Coleo
Anarquismo Cientfico
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SOBRE A GUERRILHA CULTURAL
PEDRO OSMAR
PRINCPIOS PARA COMPREENSSO DE UMA ISTRAO
CULTURAL MAIS INTELIGENTE E DEMOCRTICA
So idias que vm fundamentando toda a
nossa ao cultural a partir de 1974, com a criao do Grupo
Jaguaribe Carne de Estudos e que se fortaleceu com a criao do
Musiclube em 1981, com a criao do Projeto Fala Bairros em 1982 e com
a criao do Movimento de Escritores Independentes em 1984. (Aqui a
cidade a a ser objeto de estudos e pesquisas dos artistas).
Fazem parte de um repertrio de
orientaes que norteiam a grande discusso sobre cultura alternativa
na cidade de Joo Pessoa, (Ao de Cultura como amplitude do fazer
intelectual, artstico, artesanal e tecnolgico das pessoas, grupos e
organizaes), e no apenas como espao de mercado.
A partir de um interesse comum de ver, pensar
e agir arte, cultura, educao e cidadania de forma autnoma, livre,
libertria e socialista, e em resposta a uma burocracia crnica (que
gera dependncia e vcio) que se decide partir para fazer justia
cultural com as prprias mos, ps, cabea-tronco-membros e nosso
pensar. A ao de guerrilha cultural existindo para o combate ao
comodismo e o conformismo em todos os segmentos sociais, da famlia ao
partido, da igreja ao clube carnavalesco.
Este documento registra 6 pontos fundamentais
para discusses dentro dos grupos interessados. So eles:
1. Dotar os bairros de mecanismos de defesa
contra o analfabetismo poltico e todas as ditaduras, polticas e
humanas, contra todos os preconceitos, a partir da prpria experincia
e mobilizao comunitria, estudantil e sindical; aqui se partindo
para a concretizao de uma cidadania cultural e de uma sade
cultural mais objetiva e de p no cho. Nosso instrumento permanente
de anlise seria a arte, com tudo de bom que ela traz em divertir,
fazer refletir, e educar a populao.
2. Ciar e instalar Casas Populares de
Cultura nos bairros para que se possa investir com mais objetividade
em formao cultural e poltica das pessoas. Cada Casa seria
equipada com teatro/cinema/vdeo/galeria de arte/biblioteca/sala de
aula e maquinrio para reprografia; (para esta capacitao, seriam
utilizados espaos pblicos parceria com o governo e espaos
privados alugados ou cedidos, tendo como estrutura organizacional e
istrativa aos prprios artistas de cada bairro). O artista saindo
da pose de Populao Star e vindo para esta vivncia de Fala
e Ao Cultural junto com o povo.
3. Investir no trabalho com bibliotecas e
videotecas comunitrias, trazendo para o bairro uma ao facilitadora
do contato popular com a produo do conhecimento e do saber
universitrio e alternativo existentes e a ser criados; (aqui, tambm
como em todo o processo de afirmao, a participao tcnica da
universidade seria muito importante, para um dialogo com o povo em suas
organizaes de base).
4. Mobilizar os artistas combativos,
produtores combativos, polticos combativos, estudantes, sindicalistas
e comunitrios combativos para que as aes da guerrilha cultural
cheguem sua comunidade/entidade/instituio de maneira mais fcil,
gil e menos burocrtica; ter claro que nosso grande inimigo a
misria institucionalizada que nos consome, e a fome de tudo,
(inclusive do futuro), pedras que haveremos de tirar do nosso caminho
com a ao educadora e libertadora da Guerrilha Cultural.
(Um algo inicialmente utpico e fora de
mercado que facilitar muito a abertura de canais de negociao
dialogo e intercmbio do povo organizado nos bairros, nas escolas, nos
sindicatos, nas associaes de moradores e centros comunitrios, com
um estado e uma iniciativa privada mais consciente e comprometedora).
5. Realizao comunitria, estudantil,
operria, camponesa e trabalhadora num grande mutiro e itinerante de
cursos, oficinas, whork-shops, palestras, debates, apresentaes,
exibies, recitais e exposies para uma produo e aprendizado
menos ilhado, menos elitista e menos mercadolgico; aqui mais uma vez
se fazendo necessrio a presena da universidade em tudo que de
combativo/questionador e implicante com a misria do comodismo e do
conformismo ela possa ter, (nosso maior patrimnio histrico a
vontade de ser livre e de lutar para que essa liberdade se concretize).
6. Popularizar, Socializar, Democratizar e
Descentralizar os meios de comunicao e produo cultural para que
a populao tenha o e usufruta do conhecimento cientfico da sua
e das outras comunidades/entidades/instituies. O dilogo e o
intercmbio como ponto de partida para uma vivncia mais realista
entre diferentes segmentos e setores sociais, do estado com os
guerrilheiros de cultura, da iniciativa privada (sempre omissa) com os
guerrilheiros de cultura. Temos de ter claro que democracia no
artigo de luxo (ou de lixo) a ser manipulado pela astcia e matreirice
dos politiqueiros irresponsveis. Eles tem que ter muito cuidado com as
conseqncias disso, porque um dia a casa cai.
Com base nestes princpios, poderemos
revelar um futuro mais aberto para a arte, cultura, educao e
cidadania no meio popular, base na qual se assentaro e se resolvero
os problemas das pessoas ligadas educao de base. A uma
alfabetizao poltica e revolucionria, pois devidamente controlada
pelo povo organizado e consciente do seu papel nesse processo
responsvel e democratizante.
Politizar com liberdade as relaes de
poder entre homens e mulheres vai ajudar muito na construo de uma
sociedade mais sadia e serena, com muita sade e tranqilidade para
resolver os grandes problemas humanos ligados educao! A
universidade a cidade! A escola o sindicato e a associao de
moradores! O grmio livre politizado, reflexvel e instrudo o
comeo dessa militncia!
Esta a nossa Luta Cidad! Vamos juntos!
31.Julho.96
+ Forme grupos de
Guerrilha Cultural no seu bairro, na sua rua, na sua escola, no seu
sindicato, na sua associao de moradores.
+ Seja um militante de
qualidade dessa guerrilha educativa.
+ A Reengenharia Poltica
(e no politiqueira!) comea com o entendimento coletivo e popular
destas solues.
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