia a regularizao contratual era um debate que j estava em curso, e que j foi solucionado, pelo rgo Gestor.
Contudo preciso observar que a
relao de trabalho, caracterizada como explorao de mo de
obra afirmado pelo rgo consultor no seu relatrio uma
opinio da sua responsabilidade que no partilhada pelos tcnicos
da equipe.
Apesar
da experincia de boa parte da equipe tcnica em equipes
multidisciplinares, reconhecemos que ainda estamos com algumas
dificuldades de trabalhar de forma mais otimizada no contexto do
Programa de Proteo Testemunha. Nesse sentido, fizemos
algumas reflexes que nos permitiram ensaiar uma resposta
a questo levantada por uma das Consultoras do GAJOP, na penltima
capacitao em Recife. Certamente esses parmetros ainda sero
retomados nas capacitaes seguintes.
Quanto
a fragilidade da equipe tcnica do Provita/RN, no temos
nenhum prurido de reconhecermos nossas debilidades e erros que
cometemos. No pretendemos ser oniscientes, onipotentes, nem
onipresentes, nem nos curvar a veleidades, nunca. Nesse momento
refletimos, e nos aproximamos mais de Scrates, o filsofo
Ateniense, o qual afirmava, s sei que nada sei, a
despeito dos resultados alcanados que se no nos deve
envaidecer pela vigilncia que empreendemos no podem
ser subestimados. Temos mais vontade de aprender, de
instigar, de dialogar, e de enriquecer cada vez mais nossa
interveno.
Cumpre-nos,
esclarecer ainda, sobre as lamentveis crticas
dirigidas Coordenao do Provita/RN. Na verdade,
aps desqualificar a Equipe do RN,
o GAJOP rotula o Coordenador de autoritrio com vis
paternalista. No bastasse a afirmao, procura sedimentar
sua impresso com exemplo infeliz,
descontextualizado. O que houve na verdade, que o
Ministrio Pblico/RN encaminhou para este Programa uma
testemunha que faltou s entrevistas marcadas. Trs dias aps
a entrevista agendada, o mesmo acorreu a sede do PROVITA/RN na
companhia de um militante da Comisso de Direitos Humanos de um
dado municpio. O militante teve o cuidado de informar a Equipe
que a testemunha no sabia onde estava sendo levado. Com esta
informao, a equipe avaliou que em face da gravidade do caso,
e de acordo com as nossas discusses em processo sobre rotina,
procedimentos e papis, apenas o Coordenador deveria receber a
testemunha para esclarecer se a mesma tinha o desejo de
ingressar no programa ou no. Com a negativa da testemunha em
entrar para o programa foi feito um documento de retorno
encaminhado ao Ministrio Pblico. Era necessrio expor a
equipe a um cidado que nem tnhamos certeza que ficaria no
programa? Onde o autoritarismo? Onde o paternalismo?
Acreditamos
que podemos aprender com nossos erros, sem contudo, deixarmos de
estar atentos de que um erro grave poder colocar em risco a
segurana de uma testemunha, de um voluntrio ou da equipe. Alm
do que, o processo de capacitao coordenada pelo GAJOP
poder contribuir para a qualidade do processo de
trabalho construdo em cada Estado. S no podemos ser
responsabilizados por erros que nem pudemos cometer.
As
agresses dirigidas ao Coordenador do PROVITA/RN , na verdade ,
atingiu toda a equipe que se mantm solidria
e reconhece o papel
que o mesmo tem desempenhado na construo do Programa
de Proteo s Testemunhas no Rio Grande do Norte.
Registre-se tambm que dentre as dificuldades que encontramos
na construo do PROVITA/RN no existem problemas de ordem
pessoal ou poltica entre os membros da equipe e rgo gestor
que atrapalhe o bom andamento do processo.
ATIVIDADE
DE GERAO DE RENDA
396g5t
verdade que o GAJOP alertou nos monitoramentos da necessidade da
realizao de atividades que resultassem em gerao de
renda.
Embora
no tenha sido viabilizado nenhuma atividade nesse sentido,
foram feitos alguns movimentos com artistas da cidade, que
resultou em parcerias para 99.
Reconhecemos
que, independente
dos recursos oficiais, precisamos de recursos alternativos, no
s por causa dos atrasos de rees, mas tambm pela natureza
do trabalho. Para 1999 esto
previstos projetos
pontuais, para que se busquem a captao de recursos
alternativos, com agncias e instituies ainda no
conveniadas formalmente e com colaboradores.
QUESTES
DE SEGURANA
No
que diz respeito a esta questo,
no temos nenhuma dvida, que um
programa da natureza do Programa
de
Proteo a Testemunhas, exige
medidas de segurana pessoal e da
sede. Nesse sentido, como do conhecimento
do GAJOP, realizamos duas reunies
com representante da PM, nas quais
discutimos a necessidade e o perfil
de um policial para guarda velada
na sede do Provita, bem como um
breve levantamento de equipamentos
de segurana possveis de adquirimos,
to logo haja liberao dos recursos
e autorizao para realocao de
rubrica, considerando que haver
restos na rubrica referente aos
beneficirios do Programa em razo
do nmero atendido neste primeiro
ano de funcionamento.
DA
GESTO DE RECURSOS
12q6i
Os
recursos recebidos at agora pelo PROVITA/RN, foram utilizados
totalmente nas atividades do Programa. importante salientar
que a maioria desses recursos esto destinados a despesas fixas
de pagamento de pessoal, despesas de infraestrutura e beneficirio.
Devido ao atraso na liberao de Governo Federal, que deveria
ter depositado a segunda parcela em Julho deste ano, houve um
certo desequilbrio nas contas, j que estamos no ms de
dezembro, j no trmino do Projeto. Algumas atividades esto
dependendo da liberao das parcelas, tanto do Governo
Federal, quanto do Governo Estadual.
A
prestao de contas parcial dos recursos j foi realizada
pelo rgo gestor do PROVITA/RN.
CONSIDERAES
FINAIS
s3p4n
A
forma que o Gajop usou no Relatrio Reservado para tentar
fazer os ajustes que julga necessrios para o funcionamento do
Provita-RN, ao nosso ver deixou a desejar do ponto de vista da
adequao e eficincia, conforme as atribuies do GAJOP,
no acompanhamento dos PROVITAS nos Estados.
As
bases do monitoramento, devem estar necessariamente ligados a
uma prtica pedaggica fundada no dilogo e na construo
do aprendizado coletivo. Portanto, as divergncias e
dificuldades devem ser vistas como parte de um
processo enriquecedor, em lugar da competio.
Reafirmamos
nosso compromisso tico, poltico e tcnico de continuar
construindo um Programa de Proteo s Testemunhas no Rio
Grande do Norte.
Entretanto,
queremos explicitar que no sentimos necessidade e no concordamos com a mudana da Coordenao do PROVITA/RN
e nem do rgo Gestor, o CDHMP. O GAJOP equivocou-se ao
fazer acusaes e concluses apressadas contra a Coordenao
e CDHMP, ultraando inclusive aquilo que lhe compete nas funes
do monitoramento.
Contudo,
cremos tambm que situaes de conflitos e de dificuldades
podem e devem ser superadas de forma fraterna, cooperativa,
criativa e crtica.
Quanto
s acusaes em relao aos recursos, nesse momento nos
reservamos o direito de dizer, que preferimos esperar o
resultado da prestao de contas feitas ao Ministrio da
Justia, considerando que a mesma foi feita j no ms de dezembro, ao o que o relatrio
do GAJOP remonta ao
incio do ms de Novembro. Quanto ao resto a histria dir.
NATAL/RN,
23 DE DEZEMBRO DE 1998
EQUIPE
PROVITA/RN
ALUIZIO
MATIAS DOS SANTOS
SOLANGE
SETTA MACHADO
VENINA
TACI DINIZ EUGNIO
FTIMA
MARIA FREITAS MOREIRA
MIRANICE
NUNES DOS SANTOS CRIVES
ANTONIO
PINTO
JEANE
DO NASCIMENTO
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